Bella estava em seu escritório lendo alguns documentos que precisavam ser assinados. Aos 26 anos era a Presidente da empresa do seu avô Fernando, que a nomeou antes de se aposentar. Bella era neta legítima de Fernando, mas poucas pessoas sabiam que ela era filha de Felipe, o seu filho. Todos acreditavam que ela fosse neta de Fernando apenas de coração, pois, nunca ninguém duvidou que ela fosse a filha legitima de Aaron.
Fernando nunca deixou de dar atenção a sua neta, e fazia de tudo por ela, e quando ela se formou em Administração aos 20 anos, passou a trabalhar com o ele na empresa. Mas os seus estudos não pararam por aí, fez mestrado em Logística, pois queria ser boa naquilo a que se propôs a fazer.
Bella sempre se destacou, mostrando a sua competência e seriedade ao lidar com os problemas da empresa, sabia lidar com as pessoas e se impor diante delas, mesmo sendo linda e muito jovem, provou a todos que não era apenas um rostinho bonito como muitos pensavam, assim, quando Fernando a indicou para assumir a presidencia da empresa, não foi surpresa para ninguém, foram unânimes em aprovar a escolha feita por Fernando, inclusive Felipe. Todos já conheciam a sua competência, e a facilidade que tinha em negociar, com a obtenção de resultados surpreendentes.
Isso era uma busca frequente, Bella não se conformava em ser apenas a presidente, buscava aprender mais e mais a cada dia, para que não viesse a falhar em sua missão, pois sua maior preocupação era decepcior o seu avô Fernando a quem amava. Estava concentrada nos documentos quando alguém bate à porta entrando com mais alguns papéis.
— Trouxe os documentos que me pediu.
— Obrigada! — Bella recebe os documentos entregues por sua secretária — Sara, você soube alguma notícia do Sr. Germano? Fiquei muito preocupada com ele, ao vê-lo sair da empresa em uma ambulância.
— Ainda está fazendo alguns exames, mas pelo que eu soube, irá precisar passar por outra cirurgia.
— Avisei a vovô Fernando sobre o que aconteceu, me disse que assim que chegar de viagem irá visitá-lo, afinal eles não são apenas sócios, são amigos.
— Sr. Germano já passou por algumas cirurgias, não sei se ele resistiria a outra.
— Não diga uma coisa dessa, prefiro acreditar que ele irá se recuperar. Depois do almoço irei lhe fazer uma visita, tenho muito carinho por ele.
— Espero que você esteja certa, e ele vença mais essa batalha, mas temos que reconhecer que a idade também não ajuda — Sara ri — Eu mesma, já poderia estar aposentada, só você para aceitar uma secretária acima dos 60. — Sara era uma senhora de 62 anos que tinha os cabelos pintados de loiros e que sempre estava elegante e bem maquiada.
— Deixe de bobagem, você está jovem e linda, e saiba que o mais importante é a sua competência, e isso ninguém pode questionar. — Bella sorrir para a sua secretária, que lhe foi confiada por seu avô, ela era uma senhora, e já trabalhava na empresa há muitos anos e conhecia cada detalhe dela, e isso era de grande ajuda para Bella que sempre a respeitou.
Sara apenas sorri, e decide deixar Bella continuar trabalhando. Quando Sara sai do escritório, Bella fica pensando em Sr. Germano, ele era sócio de seu avô há muitos anos desde que eram jovens, ele era viúvo e não teve filhos, ela sabia que havia um sobrinho de quem ele sempre falava, dizia que ele era diferente, Gael. Bella pensa na possibilidade dele não conseguir voltar para a empresa, será que esse tal Gael estaria disposto a assumir as ações do seu tio? Ela se pergunta, mas não perde tempo com esses pensamentos, o melhor era deixar as coisas acontecerem.
...
Gael estava em seu apartamento corrigindo algumas provas quando recebe uma ligação de sua mãe.
— Oi mãe, o que houve?
— O seu tio precisa falar com você.
— Só espero que não seja o mesmo assunto.
— Filho, pelo menos converse com ele, você sabe que ele está hospitalizado.
— Mãe, porque ele não passa essas ações para o meu irmão, ele gosta dessas coisas eu não. Estou satisfeito em ser professor.
— Você sabe que ele não dará as ações para o seu irmão...
— Que tal a senhora assumir?
— Deixe de bobagem Gael, eu nunca nem trabalhei fora, quanto mais gerir ações. — Gael permanece mudo, sabe que nenhum argumento fará a mãe mudar de ideia. — Vá falar com ele, e escute o que ele tem a dizer.
Gael solta o ar resignado, o melhor que pode fazer é tentar dar um ponto final naquele assunto. Ninguém entendia o motivo dele ser professor, ele podia trabalhar com o irmão ou mesmo viver da renda dos imóveis deixados pelo pai, mas desde jovem adorava ajudar os amigos na escola, tirando as dúvidas na matéria de física e mesmo sem o incentivo dos pais ele fez licenciatura e adorava a sua profissão, dizia se realizar dentro de uma sala de aula, alguns o chamavam de louco, mas ele pouco se importava com a opinião dos outros. Rosangela, a mãe dele, dizia que ele tinha puxado a avó que se aposentou como professora, e que amava a profissão, talvez fosse verdade, mesmo que não tenha tido muito contato com a sua avó materna.
Ele arruma as provas que estava corrigindo e depois de tomar um banho, vai visitar o seu tio no hospital, quando ele chega, Germano já o esperava.
— Oi meu filho.
— Oi tio, como o senhor está?
— Me despedindo dessa vida.
— Deixe de bobagem. — Gael responde rindo, dando um beijo na cabeça do seu tio.
— Não vou passar por outra cirurgia, quero aproveitar apenas o tempo que ainda me resta.
— Mas se for preciso...
— Posso não voltar, e não quero correr o risco. Não posso reclamar, aproveitei a vida como pude — Germano fala rindo e tossindo em seguida. — Quero que assuma as minhas ações, tenho 25% e quero que fique com elas.
— Tio, eu já lhe disse, não entendo nada desse negócio de ações, nem sei o que eu terei que fazer – Ele ri — Não consigo me imaginar usando terno e gravata.
— Não precisa se preocupar, o meu advogado te deixará a par de tudo e...
— Tio, me desculpe, mas eu prefiro a minha sala de aula.
— Assumir o meu lugar não impedirá que continue na sua profissão.
— Porquê não as vende? Sei que vale alguns milhões.
— Se eu vender o seu irmão irá me questionar...
— Não vejo motivos para questionamentos, as ações são suas...
— Mas reconheço que as tenho porque tive a ajuda de seu pai...
— O senhor já pagou a parte dele há muito tempo, se não fosse o senhor não teríamos a vida que temos.
— Vocês para mim são os filhos que eu não tive, mas o seu irmão é muito ambicioso, e o conheço muito bem para ter certeza que irá bater de frente com Bella que é a presidente da empresa, esse será o primeiro problema.
— Não era o Sr. Fernando o presidente?
— Vejo que você realmente não acompanha o mundo dos negócios — Responde rindo — Fernando já se aposentou há quase dois anos, ele deixou Bella Martins em seu lugar.
— Eu realmente não sabia... mas porquê não o filho dele, Felipe?
— Ele sempre teve grande consideração por Bella, mesmo não sendo a sua neta legitima, ele a trata como sendo, mas acredite, esse não foi o motivo de sua decisão, mas sim a competência que ela tem.
— Não imagino Benicio lidando com uma mulher acima dele — Gael fala rindo — Mas confesso que gostaria de vê-lo assistir uma mulher tomar decisões importantes, sem a interferência dele.
— Você irá se dar bem com Bella, ela é doce, meiga, mas tem mãos de ferro para os negócios.
— Eu não sei tio...
— Por favor Gael, esse é o meu último pedido à você, foram essas ações que nos fez chegar onde estamos hoje, elas não são apenas negócios, mas uma mudança de vida.
Depois de Gael se despedir do tio ele vai até à casa de sua mãe e encontra o seu irmão almoçando com ela.
— Oi meu filho, porque não avisou que viria, te esperaríamos para almoçar.
— A senhora sim, mas esse aí, eu duvido muito.
— Ainda bem que você sabe, já que não tenho todo tempo do mundo para estar a sua disposição.
— Você foi visitar o seu tio?
— Vim de lá agora...
— Tio Germano é muito resistente, já passou por três cirurgias cardíacas e continua firme e forte com quase 70 anos — Benicio fala com um sorriso.
— E acredite irmãozinho, ainda não será dessa vez que poderá por as mãos nos bens dele.
— Dele eu só quero as ações, abro mão de todo o resto. — Benicio responde sem se preocupar em esconder o que realmente interessa para ele.
— Você sabia? Senhor Fernando não é mais o presidente da empresa e sim a sua neta, Bella Martins.
— A bonequinha de porcelana você quer dizer, pois saiba que essa será a minha primeira providência, provar que ela não serve para o cargo. — As palavras do irmão faz Gael cruzar os braços e o olhar com um riso de lado.
— Claro, com você como acionista, não haverá indicação melhor — Gael responde debochado.
— Qualquer um sabe que é essa é a mais pura verdade, afinal todos conhecem as Indústrias Fagundes, de como eu a comprei e de como a deixei. — Benicio responde confiante.
– Por mais que tenha feito progresso, não tente comparar as Indústrias Fagundes com a empresa de Logística Albuquerque, é um fusca competindo com uma Ferrari.
— Conheço o meu potencial...
— Esquece, as ações são minhas.
— O que!?
— Gael, meu filho, você aceitou? — Rosangela pergunta empolgada.
— Você não entende nada do mundo dos negócios, sempre disse gostar dessa vidinha de professor, então porquê aceitou as ações? Não seria melhor convencer tio Germano a transferir elas para mim? — Benicio questiona deixando os talheres de lado.
— Eu sugeri, mas acho que ele estava com medo de você infernizar a vida da "bonequinha de porcelana". — Gael responde rindo ao ver o desagrado do irmão mais velho. Enquanto responde, se serve para poder almoçar — Ainda não sei como vai ser, mas quem sabe eu aprenda alguma coisa de negócios com a bonequinha, afinal "O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano" (Isaac Newton) — Gael continua rindo e Benicio apenas o olha com raiva.
Benicio mesmo frustrado por não ter ficado com as ações, não brigaria com o seu irmão por causa delas, por mais que ele as quisesse, não iria contra a vontade do tio, pois sabe o quanto ele foi importante na vida deles, principalmente para o crescimento das Indústrias Fagundes, quando injetou dinheiro para que ele pudesse chegar onde estava. Ele não pararia ali, acreditava ser capaz de se tornar ainda maior entre as indústrias concorrentes.
Gabriel, pai de Benicio e Gael, era o irmão mais velho de Germano e vendeu as propriedades que tinha para ajudar o irmão a comprar as ações da Logística Albuquerque, isso foi há mais de trinta anos, na época Benicio e Gael nem eram nascidos. O investimento lhe rendeu muito mais propriedades do que tinha e quando ele faleceu deixou os filhos em boas condições financeiras, e não demorou para Benicio comprar uma empresa falida e a por de volta ao mercado com um novo nome, Industria Fagundes.
Quando Benicio vai embora, Gael resolve ligar para o advogado do seu tio Germano, talvez esteja tomando uma decisão precipitada, mas faria o que achava ser o certo por consideração ao seu tio, ainda que ele mesmo não assumisse as ações. Essa questão ele resolveria depois de se apresentar como o novo acionista, pensa ao ouvir o advogado atender a chamada.
Enquanto isso, Bella saia de um restaurante próximo à empresa onde tinha ido almoçar com o tio Felipe. Ela segue até o hospital na companhia de seu motorista e segurança Apolo, uma coisa que Aaron não abria mão era da segurança dos filhos, eles nunca andavam sozinhos.
Bella vai mexendo no celular, aproveita o trajeto para responder algumas mensagens pessoais como a do seu namorado Arthur, que como ela sempre estava ocupado com os negócios.
Bella cresceu uma linda jovem, ela se parecia com a mãe, e todos diziam que os seus olhos azuis eram parecidos com o do pai Aaron. Os seus cabelos castanhos eram até o meio das costas e os seus olhos pareciam ter se tornado ainda mais azuis depois de adulta, talvez pela maquiagem que ela gostava de usar para realça-los. Não havia crescido muito, era um pouco mais alta que Marina, mas os saltos que ela gostava de usar a deixava com uma postura esguia e elegante.
Quando Bella chega ao hospital encontra Germano de olhos fechados, mas ele não estava tão abatido quanto ela pensou, ao fechar a porta abre um sorriso ao vê-lo abrindo os olhos.
— Oi Sr. Germano, como o senhor está?
— Oi minha filha, que surpresa agradável. — Germano sorri sem conseguir evitar tossir.
— Vim saber como o senhor está, vovô Fernando está em viagem, mas virá te visitar assim que chegar.
— Espero que eu não esteja mais aqui nesse quarto de hospital quando ele vier — Responde rindo ainda.
— O senhor está melhor?
— Estão querendo abrir o meu peito novamente, mas não vou deixar, quero aproveitar o tempo que ainda me resta.
— Mas...
— Não existe mas, não quero correr o risco de fechar os olhos pela última vez dentro de um centro cirúrgico — Bella sente um aperto no peito, pois talvez ele tivesse razão — Quero viajar para um lugar que ainda não conheço e se lá eu partir, acredite, partirei feliz.
— Não diga uma coisa dessa...
— Não fique preocupada, não me sinto triste com as minhas condições, eu soube aproveitar o que a vida me ofereceu. Acredite, fui muito feliz nessa vida e quero continuar sendo até a hora de me despedir dela.
— Se é assim, continue aproveitando com a mesma alegria, sei que ainda poderá usufruir muito dessa vida. — Bella lhe sorri.
— Bella, Bella... — Ele lhe sorri com carinho — ... você é uma boa menina, sempre com esse otimismo e por você ser assim eu preciso te pedir um favor.
— Diga-me, em que eu posso ajudar.
— Você enfim irá conhecer o meu sobrinho Gael, ele enfim aceitou assumir as minhas ações.
— Fico muito feliz, sei o quanto o senhor gosta dele, pelo que fala e como fala dele.
— Gael é um bom homem, mas irá precisar de sua ajuda, pois disse que continuará a fazer o que gosta, dar aulas, ele é professor de física e garante ser feliz com a profissão que escolheu.
— Não se preocupe, estaremos lá para ajudá-lo no que for preciso. Sr. Germano, obrigada por sempre ter me apoiado.
— Você nasceu para estar a frente, posso dizer que a convivência te tornou como o seu avô Fernando, tem o mesmo talento para os negócios, o mesmo pulso firme e determinação. — Ela sorri agradecida pelo o elogio
— Sentiremos a sua falta na empresa, espero que eu possa me dar bem com o seu sobrinho.
— Com certeza irão se dar, só não dê a ele o meu cargo na empresa, não creio que seja o objetivo dele se tornar um diretor comercial. — Eles riem e Bella afaga as mãos daquele que sempre a incentivou na empresa, a apoiando em suas decisões.
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Queridos leitores, gostaria de explicar o motivo de não colocar fotos dos personagens principais, sempre alguém me pede mas, costumo dizer que gosto é complicado, principalmente quando se trata de adultos. Poderão ficar desapontados caso eu escolha uma imagem que não condiz com o gosto de vocês, por isso, prefiro deixar com a imaginação de cada um. Quando eu os descrever tente os ver na mente, deixem a imaginação fluir 🥰
Depois da visita, Bella vai para casa, antes ela passa na escola para buscar as suas irmãs, Manuela e Gabriela de seis anos. Aaron e Marina, depois dos filhos criados foram presenteados com uma gravidez de gêmeos, na verdade, de gêmeas, Gabriela e Manuela. Elas nasceram com os olhos azuis e os cabelos loiros como os do pai, quando Marina desconfiou que estava grávida pensou estar enganada, já estava com 41 anos e Aaron já se encontrava na casa dos 50. Na época Natan, o caçula, estava com 16 anos e Bella estava quase se formando na faculdade.
Ao ter certeza da gravidez não conseguiu conter a emoção de ser mãe outra vez, e não foi diferente ao contar a novidade a Aaron que quase explodiu de alegria, principalmente ao saber que teriam duas menininhas, como ele costumava chamar as filhas quando eram pequenas.
Aaron e Marina sempre viajaram com os filhos, nunca tiveram babás, Marina fez questão de cuidar dos três mais velhos sozinha e com as gêmeas não foi diferente, com a diferença que elas tinham irmãos que faziam questão de ajudar aos pais, por isso dessa vez eles viajaram e deixaram as gêmeas aos cuidado dos irmãos mais velhos, eles até pensaram em levá-las, mas os mais velhos se responsabilizaram em cuidar das irmãs, para que os pais pudessem viajar sozinhos e curtir uma nova lua de mel já que eles queriam comemorar o aniversário de casamento com uma viagem.
Quando Bella chega na escola as irmãs vem correndo ao encontro dela, para ganharem um abraço da irmã mais velha.
— Oi meus amores.
— Bella, Manu hoje ganhou parabéns — Gabriela conta após se despedirem da tia que as liberava e acenarem para Everton, o segurança delas, que estava parado em frente ao portão da escola.
— É mesmo? Posso saber o motivo? — Bella pergunta, incentivando a mais velha das gêmeas a falar.
— Eu ajudei um coleguinha que estava chorando na hora do intervalo — Manuela responde antes da irmã — Ele estava muito triste.
Depois delas sentarem em suas cadeirinhas e prenderem o cinto, Bella senta no banco da frente, mas pede para Manuela continuar contando o que houve.
— Ele estava chorando porque a mamãe dele brigou com o papai dele — Bella fica sem saber o que dizer — Eu disse a ele que essas coisas acontecem, para ele não ficar triste, pois eles logo fariam as pazes — Bella olha para a irmã que parece estar pensativa.
— E porquê você está com essa carinha triste?
— Eu acho que os pais dele não se amam mais — Manuela responde dando de ombros e Bella se vira para trás para dar atenção a irmã — Mas eu não disse isso a ele.
— Manu...
— A mamãe e o papai se amam, por isso eles não brigam.
Bella fica em silêncio e Apolo a olha e sorri pela resposta de Manuela, ela parecia está à frente da idade dela, sempre tinha um conselho a dar, fosse para criança ou mesmo para um adulto. Gabriela já era uma criança como qualquer outra na idade dela, mesmo com as roupas iguais e elas sendo gêmeas idênticas era fácil identificá-las, Gabriela sempre estava sorrindo e brincando, Manuela mesmo demonstrando estar feliz, era a mais centrada e quando falava era firme e convicta no que dizia, mesmo com sua voz infantil.
Manuela e Gabriela eram amadas e mimadas não apenas pelos pais, mas também pelos irmãos, mesmo aquela que fazia questão de demonstrar ser durona, Jully.
— Agora subam para o quarto de vocês e tomem um banho, eu já estou indo cuidar de vocês. — Bella fala assim que entram em casa e para sua surpresa assim que as gêmeas sobem para o quarto Jully desce as escadas bocejando.
— Milagre você em casa cedo — Jully fala se jogando no sofá.
— Hoje era o meu dia de buscar as meninas na escola, e não se esqueça de buscá-las amanhã.
— Se elas tem segurança para que irmos buscá-las, elas poderiam vir com Everton, elas não são mais bebezinhos.
— Nem invente, sabe muito bem que elas não andam sozinhas.
— Elas não vão estar sozinhas...
— Você entendeu muito bem o que eu quis dizer.
— Tudo bem — Jully se levanta do sofá com ar de desagrado — Eu entendi perfeitamente. Estou subindo, pode deixar que eu cuido delas.
Bella fica olhando Jully subir as escadas, não sabia responder o que tinha acontecido com a sua irmã, vivia de mau humor e respondendo de forma áspera a todos que dissesse algo que a desagradasse. Bella pensa que talvez fosse por ela ainda namorar Arthur, a quem Jully detestava, mas a verdade é que Bella sentia falta da sua Jully, que mesmo não sendo a mais simpática das irmãs, sempre tinha um abraço para dar e um sorriso para aquecer aqueles que a amavam.
Na manhã seguinte Bella vai trabalhar em seu horário habitual, antes passa na escola para deixar as irmãs, elas não estudavam em horário integral, estavam em regime de creche até os pais voltarem de viagem.
Bella estava arrumando as suas coisas para ir almoçar quando alguém entra em sua sala.
— Oi tio, já almoçou?
— Estou indo agora, vim te chamar — Felipe responde rindo.
Bella desde criança o chamava de tio, ele ainda tentou se manter longe dela, mas era difícil pois, ela sempre visitava o avô com os irmãos. Todas as vezes que ela o abraçava ele sentia um aperto no peito, era difícil não ouvi-la o chamar de pai, mas reconhecia que não merecia receber o carinho dela, nem mesmo como tio, por isso, já era grato pela oportunidade que a vida lhe deu.
Os pais de Bella, Marina e Aaron o procuraram para lhe dá autorização de se manter próximo, desde que, ele nunca revelasse o segredo deles. Felipe pensou não ter necessidade de fazerem tal pedido, pois ele já tinha feito essa promessa a seu pai, quando Aaron assumiu Bella ainda bebê, outro motivo para manter o segredo era saber que Bella sofreria ao saber de toda a verdade.
Felipe não conseguia se esquecer do que tinha feito, ainda podia se lembrar de Marina jogando o envelope com o dinheiro em cima dele, quando ele lhe ofereceu dinheiro para que ela procurasse uma clínica de aborto, essas lembranças era como se fosse um castigo, pensar que ofereceu dinheiro para Marina fazer um aborto era a morte para ele, pois ver a sua filha linda e perfeita o fazia se condenar todos os dias. Acreditava que o melhor seria manter aquele segredo guardado a sete chaves, evitando assim que Bella sofresse.
Felipe antes era casado com Vitória, mas após o divorcio pedido por ela, ele conheceu Joana, uma mulher viúva que tinha um filho, Thiago, de dois anos quando ele a conheceu, não se importou dela ter um filho, afinal alguém também havia criado a sua filha devido a sua falta de caráter e no caso de Joana, a criança não tinha pai por circunstâncias da vida.
Felipe agora era casado com Joana e Thiago já estava com 12 anos, e o chamava de pai, a criança sofria sérios problemas de alergia alimentar e Felipe por várias vezes precisou correr para o hospital de madrugada com a esposa para socorrerem o filho. Eles não tiveram outros filhos, pois a única vez que Joana pensou estar grávida, havia sido alarme falso.
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