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Muito Além Do Olhar

capítulo 01

Revelações

      Nora uma jovem simples em sua beleza, porém com um encanto que só ela possuía, tinha consigo a beleza da alma, a doçura na voz, um sorriso largo sem cerimônia, cabelos longos e pretos, olhar penetrante e verdadeiro, na casa dos seus vinte anos.

      Educada por pais simples que trabalhavam em uma linda e suntuosa fazenda de café na cidade de São Paulo, tinha sonhos, como toda menina de sua idade, mas sabia a realidade em que vivia, tinha que trabalhar e muito para ajudar seus pais.

       Nora saía de casa muito cedo para ir trabalhar na cidade grande como eles mesmos diziam, trabalho que foi conseguido com o auxílio dos patrões de seus pais donos da grande fazenda de café, que para ela tinha sido um grande presente e seria eternamente grata. Sonhava em estudar e se formar médica, porém sabia que este sonho era simplesmente impossível naquela situação em que se encontrava.

       Sua mãe Aurora, uma mulher de meia idade, mas castigada pelas rugas do tempo, lavava as roupas da casa grande da fazenda para ajudar com as despesas da casa, tinha uma fé inabalável nunca reclamando se quer um dia de suas condições, pelo contrário, era o alicerce da casa tanto em fibra quanto em fé, mulher caridosa onde todos os humildes vizinhos a adoravam e a tinham um grande respeito.

       Já seu pai era um homem de meias palavras rude e bem grosseiro as vezes, durão e de pouca fé onde sempre que podia reclamava da vida e de como as coisas poderiam ser melhores, Calisto e Aurora típico casal da época.

       Seu Calisto trabalhava para um casal de fazendeiros muito ricos daquela região, ele tinha total confiança dos patrões era o faz tudo da fazenda e como ele tinha sido o primeiro empregado, os patrões tinham-lhe dado uma pequena propriedade perto dali para que morasse e vivesse bem com sua família, mas Calisto nunca estava satisfeito, achando que era pouco o que ganhava pelo tanto que trabalhava e fazia por eles, já os patrões casal idoso dona Clarisse e seu Cristóvão o tinha como praticamente um membro da família, não tiveram filhos, Clarisse engravidou algumas vezes na mocidade porém nunca conseguiu manter por muito tempo suas gestações a deixando com uma grande tristeza na alma, afinal que mulher não gostaria de ter a dádiva de ser mãe?

      Dona Aurora incumbida de lavar a roupa da fazenda se torna amiga e praticamente confidente de Clarisse assistindo durante anos a fio todo o seu sofrimento e angústia. O que Clarisse não sabia era que Aurora sua velha e grande amiga era espírita e membro oficial de um pequeno e humilde centro, onde trabalhava sua mediunidade trazendo conforto e caridade aos mas necessitados. Aurora sabia de suas perdas e de sua grande tristeza, mas evitava tocar no assunto para não despertar sentimentos já adormecidos em Clarisse, mas como nem tudo na vida são flores no caminhar de um espírita, Aurora sabia o porquê de Clarisse nunca ter tido filhos e que mas cedo ou mas tarde tudo seria revelado.

capítulo 02

Tecidos e Panos 

Nora havia conseguido um emprego na cidade como secretária de um escritório de advocacia muito badalado no território dos negócios, não podia reclamar, era muito bem tratada pelos seus superiores e ganhava razoavelmente bem, principalmente por ser tão jovem e mulher, sabendo que naquela época  não era típico. Isso proporcionou a ela levar dinheiro para casa e guardar um pouco para seu uso pessoal, mas continuava humilde em seus gestos, seu sotaque do interior e principalmente em suas roupas, sendo muitas vezes criticada por aqueles que se diziam amigos de trabalho.

Percebendo isso, Nora começou a observar nas suas idas e vindas do trabalho, como as mulheres que ela julgava importante se comportavam e como se vestiam, e então como em um estalo lembrou-se que sua mãe tinha uma máquina de costura velha mas que ainda funcionava, guardada em um dos quartinhos de bagunça de sua casa, foi então que teve a ideia de comprar alguns tecidos e panos para que sua mãe fizesse para ela roupas novas, para que pudesse trabalhar melhor e não ser mas motivo de piada de suas amigas...

No mês seguinte, esperou seu salário e foi para casa com a ideia do que fazer, deu a sua mãe a quantia que estipulou por mês e aquele que sobrou juntou com o que tinha guardado em uma lata velha de milho em seu humilde e pequeno quarto e percebeu que sim, poderia sim comprar tecidos para as roupas pois o dinheiro já era o suficiente, ficando radiante com a ideia, porém pensou:

- Como vou pedir minha mãe tal tarefa se ela praticamente lava roupa o dia todo meu Deus? E a noite ainda tem que cuidar da comida, da casa e de meu pai? Que já não anda lá com sua saúde em perfeito estado? Entristeceu -se 

Sua mãe com sua bondosa e suave voz entrou em seu quarto e perguntou: 

- O que houve minha filha? O que tanto te assombra ao ponto de tirar o brilho do seu olhar?

- Não é nada minha mãe, deixe para lá!

- Mas como assim deixe para lá, uma mãe jamais deixa seus filhos com aflições! Me diga, o que está acontecendo Nora!?

Nora então relatou o que estava acontecendo em seu trabalho e o que tinha pensado em fazer na vinda do trabalho para casa.

Dona Aurora deu uma risada e disse; 

- Minha filha, esse é o seu problema? Isso jamais deveria tirar o seu sorriso do rosto, o que você quer, tem solução, isso não é problema, problema é uma família não ter uma comida na mesa para comer, não ter um teto para se abrigar e principalmente não ter amor entre si para compartilhar...

Nora com os olhos cheios de lágrimas deu um abraço em sua mãe e disse; 

- Não sei o que seria de mim sem você minha mãe, você não sabe o quanto eu a amo do fundo do meu coração.

Aurora então disse;

- Onde está os tecidos? Vamos, mãos à obra, vou-te transformar na mulher mas bonita do seu trabalho, você vai ver! E sorriu. Nora sorriu de volta e disse; 

- Muito obrigada minha mãe! E foram dormir.

capítulo 03

Escritório

     O escritório de advocacia dirigido pelos amigos e sócios Jorge e Rodrigo era praticamente o único de boa reputação na cidade, todos os grandes empresários e pequenos empreendedores eram seus clientes, porém o escritório sempre achava brecha para aqueles, mas humildes e necessitados que não poderia pagar, Jorge era quem implantou isso, mas Rodrigo muito mais ambicioso não concordava com a ideia, mas tinha que acabar aceitando para não atrapalhar o andamento dos negócios.

    Jorge era filho de uma professora muito querida no vilarejo dona Ana com um açougueiro seu Antônio que trabalhou muito para formar o filho, era um casal católico onde tentou criar Jorge nos princípios da igreja e seus dogmas, Jorge teve sua fase rebelde de adolescente, porém nada que fosse de tão grave, sua irmã mas velha, Betina não morava no Brasil, foi tentar a sorte em Portugal, onde trabalhava como babá, à muito contra (gosto) da mãe e do pai, pois se preocupavam sempre com Tina, forma carinhosa como a chamavam.

     Jorge era dedicado ao trabalho, não tinha vícios, e queria cada dia, mas crescer como advogado para melhorar a vida de sua família, era ele quem tratava com seus melhores clientes, pois parecia ter o dom da palavra como dizia sua mãe, e assim fechava grandes e valiosas parcerias com os seus clientes. Era muito educado com todos do escritório, não se importava em pegar no pesado, não tinha essa de ser o patrão, ele queria ser o exemplo para seus funcionários que dentre eles estava Nora.

Nora tentava fazer sempre o melhor, eficiente nas suas tarefas, gentil e muitas das vezes atraía atenções de muitos no ambiente, estava tentando lentamente mudar seu jeito de falar, de se comportar e de se vestir.

Muitos estavam notando essas mudanças, uns com admiração pela sua força de vontade e outros com inveja, pois Nora automaticamente estava se destacando dentro de suas funções, tudo corria bem, na mais perfeita ordem até Rodrigo olhar para Nora com outros olhos...

Mas o olhar de Rodrigo para com Nora não era de boas intenções, Rodrigo não era desses de se apaixonar para casar, estava acostumado com a vida boêmia que levava nas noites, onde lidava com todos os tipos de gente e de mulheres, não acreditava em nada, nem em Deus, nem nas pessoas e nem na vida, pensava que tudo só tinha valor quando o dinheiro comprava e que as pessoas eram tolas se acreditassem ao contrário.

Rodrigo percebera que algo estava diferente em Nora, não sabia ao certo do que se tratava, mas pegou-se a olhar por várias vezes, Nora, entretanto não percebera nada em relação ao patrão, pelo contrário, queria e se empenhava cada vez, mas no trabalho.

Em uma das salas do escritório, estava Vanessa, moça na casa dos seus 30 anos onde se cobrava a todo tempo, um casamento, mas não qualquer casamento, ela já tinha um alvo em mente, Rodrigo! Jovem ambicioso bonito que estava em ascensão na empresa onde daqui a poucos anos se tornaria muito rico, Vanessa era calculista e bastante estrategista, sabia que não poderia perder a chance da vida dela, nesse casamento como pensava, porém, Rodrigo já tinha tido no passado um rápido romance com Vanessa onde após conseguir o que queria da moça a deixou sem ao menos dizer uma só palavra, onde Vanessa jurou que ele iria se arrepender do que fez.

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