"Amiga estou tão feliz que você veio.Não podia compartilhar essa alegria com outra pessoa" Disse Daisy

Ela era minha melhor amiga, meio que a única.

Nós crescemos juntas. As nossas famílias eram muito amigas, tanto nos negócios quanto na vida pessoal. Consequentemente, eu e Daisy nos tornamos como que irmãs, até porque eu e ela eram filhas únicas.

"Você merece toda a felicidade do mundo. Você parece uma princesa! Olha só esse vestido, parece que você saiu de um conto de fadas!" Digo

Daisy estava usando um vestido de noiva estilo princesa, que combinava muito com ela. Daisy era o tipo de pessoa mais doce e gentil que conhecia.

"Agora vai logo, senão você vai se atrasar. E apesar da noiva sempre se atrasar, eu sei que o Emmett vai ter um troço no altar" disse indo em direção a limusine.

Ao mesmo tempo que eu estava genuinamente feliz por ela, falar o nome dele me deixava com um gosto amargo na boca. O porquê? Bem ele era meu ex-namorado. Apesar da gente ter terminado numa boa, ainda sim a gente ficava sem graça.

Foi uma junção de imaturidade com um toque de não era a pessoa certa.

Não posso negar, os dois foram feitos um pro outro, e eu não podia impedir a felicidade de ninguem.

Esquisito? Muito. Mas me diz o que na minha vida é normal.

"Que pena que o Harry não pode vir e entrar com você" disse Daisy, e isso me deixava extremamente frustrada, mas não ia deixar transparencer

"Tá tudo bem amiga, ele teve que fazer uma viagem de ultima hora por causa da empresa" menti

Daisy apesar de ser muito doce, sabia ser extremamente protetora e acredite, você não vai querer ver ela brava.

A verdade é que Harry andava muito esquisito.

Há dias não nos falamos. Ele estava distante. Com um olhar meio frio, sem cor.

Tentei descobrir o que estava acontecendo, mas sem sucesso.

Bem, não ia ficar pensando demais nisso, hoje não é meu dia. Isso é um problema pra Lauren do futuro.

A cerimónia ocorreu como um conto de fadas. No fundo, eu ficava feliz por Daisy e Emmett, eles mereciam a felicidade.

Depois da festa, fui para casa, pensando no que estava acontecendo com meu relacionamento. Estava tudo bem, até então.

Chego no meu apartamento e tenho uma recepção calorosa dos meus gatos, procuro por Harry e ele não está em casa.

Estranho...

Sento no sofá e me pego olhando pro meu anel de noivado, e relembro do dia em que fiquei noiva.....

*Alguns meses atrás*

"Tá ansiosa?" perguntou Daisy pegando o café pra viagem.

Como a gente trabalhava perto uma da outra, a gente tomava café juntas no caminho.

"Não vou mentir, to muito!! Ele disse que tem uma surpresa pra mim. Hoje a gente tá fazendo um ano de namoro, será que ele vai propor?" pergunto.

"HMMMMMMM....." diz Daisy me olhando com uma cara de que vai aprontar algo

"kkkk ai você só piora minha agonia. Deixa eu ir logo antes que eu me atrase, não quero ninguém no meu pé logo hoje " disse

"Sério não sei por que você ainda se submete aquele emprego humilhante, a sua cunhada só te despreza, independente que o Harry seja o gerente, você não precisa passar por isso amiga , você sabe muito bem que você vai her....."

"Shiiiuuuu" disse colocando a mao na boca de Daisy pra não correr o risco de escapar mais nada ''Ninguém pode saber ta bom? Só quero ser um pouco normal"

"Eu sinceramente não entendo....Mas tudo bem...só se cuida, não deixe ninguém passar por cima de você , senão eu vou ter que bater na cara de alguém, e eu fiz a unha essa semana, não to afim de estragar " Disse Daisy fingindo um ar de brava.

Rio dela " Também te amo, mais tarde nos vemos" disse indo em direção a empresa

Pego o elevador e assim que entro no escritório, procuro por Harry em sua sala, mas não o vejo.

"Perdeu alguma coisa? Aqui é só pra quem é importante, ralé igual você fica naqueles cubículos ali" Nossa essa voz de taquara rachada me dava arrepios.

"Não, Ellen, estou apenas procurando pelo Harry" disse

"Meu irmão tinha algumas coisas para resolver agora pela manhã." Ellen então segura meu braço forte e se aproxima de forma que só eu fosse ouvir " Escuta aqui, se você acha que dando uma chave de perna no meu irmão vai conseguir subir nessa empresa, pode tirar o cavalinho da chuva, você não pertence a esse lugar"

Me desvencilho da mão dela, e respirei fundo, não ia retribuir, ela uma hora ou outra ia ter que me engolir.

Eu ja namorava o irmão dela a um ano, e não por status ou qualquer coisa, não precisava daquilo.

Estava com ele por que o amava. Ele era muito gentil e amoroso, e quando estavamos juntos ele me prometia o mundo. E eu aceitei, e ofereci o meu. Eu sabia que teria que enfrentar alguns dragões no caminho. Mas estava disposta a enfrentar tudo isso

"Pode ficar tranquila, não vou fazer o mesmo que fez com seu marido. Eu não preciso disso. Eu estou com Harry por que o amo. Agora se me dá licença, vou fazer o meu trabalho" disse saindo deixando ela com uma expressão de puro ódio. O que só fez ela me atazanar ainda mais o dia inteiro.

Hora do almoço e ainda sem sinal do Harry, mandei algumas mensagens, o que ele respondeu da forma mais carinhosa possível, dizendo que hoje não iria pra empresa mas que mandaria um motorista pra tal surpresa.

Subi para o terraço. Eu também tinha uma surpresa pra ele. Apesar de poucas pessoas saberem, gostava muito de compor e cantar.

Já tinha gravado algumas músicas como hobby e postado no Spotify apenas por diversão.

Hoje não seria diferente. Há alguns dias compus uma música especial, então subi no terraço para finaliza-lá. Iria gravá-la e dedicaria essa música ao grande amor da minha vida.

Quando acaba o dia, vou pra casa me arrumar.

Depois de um banho coloco um vestido que tinha ido comprar com Daisy. Não me arrumava tanto, mas a ocasião pedia algo mais elaborado, e o vestido também.

Era um vestido de alça verde escuro e longo. O tecido era leve marcando os lugares certos mas tambem sem marcar demais. Coloco uma sandália de tiras dourada, e faço uma maquiagem mais simples.

Pouco tempo depois chega uma mensagem

"Pode descer princesa, a sua carruagem a aguarda" sorrio ao ler a mensagem.

Desço correndo , e tem um sedan preto me esperando

'" O senhor Page me pediu para levar a senhora até o local que ele esta esperando" disse um senhor trajado com roupas de motorista

Entrei no carro, as mãos suando com a agonia de saber o que vai acontecer.

Chegamos no local indicado.

Um restaurante lindo, estilo italiano, rústico e romântico ao mesmo tempo.

Chego na porta, e um funcionário me guia até uma mesa a qual Harry já está me esperando. Quando me vê ele sorri e se levanta me dando um abraço.

Aquele abraço, poderia ficar horas ali. E com aquele perfume... Haa o perfume. Tudo nele era tão maravilhoso. Ele me afasta lentamente e me beija com muito carinho. Um beijo fofo, mas intenso.

Nos sentamos e ele começa a falar:

"Desculpa não ter dado notícias. Tive que resolver algumas coisas da empresa, e preparar essa noite pra que ela fosse perfeita" disse Harry pegando minha mão e levando até seus lábios, dando um leve beijo na palma da minha mão

Senti falta da voz dele. Parei para olhar ele por completo, já havia alguns dias que a gente não se via, ele estava viajando bastante.

Seu cabelo com um corte mais social estava devidamente penteado com um pouco de gel, de uma forma elegante. Sua pele linda era levemente bronzeada, e o óculos, que ficavam tão bem nele e passava um ar intelectual.

Ele estava vestindo um terno bege, com uma camisa branca com os primeiros botões abertos.

Ele sabia se vestir , e sua beleza colaborava para que tudo isso se tornasse o pacote completo que qualquer mulher gostaria de ter.

Passamos o jantar conversando sobre os ultimos dias , e o quanto sentíamos saudades um do outro. Entre palavras e carícias trocadas , chega o garçom com a sobremesa.

"Mas eu não ped....." Olho para o prato e meu olho começa a marejar, um misto de espanto e muita felicidade.

No prato tinha um pedaço de tiramissu, minha sobremesa favorita , e do lado escrito 'Quer se casar comigo' com chocolate.

Enquanto olho sem reação para o prato ele se levanta e se ajoelha do meu lado e abre uma caixinha vermelha.

Dentro da caixa um anel prata com uma singela pedra de diamante em formato de coração

" Sim! Mil vezes sim!'' Eu digo

*De volta ao presente*

Uma batida na porta me faz sair dos pensamentos. Deve ser Harry, ás vezes pode ter esquecido a chaves no escritório

"Caramba amor achei que não ia...." falo abrindo a porta e me deparo com o sindico. "Há , senhor Jones, em que posso ajudar?

"Senhorita Collins , é sobre a venda do apartamento. A empresa está oferecendo uma quantia muito boa para comprar seu apartamento, o dobro da semana passada, a Senhora Judith ja aceitou e vai se mudar aman...."

"Senhor Jones, com todo respeito, mas eu não vou vender meu apartamento. Já deixei isso bem claro, mesmo que me ofereçam 1 bilhão de dólares, " Digo

Como se não fosse o suficiente, uma empresa , estava querendo comprar o prédio, para remodelar e montar um sei lá o que, não me interessava, não iria vender esse apartamento.

Quando quis morar sozinha e seguir meu rumo meus pais compraram esse apartamento pra mim.Ele está repleto de memórias boas de antes da minha mãe falecer.

Ela sempre vinha me visitar, fazia meu bolo de chocolate favorito e a gente conversava por horas, e davamos risadas , até faltar o ar. Não podia abrir mão das ultimas memória que tenho dela.

'' Passar bem " digo fechando a porta.

Tinha muita coisa pra pensa. Já fazia dias que não via Harry, ele não atendia minhas ligações e não respondia minhas mensagens.

Sentei no sofá e resolvi esperar, e esperar.... E esperar....

Acordei com Lilith, minha gata rajada,lambendo a minha mão e Smoke, meu gato cinza miando alto como sempre. Me levantei e percebi que havia adormecido no sofá.

Pego o telefone e vejo a hora "Droga to atrasada". Me arrumo e vou pro trabalho.

Me sinto solitária o caminho de ida, sem Daisy, já que estava em lua de mel.

Tento ligar pro Harry. Direto para a caixa de mensagens.

Entro no elevador e quando chego no escritório, todos estão olhando esquisito pra mim, cochichando e desviando o olhar.

Vou em direção ao sala de Harry , a porta está aberta. Olho para dentro e vejo que tem algumas pessoas. A enjoada da minha cunhada, Harry, uma moça mais ou menos da minha idade, cerca dos seus 27 anos, loira, pele clara, muito bem vestida e com um corpo muito bonito, poderia facilmente ser uma modelo e ao seu lado um senhor alto, grisalho , com seus 50 e poucos que passava um ar imponente.

"Há ai está ela! Entra logo!" Ellen fala com aquela voz irritante, parecendo uma gralha morrendo " Isso são horas de chegar mocinha? Como secretária do Harry você tem que auxiliar ele com os preparativos do casamento dele"

"Como assim?" disse sem entender.

Agora ela se importava com os preparativos do meu casamento? Olhei para Harry e ele não me olhava nos olhos.

" Mas é o cúmulo da incompetência mesmo! O Harry e a Crystal estão noivos! E você vai precisar ajudar o Harry pra ele ter mais tempo pra decidir sobre os preparativos com a Crystal, até por que eles vão se casar daqui a 2 meses!" disse Ellen

A vida é engraçada, quando você acha que não tem como piorar....

"Como assim ?!... Noivos?....Quando ?" disse sem entender

"Você é sonsa ou se faz? Sim eles estão noivos, Harry propôs essa semana pra Crystal" Disse Ellen com um sorriso de desdém

Branca igual papel.

Era como eu estava. Todo o meu sangue havia sido drenado do meu corpo. O meu estômago, revirava e eu me segurava para não colocar pra fora a barra de cereal que comi como café da manhã.

Porque a sala estava girando tanto?!

Respira Lauren, você não vai se mostrar vulnerável, não aqui e não agora.

" Se me dão licença eu vou começar a organizar a agenda" forcei um sorriso, me virei e sai dali.

Fui em direção as escadas e comecei a subir para o terraço.

Não sentia as pernas.

Parecia que não só o sangue estava sendo drenado de mim, mas também todo o ar a minha volta.

Abri a porta do terraço.

Gostava daquele lugar, ninguém ia ali com frequência, e nessa hora agradeci imensamente esse fator.

Me encostei na porta fechada e fui descendo, perdendo as forças das pernas, até sentar no chão, e deixar as lágrimas caírem.

Uma por uma.

Chorei até toda a água do meu corpo secar.

Não sei quanto tempo fiquei ali sentada. Apenas torcendo pra que a Terra se abrisse no meio e eu me jogasse lá dentro.

"Noivo?! ...Como ele... pode? A gente ....ia se casar!! Como alguém pode ....se esquecer disso de uma hora pra outra?" Falei entre soluços.

Parece que falar em voz alta tornou tudo mais palpável e com um gosto amargo. Um verdadeiro misto de sentimentos. Raiva, tristeza, nojo, não sabia definir um por um.

''Aquela cobra nojenta da Ellen, sabia de tudo !! Por que o Harry simplesmente ficou la parado com cara de pamonha?!! Ele...Ele propôs..."

Fiquei ali sentada, parada, como um zumbi, tentando assimilar tudo.

Não, isso não tava acontecendo!!

Será que era só um sonho? Se eu fechar os olhos com certeza quando eu abrir eu vou estar no sofá esperando o Harry e a gente vai rir desse sonho bobo....

Abro os olhos....

Ainda estou no terraço. No estado mais deplorável possível.

Não sei quanto tempo se passou, mas o suficiente para meu celular começar a vibrar.

''Onde você está? Eu posso explicar" mensagem do Harry.

Sim ele teria que explicar. Pode ter sido so uma confusão....

Poucos minutos depois ele estava no terraço.

" Olha...eu posso explicar" ele disse

"Então começa!!" disse cheia de raiva

"Bem.. Eu....Ela...." Ele abaixou a cabeça e suspirou: "Sim, eu estou noivo daquela moça que está lá embaixo. Os nossos pais acharam melhor assim pois iria beneficiar ambas as famílias, visto que ela é...você sabe...do mesmo padrão que eu, e você sabia que não ia ser pra sempre... Não dá pra alguém como eu casar com uma simples secretária...."

"Então é sobre isso que se resume? Dinheiro?" Digo incrédula " Esse é o motivo mais idiota que eu conheço, estavamos noivos. NOIVOS!! E você simplesmente some, não fala nada e me aparece noivo de outra?! O que eu era pra você ? Um passatempo?" disse com raiva

"Não! Eu te amei, de verdade... Só que não dá pra viver só de amor... Eu não poderia continuar com alguém..."

"Alguém de classe social mais baixa, certo?!" Falo com um sorriso debochado

" Você nao me amou. Quem ama não faz esse tipo de coisa! Achei que você era diferente,até mesmo diferente da sua irmã...mas vejo que vocês são um bando de fútil que só se importam com status!.... Tomara que você seja muito feliz senhor Page" disse a última frase com deboche indo em direção a porta.

Não conseguia ficar mais nem um minuto ali.

"Lauren espera....só uma coisa..." Ele disse com a cabeça baixa " Será que voce poderia devolver o anel que eu te dei? Ele foi um pouco caro..."

Fiquei em choque, depois de tudo ele ainda tem a coragem de falar uma asneira dessa....

"Claro!" Tiro o anel do dedo e vou me aproximando, mas passo por ele e vou em direção ao parapeito e arremesso o anel.

" SE QUER TANTO ESSA PORCARIA ENTÃO VAI LÁ PEGAR, ACONSELHO A IR POR AQUI QUE VAI MAIS RÁPIDO" Disse ao berros apontando para o parapeito.

Ele me olha em choque.

Vou embora mas antes de chegar na porta , me viro e digo " E eu me demito senhor Page" digo o nome dele com bastante nojo.

Desço as escadas com o coração na garganta. Lágrimas escorrendo sem parar.

Vou até minha mesa pego minhas coisas e vou embora, ignorando todos os olhares.

Vou pra casa e termino de chorar lá.

Passada as horas, tento comer alguma coisa. Também não ia me deixar definhar por conta de um mau caráter.

Como algo leve e me arrasto até a cama.

Meus gatos sobem e me fazem companhia. O ronronar deles era como uma canção de ninar.

Acordo assustada com um barulho alto.

Paredes tremendo e uma música tão alta que é como se tivesse vindo do meu apartamento.

Meu vizinho baladeiro escolheu o pior dia pra começar uma festa e me tirar do sério.

Era raros os dias que ele colocava música alta a noite. Geralmente ele colocava de dia, no mesmo horário que saio pro serviço. E as poucas noites que ele colocou não estava tão alta, então não me incomodava .

Mas hoje não. Hoje ele colocou no último volume. E o dia hoje não estava sendo bondoso comigo. Levanto furiosa

Bato com todas minhas forças na porta, mesmo achando que seja impossível alguém escutar alguma coisa com o barulho da música.

Bato de novo. Nada.

Começo a bater sem parar , até que a porta se abre.

Um homem sai, ele escora o braço no batente da porta, ele era alto, pele morena e pelo visto com corpo definido..muito definido...

"Cuidado pra não escorrer" Ele disse, fazendo gesto como se eu tivesse babando.

Bem...realmente, eu estava e nem tinha percebido.

Olho pra ele, ele estampava um sorriso que poderia iluminar toda a cidade de Nova York. Seus traços eram muito bonitos. A boca parecia que tinha sido desenhada, os olhos tão negros quando a noite.

Me recompus , até por que não ia resolver nada eu ficar babando por ele.

"Olha, dá pra falar pro dono da casa abaixar o volume , tá impossivel dormir" falo quase que aos berros

"Eu sou o dono. Mas pode deixar que eu abaixo sim, não achei que fosse incomodar" Ele fala sem tirar o sorriso do rosto, e me olha de cima a baixo. " Só cuidado pra não pegar um resfriado"

Fiquei meio sem entender, até que olhei pra baixo e vi... estava apenas com o pijama...um vestido de cetim curto....

Droga!! tinha esquecido de por o roupão.

Vendo que comecei a ficar vermelha igual um pimentão seu sorriso se abriu mais ainda

" Se cuida linda" ele diz e fecha a porta.

Escuto a musica diminuir.

*Reage Lauren, vai ficar parada ai no corredor babando no vizinho ? Vai pra casa dormir* pensei, e fui pra casa e consegui dormir um pouco.

Passado alguns dias Daisy me liga

"Amiga acabei de chegar de viagem, tenho que te encontrar pra te dar sua lembrancinha. E nem adianta dizer que não precisava, era a sua cara então eu tive que comp....amiga? Amiga tá tudo bem?"

Tudo que ela ouvia era meu choro alto

" Ele...tá...noivo...de outraaaaa" falava entre soluços

"Como é?!!! Amiga ja que eu estou chegando ai"

Alguns minutos depois Daisy estava no meu apartamento , e eu contei pra ela tudo que havia acontecido

"Mas que BABACA!! Não, isso não vai ficar assim!! Quem ele pensa que é pra fazer isso com minha amiga? Mas isso não vai ficar assim mesmo , eu vou dar na cara dele e daquela jararaca!!" disse Daisy furiosa, o que ficava até engraçado, dada a personalidade calma dela e sua voz serena , até brava ela acabava ficando fofa.

"Olha não é pra fazer nada, eu não quero mais nada com ele, pedi demissão. E quanto ele pediu o anel de volta eu taquei de cima do prédio e mandei ele buscar" ao falar isso a gente começou a rir .

"Pelo menos você não abaixou a cabeça. Estou orgulhosa" disse enquanto me abraçava " E então o que vai fazer agora? Vai voltar pra casa dos seus pais?"

"Não. Não quero voltar...eu amo meu pai, e a Olivia é amorosa...mas eu não quero sair daqui....eu vou me virando" Digo.

Olivia era minha madrasta, era uma pessoa amorosa e gentil, mas eu ainda não conseguia aceitar....sentia falta da minha mãe, e apesar de Olivia sempre ter deixado claro que nunca queria substituir minha mãe, ainda assim não conseguia...precisava de mais tempo.

"Tá beleza, no minimo a gente vai ter que sair pra encher a cara " disse Daisy

"Não amiga, não vou ficar te alugando pra ficar na fossa comigo, você acabou de voltar de viagem, vai aproveitar seu marido" disse pra ela

" Olha, ta tudo bem. Emmet teve que ir pra cidade vizinha resolver algumas coisas da empresa, então hoje a gente vai encher a cara até a gente esquecer o rumo de casa" disse rindo

"Já disse que te amo hoje?" disse abraçando Daisy e rindo

"Hmmmm, hoje não" Daisy diz e dá uma risada" Tá agora vai lá se arrumar, e põe a roupa mais bonita que encontrar, quero você arrasando" disse Daisy tentando me animar

" Sim senhora " fui em direção ao banheiro

Tomei um banho e comecei a me arrumar.

Coloquei uma regata preta, uma mini saia cinza com xadrez preto, e uma bota preta ate quase o meio da coxa. Deixei o cabelo solto, e uma jaqueta de couro pra completar o look caso fizesse frio.

Vou pra sala e escuto um assobio

"Fiu fiu, Lauren Collins senhoras e senhores" disse Daisy

"Só voce mesmo pra me fazer rir ainda mais agora " disse enquanto íamos em direção a porta.

Fomos ao Le truss , um bar que a gente sempre ia juntas. Era um ambiente bem confortável, um pouco mais chique, e mais reservado também. Tudo que eu precisava era de um conforto dentro de um copo.

'Sejam bem vindas" disse o barman com um sorriso "Faz tempo que não vejo vocês por aqui. E então o que vocês vão pedir hoje?"

"Coloca tudo que você tiver ai dentro de um copo e me da por favor" disse sentando no banquinho e apoiando as mãos na bancada

Como disse era um lugar mais chique. A bancada era de mármore, preta brilhosa , combinando com os banquinhos. A parede atrás do barman, era toda de espelho, com algumas estantes com bebidas, e alguns lustres acima da bancada,com uma luz mais amarela. O que deixava o ambiente mais intimista, mas ao mesmo tempo confortável.

" Pra entrada a gente vai querer duas tequilas. Hoje o que a gente precisa é que os copos não fiquem vazios" disse Daisy

O barman sorrindo, preparou as doses.

Era como se minha alma voltasse a vida. O líquido quente ia descendo pela garganta e acendendo todos meus sentidos.

Depois de mais umas 7 doses ja começava a sentir meu corpo em outro plano.

Depois de mais algumas doses de tequila, whisky, vodka e mais algumas coisas que não lembro , já era hora de voltar pra casa.É claro, se eu lembrasse onde era.

Fomos em direção ao uber, uma se apoiando na outra.

Chegava a ser cômico, se no fundo não fosse tão triste.

Fomos até meu apartamento e me despedi de Daisy. Sem saber como, entrei no elevador e fui até minha porta.

Coloquei a chave na fechadura, mas não entrava.

Tentava de novo e de novo, mas nada, tentei abri a porta, sem sucesso. Já a que estava trancada e a chave não entrava de jeito nenhum.

"Smoke ajuda a mamãe e abre a porta" dizia da forma mais deplorável possível , como se um gato fosse realmente destrancar a porta e abrir pra mim.

" Por que não abre!!" Já nervosa, sacudi mais um pouco até que se abriu, tão forte que cai sentada.

"Ei! O que pensa que tá fazendo ?" uma mulher disse

" Eu estou tentando entrar no meu apartamento. Espera, o que você está fazendo no meu apartamento?" disse pra ela

"Seu apartamento? Como assim seu apartamento? Dylan? O que essa mulher tá falando?" Ela fala com alguém que está dentro do apartamento, até que ele vem em direção da porta.

"Oi linda. O que você está fazendo ai sentada no corredor? " Disse Dylan.

Ou melhor meu vizinho gato. Na verdade meu único vizinho, até por que como aquela empresa idiota conseguiu comprar todos os outros apartamentos só sobrou nós dois.

Percebendo a burrada que fiz disse: "Há me desculpe, eu estava tentando entrar no meu apartamento mas acabei errando a porta.....me desculpa, nem pra abri a porta eu presto..." lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.

E assim, começa os estágios vergonhosos da embriaguez. Tomara que eu consiga manter o resto da minha dignidade intacta e não vomite.

" Ai fala sério, Dylan. Vamos pra dentro continuar o que a gente tava fazendo. Deixa essa bêbada ai, vamos?" disse a mulher num tom muito irritado.

Dylan continuava parado me olhando

Comecei a ir engatinhando até a minha porta, fingindo ser invisivel.

"Dylan fala sério. Você vai ficar parado ai ou vai entrar? Se você não fizer nada eu vou embora" disse a mulher que estava com ele

" Fique á vontade , pode ir " disse Dylan me encarando

Percebendo isso ela fala "Não acredito que você prefere ficar com essa bêbada do que comigo!?"

"Prefiro ficar com qualquer pessoa menos com você, uma pessoa fútil e vazia. Você achou mesmo que vindo aqui , ia conseguir alguma coisa comigo?" Disse dylan num tom frio e sério

Tentei ficar o mais imóvel possível na minha porta, quem sabe assim eles esqueciam da minha existência.

Só ouvi a mulher bufar de raiva e ir embora.

Quando fui me erguer, para por a chave, sinto uma mao quente e macia pegar elas da minha mão de forma delicada.

"Deixo que eu te ajudo linda" disse Dylan abrindo a porta pra mim. "Você acha que consegue ficar de pé?"

Neguei com a cabeça.

Ele se abaixou pegou meu braço e passou em volta do seu pescoço. Com a outra mão ele segurou minha cintura e me pôs de pé como se eu fosse feita de pena.

Estavamos muito pŕoximos. Senti sua mão apertar minha cintura e puxar pra mais perto dele.

Seu corpo era quente, como se estivesse em chamas.

Por que meu coração estava tão acelerado? Era por causa do álcool?

Senti o seu rosto se aproximar.

Como um imã me puxando, meu rosto foi se movendo até perto do dele. E então nossos lábios estavam ali. A centímetros de distancia.

Ele ia mesmo me beijar?

"Miau"

Sinto algo pesado em cima de mim. Abro os olhos.

"Smoke?" recebo um miado como resposta.

Me espreguiço e fecho os olhos novamente.

"ESPERA!"

Sento rapidamente e olho para os lados.

Estava na minha cama.

Como fui para ali?

Olho para baixo.

"Pelo menos estou vestida", falo para mim mesma.

Uma dor insuportável atinge a minha cabeça.

Ressaca.

E assim começa o segundo estágio da embriaguez.

Me arrasto até a cozinha.

Pego uma aspirina e assim que coloco o copo na boca e começo a ingerir o líquido efervescente, flashs do que aconteceu na noite passada me vem a cabeça. *Ele ia me beijar* penso e automaticamente como um reflexo cuspo toda a agua.

"Ele me beijou?" sussurro pra mim colocando os dedos sobre meus lábios, como se eu fosse ter alguma indicação do que aconteceu.

Vergonha. Você é uma vergonha Lauren! O que deu na sua cabeça? Espera, pode ser só coisa da minha cabeça... Ele pode não ter me beijado...Mas e se tiver ?!! E se tiver acontecido algo a mais?

"Aiiii, eu vou matar a Daisy. Vai lá beber até esquecer o endereço de casa. Até voce pagar mico na porta do seu vizinho gato. Não basta só um pouco de humilhação né Lauren? Se não for pra ganhar o nobel em vergonha alheia você nem sai de casa não é?" Digo alto pra mim mesma

Como que eu iria perguntar algo pra ele? É so chegar e perguntar ' Oi vizinho delicia! A gente trocou saliva ontem???'

AI MEU DEUS !!

Percebendo a burrada deito no chão em posição fetal, esperando que minha alma seja levada dali. Mas como isso não iria acontecer, eu tinha que levantar e agir.

"Só mais 5 minutos....vou ficar só mais 5 minutos...deixa isso pra Lauren do futuro" digo baixinho.

Algo me vem a mente.

"Mas é claro, é só eu evitar ele ao máximo. Até por que desde que ele se mudou, mesmo que recentemente, a gente nunca se esbarrou, não vai ser dificil." digo pra mim mesma pra ver se fazia um pouco de sentido.

Meu telefone toca. Daisy.

"Ainda bem que voce ligou! Eu só não te mato por que você ainda está em lua de mel!" Falo gritando no telefone

"Shiiiiiuu... Fala baixo, minha cabeça tá explodindo" diz Daisy baixinho "Liguei pra saber como voce está"

"Morta de vergonha. Morta não seria o suficiente. Estou morta, picada, e passada na farofa da humilhação" digo

"Por quê ? O que aconteceu pra esse drama todo?" Ela pergunta

"Eu acho que beijei meu vizinho..."

"O QUEEE?!! Espera você vai ter que me contar esse babado direito. Me encontra no Tisserrie em 20 minutos, preciso urgentemente de um expresso. Beijo " Ela diz e desliga.

Tomo um banho gelado pra acordar, e coloco um moletom bege, um tênis branco e um boné pra combinar com o moletom.

Pego minha bolsa, abro a porta.

Assim que me viro para fechar a porta e trancá-la escuto:

"Bom dia Linda. Está se sentindo melhor ?" Não preciso nem explicar quem disse essa frase.

Fico parada. De costas pra ele. Sem nem respirar.

*To invisivel, to invisivel* repito na minha cabeça como se eu realmente fosse ficar invisivel.

"Tá tudo bem Linda?" Dylan pergunta

*Para de me chamar de linda inferno! Eu não tenho coração pra isso* penso. Você precisa reagir Lauren! Vai ficar igual uma lagartixa se fingindo de morta?

Respiro fundo, reunindo coragem. Viro e rapidamente e digo : "A gente dia se beijou bom?"

Percebendo o que disse arregalo os olhos

*QUEEE? DESAPRENDEU A FALAR TAMBEM LAUREN?*

Fico vermelha como um pimentão.

Percebendo isso ele dá uma risada.

Parecia uma sinfonia de tão agradável. Ele estava encostado no batente da porta. Já estava virando sua marca registrada....

Ele vestia apenas um jeans e uma blusa branca, que marcava um pouco seu torax e braços... Não baba por favor Lauren. Chega de humilhação.

Como se ele nem estivesse lá , saio andando rápido, quase correndo, em direção as escadas.

Não ia esperar o elevador.

"Ei Linda espera" Dylan falava rindo.

Entrei na escadaria igual um furacão. Meu coração batia tão rapido que parecia que ele sairia pela boca.

" Você deveria ser interditada até aprender a agir igual uma pessoa normal" falo pra mim quando chego no térreo

Chego na cafeteria e encontro Daisy que assim que me vê fala :" Quero todos os detalhes, e quando digo todos é todos mesmos"

"Bom dia pra começar. Só conto depois de um latte machiatto" disse me fazendo de difícil

"Como eu já sabia, eu já pedi pra você!" Ela diz com um sorriso e me estende um copo, com aquele líquido precioso.

" A sua sorte é que eu te amo muito", digo e começo a contar o que eu lembro da noite passada.

"... E a ultima coisa que lembro é que ele tava com o rosto bem pertinho do meu. Depois disso é tudo um borrão e eu acordei na minha cama. E quando estava saindo de casa agora pela manhã , esbarrei com ele, e ao invés de apenas falar bom dia como qualquer pessoa normal faria, eu acabei perguntando da forma mais embolada possivel se a gente tinha se beijado"

"Nossa amiga... Estou com vergonha por você" Ela diz rindo " Mas espera, como ele é? Hmmmm?" Daisy diz levantando repetidamente as duas sobrancelhas e com uma cara de que iria aprontar alguma coisa.

Dou risada. " Voce não presta. Bem ele é bonitinho" falo sorrindo

"Bonitinho?" Ela me falava como se eu estivesse escondendo algo, e fica me encarando "Desembucha"

"O que?! To falando sério" digo

"Laureeen..." Ela diz

A gente fica se encarando por um tempo até que eu não aguento.

"Tá, parece que ele saiu de uma capa de revista. Ele tem uma risada que faz o coração de qualquer uma errar umas três batidas. Ele é como se fosse uma versão real do Michael B. Jordan sob medida. Nem sabia que isso era possivel...."

" Uiiiii" diz Daisy fazendo um gesto de abano como se estivesse quente e dando risada. Rimos juntas. "E ai o que voce vai fazer? Vai ficar evitando ele? "

"Sinceramente... Eu não sei. Eu estou muito machucada. Eu passei de noiva pra chifruda em menos de um dia. Não quero me envolver tão cedo. Mas também não posso ficar evitando ele. Ele pode entender errado."

Daisy concorda comigo. Então o telefone dela toca.

Ela atende e me diz que tem que ir pra empresa resolver algumas coisas. Nos despedimos. Fico ali mais um pouco.

Não tenho que ir trabalhar, afinal.

Volto pra casa. Chego no meu andar e penso em tudo que está acontecendo. Precisava esfriar a cabeça um pouco. Ando pelo corredor em direção a minha porta.

Queria ficar sozinha.

" Oi Linda!" uma voz grossa ecoa pelo corredor.

* Mas que assombração!! Até parece que ele ficou olhando no olho magico quando eu ia passar! Mas que droga! Pelo visto não ia ser agora que ia ficar sozinha* penso

Me viro e digo " Oi vizinho"

"Me chama de Dylan. Acho que a gente já tem intimidade o suficiente pra se chamar pelo nome" Ele diz com um sorriso de canto me olhando de cima a baixo.

*Socorro* fico vermelha

Vendo minha reação, ele começa a rir

" Estou brincando. Te chamei por que queria saber se você quer tomar um café. Ontem você não estava muito legal, e modestia a parte, eu sei fazer um omelete que cura qualquer tristeza" disse com um sorriso fofo.

Tá, ou ele era muito gentil ou muito atirado. Ou os dois ao mesmo tempo.

Bem, eu não podia ficar evitando ele o tempo todo, mas também queria ficar um pouco sozinha.

" Muito obrigado mas estou sem fome " assim que termino de dizer minha barriga ronca bem alto.

Obrigada universo. Obrigada mais uma vez por essa pequena vergonha.

"Hmm já acho que seja o contrário" ele disse sorrindo "Vem, eu não mordo, a menos que peça" disse sorrindo de lado .

Será que ainda dá tempo de eu me jogar pela janela? O que esse cara queria afinal?