Começo
Quinlan: você vai se casar comigo. Afirmo.
Amaya: O quê? Não... Não vou me casar com você, que motivos eu teria para...
Quinlan: A escolha não é sua, estou dizendo que vamos nos casar e é o que vamos fazer Amaya...se acostume com a ideia.
Dez horas antes
Mastigo sem muita vontade o meu sanduíche de pasta de amendoim com geleia enquanto penso no que realmente gostaria de estar comendo: sinto falta do meu arroz com feijão. O meu intervalo para o almoço acaba em exatos quinze minutos, já devorei praticamente a metade do que trouxe comigo.
É a própria Maddie que me cobre no caixa quando chega o horário do meu intervalo... só porquê você é a dona do seu próprio negócio não quer dizer que não irá trabalhar duro nele, é o que ela sempre diz, não com essas palavras, mas juro ser algo bem parecido.
O trabalho aqui na floricultura é bom, tem as flores e ...as flores...meu Deus quem estou tentando enganar, não estaria aqui se não precisasse muito do dinheiro e ultimamente ando com a corda no pescoço por causa de todos aqueles empréstimos universitários e blá blá blá... Eu era ingênua e fiz muita burrice quando terminei o ensino médio, comprava coisas e achava que só por ter um emprego de meio período meia boca poderia comprar tudo o que quisesse... eu estava errada e me arrependo tanto.
Simplesmente não guardei nenhum dinheiro, talvez estivesse um pouco chocada demais com os preços das coisas aqui nos Estados Unidos.
Há e só para constar eu não fui a única, meus pais seguiram o mesmo caminho. Temos uma casa, dois carros e dividas...muitas e muitas dividas... e também alguns objetos inúteis que estamos tentando nos desfazer.
Olhando pelo lado bom(se é que ele existe) o arrependimento é mútuo.
Tomo um pequeno susto quando o meu celular toca em cima da mesinha de madeira que estou fazendo minha refeição, ela fica nos fundos da loja.
É apenas a Tori, ela é minha melhor amiga desde que vim morar aqui, e isso já faz um bom tempo. Fomos vizinhas durante os meus primeiros anos aqui e então os pais dela resolveram dificultar a minha vida e compraram uma casa a uns vinte e cinco minutos de carro...eu sei, sou um pouco dramática.
Amaya: É urgente? Você não costuma me ligar no MEU INTERVALO.
Tori: Mais é claro que é, preciso muito da sua ajuda May.
Amaya: Então fala logo... preciso voltar a comer esse troço se eu quiser aguentar mais um dia de trabalho.
Tori: Ah certo, tinha me esquecido desse detalhe. Fica alguns segundos em silêncio e então volta a falar. Você se lembra do Dean? o cara que conheci naquele dia no drive thru do...
AMAYA: Eu lembro daquele babaca... ele pediu seu número depois de termos resolvido toda a confusão com os lanches...
Tori: Isso... e ele não foi tão babaca assim, eu meio que entendo o motivo para ele...
Amaya: Que seja... o que tem ele? Pergunto sem querer saber muito a respeito.
Tori: O Dean me convidou sair hoje a noite, é seu último dia aqui antes dele ir para a Alemanha...eu quero muito ir.
Amaya:Hum, digamos que é no mínimo interessante, mas o que eu tenho haver com tudo isso?
Tori: Os meus pais decidiram que hoje era mais um dia perfeito para os encontros com os caras estranhos e ricos... Tentei dizer que não poderia ir... Não funcionou...
Se tem uma coisa muito curiosa em relação a família Taylor é que eles são muito sortudos, se tornaram milionários tipo muito do nada... Isso já faz um seis anos acho. Lá em casa passamos uma semana inteira elaborando teorias de como eles conseguiram, mas enfim, desde então os pais da Tori depois de terem adentrado nesse mundo de pessoas muito ricas passaram a se importar mais com as companhias de sua filha e para terem certeza de que ela irá se envolver com a" pessoa certa" arranjam encontros com completos desconhecidos.
Pré requisitos para ser um possível pretendente de Tori Taylor: Ser muito rico, e o resto é resto.
A família Taylor tem medo de que a Tori acabe se envolvendo com o que eles chamam de" pessoas inadequadas para a nossa querida Tori"( É só uma palavra mais elegante para se referir aos pobres)
Por sermos muito amigas sempre fico sabendo de tudo em relação aos seus encontros, e não é como se Tori não gostasse deles.
Segundo ela na grande maioria das vezes é divertido ( Quando o cara é bonito).
Amaya: Como posso ajudar você Srta. Taylor? Falo modificando o tom de voz de ela ri.
Tori: Não surta tá? Eu só pensei que talvez você pudesse ir no meu lugar e...
Amaya: Eu? no seu lugar?
Tori: Isso.
Amaya: Usou drogas Tori? Nem ao menos somos parecidas. Digo achando sua sugestão um tanto absurda.
Tori: Sei disso... Mas você sabe que boa parte dos homens que meus pais arranjam encontros para mim nem ao menos vêem uma foto minha antes do primeiro jantar... eles nem sabem o meu primeiro nome...na grande maioria das vezes.
Amaya: Qual o homem que vai para um encontro com uma mulher que ele não sabe o nome e nem ao menos sabe como é?
Tori: Muitos e você ficaria surpresa... Isso é coisa dos meus pais, eles apenas garantem que sou bonita e é tudo que precisam saber. Segundo minha mãe isso gera uma certa expectativa boa com a relação a minha aparência.
A família Taylor também é estranha...e muito.
Amaya: Sabe o nome da sua possível vítima?
Tori: Não... meus pais não quiseram me falar, o que me faz pensar que talvez esse homem seja feio.
Meu Deus nem o nome... isso deveria ser o mínimo de informação a se saber sobre alguém com quem pretende sair.
Amaya: Não importa, não vai rolar...
Tori: Amaya por favor... Pela nossa amizade de anos...
Amaya: Te amo muito amiga, mas não.
Tori: Eu compro os ingressos daquele show que você queria tanto ir.
Amaya: Quem você está tentando comprar?
Tori: Os ingressos e o autógrafo de cada membro da banda.
Amaya: Tentador, mas vou recusar.
Tori: Dois mil dólares?
E quando ela menciona o dinheiro a ideia começa adentrar na minha mente. Eu realmente não quero ir no seu lugar e jantar com algum babaca endinheirado, acho que eu já tive a minha cota com homens... não que eu seja a senhora experiência nesse assunto, mas também não sou leiga.
É só que dois mil dólares deixaria a cord@ em meu pescoço um pouco menos apertada...
Amaya: Dois mil para jantar com alguém...
Tori: Eu ofereceria muito mais, só que dois mil foi tudo o que sobrou da minha mesada esse mês... exagerei um pouco nas compras.
Sim ela tem a minha idade, 23 anos e ainda recebe mesada.
Amaya: A que horas seria esse jantar?
Tori: Vai aceitar minha proposta? Pergunta animada
Amaya: Calma ainda estou pensando.
Tori: Ok... o jantar vai ser as oito no La Monier.
Simplesmente no melhor e mais caro restaurante da cidade.
Amaya: Eu teria que sair um pouco mais cedo para me arrumar...
Tori: Fala com a Maddie... Não acho que ela vai se importar tanto assim...
Amaya: Preciso estar bem vestida para a ocasião, e não tenho roupa...
Tori: Também fica por minha conta.... Você vai aceitar?
Amaya: Ainda não sei...
Tori: Por favor May, por favor, por... Começa a suplicar. Eu vou surtar se não puder ver o Dean uma última vez.
Quando a Tori surta por algum homem é melhor sair de perto... você pode se afogar com as lágrimas dela.
Amaya: Tá eu aceito, vou no seu lugar.
Tori: Aí meu Deus... Amo você.
Solto uma risada.
Amaya: Não esquece do meu dinheiro.
Tori: Tá eu não vou esquecer...vou transferir agora mesmo pra você.
Amaya: Ah e se não for pedir demais será que você poderia encaixar os ingressos e os autógrafos no combo? Eu queria muito ir naquele show.
Tori: É claro que eu posso... minha maravilhosa preferida.
Amaya: Você que é.
Tori: Tudo certo então, vou arrumar as coisas para que você possa entrar no restaurante se passando por mim...vai ser difícil, mas eu consigo.
Amaya: Tem certeza que ninguém vai descobrir?
Tori: Tenho, meus pais gostam sempre de manter um mistério a cerca de mim , então tem sessenta por cento de chance de dar tudo certo.
Amaya: Posso me lascar feio com esses quarenta por cento que sobram.
Tori: Vou garantir que nada lhe aconteça
Amaya: Então tá eu vou no seu jantar e você vai sair com o Dean. Faço cara de nojo ao pronunciar o nome dele. O que eu tenho que fazer ou dizer?
Tori: Não seja muito grosseira para que meus pais não briguem muito comigo caso ele venha reclamar, também não seja maravilhosa ao ponto dele querer um segundo encontro... Não queremos isso.
Amaya: Não mesmo.
Tori: E lembre-se você será Tori Taylor a partir do momento que entrar no restaurante.
Amaya: Certo, mais alguma coisa?
Tori: Vou mandar o motorista levar alguns vestidos novos que tenho aqui... você escolhe qual vai usar
Amaya: Ok, a minha mãe está em casa...me deseje sorte. Peço.
Tori: Ah May você não precisa.
Não tenho tanta certeza disso.
Estou prestes a desligar, mas então me lembro de algo muito importante que eu não poderia deixar de perguntar.
Amaya: Vem cá, ele não é um vampiro ou é?
Tori: O quê? Solta uma risada. É claro que não... não precisa se preocupar com isso... Eu também nunca sai com um vampiro.
Amaya: Eu precisava ter certeza.
Quando termino a ligação vejo que já passei dois minutos do meu horário de intervalo.
Droga tudo isso é uma loucura, tão louco quanto o fato de que vampiros realmente existem.
Onde eu fui me meter.
Quinlan
Estou lendo pelo celular a edição online da revista Read now news, sinto um pouco de irritação.
"Maximilian Viscontine se envolve em briga na casa de Striptease mais famosa da cidade de... fontes confiáveis afirmam que ele arrumou confusão com um dos clientes por causa de uma das Garotas... ( READ NOW NEWS)"
Se esse idiota parasse de arrumar confusão talvez eu não fosse obrigado a me casar... Ou se pelo menos esses idiotas arrumassem algo mais interessante para fazer ao invés de tomar conta da vida alheia.
As revistas e os sites de fofoca adoram publicar coisas relacionadas a minha família que muitas das vezes foram distorcidas.
Os vampiros existem a milhares de anos, passamos muitos e muitos anos escondidos dos humanos, vivendo nas sombras, mas tudo mudou a trinta anos atrás... quando revelamos a nossa existência e passamos a conviver com eles... não foi fácil para nós naquela época e ainda não é, também não nos revelamos porquê queríamos... Muitos de nós morreram no início, o medo e o preconceito das pessoas acabou levando muitos vampiros.
As coisas mudaram um pouco desde então, muitos humanos ainda sentem medo, mas agora são raros os incidentes com a nossa espécie.
Ganhamos a confiança de boa parte dos humanos e tudo se deve ao fato de termos um acordo entre nós. Não podemos se alimentar com o sangue humano... amenos que aja consentimento ou que algum humano doe. Inclusive algumas pessoas nos vendem um pouco do próprio sangue em troca de uma boa quantidade de dinheiro. É claro que existem os de nós que não seguem as regras e atacam pessoas... Não é o caso da família Viscontine, é por causa desses vampiros que muitos ainda sentem medo de nós.
Maximilian, o imbecil do meu irmão, também contribui para manchar a imagem de nossa família.
Viscontine é a mais famosa e mais antiga família de vampiros que existe, é por isso que notícias e fofocas sobre nós saem a todo momento em blogs, sites, revistas... outro motivo, e um que faz com que sejamos os mais reservados o possível é que somos os donos da Viscontine Hotels International -VHI , uma das maiores redes hoteleiras do mundo e no momento sou o CEO da empresa.
Pelo bem dos negócios temos que ser mais discretos que os outros vampiros e não nos meter em confusão... Meu irmão é só um idiota que não se importa com essas coisas.
Já é muito difícil ser um vampiro qualquer em meio as outras pessoas... Ser um Viscontine é...desafiador.
Desvio os olhos do celular e só então me lembro que estou em uma reunião da empresa, olho para as pessoas em volta da mesa e percebo que não estou com cabeça para isso.
Subitamente fico de pé e alguns presentes se sobresaltam... alguns deles não me olham nos olhos... já me acostumei a esse tipo de reação.
Eles devem pensar que se não me olharem nos olhos não sentirei vontade de pular em seus pescoços, coisa que realmente não estou com vontade de fazer...sou bem controlado na grande maioria das vezes.
Quinlan: Vamos encerrar a reunião por hoje.
Eles ficam um pouco agitados demais.
Quinlan: Será remarcada para amanhã... Bella na minha sala, agora. Digo falando com a mulher de terninho sentada ao meu lado.
E então eu saio.
****
Observo a minha assistente pessoal se recostar e ficar mais confortável na cadeira em frente a minha mesa. No começo, quando a contratei, era fácil detectar seu nervosismo por estar trabalhando comigo, mas agora ela provavelmente confia mais em mim do que em muita pessoa por aí.
Quinlan: Fez a reserva no restaurante?
Não gosto de restaurantes, não tem nada para mim lá.
Bella: Sim senhor...e seu terno já foi entregue em sua casa.
Quinlan: A minha agenda está livre hoje? Se estiver não vejo motivos para continuar aqui.
A verdade é que ando muito estressado ultimamente, e as frequentes discussões com meu pai sobre o meu possível casamento não ajudam muito.
Bella verifica a minha agenda em seu tablet antes de responder.
Bella: Você só tem mais uma reunião com um cliente as três horas...
Quinlan: podemos remarcar?
Bella: Não... Essa reunião já foi adiada uma vez, não podemos fazer isso de novo.
Quinlan: Certo vou esperar... não adicione mais nada na minha agenda para hoje.
Bella: Sim senhor, precisa de mais alguma coisa?
Quinlan: Não, você já pode se retirar.
Ela me deixa sozinho.
Vou até às paredes de vidro da minha sala e observo o mundo lá fora. Estou no último andar de um dos prédios mais altos da cidade...me machucaria feio, mas ainda assim não morreria se de alguma forma eu caísse lá embaixo... Vantagens de ser um s@sangue suga (como alguns humanos gostam de nos chamar por aí).
Essa coisa absurda de me casar não foi ideia minha, e só vou fazer isso pois o meu pai já está me pressionando a algum tempo... Até ameaçou me tirar da empresa.
Vivemos com os humanos, mas acontece que ainda não nos misturamos muito bem e por sermos a família mais antiga e os mais influentes entre os nossos, meio que temos a obrigação de resolvermos esse problema.
Então meu pai achou que seria uma excelente ideia eu me casar com uma humana e assim mostrar que podemos conviver todos juntos, que apesar das diferenças podemos nos relacionar e assim mostrar que podemos ser confiáveis como muitos deles acreditam que não somos.
E quando esse casamento acontecer seremos o primeiro casal formado por uma humana e um vampiro que vivem publicamente.
O problema é que eu não costumo me envolver emocionalmente com ninguém, e ainda menos com humanos.
Então depois tanta comoção e insistência acabei aceitando a sua ideia apenas com o intuito de que me deixe em paz.
Ele não decidiu quem seria a minha futura esposa, então eu ao menos tenho a possibilidade de escolher. Estou sendo forçado a fazer isso, é por esse motivo que não terei um casamento convencional como qualquer outra pessoa...escolherei uma mulher para viver essa farsa junto comigo.
Essa mulher será a Srta. Taylor.
O casamento é de verdade...a única mentira é que não vai existir o amor e a paixão que precisamos fazer parecer sentir um pelo outro.
Amaya
Meu trabalho não fica longe de casa, por isso estou fazendo o percurso de volta a pé.
Olho para o outro lado da rua e vejo um cara parado na calçada observando as pessoas. Será que ele é um vampiro? É a primeira coisa que penso.
Apesar dos vampiros existirem e de os vermos em notícias e programas de tv com uma frequência maior do que eu realmente gostaria, não é comum você se encontrar com um deles na rua... Não é como se você os achasse nas esquinas.
Eu mesmo nunca esbarrei com um vampiro...eu acho,... reformulando, que eu saiba nunca esbarrei com nenhum deles... não dá para ter cem por cento de certeza.
Eles andam livremente entre nós a alguns anos, mas ainda são tratados como coisas de outro mundo, e por isso se fala bastante sobre a existência deles.
Tem até uma família de vampiros, não me recordo do nome agora que é a mais famosa de todas... E acreditem ou não eles possuem fans.
Uma bando de mulheres e adolescentes malucas que muitas das vezes acabam fazendo tatuagens em homenagem a eles, símbolos, presas ou até mesmo frases do tipo: I love you vamp; my vamp. Algumas até se oferecem para serem sugadas... Fala sério, já é estranho demais aqueles que vendem o próprio sangue.
Por mais que alguns deles sejam muito bonitos admito, eu nunca faria uma coisa dessas.
****
A primeira coisa que ouço quando chego em casa e a discussão de Benjamin e Elena, aparentemente estão brigando para ver quem vai ficar com o pouco do cereal que resta caixa. Eles são gêmeos e fizeram doze anos recentemente, amo meus irmãos... Eles são uns pestinhas.
Acabo com a discussão pegando a caixa de cereal e a segurando bem no alto.
Benjamin: Me dá Amaya, é meu...
Elena: Nada disso eu peguei primeiro...
Amaya: Onde estão as roupas que a Tori mandou o motorista trazer?
Elena: No seu quarto, a mamãe não deixou eu mexer nelas. Cruza os braços e fica emburrada.
???: As coisas não são suas Ele, por isso não deve mexer nelas. Diz entrando na cozinha
Amaya: Fez bem mãe, se acontecer alguma coisa com aquelas roupas a Tori fica maluca.
Eu entrego o cereal a Elena que vai muito feliz atrás de uma tigela e do leite, Benjamin me olha com cara feia.
Amaya: Me desculpe Benj, mas eu sou mulher e nós mulheres ajudamos umas as outras.
Benjamin: Sei...
Mallory: Como foi no trabalho querida? Pergunta realmente querendo saber.
Amaya: Ah o mesmo de sempre... Flores, flores...
Mallory: e flores. Completa com uma risada. O que vai querer para o jantar hoje? é seu dia de escolher...
Amaya: A senhora pode escolher mãe, não vou jantar em casa hoje... Eu meio que tenho um" encontro"...
Mallory: Hummm... é alguém que já estudou com você? Ou talvez alguém que conheceu durante o trabalho.
Amaya: Não posso contar agora, mas eu falo alguma coisa em coisa breve.
Não gosto de mentir para ela, mas contar a verdade não é exatamente uma opção no momento.
Mallory: Então tá, se divirta.
Ela fala essa última frase em português e penso em como o sotaque da minha mãe falando o meu idioma é tão fofo.
A minha mãe nasceu e cresceu aqui nos Estados Unidos e meu pai é muito, mais muito brasileiro... nasceu e foi criado em São Paulo.
Eles se conheceram quando minha mãe fez uma viagem a turismo para o Brasil...o amor deles foi tão grande que minha mãe ficou e aprendeu a falar o nosso idioma, se casou com papai e foi basicamente assim que Mallory ganhou um sobrenome Brasileiro: Mallory Castro.
Eu e meus irmãos também nascemos no Brasil e só viemos morar aqui no EUA a uns dez anos atrás.
Na maior parte do tempo nos comunicamos uns com os outros em inglês, mas tentamos manter o nosso português e alguns costumes de nosso país vivos dentro de casa.
Amaya: Já vou subir, tenho que tomar um banho e começar a me arrumar.
Minha mãe me dá um sorriso e vou até às escadas.
As vezes eu penso: Poxa Amaya você tem vinte e três anos, deveria ser mais independente, morar sozinha , mas existe alguns motivos para eu já não ter feito isso.
1° Não tenho condições financeiras para fazer isso agora, eu teria que dividir um aluguel com uma amiga ou namorado...( Nota: meu último relacionamento terminou a dois anos)
2° Não me vejo morando sozinha, morar sozinha significa que eu vou... Morar sozinha.
3° Meus pais não me pressionam para que eu saia logo de casa , na verdade eu até acho que eles gostam de eu ainda morar com eles.
E são esses os meus motivos ou desculpas, não vejo muita diferença entre um e outro.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!