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A Maldição Da Noiva

Prólogo

Londres, 1890

Dizem que a família Bloodmoon tem uma maldição que foi lançada por uma bruxa que foi queimada pelo herdeiro da família há muito tempo. A primeira mulher com quem o herdeiro da família se casa acaba morrendo. Então, eu vou morrer. Considerando que sou suicida, isso não me assusta. Posso morrer e ainda conseguir pagar as dívidas de minha família. Me soa justo!  Quando aceitei me casar com ele e disse sim na cerimônia, eu já esperava a morte.

Nosso quarto tem uma cama de casal com dossel, lamparinas espalhadas em lugares estratégicos, um belo lustre de cristal, as cortinas vermelhas estão abertas e as paredes são de um vermelho sangue medonho. Os móveis são bonitos, mas também trazem um ar sombrio e sufocante para mim.

— Está ciente de que ao dizer sim para mim naquela igreja você selou o seu destino.

O jovem Thomas Bloodmoon é muito bonito mesmo com seu ar frágil e taciturno, mas o tanto que tem de bonito tem de frio, impetuoso e cruel. O cabelo dele é escuro, seus olhos são azuis e límpidos, seu rosto ainda imberbe. Seu corpo é esguio, mas há certa força e músculos agora que o vejo de perto.  Ele tem dezesseis anos e eu tenho dezenove. É uma gritante diferença de idade, mas todas as outras moças têm medo dele e da maldição. Eu tenho mais medo de morrer de fome e que minha família morra de fome.

— O senhor avisou. — Confirmei, resignada. — Uma vez antes de casar, uma vez na cerimônia e agora estamos falando de novo sobre o assunto. É irritante se quer saber. Quase como se invocasse e lembrasse essa coisa de que eu tenho que morrer.

Ele me estudou e não negou.

— Meu irmão mais velho morreu no lugar da esposa. — Contou ele, desinteressado.

Sim, eu conheço sobre a tragédia dos Bloodmoon. Para Thomas se tornar o herdeiro da família, o irmão mais velho dele Ivan teve que morrer. Ele foi encontrado enforcado e segundo as autoridades não foi assassinato o que aponta para o indizível que era suicídio, mas a família para poder enterrar com a benção do padre diz ter sido um acidente.

Ele prosseguiu:

— O que o maldito jornal não conta, esposa. É que a linda Elizabeth, Ivan a amava muito e ela estava grávida. Ele se matou e parece que funcionou. Quer dizer, a bruxa aceitou sua oferenda e deixou a mulher viver. Mas eu não me mataria por você. E eu não impedirei a bruxa de ter o seu sangue sendo que é uma caça tesouro e não teve a sorte de sua beleza simplória cativar um homem a ponto de fazê-lo querer morrer por você.

— Sim, eu nunca menti o meu motivo de estar aqui. Sempre discutimos no baile o montante da minha dívida e que eu me casaria com o senhor se a pagasse.— Concordei com ele. — Já que estamos cientes dos fatos, devo me retirar dos seus aposentos já que pelo que sei a bruxa virá esta noite, certo...

— Pode ser agora, pode ser depois... Nunca tem um tempo certo. — Respondeu ele sombrio. Ele sentou-se na cama nupcial preparada para nós dois. — A senhorita não está com medo...

— Senhora — O corrigi. Ele arqueou a sobrancelha para mim, surpreso. Presenciei ele capturando um cacho de uvas da mesa e começando a comer tranqulio.  — Agora que estou casada é senhora. E sou mais velha que você... E não, não estou com medo.

— Não sei se a senhora é burra ou corajosa.

Segurei minha língua para não dizer: Nenhum dos dois, apenas não vejo graça na vida. E morrer com dividas pagas e sem eu mesma ter que me matar é morrer em paz.

...

Eu fui para o quarto de hóspedes e me deitei na cama com a maldita camisola nupcial. Fechei os olhos e dei um longo suspiro determinada a dormir enquanto ainda estava no mundo dos vivos.

— Não vou matar você, Evangeline. Poucas coisas me comovem no mundo depois que fui queimada injustamente. Mas a primeira vez que vi um homem dessa família se matar e ofertar para mim por amor, me comoveu tão profundamente... E agora tem você aqui que é uma pobre desgraçada como eu.

Abri os olhos, mirei o teto, mas não conseguia me mexer na cama. Sei que o certo seria tentar gritar e me mexer, mas paralisia do sono não me é nada novo. Relaxei.  A presença fantasmagórica no quarto, ela pegava fogo, flutuando por cima de mim e me sondou cansada e sem tentar me assustar como os outros fantasmas. Era só a essência dela. E ela era tão triste.Era tanto dor, tanta injustiça.  Lágrimas desceram por ela.

— Você é como eu.  Olha isso. Até chora por mim!  Uma morta de fome que teve o azar de cruzar com essa família maldita. E o herdeiro deles te odeia e despreza. E só te quer para ser seguro quando se casar com a mulher do irmão como pretende. Eu nunca mato a segunda esposa. Seria um derramamento de sangue sem fim. Quando lancei a maldição pensei que a primeira esposa era a única pessoa que eles amariam, já que dizem que casamentos são sagrados. Mas isso só aconteceu com Ivan Bloodmoon. Ele era um garoto sensível e bom. Se casou por amor. Eu não ia tocar na esposa dele, quer dizer, não queria, mas... há um demônio que cobra a maldição além de mim e sempre tem de ter uma alma. Ele habita no corpo do herdeiro da família. Na época, ele me fez pensar que o tinha sobre controle, mas ele não segue minhas ordens.

Ela me estudou em pânico e disse:

— Desculpa. Desculpa. Desculpa. Não era para isso acontecer desse modo. Eu só estava com tanta raiva e doía tanto que... que eu precisava me vingar de quem causou toda aquela dor.

Eu não conseguia falar ou responder. Porque se pudesse, eu diria que teria feito a mesma coisa. Eu sei o que é sentir dor e querer matar quem a causou para não sermos nós mesmos a querer morrer. Uma troca para alimentar um objetivo e não nos entregarmos à morte.

— Escute com atenção: O demônio que falei... Ele habita no corpo do seu marido agora. — Revelou ela. — Se você o fizer se apaixonar por você, você não morre porque o demônio não pode agir se há amor. Mas se ele continuar a te desprezar, o demônio, não eu, cobrará minha dívida com os Bloodmoon. E eu não quero que você morra.

Quando recobrei os movimentos e meu corpo acordou, ela já tinha partido.

Como faço um homem possuído por um demônio se apaixonar por mim?

Nicolas

Percebi que meu " amado" marido ficou surpreso por me ver parada em frente à  mesa de café da manhã deles. Tanta comida ali e famílias como a minha que só tinham um título  sustentado por aparências morrendo de fome. 

Ele estava flertando com a viúva do irmão dele, Elizabeth. Brincando com ela, como se tentasse animá-la a olhos inocentes, mas eu podia lê-lo tão nitidamente.  Ela perdeu o bebê. Foi ela que encontrou Ivan enforcado. O choque a fez perder a criança. 

O cabelo loiro de Elizabeth é dourado como fios feitos de sol. A pele parece porcelana. O vestido é branco e suave com detalhes rosas. A maquiagem suave só realça sua beleza. Mas há a tristeza gritante em seus olhos verdes esmeraldas pela perda do filho e do marido. 

— Evangeline… — Grace, a matriarca da família me cumprimenta. 

Eu me curvo a eles todos como uma boa esposa. Como alguém dócil e domesticada que está feliz com o luxo que eles estupidamente jogam na cara de pessoas como eu e seus empregados.

— Que mocinha educada, Thomas. 

Mocinha. Eu sou mais velha que Elizabeth e que Thomas. Elizabeth tem dezesseis anos. Ela casou com o primogênito dos Bloodmoon com quinze. Mas tudo bem… que seja mocinha. Eles acham isso porque são mais altos do que eu.

— Ora! Não fique aí em pé esperando… Sente-se ao lado de Thomas. Venha, querida.— Chamou Grace. 

Fui seguindo os comandos. Me sentei. Não comi. Como com os criados depois. Esse tipo de gente esnobe me enoja e me rouba o apetite.

— Está sem fome? — Questionou a senhora Grace, me sondando. 

— A senhora teve pesadelos? — Sondou-me Elizabeth horrorizada. — Com a bruxa?

Thomas me mirou interessado também e a falsa bondade nele foi trocada por cinismo em seus olhos azuis perversos. Eu o odeio profundamente. Quero que se engasgue na própria cobiça. 

Respirei fundo. O que devo responder? 

— Nada preocupante. — Respondi. — Eu amo Thomas. Histórias assombradas só são eficientes em livros. — Dei assim o assunto por encerrado. 

Um criado passou correndo e parou ofegante na sala de refeições. É uma cena e tanto. Mas o porque de tanta comoção me desesperou.

— Senhora, senhora…— O menino disse sem ar e apontou para mim. — Há um homem no portão. Ele disse que era urgente e que só sairia daqui quando falasse com a senhora que se casou ontem 

— Ele disse o nome? — Exigiu minha sogra. 

 Meu coração batia angustiado, mas eu já suspeitava quem era. Meu Nicolas. Senti vontade de vomitar. Eu me levantei de súbito. Mas senti a mão pesada do pirralho maldito com o qual casei  no meu antebraço. O estudei.

— Nicolas Slayter. — O rapaz do recado disse. 

Eu me desfiz do aperto sádico de Thomas de imediato, furiosa. Fui até o menino de recados e deixei que me guiasse até o portão de grade de ferro onde estava o meu sol. Caminhei para fora da mansão, por entre os jardins de rosas, e foi quando Nicolas me viu e eu o vi. O mundo pareceu ter parado. Ele colocou a cabeça entre as grades e chorou. Corri até ele e o toquei no rosto. Mas ele usava a batina de padre e eu… eu recuei. 

— A maldição… — Falou suave. — Oh Minha Evangelina o que  fez…

Eu tentei contar a emoção. 

— Sua? — Repeti e ri. — Vá embora! — Ordenei, descontrolada. O rancor…

Ele trocou suas promessas para mim por uma maldita herança que só receberia se virasse padre. Eu quero que ele morra. Eu quero que ele queime. Eu quero que…

— Lina, por favor, escute… — Tentou Nicolas.

Eu me virei de costas, chorando, furiosa que ainda sentisse algo e me deparei com o meu marido como um espectro e com sua sombra me cobrindo, olhei a sombra dele por algum motivo e vi os chifres. O susto. 

 Eu quase caí para trás, mas ele me aparou e suas mãos estavam na minha cintura.  Havia um brilho diabólico nos olhos azuis já frios dele e parecia outra pessoa. 

— Tire o maldito padre da minha frente ou as tripas e o coração dele serão arrancandos. Não existe mais Deus para você. Não ouse fugir de mim!— Falou me olhando. — Só existe eu agora! Eu sou o nome que você vai suplicar. Eu sou o seu novo deus — Ele informou assustador.  — E se esse maldito padre nojento abusador de crianças resistir, o tirem à força. 

Respirei fundo, sondando essa nova pessoa à minha frente que não era Thomas, mas usava o corpo dele. Ele tocou o meu rosto e lambeu a lágrima que eu nem sabia que descia, a coletando. Me arrepiei inteira. Ele tocou meu rosto. 

— Lina? — Testou ele cruel. — É assim que o maldito padre te chamava quando queria te ter na cama dele e você era só uma menina que ainda nem tinha sangrado?

Assenti, perdida. 

— Mas eu nunca…— Me defendi.

— Ah, gracinha… não deu sua virgindade. Mas fez outras coisas com esse maldito que se esconde atrás de um Deus que está pouco se importando com essa humanidade sórdida, te ensinou tirando proveito da sua inocência.  E quando te usou o bastante, te dispensou como uma égua inutil. Você só tinha doze anos, nem sabia o que estava fazendo, mas o amava.— Acusou o ser sombrio e me estudou. — Eu o mato para você por cortesia se me pedir, mas aí você ainda vai ter que morrer. 

 Afinal, é como ela. 

— Como quem? — Consegui formular.

— A bruxa que tentou te avisar sobre mim ontem. Ela foi adorável tentando te avisar. — Saboreou ele lambendo os lábios bonitos de Thomas. — Em ambas queima a vingança. Eu gosto de pessoas assim. Aquelas que sobrevivem em meio a dor e ao desespero. — Falou ele com um sorriso. — Aquelas que escolhem seu destino.

— mate-o. Pegue a vida dele pela minha… — Ofertei sabendo que era o demônio que a mulher do meu sonho disse.

— Não é assim que funciona. ,— Respondeu sensual. — Hm… Ele teria que dizer com todas as letras que vai trocar a vida pela sua para fazer efeito e ele não vai. O único que vi fazer em centenas de anos foi Ivan… A idiota da Nott ficou tão comovida que perdoou toda a família maldita dele. O sacrifício dele a fez sentir culpa.  Mas eu não… Eles tocaram na minha protegida. Devem pagar pela eternidade. 

— Como escolhe aqueles que irá proteger? — Perguntei.

— Ah, isso. Está interessada? Eu entendo. Quem era Deus quando você gritou não, mas mesmo assim aquele que trabalha em nome Dele continuou te forçando a tocar no que você não queria. simples… Assine seu nome no meu livro e me dê sua alma. Foi o que Nott fez. 

— E se eu assinar…

A coisa dentro de Thomas sorriu. 

— Esse garoto aqui vai acordar do transe a qualquer instante. Conversamos depois. Não consigo controlar por muito tempo esse aqui. Se quer fazer um pacto comigo, precisa me dar algo que ama além da sua alma em troca. 

— eu amei Nicolas… Quer dizer… Eu ainda amo. — Deixei escapar. 

— Serve. — Conciliou ele. — O mate e escreva com o sangue dele seu nome no meu livro. E eu te garanto que te farei poderosa e que esse maldito Thomas aqui… nunca vai te matar. 

— Eu não posso matar alguém. — Gritei. 

— Então, é você que morre. Engraçado que até ontem você queria morrer… e agora está até barganhando comigo…

— Agora, eu percebi que eu não sou a culpada por tudo o que me aconteceu. — Respondi. 

— Mate Nicolas então. — Ofertou o demônio dos Bloodmoon. —  Assine seu nome no meu livro com o sangue dele e a maldição dos Bloodmoon pulará você e seus filhos.  Prometo.

— Não terei filhos com esse pirralho que você possui. — Rosnei. — Ele quer a cunhada dele. 

O demônio sorriu para mim. 

— Se está certa disso. Adeus, Evangeline. Até nosso próximo encontro. 

Thomas desmaiou na minha frente. Eu segurei-o. e impedi que alcançasse o chão. Ele acordou de imediato e soltou-se de mim.

— O que aconteceu? — Exigiu de mim, confuso. — Eu só lembro de ter vindo atrás de você, mas...

— Nada. — Respondi. — É bom que entre e descanse, marido.

— Eu acabei de desmaiar. Me ajude! — Exigiu ele mimado.

Nesse estado eu prefiro o demônio a ele.

Como se mata um homem?

Matar Nicolas. Eu tenho que matar Nicolas, assinar meu nome no livro da besta e o demônio que segue os maldito Bloodmoon me deixa em paz. Fácil na teoria, mas na prática… Como se mata um homem?

Eu começo a andar de um lado a outro do aposento com chão preto de ônix que reluz. O lugar  onde tenho que cuidar do pirralho com febre, que é meu marido.

 Há duas bacias de alumínio  com água fresca e tiras de panos sobre a mesa de cabeceira, para trocar os e limpá-lo quando ele fica suado. 

Thomas ficou de cama depois do desmaio e eu tive que ficar com ele no nosso quarto de casal, depois que o jardineiro e o mordomo me ajudaram a trazê-lo para cá.

As cortinas pesadas e marrons estão abertas e a janela com vidro e madeira que parecem grades ficam evidentes e fazem o sol entrar. 

Há um tapete persa no chão. O guarda-roupa é preto com entalhes dourados e tem meus trajes e os dele.

Quando ele abriu os olhos,  começou a azucrinar minha mente: 

— O que o filho dos Slayter é para a senhora? Não é mais uma donzela, é? — O fedelho começou as acusações que já eram de certa forma esperadas por mim. ,— Ficou pálida quando o garoto de recados disse que ele estava no portão. 

Eu o estudei. Aparência de um homem feito, mas mente infantil.  Havia nele uma impetuosidade infantil e orgulhosa muito degradante a qualquer beleza aristocrática que vinha a possuir. Ele nem gosta de mim e acha que é meu dono só por que me comprou? Ele ter quitado minha dívida não o faz meu dono, faz? Talvez faça. Homens. Se bem que esse ainda é uma miniatura de um mentalmente. Não na forma, na parte física até que ele cresceu bem. Eu diria que muito bem.

— Sendo apenas seu bode expiatório… Isso faz diferença? — Respondi, mirando o sol iluminando a água na bacia de alumínio ainda distante.

Mas como diabos matarei Nicolas? Eu sou capaz disso?  Respirei fundo. Massageio as têmporas. 

Como matarei aquele que um dia amei? Será que foi amor? Em algum momento abuso se torna amor? Eu era muito nova. Eu nem sabia o que estava fazendo. Mas depois comecei a gostar. Mas gostar exclui que ele tirou proveito de mim?

Mas homens sempre tiram proveito das mulheres, mas o casamento é onde se atenua o abuso.

— O que diabos tanto pensa? No seu maldito amante?

Thomas  se levantou da cama ainda ardendo em febre e apenas de calça. O peitoral dele tinha suaves músculos, mas era surpreendentemente forte e havia uma fina camada de suor.   Me assustei porque por mais que seja mais novo ainda é mais forte e alto do que eu. 

Mas a sombra dele é normal, sem os chifres, e a sombra estar normal, bem, por mais estranho que pareça foi isso que mais me assustou. Ele é mais alto do que eu. Maldito seja. Ele me prendeu contra a parede e socou o espelho atrás da minha cabeça. Vi sua mão sangrando e os cacos no chão.

— Ele te teve? — Rosnou,homicida.

— Não. — Respondi, assustada. — Não me teve. 

Nicolas tentou quando era uma menina, mas eu fugi com medo.

— E por que ficou tão desesperada para ir ver o maldito padre Slayter? — Exigiu de mim.

— Eu fiquei com medo da bruxa e convoquei o padre que foi meu amigo de infância… — Inventei, rápido. 

Até que essa desculpa soa bem convincente. 

Ele se afastou, pareceu acreditar e apenas respirou fundo. 

— Saia agora!  — Pediu ele, passando a mão pelo cabelo,  sem me olhar. Estava visivelmente fraco, pálido, pela agitação. Acabou voltando a sentar na cama. —Diga para Elizabeth vir e…Ela pelo menos sabe cuidar de alguém doente. A senhora é péssima nisso.Suas mãos são calejadas, são pesadas e me tocam com ódio…

— Era eu que tinha que fazer os afazeres domésticos, não tínhamos empregadas. — Protestei.— Quanto a Elizabeth, a sua mãe a mandou para a casa dos pais. Terá que se contentar comigo e minhas mãos calejadas. — Respondi também me irritando.

— O que? — Vociferou muito perigoso. —  Isso foi coisa sua, aposto.— Me mirou homicida e rosnando.

— Não. — Garanti, perdendo a minha tão estimada, mas curta paciência. — Eu quero mais é que a seduza e me esqueça. Quero distância de alguém como você. Eu só me casei porque precisava do dinheiro, já disse. Eu não vejo nada de interessante em um pirralho….

— Pirralho… Pirralho?! — Repetiu ele, ensandecido. 

Ele veio até mim. Me deu um tapa no rosto, subiu a saia do meu vestido, rasgou  meus trajes debaixo sinistramente… a sombra dele, ainda era dele e isso era mais horrível ainda. 

— Vou te mostrar quem é o pirralho. — Gritou. 

Ele é mais forte. Tento me soltar, mas… em algum momento, ele ganha. E comigo cansada, sou jogada  nua da cintura para baixo na cama e ele desfaz os botões da calça e entra em mim. 

O grito ecoa e o sangue escorre da penetração abusiva. 

— Donzela ainda … Inferno!  — Rosnou ele sinistro. A descoberta não criou piedade nele, ele se enfia mais em mim descontrolado, mas goza rápido por ainda não saber segurar e só pensar em si. — Eu sou seu marido. Eu sou seu primeiro…

 

Ele se forçou mais em mim. Quando se deu por satisfeito saiu de cima de mim. As lágrimas desciam de meu rosto. Por que? Ah, o reflexo do meu passado.  Eu as enxuguei. As odiei. Ah, já aconteceu pior que isso. Isso não é nada.

— Satisfeito? — Perguntei friamente. 

Não é a primeira vez que alguém continua depois do meu "não". Mesmo que Nicolas nunca tenha me penetrado, ele fez coisas ainda mais nojentas comigo.

Thomas  respirou fundo.  Notei que esse menino cruel ainda estava duro lá. O fogo juvenil. Patético.  Ele parecia angustiado. Eu quis rir, mas me contive.Fiquei com pena do meu abusador por alguma razão. E o centro pulsante dele era bem maior que Nicolas e eu estava curiosa. E eu o toquei e o ajudei como o maldito Nicolas ensinou. 

O garoto aceitou minha mão como um bálsamo e deixou que eu movesse o seu membro duro em vaivém e gozou no que restou do meu vestido mordendo meu ombro e grunhindo . Isso… Isso me deixou quente.  Ele me cheirou primitivo e pecador como eu.

Ao contrário do que Nicolas fazia que era me dizer para rezar e pedir perdão a Deus por ser suja e gostar. 

Thomas roçou seu rosto no meu trêmulo e tentou me beijar, não deixei, como não deixava Nicolas.  Tentou me beijar de novo, mas desviei o rosto. Ele engoliu em seco e ainda estava quente e havia suado a febre. O senti duro de novo. 

— É a sua primeira vez com uma mulher? — Sondei, surpresa. 

Ele está muito descontrolado. É a febre ou a inexperiência? Ambos? A puberdade? O desejo juvenil? Sou considerada velha. 

— Não. Eu estive com mulheres da vida antes… Eu só… A senhora não faz como a igreja diz e eu…Eu quero minha esposa. Fui seu primeiro.  — Respondeu orgulhoso e ainda febril. 

Entendo! Acho que ser o primeiro de uma mulher mexe profundamente com o ego de um homem. Não quis dizer a ele que… ele não era meu primeiro mentalmente falando. Não era necessário.

Ele respirou fundo e cheirou minha pele. Thomas desfez os nós do espartilho,  abrindo o que restou do meu vestido, descobrindo meus seios. E quando chegou a camisola usada por baixo, a rasgou, impaciente e bruto. Expôs meus seios sem a camisola matrimonial que a igreja ordenava.

E os chupou faminto como os de uma meretriz Eu tremi. Assim, bom menino!  O recebi nas carícias e deixando que brincasse com eles  menos irritada porque era bom. Não me senti suja dessa vez. Agora eu quero também e ele não me enche de culpa. 

— São pequenos, mas cabem na palma das minhas mãos. — Falou isso e eu corei. _  A senhora é mais velha, mas ainda tem corpo de menina. 

Talvez por isso o nojento do Nicolas me quis. 

A boca de Thomas encontrou a minha desajeitada e faminta, mas virei o rosto e ele rosnou , frustrado. 

Ele é jovem, mas é fogoso. Não consigo ser frigida, mesmo que tenha no início me tomado à força. Devo perdoar aquilo e tomar como inexperiência? Talvez pensasse que eu não era mais virgem. 

Ele me abraçou tremendo e sôfrego. E eu consolei sua angústia adolescente, o masturbando novamente. De novo, ele veio na minha mão e fez sons que me fizeram perder o foco.

Ele ficava mais e mais febril, o corpo lindo suado, bonito e  lambeu os lábios me observando. Ele tocou meu rosto e seu polegar acariciou meus lábios. Meu corpo respondeu por mim e eu beijei o polegar dele e o chupei.

— Não posso mesmo beijar a senhora?  Eu paguei sua dívida e era bem alta e eu…

Esse bastardo me violentou e agora pergunta se pode me beijar sob a alegação de que me comprou?  Eu quero rir dessa lógica. Mas isso irritaria ele. E surpreendentemente, apesar do modo que se começou, está bom.

— Beijos são para quem se ama. — Expliquei.

— Eu quero beijar… Inferno! Para o raio que o parta amar ou não.  — Protestou ele e roçou a boca na minha. 

Essa juventude de hoje. 

O empurrei. 

— Eu preciso me lavar agora. E o senhor também… Vossa mãe…

— Somos recém-casados… Devemos mesmo fazer essas coisas. — Se estressou ele.

Para quem queria que a bruxa me levasse ontem, ele não está bem agitado e descontrolado para fazer amor com alguém que odeia?

— Não estamos fazendo do jeito que a igreja manda. — Expliquei temerosa. — O padre nos condenaria. Eu seria punida. 

— Sou seu marido, inferno… Protejo você  — Protestou ele novamente, angustiado. — A igreja também diz que meu desejo é ordem e deve se submeter a mim… me beije!

Me submeter… Nunca mais. Perdi a compostura. Puxei o cabelo macio dele e mordi seu lábio:

— Garoto… Aprenda a segurar seu maldito gozo primeiro para me satisfazer também e depois decido se te beijo ou não. 

— Não sou um garoto, sou seu marido. — Revidou.

Ele segurou meu queixo e doeu tanto. Com sua  mão macia que nunca conheceu trabalho prendeu meus pulsos acima da minha cabeça, mordeu meus lábios até arrancar sangue e eu abrir a boca. Doeu tanto, mas não era nojento e nem me senti mal e nem vontade de vomitar. E quando abri, enfiou a língua inexperiente, mas desbravadora na minha boca, soltando um som de alívio no beijo regado a sangue. E foi surpreendentemente bom .

 Ele me arrancou da cama, me  jogou na parede, soltou meus pulsos, acariciou minhas coxas me dando impulso  e me fez pular no colo dele. Minhas costas foram apoiadas na parede. Thomas continuou me beijando e mordendo minha boca e foi um beijo regado a muito sangue porque quando eu resistia, ele mordia.

Aceitei o maldito beijo e me desfiz do aperto de suas mãos em minhas coxas.  Ele parou, me confrontando,  assustado, quando me soltei. Mas foi quando eu o  toquei no rosto e aprofundei a carícia das línguas, acariciando o cabelo e o pescoço dele o ensinando a ser mais gentil. E ele tocou meu rosto também me imitando e puxou meu cabelo. Assim. Esse puxão de cabelo foi bom. .

Thomas tremeu, sorrindo vitorioso, movendo a língua, acompanhando a minha e me deixando conduzir. Parei antes que ele ficasse excitado de novo. 

 Parou para respirar e ofegamos juntos e ele sorria quando abriu os olhos azuis. Depois desse beijo, eu preciso me tocar 

— Eu vou sair agora. — O informei, muito surpresa de estar excitada por um beijo..— Preciso me lavar. Volto para cuidar do senhor

Eu vou me aliviar sozinha. Ele não sabe saciar uma mulher e só pensa nele. 

Ele me soltou. Assentiu com a cabeça parecendo atordoado. 

— É pra voltar. — Falou ele. 

— Certo. — Concordei.

— A bruxa… se ela aparecer, venha rápido para mim, esposa. — Deixou escapar mais empático e tocou meu rosto, tirando fios de cabelos grudados pelo suor da minha testa . Selou os lábios nos meus me confundindo. Seu polegar acariciou minha bochecha.— Não chame mais aquele maldito padre. Prometo que eu mesmo vou providenciar um para benzer essa casa.

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