Para famílias bastante abastardas, como os Reynolds, a necessidade de ter um primeiro filho homem, para herdar todo o império, construído, durante as gerações anteriores, era de extrema importância. Já tinha sido bastante difícil para Laura Reynolds engravidar e o seu médico tinha informado que aquela seria sua única gravidez.
A torcida dela para vir um menino era enorme, pois queria agradar ao seu marido, Henry, e consequentemente, os pais dele que tanto a desprezavam, garantindo seu lugar definitivamente naquela família, como mãe do primogênito e herdeiro de tudo. De início, o casamento de Laura com Henry não tinha sido bem aceito. Ela era de um nível social bastante inferior, mas sua beleza chamou atenção dele e após conhecer Laura melhor, Henry se apaixonou profundamente ao ponto de enfrentar seus pais para seguir com aquele casamento.
Apesar de jovem, Laura não era tola e com sua beleza, ela soube envolver muito bem o filho único da família Reynolds e subir socialmente na vida.
O desejo da família de Henry era que ele se cassasse com Emily Hayes. A jovem pertencia a uma poderosa família de industriais, assim como Henry, e o casamento deles seria perfeito para unir as fortunas das duas famílias, que se tornaria uma das mais ricas da América, mas nada aconteceu como esperado.
— Senhora Reynolds, a senhora está grávida de uma menina. — O médico sorridente deu aquela informação, durante o ultrassom, sem imaginar o que se passava na cabeça da mãe ao ouvir aquela notícia.
— O senhor tem certeza, doutor? — Laura questionou, expressando toda sua decepção ao ouvir aquilo. Droga! A família de Henry não a suportava e a notícia do sexo do bebê iria contribuir mais ainda para o desagrado deles. — Não pode ser um erro? O senhor pode checar novamente? — Ela pediu começando a ficar desesperada.
O fato de não ser um menino, o primogênito, já era péssimo. Ser uma menina e não ter outros filhos era um pesadelo para Laura, que temia que Henry se divorciasse dela por conta disso. Afinal, a família precisava de um herdeiro.
— Senhora Reynolds, eu tenho muito anos de profissão e não cometeria um erro tão básico como esse. A senhora está grávida de uma menina, sexo feminino. — Ele falou num tom firme, demonstrando um pouco de irritação por conta da dúvida de sua paciente. Ao mesmo tempo, o médico estranhou aquela reação. Nunca tinha visto uma mãe tão decepcionada com o descobrimento do sexo do bebê. — A criança está bem e saudável. Sua gravidez está progredindo conforme o esperado, e tudo indica que teremos uma menina linda em seus braços, em breve. — Ele continuou tentando amenizar a situação atípica.
Laura abaixou a cabeça, sentindo uma mistura de emoções dentro de si. A alegria que deveria acompanhar a notícia de uma gravidez saudável era eclipsada pela pressão esmagadora da expectativa da família de Henry e pela sua própria insegurança. Ela não tinha chegado tão longe na vida para colocar tudo a perder por conta do sexo da criança. Enquanto o médico continuava a falar sobre o progresso da gravidez, ela sentiu lágrimas brotarem em seus olhos, mas lutou para contê-las.
— Eu não quis duvidar da sua capacidade, doutor. Eu esperava um menino... eu preciso de um menino... — Um filho homem garantiria a Laura segurança e respeito dentro da família e asseguraria o futuro do império dos Reynolds.
Lutando para processar a realidade diante de si, Laura ficou agitada e o médico, percebendo isso, decidiu abordar a questão de maneira delicada. Ele se aproximou um pouco mais e colocou uma mão reconfortante em seu ombro.
— Entendo que essa notícia possa ser surpreendente e talvez até um pouco decepcionante para a senhora, mas lembre-se de que a saúde do bebê é o mais importante. O amor e o vínculo entre uma mãe e sua filha podem ser tão profundos e significativos quanto qualquer relação entre pai e filho.
Laura ergueu os olhos para encontrar o olhar compassivo do médico. Ela suspirou e limpou as lágrimas que haviam escapado.
— Eu sei... É só que... a família do meu marido, ele próprio... todos esperam um menino, um herdeiro. O senhor não está ciente dessa informação, mas meu obstetra, o Dr. Bradley, já disse que essa será minha única gravidez. — Laura se controlava para não voltar a chorar na frente do médico. — E agora... sinto que decepcionei a todos. — Na verdade, Laura não estava preocupada em decepcionar ninguém, pois a realização do seu casamento já tinha sido uma decepção para toda família de Henry, mas ela tinha que encontrar uma maneira de manipular a situação a seu favor.
O médico sorriu gentilmente.
— A família é importante, sem dúvida, mas também é importante lembrar que você está prestes a trazer uma nova vida ao mundo. Uma vida que será única, especial e com seu próprio potencial. Independentemente do sexo, essa criança é um presente precioso. — O médico tentava confortar Laura, mas sabia que realmente seria decepcionante para uma família tão poderosa não ter um herdeiro que pudesse levar o sobrenome deles adiante. Henry Reynolds era filho único e no futuro, quando aquela menina se cassasse, o sobrenome da família Reynolds ficaria perdido para sempre.
Felizmente, as palavras do médico começaram a penetrar na mente de Laura, trazendo um lampejo de esperança. Ela olhou novamente para a imagem em preto e branco na tela do ultrassom, onde o contorno gracioso da sua filha estava agora claramente visível.
— Ela... parece tão perfeita — murmurou Laura, com um sorriso tímido surgindo em seus lábios. — Eu vou amá-la mais do que qualquer coisa no mundo. — Ela fingia uma falsa doçura ao mesmo tempo que seu cérebro já maquinava como usar aquela criança, mesmo sendo uma menina, em seu benefício próprio.
O médico assentiu com aprovação.
— Essa é a atitude certa, senhora Reynolds. Você e o senhor Reynolds tem o ambiente ideal para criar uma filha, uma família unida. Isso é inestimável atualmente.
— Meu marido queria que eu o esperasse voltar de viagem para que ele me acompanhasse nesse ultrassom, mas eu estava tão ansiosa que vim sozinha. — Confessou Laura, explicando o motivo de não ter nenhum acompanhante naquele momento tão especial. Somente o motorista que esperava por ela na recepção.
— Eu tenho certeza de que seu marido ficará bastante feliz em saber que será pai de uma linda menina, bastante saudável. — O médico continuou animando Laura para tentar minimizar a decepção dela.
Em seguida, ela agradeceu a gentileza do médico e seguiu de volta para mansão onde ela vivia com Henry, acompanhada pelo motorista.
A mansão dos Reynolds era um majestoso reduto de elegância e tradição, cercada por jardins bem cuidados e uma aura de prestígio que pairava no ar. Era um local que carregava séculos de história da família, com retratos dos antepassados adornando as paredes e móveis refinados que contavam suas próprias histórias. Era também um lugar onde as expectativas e pressões eram quase tangíveis, pesando sobre Laura, enquanto ela atravessava os corredores adornados até chegar à suíte que compartilhava com seu marido.
Pensativa, Laura refletiu que seria melhor ter esperado Henry para que ele a acompanhasse no ultrassom. Agora, a responsabilidade de ter que dar aquela notícia para ele pesava sobre suas costas e ela estava bastante preocupada sem saber qual seria a reação dele.
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— Uma menina?! — Indagou Henry com o coração explodindo de felicidade, abraçando Laura. — Meu amor, eu espero que ela seja tão linda quanto você.
Aquela reação surpreendeu Laura que esperava decepcionar Henry por conta do sexo do bebê e já maquinava diversos planos em sua mente para contornar aquilo.
— Você está feliz com isso? — Ela indagou, tentando ocultar sua insegurança.
— Claro que sim! Nós vamos ter uma menina. Eu adoro meninas. — Brincou Henry. — Quem se importar com meninos? Não servem para nada! Veja meu caso.
— Achei que sua família faria questão de um menino, você sabe... essa questão de passar o sobrenome adiante...
— Bobagem! Podemos adotar um menino depois e ele pode manter o sobrenome da família. — Sugeriu Henry pouco preocupado com aquela questão. — E o nome? Você já pensou em como vai se chamar nossa filha?
Laura demorou um pouco a responder, pois ficou pensativa ao ouvir Henry sugerir uma adoção. De jeito nenhum! Ela não era fã de crianças e muito menos de um menino, adotado, para dividir a herança com sua filha de sangue.
— Beatrice. — Ela respondeu sorrindo. — Pensei em homenagear sua avó.
Como já era esperado, os pais de Henry não ficaram felizes ao saber que teriam uma neta, pois já estavam cientes que Laura não poderia ter mais filhos e não concordavam com a ideia de Henry de adotar um menino. Para eles, o sangue importava e obviamente, a criança adotada não teria nenhum lanço sanguíneo com a família.
— Por outro lado, nós podemos nos redimir com a família Hayes. — Michael, pai de Henry, falou após refletir sobre o assunto. — Você deveria ter se casado com Emily, mas acabou envolvido por essa forasteira dessa Laura.
— Papai! — Exclamou Henry irritado. — Não fale assim da minha esposa. Eu amo Laura e fico triste em perceber esse desdém que vocês fazem questão de demonstrar.
— Meu filho querido. — Ana, mãe de Henry, falou com um tom calmo, característico de senhoras extremamente ricas, que não se abalam por nada, interrompendo a conversa dos dois. — Você se casou com uma habilidosa interesseira. Agora, feliz ou infelizmente, não sabemos ainda, Laura está acuada, pois não é capaz de lhe dar um filho homem, mas em breve, essa mulher vai colocar as garras de fora.
— Basta mamãe! — Henry respondeu, perdendo a cabeça de vez. — Laura nunca deu motivos para que vocês pudessem afirmar isso sobre ela. Somente o fato de ela ser uma moça humilde que depõe contra ela, mas não significa que ela seja uma interesseira.
Respirando fundo, Michael não via motivo em continuar batendo naquela tecla, pois seu filho estava cego de paixão.
— Tudo bem, meu filho. Vamos manter o foco no assunto que interessa. — Michael falou para apaziguar os ânimos exaltados do filho. — A criança de James e Lily Hayes está com quase 10 anos, Alexsander. — James era irmão de Emily, a noiva prometida de Henry, que ele deixou de lado para se casar com Laura. — Já que não teremos um neto homem para dar continuidade aos negócios, a união de sua filha com primogênito da família Hayes seria excelente para todos.
— Minha filha nem nasceu e vocês já estão planejando o casamento dela? — Indagou Henry impressionado com tudo aquilo. — Isso não funcionou comigo. Também acho que pode não funcionar para Beatrice.
— Você tem razão, mas de toda forma, nós vamos propor isso para Nathaniel, pois preciso me redimir com meu amigo por conta da sua falha. — Michael falou num tom firme de quem não iria admitir questionamentos. — Se no futuro, o neto de Nathaniel rejeitar o casamento com sua filha, ótimo, nós estamos quites. — Ele disse dando de ombros.
Percebendo que não adiantava discutir com seus pais, Henry voltou para sua mansão para contar tudo a Laura, que não quis dar a notícia do sexo do bebê pessoalmente aos sogros. Ela esperava por ele aflita, andando de um lado para o outro da sala. Sabia que Michael e Ana jamais aceitariam aquela opção de adoção de um menino, graças a Deus. Somente Henry mesmo, que era bastante ingênuo e inocente, para pensar daquela forma, mas ela estava preocupada, pois tinha receio de que os pais dele exigissem que ele se divorciasse dela para casar novamente e assim poder tentar um herdeiro homem, de sangue.
— Como foi com seus pais? — Laura indagou assim que Henry entrou na sala.
— Eles ficaram felizes com a notícia e com a homenagem do nome. — Henry começou tentando contornar a situação.
— Por favor, Henry. Não tente dourar a pílula, eu sei que seus pais, principalmente o senhor Michael, esperava um neto. — Laura respondeu sem fazer a mínima questão de ocultar sua impaciência.
— Todos esperávamos um menino, até você, Laura. — Henry falou com gentileza. — Mas vamos ter uma linda menina e nem sei por que você está apreensiva com isso.
— Eu sei meu amor. — Laura se aproximou de Henry para beijá-lo. — Mas eu queria muito que seus pais aceitassem nosso casamento e agora, que vamos ter uma menina e pelo fato de eu não poder ter mais filhos, eu acho que isso fica cada vez mais distante. Eu sinto que cada dia que passa, eu os decepciono mais. — Laura falava no tom amoroso, se fazendo de coitadinha. Qualquer um que visse aquela cena, iria pensar que ela era um anjo inocente e não uma mulher interesseira que conseguiu roubar o noivo de outra.
Sim, no final das contas, a verdade era essa e nem sempre temos finais felizes para todos. O casamento de Emily Hayes e Henry Reynolds era tido como certo para ambas as famílias, até que Laura apareceu acabando com todos os planos. Contudo, a lei do karma era rápida e Laura já estava colhendo o seu. Viver um casamento, onde pensava que todos queriam afastar ela do marido, era seu tormento diário. Se realmente Henry pedisse um divórcio, ela ficaria sem nada. Obviamente, por mais apaixonado que ele estivesse, os advogados da família não eram tolos e exigiram que Henry se cassasse com separação total de bens. Laura não pode refutar aquilo, pois ficaria claro seu interesse financeiro.
— Papai não ficou decepcionado com você pelo fato de que vamos ter uma menina. Não é como se você pudesse controlar isso e ele sabe que você também queria um menino. — Justificou Henry, tentando enrolar um pouco mais para contar o que tinha sido decidido. — No final das contas, ele achou que isso seria uma ótima oportunidade para conseguir unir nossa família com os Hayes. — Ele comentou aquilo com certo receio de que Laura achasse ruim ter a filha prometida em casamento com a família da ex dele, Emily. — Você sabe que eles são nossos amigos há bastante tempo e que sempre tentaram coroar essa amizade com um casamento entre nossas famílias.
LAURA REYNOLDS
Por um momento, Laura absolveu aquela informação com bastante frieza. Sabia muito bem quem era a família Hayes e que eles eram tão ricos quanto os Reynolds. Também estava ciente que antes dela conhecer Henry, o casamento dele com Emily Hayes era tido como certo por toda sociedade de Nova York. Era a união perfeita entre duas fortunas. James era o irmão mais velho de Emily. Se ele não tivesse se casado tão cedo, com Lily, ele também poderia ser um alvo para Laura, pois era um homem absurdamente lindo e sedutor.
— Você concordou? — Indagou Laura sutilmente. Ela não achava uma ideia ruim sua filha ser prometida em casamento ao herdeiro dos Hayes.
— Não achei que valia a pena discutir com papai sobre isso agora. — Explicou Henry bastante calmo, ao perceber que Laura não tinha demonstrado nenhuma expressão de desagrado com a ideia. — Nossa filha ainda nem nasceu, Alexsander já tem quase 10 anos. Isso não deu certo comigo e Emily. Tem muita chance de não dar certo com nossa filha.
— Então você concordou, Henry. — Laura foi direta ao ponto, notando que Henry tentava omitir dela pontos importantes da conversa. — Do jeito que seu pai é, provavelmente, nesse instante, ele deve estar acertando tudo isso com senhor Nathaniel. Eu não me oponho. Quero que seus pais fiquem satisfeitos com nosso casamento. Já que não posso dar o tão sonhado neto, que ao menos, nossa filha, Beatrice, com essa promessa de casamento, sirva de consolo.
Para Laura, sacrificar o futuro da filha com aquela promessa não tinha importância. A preocupação dela era manter o casamento com Henry a todo custo. Se para evitar uma possível adoção de um menino ou um divórcio, ela tinha que colocar a felicidade da menina, sua filha, que ainda nem tinha nascido, em jogo, ela faria sem pensar duas vezes. Sem falar que, Beatrice seria criada por ela e totalmente condicionada a aceitar aquele casamento. Caso o herdeiro da família Hayes a rejeitasse, como Henry tinha feito com Emily, isso seria um problema com o qual Beatrice teria que conviver.
Nathaniel Hayes era patriarca da família e grande amigo de Michael. Viúvo, extremamente rico, tinha um casal de filhos, que eram James e Emily. James tinha se casado com Lily e era pai de Alexsander. Emily não tinha se casado, pois ainda amargava a decepção do seu relacionamento com Henry. Um homem duro, de opiniões firmes, que ao perder sua amada esposa para o câncer tinha tomado para si a missão de cuidar dos negócios da família e dos filhos.
Já era noite, quando Michael chegou ao escritório do seu grande amigo, Nathaniel Hayes. O ambiente era localizado na cobertura de um elegante edifício empresarial. Piso em mármore preto-nero e paredes revestidas em madeira maciça, escura, criavam uma atmosfera de seriedade e poder. Uma vista panorâmica da cidade iluminada estendia-se pelas janelas do chão ao teto, testemunhando as negociações e decisões que ocorriam ali.
Nathaniel, sentado atrás de sua imponente escrivaninha, olhou para cima ao ver Michael entrar. Seus olhos cansados, embora expressivos, encontraram os de Michael. Quem também estava com ele, presente nesse encontro, era James, pois já estava ciente que o assunto envolvia seu filho, Alexsander.
— Michael! — Exclamou Nathaniel se levantando da cadeira para ir cumprimentar seu amigo. — Que bom vê-lo. Eu senti sua falta.
— Sem drama, Nathan. Nós jogamos tênis juntos todos os finais de semana. — Respondeu Michael, retribuindo o abraço dele. — Tudo bem com você, James? — Em seguida, ele cumprimentou o filho do seu grande amigo, que continuava sentado no sofá, esperando que a sessão de firulas acabasse e fossem direto ao assunto.
— Tudo ótimo, Michael. — James sorriu sem demonstrar muita simpática e nem se levantou do sofá para apartar a mão dele. Desde que Emily tinha disso rejeitada publicamente por Henry, a relação entre as famílias tinha ficado um pouco estremecida. Somente Michael e Nathaniel continuavam amigos, como se nada tivesse acontecido.
— Vamos nos sentar. — Convidou Nathaniel, percebendo o ar de animosidade de seu filho. — Você quer beber alguma coisa, Michael?
— Não, obrigado. — Ele respondeu, sentando-se no sofá próximo a James.
— Quer dizer que aquela cobra está grávida de uma menina e não pode ter mais filhos? — Indagou James, querendo confirmar uma informação que já tinha.
— Sim. — Michael falou num tom irritado. — James, seu pai já está cansando de saber disso, mas vou reforçar minha posição mais uma vez. Por mim, Henry estaria casado com Emily. Eu fiz de tudo para honrar o acordo com vocês, mas aquela mulher acabou atrapalhando tudo.
— Podia ter ameaçado deserdar seu filho. Tenho certeza de que aquela golpista pularia fora na mesma hora. — Sugeriu James, mesmo sabendo que relembrar tudo aquilo não levaria eles a lugar nenhum.
— Henry é meu único filho. Eu jamais chegaria a esse extremo com ele por mais que eu fosse contra a seu casamento. — Michael falou num tom de decepção. A amizade com os Hayes era muito importante para ele e aquele estremecimento por conta do casamento de Henry o incomodava bastante.
Nathaniel soltou um suspiro pesado, encarando seu filho com firmeza para que James entendesse que aquele assunto estava encerrado.
— Não estamos aqui para falar disso, James. Esse assunto é passado. — Nathaniel falou, esfregando suas têmporas, demonstrando cansaço. — Contudo, sempre foi um desejo meu e de Michael unir nossas famílias. Agora que sabemos que Michael vai ter uma neta, surgiu essa nova oportunidade e por isso, você está presente nessa reunião.
— Novamente, vocês querem decidir o futuro de terceiros, sabendo que isso pode dar errado, como já deu. — Respondeu James encarando seu pai e Michael, demonstrando bastante irritação. — A menina ainda nem nasceu, Alexsander tem somente 10 anos e já vamos comprometer os dois? Não estamos na era medieval.
— Estou ciente que não, James. Contudo, no nosso meio social, os casamentos ainda são determinados pela família. — Observou Michael.
— Exceto para seu filho mimado, não é? — Cutucou James, voltando ao assunto que tanto o incomodava.
— Sim, infelizmente. — Michael tinha que concordar com James. Ele não estava errado. — Mas se você deixar seu rancor de lado, vai perceber que sua família e particularmente, seu filho, vão sair na vantagem nessa situação. Henry é filho único, Laura não poderá ter mais filhos, ou seja, Beatrice, minha neta, será herdeira de todo império da família Reynolds.
— Faça-me o favor, Michael! — Exclamou James, impaciente, sem saber aonde Michael queria chegar com aquela conversa. — Nossa fortuna é tão grande quanto a sua, meu filho também irá herdar um império.
— Se sua irmã se casar ou se você tiver outros filhos, isso será dividido entre outros herdeiros, o que não vai acontecer com minha neta. — Mesmo interrompido por James, Michael conseguiu concluir seu raciocínio, deixando todos em silêncio. — Aceitar essa proposta é vantajoso para vocês e dessa forma, eu posso me redimir por Henry não ter se casado com Emily.
Naquela noite, tudo foi acertado entre ambas as famílias. Beatrice Reynolds, que ainda ia nascer, estava prometida a Alexsander Hayes. Quando ela completasse 21 anos, o casamento de ambos deveria ser realizado. O destino deles estava sendo traçado por forças maiores, e suas vidas estavam destinadas a se cruzar, quer eles concordassem ou não.
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