"Ainda bem que lhe encontrei!"
Passado
...Eduardo...
Em uma segunda-feira nublada, a porta estava meio entreaberta, revelando a visão da sala caótica. Revirando na cama em busca dos meus óculos, finalmente os encontro debaixo da mesa. Levanto-me meio atordoado e saio cambaleando pelo quarto, esbarrando em algumas coisas antes de chegar ao banheiro.
Estou sozinho.
Ligo o chuveiro e me despojo, sentindo a água gelada escorrer pelo meu corpo, provocando arrepios. Tento afastar a lembrança do dia anterior, quando alguém que afirmava ser meu grande amor me enganou. Juntamente com as gotas do chuveiro, lágrimas também escorrem dos meus olhos. Sinto-me machucado, como um soldado ferido. Após meia hora sob a água, saio do chuveiro e começo a procurar por roupas. A sala parece ter passado por uma guerra: latas de cerveja espalhadas pelo chão, quadros quebrados, um completo caos. Se fosse você, eu não acreditaria no amor. Parece ser apenas uma maneira de alguém te ferir, descobrir suas vulnerabilidades e pisar em você. Sim, o amor é uma ferida constante que, uma vez aberta, é difícil de curar.
O interfone toca, mas eu permaneço imóvel, deixando-o tocar até parar por conta própria. No entanto, a campainha insiste.
Ding dong!
-Merda, quem pode ser a essa hora!-murmuro, dirigindo-me à porta.
-Oi, Eduardo!-Gabriel diz.
Meu melhor amigo entra, empurrando-me suavemente e observando a bagunça na sala. Ele começa a pegar algumas coisas do chão sem pedir permissão. O silêncio paira entre nós, talvez ele esteja escolhendo cuidadosamente suas palavras para me confrontar.
-Vejo que a noite foi agitada. - comenta, virando-se completamente para mim enquanto ainda me escoro na porta.
-Se você veio para dar um sermão, a porta está aberta para você também.- digo, segurando a maçaneta firmemente para me manter de pé.
Minha cabeça continua girando e uma sensação de náusea ameaça.
-Na verdade, vim para ajudar, Eduardo. E pare de agir como uma criança! - Gabriel fala, pegando os quadros do chão. - Feche a porta. Você não quer que alguém veja essa bagunça.
Fechei a porta com força e me deixei cair no sofá. Minha cabeça ainda estava girando, e eu não queria estar me sentindo assim.
-Quem disse que eu estou me sentindo assim?- retruquei.
-O porteiro ligou para mim. Você chegou com o carro amassado e estacionou errado.
-Eu nem sequer lembro como cheguei em casa- confessei, colocando uma almofada sobre o rosto, como se isso pudesse esconder minha tristeza.
-Você poderia ter se machucado gravemente, sabia?
Percebi um toque de preocupação em sua voz.
-Isso não importa. Minha vida já está um caos, não faria muita diferença.
-Eduardo, você está sendo egoísta. Existem pessoas que se importam com você.
Permaneci em silêncio.
-De qualquer forma, ela é passado agora. Concentre-se no futuro.
-Como se fosse tão fácil assim!
-Você superou muitas coisas antes, uma decepção não vai derrubar o grande galã que você é.
-Pare de tentar me animar, Gabriel. - disse, jogando uma almofada em sua direção.
-Minha esposa costumava ter uma queda por você, lembra? - ele disse, com um olhar distante.- Ela sempre disse que você é especial e não gosta de te ver triste.
-Então talvez eu devesse roubá-la de você? -brinquei, tentando trazer um pouco de humor à situação.
-Não se atreva!- ele retrucou, lançando a almofada de volta para mim. -Eu vou retirar aquilo que você tem entre as pernas!
-Eu estava só brincando, idiota.
-Eu sei, chorão. Agora, descanse um pouco. Eu tenho que ir trabalhar.
-Obrigado por passar aqui, camarada", agradeci, observando-o sair.
...Adriana...
O dia não poderia ter começado de maneira melhor. Recebi uma proposta para atuar em um renomado teatro da região. Tenho me dedicado muito e investido meu esforço para chegar onde estou, e não pretendo me limitar agora.
Levanto-me com o som alto da música do apartamento vizinho. Alcione toca em alto volume em plena segunda-feira. Caminho até a cozinha e começo a preparar meu café da manhã. Meu apartamento ainda está vazio e arejado; afinal, me mudei recentemente e ainda tenho muitas coisas para organizar. Mudar de vida é um processo um tanto complicado. Até mesmo uma nova jogada no jogo da vida traz consigo uma mistura de emoção e insegurança. No entanto, a sensação de conquistar algo que sempre almejei não tem preço.
Meu celular vibra, e eu rapidamente o pego. É Claudia, minha amiga.
-E aí, futura atriz, ansiosa? - Claudia diz com entusiasmo.
-Muito! Não consegui fechar os olhos de tanta felicidade.
-Minha amiga, que maravilha! Em breve, estarei aí para brindar o seu sucesso com você!
-Mal posso esperar para te abraçar!
-Nem eu, amiga. Aliás, tenho algo para te contar!
-Conte, amiga!
-Será que não seria melhor conversarmos mais tarde? Não quero estragar o seu dia.
-É algo ruim?
-Não é relevante agora. Quero saber quando será a sua estreia.
-Acredito que seja daqui a dois meses. Estou muito ansiosa para estar nos palcos - digo com animação.
-Amiga, preciso ir agora. Conversamos mais tarde. Beijos!
-Você não vai me contar agora?
-Eu conto mais tarde, tá bom? Até logo!
Claudia desliga.
Decido não me deixar perturbar por isso. Tenho muitas tarefas a cumprir e não quero desperdiçar meu tempo com pensamentos sem fundamento.Saio apressada da cozinha e vou para o quarto me arrumar. O dia está apenas começando...
...Eduardo...
Eu me sinto incapaz de me levantar, meu corpo dói e minha mente está uma confusão. Tento sair do sofá para chegar ao quarto, mas minhas tentativas são frustradas. Olho ao redor e vejo uma lata em cima da mesa na sala de estar.
Acho que vou beber.
Com um esforço, me arrasto até o chão e rolo até a mesa para pegar a lata. Ainda deitado no chão, viro a cerveja. Lentamente, me levanto e escuto meu celular tocar. Vou vasculhar meu quarto até encontrar o aparelho.
-Bom dia, senhor Eduardo! - Uma voz animada fala do outro lado da linha.
Não entendo por que tanta animação.
-Bom dia. - Respondo em um tom rude.
-Somos do teatro. Queríamos saber se o senhor estará presente na reunião de hoje.
Que reunião?
-Não estou me lembrando de nenhuma reunião.
-O senhor assinou o contrato na semana passada. Não se lembra?
Droga.
Eu totalmente esqueci dessa reunião.
-Sim, lembro. Desculpe-me, estou um pouco distraído! - Forço uma risada falsa.
-Entendo. A reunião é daqui a meia hora. O senhor vai estar presente?
Verifico o horário no relógio.
-Claro, estarei lá. Vocês podem me esperar!
Desligo o telefone e vou me vestir, colocando uma camiseta preta, calça jeans e um par de tênis. Dou uma rápida arrumada no cabelo e saio. No estacionamento, meu olhar é atraído por um carro bastante amassado à frente.
-Não posso chegar lá com meu carro assim.
Decido pegar um táxi, evitando que as pessoas me perguntem sobre o estado do meu carro. A rua parece um formigueiro, com pessoas se apressando em todas as direções, camelôs anunciando seus produtos aos berros, pessoas esbarrando umas nas outras, fumando. É um verdadeiro caos.
Pegar um táxi está se mostrando uma tarefa complicada. Tento várias vezes, mas nenhum táxi para para mim. Verifico o relógio e percebo que o tempo está se esgotando para chegar à reunião. Até que vejo uma moça usando uma camiseta branca, calça preta e um salto fino. Seus cabelos são sedosos e lindos, e seu perfume é perceptível mesmo a uma distância considerável. Todos parecem olhar para ela.
- Ei, Eduardo, você acabou de passar por uma decepção amorosa! - penso.
Vejo um táxi parar perto dela e, sem pensar, saio correndo em sua direção.
-Ei! - Ela grita quando me coloco à sua frente e me jogo no táxi.
-Você demorou demais, então perdeu sua vez! - Eu digo, tentando fechar a porta.
-Tenha um pouco de educação, senhor, este táxi é meu! - Ela retruca com raiva.
-Se não tem seu nome escrito, então não é seu!
-Vocês dois decidam quem vai ou fica! - O taxista diz impaciente.
-Me desculpe, senhora, mas eu preciso ir. - Digo fechando a porta e acenando para ela.
-Seu mal-educado! - Ela grita, batendo o pé no chão e rangendo os dentes.
...Adriana...
Depois de passar horas me arrumando, finalmente consigo estar pronta. Dou uma rápida volta pelo meu apartamento para verificar se não estou esquecendo de nada, confirmo que minha bolsa está comigo e saio em busca de um táxi. Ao chegar ao portão do prédio, percebo que esqueci algo essencial.
Meu celular.
Volto correndo para o prédio, lembrando que o deixei sobre o balcão enquanto conversava com Claudia. Pego o celular e retorno à rua. A movimentação é intensa, pessoas correndo em busca de suas metas vindas de todos os cantos. Meus olhos ocasionalmente se cruzam com os de outras pessoas, inclusive com alguns homens. Isso me deixa um pouco desconfortável.
Será que exagerei na maquiagem?
Não importa. Não tenho tempo para voltar atrás. Estou um pouco atrasada. Fico alguns minutos à procura de um táxi até que, com um pouco de sorte, um deles decide parar.
-Ei! - Grito quando um homem alto, de 1,84 m, cabelos pretos, vestindo uma camiseta preta que realça seus olhos escuros e um sorriso sedutor, entra na minha frente.
-Você demorou demais, perdeu a vez! - Ele diz, segurando a porta. Mas eu a seguro firme para impedir que ele feche.
-Por favor, seja educado, senhor. Este táxi é meu!
Tento manter a calma, embora tudo o que eu queira seja estrangular aquele sujeito que roubou meu táxi.
-Se não está com o seu nome, não é seu! - Ele responde, desafiador.
-Vocês decidam quem vai ou fica! - O taxista, assim como eu, está ficando impaciente.
-Me desculpe, senhora, mas preciso ir - ele diz, de maneira debochada, acenando com a mão.
Por um momento, passa pela minha mente a ideia de arrancar aquele cretino do táxi à força, mas perder minha compostura por causa dele não vai ajudar em nada. A verdade é que ele merecia um soco no nariz.
-Seu mal-educado! - Grito, batendo o pé no chão.
Assisto o táxi partir e vejo ele ainda me encarar. Sim, eu poderia tê-lo atacado, mas seria mais sensato encontrar um táxi e seguir para o trabalho.
...Eduardo...
Acredito que aquela mulher ainda está soltando fogo pelas ventas, ela brava é mais fofa ainda. O motorista do táxi me observava através do retrovisor, estava ficando meio desconfortável, ele deve pensa que eu sou um monstro.
Eu sou?
Sim, fui um pouco rude com a moça sim, talvez ela estava bem mais apressada que eu, mas eu não podia atrasar não no meu primeiro dia.
Desço do táxi rapidamente e vou em direção ao monumento enorme, agora iria ocupar minha mente e esquecer minha decepção. Andei pelas pessoas que passava pela calçada e alcancei a porta giratória do teatro, andei sem destino num corredor enorme até que uma voz.
-Senhor Eduardo! - Viro rapidamente- Creio que senhor esteja perdido? - Disse vindo em minha direção.
-Um pouco! - Sorri.
-Bem-vindo! - Ele estendeu a mão para um comprimento- Sou o diretor Rodrigo Fagundes e vou cuidar da peça!
-Ah, eu agradeço por ter me escolhido.
-Que isso Eduardo, só recebo elogios vindo do senhor! - Ele disse me puxando para sala que estava- É bem conhecido e será um prazer trabalhar com o senhor.
-Fez um sinal para que sentasse.
-Será um prazer para mim, trabalhar contigo.
-Só vamos esperar um pouco, Adriana está vindo. - Ele disse checando o relógio no pulso.
Ficamos em silêncio alguns segundos até que alguém bate na porta.
-Licença! - Uma voz feminina e adocicada dizia- Desculpe o atraso! - Me viro para ver quem era.
Era ela
...Adriana ...
Depois daquele cretino miserável ter roubado o meu táxi, demorou um pouco para encontrar outro. Comecei a admirar a paisagem pela janela do vidro, pensando em tudo o que fiz para chegar até esse lugar. Minha família, meus pais, minha irmã... tudo isso ficou para trás.
E não me arrependo.
Demorei muito para ser reconhecida, e se fosse para recomeçar, eu faria tudo de novo, sem medo. Meus olhos se desviaram um pouco para o táxi e me deparei com o olhar do motorista no retrovisor. Era um senhor mais velho, seu rosto carregava as marcas de uma vida sofrida.
-Primeira vez, senhora? - O homem perguntou com um sorriso no rosto.
-Sim, senhor! - Disse, tentando ser educada.
-Te desejo muita sorte, e tudo vai correr bem! - Senti firmeza em sua voz.
-Obrigada! - Sorri.
Logo já estava no local indicado, desci e agradeci ao motorista. Andei até a porta e depois até um segurança que estava parado. Perguntei onde era a sala e ele me apontou o caminho. Ao chegar lá, ao abrir a porta, me deparo com o roubador de táxis.
-Você? - Disse, olhando para ele.
Ele sorriu um pouco sem jeito.
-Pelo visto, já se conhecem! - O homem que estava perto veio em minha direção - Seja bem-vinda! - Disse, beijando educadamente meu rosto. - Pode se sentar. - Me levou até a cadeira.
Eu não acredito, aquele cretino estava ali. Eu pensei que nunca o encontraria de novo. Juro, se o moço não estivesse ali, eu teria matado ele ali mesmo.
-Fico feliz em saber que vocês já se conhecem, assim será mais fácil trabalhar com os dois. - O homem dizia empolgado.
-Eu vou trabalhar com ela? - Ele disse num tom rude.
-Como se eu quisesse trabalhar com você.
-Sim, a peça é bem simples! - O homem entregava para nós dois os papéis. - Vocês vão gostar muito.
O moço começou a explicar como seria a peça. Ele estava tão empolgado que conseguiu prender a minha atenção. Às vezes, eu olhava para o lado e via aquele roubador de táxis me observando. Não ia dar nenhuma brecha para aquele cretino. Por um momento, pensei em socar seu olho, mas talvez eu perderia a minha oportunidade.
Até que alguém bateu na porta.
-Senhor, estão te chamando!
-Espere um pouco, já volto! - O homem se levantou rapidamente e saiu.
Agora eu posso acabar com ele.
...Eduardo ...
Quando a vi sentar ao meu lado, juro que quase caí para trás. Não tinha reparado em sua beleza.
Ela é maravilhosa.
Quando o diretor deu um beijo em sua bochecha, tive vontade de fazer o mesmo gesto. No entanto, após ter roubado o táxi dela, acho meio difícil que ela cedesse a esse nível de proximidade.
Merda!
Roubei o táxi da moça que vai contracenar comigo, que burro que sou. Agora, seria ainda mais difícil construir uma amizade descente com ela. Esperei que Rodrigo saísse e tentei puxar um papo.
-Os textos são bem longos! - Disse, folheando algumas páginas.
Não obtive resposta.
-Desculpa por ter roubado seu táxi, não sabia que você estava vindo para cá. Se eu soubesse, poderíamos ter dividido o táxi. - Disse, olhando para ela.
-Você faz isso com todo mundo? - Ela perguntou num tom irônico.
-Não, desculpe, eu...
-Poupe suas desculpas, já aconteceu, não volta mais!
Ela me encarou e meu coração perdeu até as batidas. Essa mulher é linda de qualquer jeito.
-Eu entendo, você deve estar uma fera!
-Olha aqui...
Nossa conversa foi interrompida com a volta de Rodrigo, que se desculpava.
-Onde estávamos? - Ele perguntava, sentando na cadeira.
-Na leitura dos personagens. - Disse, sem perder a postura.
-Ótimo, obrigado, Adriana.
Não sei o que essa moça tem, mas juro que não estava prestando atenção em Rodrigo, mas sim, na beleza de Adriana.
...Adriana...
Juro que estava incomodada com o Eduardo. Além de ser um completo babaca, agora ele é meu parceiro. Não estou nada contente com isso. Sem falar que ele não disfarçava que estava olhando para mim.
Idiota.
Calma, Adriana. É só uma peça. É seu trabalho, e você não vai deixar que ele atrapalhe. Depois de várias explicações sobre a peça, o moço nos direcionou para uma sala com vários outros figurantes. Todos olharam para mim, espantados.
Morri de vergonha.
Depois das apresentações, começamos os ensaios. Primeiro, focamos na desenvoltura, interagindo com outros para nos soltarmos e conhecermos as pessoas com quem íamos trabalhar nos próximos meses. Um rapaz de 1,75 se aproximou, usando uma camiseta azul. Era loiro e usava óculos. Ele parou na minha frente.
-Não se importa, né? - Disse um pouco tímido.
-Não! - Respondi no mesmo tom.
-É nova aqui? - Perguntou, seguindo as instruções da professora.
-Sim!
-Seja bem-vinda! - Sorriu. - Meu nome é Antônio!
-Obrigada. Meu nome é Adriana.
-Belíssimo nome!
Ah, não, outro babaca não.
-Igualmente!
-Tenta mover mais os ombros! - A instrutora passou perto de nós dois.
-Não sei, mas isso foi uma indireta para mim. - Ele sorriu.
-Você acha?
-Tenho certeza. Nunca me dou bem com essas partes do teatro.
-Super te entendo! - Sorri.
-Já sabe qual é o seu papel? - Perguntou, curioso.
-Ainda não.
-Você deve ser a principal, não há dúvida.
-Não acho. Tem pessoas melhores que eu aqui.
-Na verdade, você é bem falada pelas pessoas aqui!
Nossa, que máximo! Estava sendo reconhecida. Meu coração acelerou e não consegui conter a vergonha que estava sentindo. Meu sonho estava se tornando realidade.
-Adriana? - Antônio me balançou um pouco.
-Desculpa, estava viajando!
-Percebi!
Rimos.
...Eduardo...
Eu não estava conseguindo disfarçar, estava estampado na minha cara. Percebi que ela também me olhava, e isso me deixava ainda mais nervoso. Eu estava parecendo um bebê babando.
Se controle, Eduardo.
Depois das explicações, Rodrigo nos direcionou para uma sala onde conheceríamos outra parte do elenco. Todos os olhares se fixavam em uma pessoa, e ela estava bem ao meu lado.
Adriana.
Ela ficou vermelha, e isso era lindo de ver. Fomos para nossos lugares e a professora nos deu algumas instruções. Íamos fazer uma espécie de gincana para nos conhecermos melhor. Quando estava indo em direção a ela, um sujeito metido se sentou na minha frente, chamando a atenção dela para ele.
Juro que senti uma raiva imensa.
-Eduardo, quanto tempo! - Um rapaz se aproximou de mim. - Você não se lembra de mim, não é?
Tentei vasculhar minhas memórias, mas não conseguia lembrar.
-Não! - Sorri.
-Fizemos a peça de Shakespeare juntos, "Uma Noite de Verão", lembra?
-Ah, claro, lembro sim!
Mentira, eu não lembrava.
-Que bom, foram os seis meses mais incríveis da minha vida.
Apenas sorri, minha atenção estava em outro lugar.
-Sabe, Eduardo, um dia poderíamos organizar um encontro com todo o elenco.
-É, poderíamos.
-Seria incrível, não é?
-Sim.
Nesse momento, o rapaz olhou para o mesmo lugar que eu estava olhando.
-Pelo visto, tem alguém apaixonado. - Ele disse num tom irônico, revirando os olhos.
-O quê? - Olhei para ele. - Nada disso, Pedro! - Sorri, tentando disfarçar minha vergonha.
-Sei, mas meu nome não é Pedro, é Matheus.
-Ah, desculpe!
-Sem problema, Eduardo! - Ele me deu um tapa no ombro. - Mas sabe, se você ficar só olhando, não vai adiantar em nada!
Por um lado, Matheus tinha razão. Olhar para ela não ia adiantar em nada. Aliás, eu era mesmo muito tolo por deixar meu coração me enganar de novo.
-Você está certo.
-Eu sei, querido!
-Está bem, pessoal. - A professora disse. - Podemos descansar um pouco!
Sentei-me no chão para esticar as pernas. Afinal, eu ainda não estava cem por cento. Vi que várias pessoas se aproximaram da Adriana, e ela sempre tratava todos com a maior educação.
Admirar não arranca pedaço, certo?
...Adriana...
Conversamos sobre muitas coisas, principalmente sobre Antônio. Ele se mostrou simpático e cavalheiro, o que me deixou animada, pois seríamos bons parceiros de cena, e isso seria ótimo. Percebi que o Eduardo estava se entrosando bem com outras pessoas também. Vi os olhares das meninas para ele, afinal, ele não é feio, mas seu jeito rude e ignorante costumava afastar as pessoas. Pelo menos, ele não estava mais no meu pé.
Finalmente, um alívio.
Depois da pausa ordenada pela professora, me sentei em uma cadeira próxima. Muitas pessoas vieram até mim para conversar, dar boas-vindas e fazer amizade.
Estou me sentindo querida.
Uma moça de pele morena, alta, vestindo um vestido florido, estava lindíssima, e ela se aproximou.
-Seja bem-vinda, Adriana! - Ela disse, sentando ao meu lado.
-Obrigada!
-Espero que possamos nos tornar grandes amigas aqui.
-Também espero.
-Que falta de educação a minha, meu nome é Daniela, mas todos aqui me chamam de Dani.
-Prazer, Dani!
-Posso te fazer uma pergunta?
-Claro, fique à vontade.
Ela apontou para Eduardo.
-Qual é o nome daquele rapaz?
-Eduardo, eu acho.
-Vocês têm algum tipo de relação?
Com aquele idiota? Nunca.
-Não, somos apenas colegas de elenco.
-Ah, que pena! - Ela disse, desanimada.
-Por quê? - Perguntei, curiosa.
-Eu ia te pedir para me apresentar a ele.
-Ah, entendi! - Sorri.
Eduardo
O dia transcorreu normalmente no teatro, com exercícios, ensaios e conhecendo melhor a peça. Não tinha ideia de quantas pessoas havia conhecido ao longo do dia, mas tudo estava indo muito bem. Fiquei observando-a de longe durante o dia, sentindo a vontade de me aproximar várias vezes, mas minhas tentativas pareciam sempre dar errado. Optei por apenas observá-la e decidi que, na próxima oportunidade, conversaria com ela.
Quando finalmente estava na hora de irmos embora, vi que ela estava procurando um táxi.
É a minha chance.
Me aproximei dela, enquanto ela estava distraída. Quando ela percebeu minha presença, me olhou de cima a baixo e voltou sua atenção ao que estava fazendo.
-Vai roubar outro táxi, é? - Ela disse de forma irônica.
-Não! - Respondi, chamando um táxi que estava se aproximando. - E será que dá para esquecer aquele episódio? - Disse com um pouco de irritação.
-Vou pensar no seu caso.
-Abri a porta do carro.
-Entre!
Ela me olhou surpresa.
-Esse táxi é seu!
-Não tem meu nome escrito nele! - Sorri.
Ela me observou por alguns segundos e, finalmente, entrou. Fechei a porta devagar e vi o táxi partir. Alguns segundos depois, consegui pegar outro táxi para voltar para casa.
Cheguei ao prédio rapidamente e passei pela portaria sem prestar atenção a quem estava por perto. Ao chegar à minha porta, notei que ela estava aberta, o que me surpreendeu, já que eu a tinha trancado ao sair. Ao abrir a porta, me deparei com Gabriel, sua esposa e meu afilhado me esperando.
-Onde você estava, camarada? - Gabriel veio na minha direção.
-Trabalhando! - Respondi, fechando a porta.
-Parece que está tomando um rumo, hein, Eduardo? - Helena se aproximou e me abraçou.
-Finalmente! - Gabriel deu um tapinha no meu ombro.
-Aproveitamos que você estava fora e organizamos seu apartamento. O Gabriel levou seu carro para a oficina e já está pronto. - Helena explicava enquanto pegava o menino no colo.
-E fizemos compras também. Comer só miojo não é legal, você vai ficar enorme! - Ela sorriu.
Helena e Gabriel são como uma família para mim, sempre prontos a ajudar. Encontrei em ambos um apoio que me fez sentir mais acolhido.
-Não sei nem como agradecer! - Disse, um pouco sem jeito.
-Não precisa agradecer, apenas cuide-se e pare de beber tanto! - Helena abriu a porta.
-Passamos por aqui em outro momento para te visitar. Cuide-se, campeão!
Observei-os saírem e me sentei no sofá, olhando ao redor e me sentindo aliviado com a organização do lugar. Fechei os olhos por um instante e, então, ela veio à minha mente novamente.
Adriana
A rotina estava sendo incrível, eu estava amando cada momento. O primeiro dia não poderia ter começado melhor: exercícios, conhecer melhor a peça, tudo estava se encaixando conforme o que sempre sonhei.
Antônio e Dani eram tão legais comigo, sempre dispostos a ajudar e ensinar. E quanto ao Eduardo, percebia quando ele me olhava. Ele é péssimo em esconder seus sentimentos, mesmo que sua expressão não mostre diretamente.
Após um dia agitado, estávamos nos preparando para voltar para casa. Fui até um local para chamar um táxi, quando senti a presença de alguém atrás de mim. Olhei para trás e lá estava ele. Analisei-o com mais atenção. Ele não era feio, mas roubou meu táxi, então não merecia um elogio tão direto.
-Vai roubar outro táxi meu? - Perguntei, deixando claro o tom de raiva em minha voz. Se ele tentasse me roubar novamente, juro que o jogaria na frente de um táxi.
-Não! - O táxi estava se aproximando. - Tem como esquecer esse episódio?
-Esquecer? Ele realmente é patético. Por causa dele, acabei atrasada em meu primeiro dia de trabalho.
-Irei pensar no seu caso! - Respondi, cheia de sarcasmo.
Ele abriu a porta do táxi.
-Entra!
Fiquei surpresa com o gesto de cavalheirismo vindo dele. Ele parecia um ogro, pensei que até o Shrek seria mais cavalheiro.
-Esse táxi é seu! - Disse, mantendo minha educação. Não queria ser mal-educada.
-Não tem meu nome nele! - Ele sorriu, e confesso que era um sorriso belíssimo.
Entre no táxi sem dizer nada, afinal, era a obrigação dele me deixar ir ao táxi. Vi quando ele fechou a porta do carro e partimos.
A viagem de táxi foi rápida. Cheguei em meu apartamento, joguei a bolsa e fui direto para o chuveiro.
Eu precisava relaxar.
Depois de um longo tempo no chuveiro, fui para a cozinha preparar algo para comer. Até que meu celular tocou.
-Como foi o seu primeiro dia? - Cláudia falou empolgada do outro lado da linha.
-Ah, Ca, foi maravilhoso! Fui tão bem recebida.
-Fico tão feliz por você!
-Mal posso esperar para você vir me visitar e eu te mostrar tudo.
-Dri, você precisa me contar detalhes. Você conheceu alguém novo hoje? Algum colega de elenco?
-Hoje foi mais para conhecer a peça e as pessoas. Conheci o Antônio, a Daniela...
Será que devo falar sobre o roubador de táxi?
-Você está escondendo alguma coisa, desembucha.
Ela me conhece tão bem.
-Conheci também o roubador de táxi.
Ela soltou uma gargalhada.
-Quem é esse?
-Um cara chato, ignorante, roubou meu táxi e me fez chegar atrasada no meu primeiro dia. E para piorar, ele também faz parte da peça.
-Só você para ter essas histórias.
-Pois é! - Sorri.
-Mas me conta, ele é bonito?
Ah, aí vem a pergunta difícil. Ele é bonito ou não é?
Eduardo
Mesmo sabendo que a Helena pediu para não beber, a tentação foi mais forte do que a razão. Decidi sair e ir para algum lugar. A rua estava vazia enquanto eu caminhava cabisbaixo, até chegar em um bar próximo ao meu apartamento. Entrei e procurei uma mesa mais afastada, porque estava claro que eu precisava de um momento para chorar.
Sim, sou dramático.
O garçom me atendeu prontamente e pedi uma das bebidas mais fortes do menu. A noite seria longa para mim. Enquanto eu olhava para o vazio, a porta do bar se abriu e meu antigo amor entrou. Meu coração se apertou.
Queria sumir naquele momento.
Ela estava acompanhada por outro homem, que eu conhecia bem: meu ex-melhor amigo. Eles sorriam da mesma forma que ela sorria para mim. Tentei desviar o olhar, mas meus olhos pareciam querer coletar provas para me fazer sofrer. Eles me viram e se aproximaram para cumprimentar.
-Edu! - Ela disse com um sorriso encantador.
Por que essas situações só acontecem comigo?
-Oi, Lorena.
Sim, meu antigo amor se chamava Lorena. Eu costumava chamá-la de "minha morena", devido aos seus cabelos negros e olhos escuros. Ela era perfeita.
-E aí, Eduardo! - Daniel veio estender a mão.
Daniel era meu amigo desde a faculdade de administração. Éramos próximos.
-E aí, Daniel!
-Não sabia que gostava de vir para cá? - Daniela perguntou.
-Eu costumava trazer você aqui.
-Sim, eu gosto.
-Vamos sentar, meu amor! - Daniel a puxou.
-Sim, até mais tarde, Edu! - Lorena disse, acenando.
Observei eles irem embora e logo me levantei. Decidi que era melhor chorar em casa.
Adriana
Após uma conversa animada com a Cláudia, decidi me concentrar e estudar mais sobre a peça. Queria me aprofundar nos detalhes para me sair bem. Depois de um tempo, algo me impulsionou a olhar pela varanda. O vento frio afastava os meus cabelos, a lua brilhava no céu claro e as estrelas criavam um espetáculo de iluminação.
Era uma visão deslumbrante.
No entanto, meu olhar foi atraído para a rua. Lá embaixo, vi um homem chorando. Fiquei surpresa, pois raramente se vê alguém chorando na rua. Fiquei observando por um tempo, até que finalmente percebi quem era.
Era o Eduardo.
Eduardo
Eu estava tão perturbado que continuei a caminhar sem rumo, pensando em voltar e confrontá-la, revelar o quão falsa ela é. No entanto, naquele estado emocional, eu sabia que acabaria chorando como um idiota na frente dela.
E foi o que aconteceu.
Andei tanto que percebi que tinha chegado a um lugar desconhecido. Não havia muita gente por perto, e eu continuei andando com a cabeça baixa. Por algum motivo, senti a vontade de olhar para cima, para um prédio. Mesmo sem meus óculos, consegui perceber que alguém estava me observando.
Quando olhei na direção dessa pessoa, ela desapareceu.
Continuei andando até ouvir passos atrás de mim. Virei-me e vi dois homens encapuzados se aproximando.
-Ei, você aí! - Um deles gritou.
Tentei andar mais rápido, mas eles correram atrás de mim.
-Olha só! - Um deles agarrou meu braço - Um rapazinho rico!
-Pra onde você vai, bebêzinho? - O outro zombou.
-Por favor, me deixem em paz! - Implorei, tentando me soltar.
-Fica quietinho, rapazinho rico! Agora passa a carteira, o celular, tudo.
-Não valia a pena brigar, então tirei minhas coisas dos bolsos e entreguei a eles.
-É só isso que você tem, rapazinho? Achamos que teria mais!
-Não tenho mais nada aqui, mas se me soltarem, eu posso tentar conseguir mais coisas.
Eles riram.
-Acha que vamos cair nessa conversa? - Um deles me empurrou no chão.
Minha vida não podia piorar.
Então, um dos assaltantes tirou um canivete do bolso e apontou para mim. Antes que eles se aproximassem, ouvi alguém gritar.
Eduardo!
Adriana
Eu me perguntava o que ele estava fazendo ali, chorando na rua. Esperava qualquer pessoa chorar, menos ele. Pareceu que ele me notou também, mas provavelmente não sabia quem eu era.
Felizmente, ele não me reconheceu.
No entanto, minha atenção logo se voltou para dois homens que estavam esperando perto dele. Eu já tinha ouvido boatos de que nosso condomínio não era totalmente seguro, então decidi agir.
Desci rapidamente até o primeiro andar e expliquei a situação a um segurança, que chamou reforços. Voltei para a rua e vi Eduardo no chão.
Meu instinto nunca me falhava.
Corri até ele e gritei:
-Eduardo!
Todos ficaram surpresos com minha chegada.
-Adriana, vá embora! - Eduardo disse, desesperado.
-Olha só, uma bela moça! - Um dos homens tentou se aproximar, mas Eduardo o empurrou no chão.
Os seguranças chegaram correndo, mas os assaltantes conseguiram fugir.
-Você está bem, Eduardo?
Não precisava de resposta, sua cabeça estava sangrando. Antes que ele dissesse algo, o puxei para irmos ao meu apartamento. Agradeci aos seguranças e subimos.
Ficamos em silêncio.
Não era a situação mais comum, uma mulher levar um homem para seu apartamento, mas eu não podia deixá-lo naquele estado. Sinalizei para que ele se sentasse no sofá enquanto pegava o kit de primeiros socorros.
-Você é maluco de andar sozinho aqui, ainda mais nesse condomínio perigoso! - Comentei enquanto me sentava ao lado dele.
-Acabei me perdendo, não sabia mais o caminho para casa.
-E por que você estava aqui?
-É uma longa história.
-Entendi.
Limpei seu rosto com um pano para evitar inflamação. Nesse momento, percebi um perfume agradável emanando dele.
Calma, Adriana, o que está acontecendo aqui?
Eduardo
Quando o vi, meu coração deu um salto descompassado. Fiquei observando-o por um instante, até que percebi que ele estava preocupado comigo.
Ele gritou para que eu corresse, mas os homens pareciam determinados a se aproximar. Foi quando vi a agilidade dele, jogando um deles no chão antes que os guardas chegassem correndo e os bandidos fugissem. Fiquei impressionada com sua coragem.
Mas logo depois, percebi que algo estava errado. Ele levou a mão à testa e vi o sangue. Sem pensar duas vezes, o puxei para o meu apartamento. Subimos em silêncio, e eu estava curiosa para entender o que havia acontecido.
No apartamento, indiquei que ele se sentasse no sofá enquanto eu pegava o kit de primeiros socorros. Tentei ser o mais cuidadosa possível enquanto limpava o ferimento em sua testa. Estávamos em silêncio, e parecia que havia uma tensão no ar.
Finalmente, ele quebrou o silêncio.
-Você está com raiva de mim. - Ele sorriu.
-Por quê? - Perguntei, curiosa.
-Porque eu roubei o seu táxi, vou contracenar com você e acabei de colocar você em perigo.
-Bem, estou um pouco furiosa, sim, mas principalmente por causa do táxi. - Sorri - Mas isso já passou.
-Desculpe novamente.
-Lembra do que você me disse para esquecer? - Sorri de volta.
-Verdade. - Ele sorriu também.
Enquanto ela terminava de cuidar do ferimento em minha testa, ela se afastou um pouco. Perguntei a mim mesmo o que estava acontecendo ali, o que sentia enquanto estava perto dela.
-Pronto, está sentindo alguma dor? - Ela perguntou.
-Não. - Respondi.
-Ótimo. Da próxima vez, pega um táxi para não se perder de novo. - Ela sorriu enquanto se afastava.
-Sim, acho que já tive aventuras o suficiente por hoje.
Ela se aproximou novamente, e percebi que havia uma pergunta em seu olhar.
-Eduardo?
-Sim?
-Por que você estava chorando?
Ela me viu chorar. Como explicar a ela o que estava passando pela minha mente naquele momento?
Eduardo
A conversa com Adriana estava fluindo bem, o que me deixou mais à vontade. Ela estava sendo mais amigável do que eu esperava, o que me fez perceber que talvez tenha julgado mal a situação toda do táxi.
Quando ela se afastou um pouco, senti como se algo estivesse faltando, como se o espaço entre nós estivesse preenchido de repente.
Sua pergunta me pegou de surpresa. Por que estava chorando? Era uma pergunta difícil de responder. Eu não queria que ela visse esse lado vulnerável de mim, mas ao mesmo tempo, senti que ela merecia uma resposta sincera.
-Não era nada importante. - Respondi evasivamente.
Ela pareceu não se convencer muito, pois retrucou com um sorriso brincalhão:
-A primeira vez que vejo um homem chorar na rua.
Sorri com sua observação e seu senso de humor. Era realmente raro ver alguém chorar em público, ainda mais um homem. Senti um certo alívio por não estar sendo julgado por ela, como se ela entendesse que todos têm seus momentos de fraqueza.
Ela sugeriu chamar um táxi para mim, e enquanto ela se dirigia ao interfone, eu senti uma mistura de gratidão e apreço por sua atitude.
-Adriana, obrigado. - Disse com um sorriso sincero.
Ela corou levemente, o que achei adorável. Quando o porteiro confirmou que havia um táxi esperando lá embaixo, me levantei do sofá.
-Pelo menos dessa vez não vou roubar o seu táxi. - Brinquei.
Seu sorriso me fez sentir algo que eu não conseguia explicar completamente. Eu me despedi, sabendo que tinha que ir embora.
-Até amanhã, Adriana.
-Até, Eduardo.
Saí do apartamento dela com um sentimento estranho no peito. Não conseguia tirá-la da minha mente. Aquele encontro inesperado havia mudado o rumo do meu dia de uma forma que eu não esperava. E por alguma razão, eu estava ansioso pelo dia seguinte, pela oportunidade de vê-la novamente.
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