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A Ilha Encantada

Contexto

 #Isac#

*Após os meus bisavós perdem as suas almas humanas numa guerra, vagaram anos pelo norte, com o seu filho, Nael. Selene teve compaixão de ambos, então criou uma ilha encantada, onde ela abrigou, não só os meus bisos e o meu avô, como também outros lobisomens que também perderam a alma. Quando a nossa espécie chegou a ilha era apenas plantas e animais. O clima era sempre o mesmo o ano todo, inverno e neve de um lado, primavera do outro. Os reinos foram divididos, onde metade escolheu viver do lado do inverno, enquanto o outro permaneceu na primavera. O meu nome é Isac, tenho 26 anos, sou totalmente preto, assim como os meus olhos, dizem que sou parecido com o meu biso, Alex. Sou um lobisomem sem alma humana, e todos na ilha são assim. Não existem humanos, ou nada que venham deles aquí! Não existe mais a divisão Beta, Ômega e Alfa, como antigamente. Agora somos apenas lobisomenss e o seu líder, não existe desigualdade no nosso reino. Sou o primeiro na linha de sucessão, enquanto os meus irmãos mais novos, Cris e Max, não se importam com os afazeres do reino. Ainda não tenho uma Luna, os meus pais dizem ser Selene quem a escolhe, então estou a esperar.*

#Lana#

*Após a minha família chegar na ilha, escolheram o inverno, e até hoje permanecemos assim. Infelizmente, a ganância do meu avô afastou o reino vizinho, hoje eles tentam uma aliança, mas, por enquanto somos proibidos de entrar lá. Sou Lana, tenho 19 anos, a caçula de três irmãs, Agár e Neila. Todos por aquí somos parecidos, lobisomenss brancos, cinzas e pouquíssimos grisalhos. Chega a ser chato ter que ver tantos iguais, queria poder ver alguém do outro lado, sempre vou à fronteira, na esperança de ver alguém, mas nunca vi. Sou uma loba branca, meus olhos são azuis, não são a maior loba da alcateia, mas também não sou a menor. Sou a mais fraca dentre as minhas irmãs, devido a minha frágil saúde. Como costumam dizer, sou o elo fraco da família, uma negociação está próxima, imagino que eu vá, pela primeira vez, no reino vizinho.*

— Iai pirralha? (Agár diz-me, entrando na minha toca.)

— Quem deixou você entrar? (Digo, realmente brava.)

— Sou sua futura líder, não preciso de autorização! (Agár sempre fazia isso...)

— Irei dizer a papai! (Eu tento tirá-la da minha toca.)

— Calma aí fedelha! Vamos comigo até a fronteira? (Agár chama-me, mas fico bem desconfiada, ela nunca me chama para nada.)

— O que você quer na fronteira? Se o nosso pai descobrir vamos apanhar até o verão chegar! (Eu digo, saindo da toca.)

— Até parece que eu não sei que você vai, diariamente! (Ela olha-me com olhar ameaçador.)

-Eu odeio-te, sabia disso? (Ela convence-me através das ameaças, então eu terei que ir.)

— Sabia... (Ela diz, gargalhando.)

— Já se perguntou como era morar em casas humanas, correr com duas patas? (Pergunto, adoro descobrir mais sobre o outro mundo, mas ninguém nunca me diz nada.)

— Não seja tola, Lana, não existe nada de bom em ficar presa! Sempre que vamos nas alcateias humanas é um desespero, a gente dorme ao relento, por que eles não têm toca! (Agár diz, irritada.)

— Os nossos antepassados viviam como eles! (Digo, ainda estou muito curiosa.)

— Corre! Quero chegar rápido... (Agár diz-me, correndo rápido, aproveitando-se do fato de eu não ser tão rápida quanto ela.)

...****************...

#Isac#

— Pai! Eu não acho justo... (Digo, completamente possesso.)

— Mas, filho, você ainda não tem ninguém, não custa conhecer a moça... É para o bem do povo!

— E se a minha companheira aparecer? Como vou rejeitá-la?

— Filho, você pode fazer um contrato nupcial, onde você só irá acasalar até ter o seu herdeiro, depois você pode ficar com a sua parceira!

— Você quer que eu a peça para largar a sua família, seus sonhos, para se tornar uma concubina?

— Filho... essa aliança irá evitar guerras futuras, garantir fartura para ambos os reinos!

— Eu sei pai, mas, precisa sacrificar a minha felicidade para isso?

— Filho... Só conhece a moça, a família, se você não gostar, acho outro jeito de formar a aliança!

— Vou dar-te essa oportunidade, mas saiba que estará matando a minha chance de ser feliz! (Digo, saiu para correr nas margens do rio, era meu lugar favorito.)

*Corro muito, pois isso me ajudava a espairecer, me sentia livre, já que na alcateia eu era o futuro líder. Mas na mata, eu era apenas eu, um insignificante pontinho preto em meio a tanto verde. Chego ao rio, finalmente, mergulho nele, lavando a minha alma, mas, não tirando o vazio que eu sentia por ainda não ter a minha companheira ao meu lado. A maioria dos lobisomens acham suas companheiras na adolescência, mas eu, já sou um adulto, estou quase assumindo a alcateia e até agora nada dela.*

Jasmim

#Lana#

*A semana se passa arrastada, a minha rotina era sempre a mesma, da toca para a fronteira. Agár quase arruma confusão para nós duas, ela sempre tentava prejudicar-me, e ser vista com maus olhos pela alcateia. O meu pai nunca permitia que eu fosse caçar com o restante dos guerreiros, ele dizia que eu atrapalharia. Então, quando todos voltavam da caçada, eu ia. E cá estou eu, cercando um apetitoso alce, existem muitos por aquí! Somos instruídos a nunca caçar as fêmeas ou os filhotes, para não atrapalhar o equilíbrio, e faltar-nos alimento no futuro. Ele não percebe que estou próximo, então permaneço quieta; mas, der repente eu piso em falso, ele escuta-me e sai disparado. Persigo ele até a fronteira, onde ele atravessa.*

— Merda!! (Grito com raiva.)

*Enquanto eu lamentava a perca do servo, observo alguém se aproximar. E que cheiro bom aquele ser tinha, parecia jasmim... Eu amo essas flores. O ser continuava a se aproximar, mas o contato da neve com o calor da primavera fazia o gelo fumaçar, impedindo a minha visão exata do que tinha lá. *

#Isac#

*Acordo cedo, a minha rotina é sempre a mesma, acordar, caçar e resolver problemas da alcateia. Sempre tinha alguém querendo invadir a toca do outro, roubar alimento e as vezes brigavam por coisas fúteis. Eu, como o futuro líder, tinha que resolver conflitos de forma pacífica, quando não dava certo, descontrolava-me e matava ambos. Paciência não era o meu forte, principalmente quando envolvia as pessoas que eu gostava, mesmo eu tendo poucos amigos, Alef e Áxla, eles sempre estavam metidos em confusão. Resolvi espairecer depois da caçada, já que eram sempre os homens e poucas guerreiras da alcateia que buscavam alimento para as famílias. Eu andava perto da fronteira, quando um servo corre desesperado na minha direção, mas quando me vê, corre na direção ao meu lado, fico confuso, imaginei que deveria ter outro predador atrás dele, então fico em alerta, era comum alguns ursos atacarem os lobisomenss. Mas, sinto um cheiro tão bom, e não era cheiro de urso, mas, sim, de flores, só não sabia qual. Observo uma movimentação atrás da neblina formada pelo gelo, e tinha algo ali, e o cheiro vinha daquilo.

— Quem é você? (Digo, na expectativa.)

— Quem é você? (A loba diz, pela voz era fêmea.)

— O que faz aquí, sozinha? (Pergunto, pois, só sentia o cheiro dela, que impregnou o ambiente.)

— Eu estava a caçar o servo que passou para o seu lado! (A loba diz, com uma voz penosa e irritada.)

— Sinto muito pela sua caça! (Digo, gargalhando.)

— Não rir, não sabe o quão difícil é caçar com tanta neve! (Ela diz, irritada.)

— Não faço ideia! Mas, espere aquí, já volto! (Peço, mas sem colocar fé, que ela realmente me esperaria.)

#Lana#

*O lobisomem pede-me para esperá-lo, eu olho em volta, e não vejo ninguém, então não custa esperar, ele provavelmente não me mataria e me jogaria no rio... Né?*

#Isac#

*Corro até um ponto onde eu sempre conseguia as melhores presas, e consigo capturar apenas alguns coelhos, mas, dá para enganar a fome. O horário era péssimo para se caçar, imagino que ela não saiba disso. Volto com algumas lembres na boca, e por incrível que pareça, ela ainda estava lá!*

— Pode atravessar? (Pergunto, queria muito ver o seu rosto.)

— E se alguém me ver aí? (Ela pergunta, noto Interesse e curiosidade na sua voz.)

— Não vão, estou sozinho! (Tento passar-lhe segurança.)

— Tem certeza? (Ela pergunta receosa.)

— Vêm! (Digo, ansioso.)

*Vejo aquela lobinha branca colocar o seu focinho para fora da neblina, farejando o ar, e não consigo conter o riso. Ela coloca a cabeça e após constatar que não tinha ninguém, ela atravessa, pousando o seu olhar em mim, e que olhos lindos ela têm, e o seu cheiro fez o meu coração palpitar, era ela, eu tinha certeza, no meu íntimo.*

#Lana#

* Ainda receosa coloco o meu focinho do outro lado da neblina, farejo o ar, não sinto o cheiro de mais ninguém, e ele está a rir de mim. O repreendo imediatamente, quem já se viu? Vou a colocar parte por parte do meu corpo, ainda atenta aos movimentos... E como ele é assustadoramente lindo. E tem um cheiro tão bom, e os olhos são negros como a noite, e dão-me um pouco de medo, me fazendo escolher-se.

— Está com medo de mim? (Ele pergunta, mas a resposta é óbvia, pois eu mais tremia do que falava.)

— No meu lugar você também estaria! (Digo, torcendo para não irritá-lo.)

— Não vou machucar-te! Nem mesmo se eu quisesse, não conseguiria! (Ele diz, e percebo os sinais, ele é meu companheiro... Mas, porque Selene pregaria uma peça de tão mau gosto assim?)

— Eu sei... (Respondo, agora mais confiante, e percebo que os coelhos próximos às suas patas.)

— Tome... Coma! (Ele diz, muito cuidado, me entregando os coelhos.)

— Mas, e você? (Pergunto.)

— Já comí... (Ele diz, mas notei ser mentira, pois escutei o roncar da sua barriga de longe.)

— A gente divide, olha... (Peguei dois e lhe devolvi dois.)

— Tá bom... Fique à vontade, não irei atacar-lhe, quero a sua companhia! (Ele diz, e como aqueles olhos assustadoramente lindos mexia com os meus sentidos.)

#Isac#

* Pressinto o seu medo ao ver-me, o que me deixa um pouco perdido, eu sei que a minha aparência não é muito receptiva, mas, não imaginava ser tão feio assim... Tento tranquilizá-la, entrego os coelhos e deito-me, deixando à mostra os meus pontos vitais, demonstrando que estou vulnerável a ela, o que a deixa mais tranquila. Ela oferece para que a gente divida a refeição, e eu aceito, estava realmente com fome. Como ela é delicada, parece tão frágil, ao ponto de quebrar, então com muito cuidado eu aproximo-me, farejando o seu pelo, percebo ser jovem, e nunca foi tocada, o que me enche de alegria. Ela aceita os meus toques e carícias, o que me deixa feliz. Queria levá-la para minha toca, mas ainda não posso, pois, poderia dar início a uma guerra; não há união entre as alcateias ainda. Mas, seria mais um motivo para eu conseguir uni-las; e faltava apenas algumas semanas.

— Sabe quem sou? (Pergunto, lambendo o seu pelo, onde ela receberia a minha marca.)

— Não... (Ela responde, com a voz doce, saboreando a caça.)

— Sabe o que sou? (Pergunto, e vejo os seus olhos, mais uma vez, estacionar em mim.)

- Meu parceiro? (Ela responde, mas em dúvida.)

-Não entende muito sobre o assunto, não é? (Pergunto, notando a sua pouca experiência.)

— Não... Para mim nunca foi simples conversar sobre! (Ela diz, sentando-se na minha frente e analisando os meus movimentos.)

-Por que? (Pergunto, curioso.)

-É uma longa história... (Ela diz, cabisbaixa.)

— Tenho todo o tempo do mundo! (Eu disse, realmente estou curioso, ela parece-me interessante.)

— Nascí prematura... Foi uma gravidez complicada. Nasci muito fraca, e sobrevivi por compaixão de Selene. Sou a mais fraca e inútil da alcateia, não caço com os outros, assim como não sou incluída em outras tarefas! Então, sou afastada de todos da alcateia, ninguém me ver como... Alguém que possa valer a pena. Então o meu pai dedicou os seus dias a ensinar as minhas irmãs a se defender, enquanto eu, fui ensinada a ser submissa. (Ela conta, com pesar.)

— Você não é inútil e fraca, só não está no lugar certo... Logo vai estar comigo, e eu prometo que irei cuidar de você! (Eu digo, e como eu estava ansioso por aquilo.)

— O problema é esse, eu já sou cuidada demais. Até parece que sou doente! (Ela diz, manhosa.)

— Não sei se você sabe, mas a função do parceiro é essa, cuidar... (Digo, esfregando-me no seu pelo, marcando o território, deixando claro que ela me achou.)

#Lana#

*O carinho e a conversa estavam ótimos, ninguém nunca havia me escutado, e muito menos me acariciado... A minha mãe não tinha muito instinto materno, na verdade, casou obrigada, teve filhos à força. Ela quase não me via, assim como Agár e Neila. Estava tudo tão bom, que havia esquecido a realidade por algumas breves horas, até que escuto Agár gritar por mim.*

— Lana!!! Pirralha... (Agár grita, furiosa, imagino que o meu pai deve ter procurado por mim.)

— É a minha irmã, estou morta! (Digo, muito nervosa.)

- Morta porque? Eu converso com ela! (Ele diz, deve está louco, se ele soubesse a cobra que ela é...)

- Não!!! Você não a conhece, vai por mim, se ela descobrir que estou aquí, e que você é meu parceiro, ela vai dar um jeito de matar você e apedrejar-me no meio da alcateia! (Digo, ficando um pouco exaltada.)

- E quem ela pensa ser para fazer isso? (Ele diz, gargalhando... É completamente insano.)

- Vai por mim, ela é mais que nós dois juntos! (Digo, e percebo a sua indiferença com ela, e o seu deboche para mim.)

- Você é tão ingênua, dá vontade de guardar num potezinho! (Ele diz, lambendo o meu pelo.)

- Isso não é hora para carícias, estou encrencada, como irei sair daquí sem ser notada? (Digo, esperando que ele me ajude.)

- Vem comigo, eu sei de um lugar!! (Ele diz, me fazendo segui-lo.)

#Isac#

*Noto o receio que ela tem da irmã, e sinto-me incomodado. Ela é tão pura, doce e ingênua... Gostaria de prendê-la comigo eternamente, odeio o fato de ter que deixá-la ir. Após uma breve conversa percebo que ela quer ajuda para despistar os olhos da irmã de cima dela. Só pela voz, já não gostei dela! Quem ela pensa ser para chamar a minha companheira de pirralha! A levo até uma passagem segura que conheço, usava ela na infância para bisbilhotar os lobisomens que passavam por alí, ou até mesmo esconder-me de Alec e Áxla, quando brincávamos de esconder-se. A vejo ultrapassar a neblina e meu coração despedaça, parece que vou morrer sem ela. Se estava assim antes de marcá-la, imagine depois?*

Jamais!

#Lana#

*Conseguí escapar da minha irmã ontem, mas mesmo assim ela ficou desconfiada, e irritada por eu sumir, acho até que teria levado umas bofetadas se o meu pai não tivesse aparecido. Ela logo ficou quieta, para meu pai não descobrir que saí do campo de visão dela. Ele ainda achava que ela cuidava de mim como ele fazia questão de mandar. Eu odiava ser perseguida, então fiz um acordo com Agár, ela deixava-me em paz e ia ficar com as amigas dela, enquanto eu sempre dizia ao meu pai que estava com ela o tempo inteiro. Acordo cedo e vou para a minha rotina, espero os caçadores chegarem para eu ir caçar, e finalmente eles chegam, já estava morrendo de fome. O meu pai nunca trazia caça para mim, pois incumbiu essa tarefa a Agár, e ela permaneceu não trazendo, até que eu mesma decidí burlar as ordens do meu pai, entrando na mata e caçando eu mesma. Observo de longe um urso, eles eram dificílimos de matar, mesmo sendo menores que nós, ainda tinham muita força e garras mortais. Me aproximo lentamente, estava com vontade de desafiar as minhas capacidades, era a chance que eu tinha de provar para meu pai que eu era capaz, e podia caçar com os outros. Ele estava próximo à fronteira, como sempre alí tinha as melhores presas, pois, poucos se atreviam a pisar lá. Me aproximo do lado oposto ao vento, para que ele não notasse o meu cheiro, e avanço no seu pescoço por trás, para evitar aquelas garras "fofinhas". Mas me distraiu por alguns minutos e aquelas garras rasgam a minha pele... O meu pai vai matar Agár e eu quando me ver machucada. Choramingo de dor, mas não desisto, voltando a atacá-lo, de frente dessa vez, já que ele não me dava as costas. Cravo as minhas presas no seu pescoço, e ele finca as suas garras nas minhas costelas, eu aperto mais a minha boca, rezando para ele morrer antes de matar-me, e finalmente consigo, arranco a sua jugular. Comemoro muito feliz, nem noto que era observada por ele... Aqueles olhos negros são inconfundíveis.

- Você viu? Eu conseguí!!! (Comemoro, indo até ele, tentando arrastar o urso, que mesmo não sendo muito pesado eu tinha dificuldade.)

- Eu vi, minha princesa, você foi muito bem! Agora vem cá, deixe-me ver esses ferimentos... (Ele diz, vindo até mim, e lambendo os meus cortes.)

-Vamos comer? Eu estou faminta! (Digo, impaciente.)

- Percebí... A sua linda barriguinha branca está a roncar alto o suficiente para ouvir da alcateia! (Ele diz, gargalhando.)

- Não seja exagerado! Eu só não tive tempo de caçar mais nada ontem, tive que correr para casa! (Digo, saboreando a minha caça.)

- Deveria ter comido todos os coelhos! (Ele diz, noto a sua decepção consigo.)

- Larga de ser bobo, você fez mais do que qualquer um já fez por mim! Agora come logo, é muita carne para eu comer sozinha... (Digo, lambendo o seu focinho.)

- Eu sei... Você não tem tamanho para isso tudo! (Ele diz, a gargalhar.)

#Isac#

*Termino os meus afazeres e vou até à fronteira, não tinha me alimentado ainda, mas pouco me importava, eu queria vê-la novamente. Chegando próximo à neblina, escuto o choramingar de uma loba, e eu tinha a certeza no meu coração que era ela, eu corro e sem pensar duas vezes, atravesso a cortina de fumaça, e o que eu vejo paralisa-me, ela caçava um... Urso? É sério? De tantos animais... Ela escolhe um que pode matá-la? Que cabeça ôca... Mas não interfiro, ela reclamou de sempre ser poupada demais, então apenas fico atento. Vejo ela cravar as presas no pescoço do urso, pela frente, achei um golpe não muito inteligente, mas com o tempo ela aprenderia a caçar com êxito. Ela comemora a morte do urso como se tivesse ganhado a melhor coisa do mundo, aquecendo meu coração. Chamo ela até mim e limpo as feridas, logo elas estariam cicatrizadas, então não me preocupo. A sua felicidade era impagável, e noto o orgulho que ela sentia em ver-me comer o que ela havia caçado, sozinha.*

- Eu quero que você me ajude arrancar a cabeça dele! (Ela pede, me fazendo gargalhar.)

- Você vai levar isso para a sua toca? (Pergunto, surpreso.)

- Não bobo... Até porque não cabe! Irei mostrar para o meu pai, quem sabe ele deixa eu caçar! (Ela diz, toda fofinha... Mas o que faz a minha espinha tremer, imagino ela tendo que disputar com os outros pelas presas.)

- Você não imagina o quão satisfatório é após tanto tempo sendo subestimada, finalmente ser útil! Você é grande, forte e bem intimidador, deve caçar desde muito cedo! (Ela diz, me encarando com aquele olhar azulado, que percorria as minhas qualidades. E realmente, ela era bem menor que eu, e não tinha nada de intimidante.)

- Sabe, as vezes é bom deixar-se ser cuidado! Eu queria ter tido essa oportunidade... (Digo, lembrando-me que desde cedo tive que aprender a cuidar de todos.)

- Eu estou aquí agora! Irei cuidar de você... Eu mato todos os ursos se for necessário... (Ela diz, rindo docemente, me fazendo gargalhar.)

- Eu que devo cuidar de você! Sei que não gosta, mas com o tempo você vai entender a função de um parceiro... (Digo, cada palavra que saía da minha boca vinha do meu coração. Como eu a conhecia tão pouco e ainda assim a amava.)

- Meus pais não são parceiros... Ela foi obrigada a casar-se e a ter filhos! (Ela diz, e sinto ficar pensativa. E lembro-me do encontro com os líderes da outra alcateia, e que teria que me encontrar com a filha deles.)

- Imagino que ela deva querer ver os seus filhos felizes, já que ela mesmo não pôde ser! (Eu digo, limpando o seu pelo, que esteja sujo de sangue.)

- Não sei. Não a vejo com frequência, na verdade, ela é muito exclusa. Acho que não gosta de lembrar que a sua vida foi toda planejada por terceiros, dos filhos ao marido! (Ela diz, e sinto a sua tristeza.)

— Sinto muito por isso! (Digo, fazendo um leve carinho, e pedindo para que ela me siga.)

- Pra onde você quer me levar? (Ela pergunta, noto a sua curiosidade.)

- Já tomou banho de rio? (Pergunto, mas já tenho em mente a resposta.)

- Você sabe que moro num lugar que só tem gelo, né? Lá é difícil até de suprir as necessidades básicas! (Ela diz, me fazendo gargalhar.)

- Logo você vai estar aquí! (Falo, rindo, e mostrando-lhe o rio.)

- Não deveríamos estar aquí! Se alguém me ver? (Ela diz, e noto o seu medo.)

— Não vão, ninguém vêm nessa parte do rio! (Digo, entrando no rio.)

- Eu não sei nadar! (Ela diz, como se eu já não soubesse.)

- Vem logo!! (Digo, saindo do rio e puxando ela até mim.)

#Lana#

*Ele me puxa para dentro do rio, sinto medo de início, a correnteza puxava-me de leve. Era uma sensação boa, e nova em simultâneo. Ele apoiava o meu corpo no dele, para que a água não me deslocasse. Aquela parte do rio não era profunda, então eu conseguia mergulhar sem dificuldade.*

- Acho melhor irmos, está próximo de anoitecer! (Digo, realmente preocupada. Mesmo sabendo que naquele dia eu não receberia as visitas do meu pai e Agár.)

- Dorme comigo hoje? (Ele pede, e realmente eu queria, mas, ainda tinha muito receio.)

— Não tenho certeza! (Confidencio.)

- É só dormir, prometo! (Ele insiste.)

- Tá bom... Mas, onde? (Pergunto, curiosa.)

- Eu tenho uma toca aquí próximo! (Ele logo soluciona o problema, com um semblante feliz.)

*Ele leva-me até uma toca próxima, era muito bem escondida, imagino que ele gosta de esconder-se. Tinha muitas folhagens alí, e era coberto por algum tipo de couro, imagino ser couro de urso, que coincidência. Aconchego-me nele, na toca, e era muito espaçosa, bem maior que a minha pelo menos. Aproveito o carinho que ele estava a fazer em mim, que me deixava muito relaxada.

- Poderia morrer agora que ainda estaria feliz! (Digo, virando a minha barriga para cima.)

- Não diga asneiras, eu não viveria sem você! (Ele diz, agora lambendo a minha barriga, me causando cócegas e fazendo-me rir.)

- Viveria sim... Viveu ate hoje! (Eu digo.)

- Você realmente não sabe nada sobre o laço de companheirismo! (Ele diz, noto a sua inquietação.)

- O que houve? (Pergunto, preocupada.)

- Espere aquí! (Ele diz, saindo da toca.)

#isac#

*Sinto uma movimentação perto da toca, mesmo com dificuldade eu enxergava bem a noite. Saiu da toca para averiguar o que seria, hoje não posso dar-me o luxo de ser pego de surpresa. Assim como em todo o lugar, tínhamos inimigos, e eles poderiam estar próximos. Por isso a união das alcateias era analisada. Peço para ela ficar lá, seria mais fácil protegê-la, fora da toca ficamos indefesos, já que eu teria que analisar todos os lados, e ela.

- O que foi? (Ela pergunta-me, fora da toca?)

- Eu mandei você ficar na toca! (Digo, irritado e preocupado.)

- Eu não vou quebrar! (Ela dizia, tentando a todo custo ficar comigo.)

- Você precisa entrar, não dá para eu proteger nós dois ao mesmo tempo! (Eu falo firme, e sinto que magoei ela.)

- Não quero a sua proteção! Você é como o meu pai, só que ele demonstra o repúdio! (Ela diz, irritada e com a voz embargada.)

- Pra onde você vai? (Pergunto, noto ela indo em direção a fronteira, e eu a sigo.)

- Não é da sua conta! (Ela diz, correndo e atravessando a fronteira, antes que eu chegasse até ela.)

- O que faz aquí a essa hora? (Omeu pai pergunta, me deixando nervoso.)

- O que o senhor faz aquí? (Eu pergunto, tentando disfarçar o nervosismo.)

- Você não estava na sua toca! Estava com alguém? (Ele pergunta, cheirando o meu pelo.)

- Para pai! Não sou criança faz tempo! (Digo, tentando afastá-lo.)

- Você achou ela, não achou?

— Pai... (Digo, sério.)

- Pode falar filho, você sabe que sou seu amigo! (Ele diz, esbarrando o seu corpo no meu, propositalmente.)

- Achei pai... (Eu digo, esperando a repreensão, mas vejo que ela está feliz.)

- Que bom! filho... Quero conhecê-la em breve. Deve aguardar somente a reunião, eles não podem saber que já é comprometido, apenas na hora certa! (O meu pai diz, e sinto orgulho de ser o seu filho.)

- Obrigado pai, confesso que sentí medo da sua objeção! (Confesso.)

- Jamais! Eu já lhe contei como conhecí a sua mãe? (Ele diz.)

- Irei contar-lhe... (Ele diz, entusiasmado.)

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