Augusto narrando 

É um entardecer quase perfeito, se não fosse a verdade gritando na minha cara a todo momento "Você está se casando por dinheiro". O que não era totalmente verdade já que a minha família que me jogou de mãos atadas nesse casamento por contrato com Germano, um CEO cuja reputação não é das mais limpas. Pergunto-me o que faz um homem cheio de dinheiro optar por um casamento desses e não por uma vida mais liberta. Aposto que ele em algum momento deve ter pensado o mesmo de mim, mas o que ele deveria saber é que os milhões que minha família obtém não chegam na minha mão. Meus pais me pagaram as coisas, a última foi uma viagem para Nova York. Tudo para que quando eu retornasse, encontrasse um contrato que mais tarde por mim era assinado. Porque eu assinei esse documento? Queria me ver livre de uma família homofóbica como a minha.

Irônico, né? 

Germano decidiu que o casamento seria em um dos seus castelos e era em um desses quatros que minha amiga Ana Paula se preocupava com meu futuro nesse casamento arranjado.

Ana Paula: Augusto, você não se preocupa se o Germano querer ter intimidades com você? 

Augusto: Amiga, ele não vai querer pelo simples fato de que no contrato está que não teremos intimidades.

Ana Paula: Acha mesmo que ele vai obedecer essa regra? 

Augusto: Se ele não obedecer, o contrato será quebrado e eu liberto.

O cortejo se inicia e eu fico bastante chateado agora que realmente está acontecendo. Parece mesmo que a cada passo que dou, estou mais perto de um grande abismo que não terei de sair. 

Germano tem a reputação de ser extremamente controlador e vulgar. Tenho receio de uma vida a dois com um homem assim e se ele me fizer alguma maldade?! Cara, que medo.

Ficar de mãos dadas e encarar os olhos desse homem, me faz querer fechar as pálpebras e imaginar que estou de volta em minha viagem e que nada disso pode ser real ou trágico. 

Ao terminar o casamento, eu encaro a aliança no dedo e isso soa como um grande eco. É como se eu não pudesse prever nada daquilo que irei viver ao lado do Germano e isso me causa um grande vazio por dentro, como se eu não fosse nada e nem ninguém além de esposo desse homem que me guia para dentro de uma limusine de cor branca.

Continua… 

{Apresentação} 

Augusto 

Augusto Miller é um vendedor no ramo da moda. Tem vinte e dois anos e um metro e setenta de altura, nascido na Itália, veio com os seus pais ainda muito novo para o Brasil. Augusto estava pronto para ingressar na faculdade quando uma viagem mudou os seus planos. Isso porque ele conheceu um homem que mais tarde se tornou o seu namorado e o motivo de Augusto desistir dos estudos. Seu ponto forte é a sua vontade de ser sempre produtivo e caridoso, já o seu ponto fraco é não saber dizer não. Seu relacionamento com sua família é péssimo a ponto de ser chamado de aberração em muitas ocasiões e o seu único trauma tem a ver com uma piscina, ele tem pavor disso porque na última vez que entrou em uma, ele quase morreu por afogamento. 

Germano

Germano Ricci é um CEO no ramo da tecnologia. Tem vinte e nove anos e um metro e setenta de altura, nascido na Alemanha, veio com os seus pais ainda muito jovem para o Brasil. Germano não tinha o mínimo interesse em se tornar um magnata do mundo tecnológico, mas depois de conhecer o seu amigo Rodrigo e de ouvir um de seus sonhos, ele sabia que o seu caminho era naquilo que ele mais gostava e foi com isso que ele levantou um império, um dos mais admirados por outros homens no ramo. Seu ponto forte é a sua vontade de inovar e fazer de pequenos sonhos, grandes realizações, já o seu ponto fraco é ser ciumento e impulsivo. Seu relacionamento com a sua família é muito bom desde que cada um fique no seu espaço pessoal e seu único trauma tem relação às finanças, o dia em que um amigo de confiança lhe roubou uma grande quantia em dinheiro.

...II...

Autor narrando 

Augusto chega em sua nova casa e já de cara encontra alguns empregados à postos para lhe dar as boas vindas.

Saindo do carro com a ajuda de Germano, ele comprimenta um por um com a mesma atenção e o mesmo sorriso simpático. 

Luciana: Senhor, eu serei sua assistente pessoal. Isso quer dizer que no que precisar, você pode recorrer a mim que eu farei pra você sem demora. 

Augusto: Obrigado.

Germano coloca o braço atravessado no de Augusto para o levar até o jardim onde tem uma pequena comemoração. 

Germano: Sei que pode ser um exagero, mas minha mãe sempre me ensinou que devo receber minhas visitas sempre muito bem e com a ajuda de Maria, eu lhe preparei um bolo de chocolate e alguns brigadeiros. Espero que você goste.

Augusto: Obrigado.

Luciana serve Augusto com um pedaço de bolo e um brigadeiro. Augusto então come e aprova o sabor de ambas as coisas.

Germano: Bom, vou deixá-lo conhecer a casa. Com licença! 

Augusto espera Germano sair para tirar uma dúvida com sua assistente. 

Augusto: É verdade isso que ele quem ajudou a preparar tudo isso? 

Luciana: Exatamente, senhor. Germano ajudou com exatamente tudo que está a vê em cima dessa mesa. 

Augusto: Ah sim.

Depois de um tempo, Augusto sobe para conhecer o seu estúdio e aproveitando que ele já é seu e que pode fazer o que quer, ele tira a sua camiseta e se deita na cama.

Como companhia uma música para lhe fazer relaxar um pouco.

Augusto olha ao redor e tenta imaginar o que deu Germano para lhe preparar um quarto como esse para ele se ele nem é artista e nem tem o menor talento para isso.

Luciana: Lhe ajudo com mais alguma coisa, senhor? 

Augusto: Não, não, pode ir fazer suas coisas, linda.

Augusto coloca os fones no ouvido e fecha suas pálpebras para descansar um pouco. 

Descanso que dura até a noite. Augusto se levanta, de cueca anda até o corredor e vai atrás de um banheiro para urinar e tomar um banho.

Saindo do banho, ele penteia o cabelo e encara o seu reflexo no espelho. 

"Deus! Será que eu estou seguro nesse lugar, com esse homem e com essas pessoas?!" 

Voltando para o Estúdio, ele veste sua calça e segue para baixo. Encontra Germano no escritório mexendo em seu notebook e pensando não interromper, ele passa de fininho para não ser percebido pelo marido.

Na manhã seguinte 

Augusto se levanta com o som do seu despertador e logo vai tomar um banho ao som de "Angel" da Halle.

Depois ele segue até a cozinha para espiar o que a cozinheira fez para o pequeno-almoço. 

Luciana: Eu já iria chamar o senhor, mas fico contente que esteja saboreando o café que inclusive foi preparado pela a dona Maria, uma cozinheira de mão cheia.

Augusto: Estou comprovando isso. Parabéns dona Maria!

Depois de interagir com Luciana e com Maria, Augusto sobe para o seu quarto para se arrumar, mas antes passa no quarto de Germano.

Não o encontrando, ele segue para o seu quarto, se arruma e vai trabalhar.

Na loja de roupas 

Augusto encontra o seu colega, Zayn. No depósito fumando maconha, ele então bate palmas como forma de chamar a atenção dele.

Zayn leva uma bronca de seu colega e o segue para uma manhã produtiva com muitas vendas e algumas caixinhas que surgem no decorrer do dia.

Na manhã seguinte, Augusto segue a mesma rotina de antes do casamento. 

Já quando aparece na cozinha, encontra Germano com um número grande de homens de ternos pretos. Parece que está trabalhando enquanto toma o seu café. Augusto acha bizarro, mas entende porque ele também é viciado em seu trabalho. 

Augusto: Bom dia, Germano.

Germano: Bom dia, Augusto.

Augusto pega um croissant e uma garrafa de água na geladeira e se vai.

Duas semanas de casados…

Ambos parecem dois estranhos.

Germano: Vai trabalhar essa manhã? 

Augusto: Vou sim, porque? 

Germano: Não, por nada. Tchau! 

Germano passa pelo corredor com a vontade de chamar Augusto para tomar café fora. Ele sente que não pode atrapalhar a rotina de seu esposo só para satisfazer uma de suas vontades.

E ele não costuma ficar confuso naquilo que quer, mas parado no meio da escada, ele não sabia se voltava e por fim chamava Augusto para esse café ou se segue com um dia cheia de trabalho em sua empresa.

De noite, o mesmo ocorre quando Augusto quis chamar Germano para sair.

Augusto para na porta do escritório. 

Augusto: Você já jantou? 

Germano, com a sua atenção no notebook, quase não encara seu esposo nos olhos.

Germano: Já sim.

Augusto: Hum! Tá bom.

Augusto segue para cozinha sem querer culpar Germano por jantar sem ele, afinal, quem chegou atrasado do trabalho foi ele e não o contrário. 

Depois de jantar, Augusto pega uma taça e encha com vinho. Anda até o jardim e se senta na beira da piscina. Colocar apenas os pés não era um problema, o ruim é enfiar o corpo todo naquele buraco cheio de água sem fim.

E sem falar que ele estava se sentindo meio solitário nessa casa onde ninguém fala com ele direito.

Germano deixa o seu trabalho para ir atrás de seu esposo na sala de jantar. Não o encontrando lá, ele segue para a cozinha e de lá, pode vê Augusto sentado na beira da piscina. Ele imediatamente sente que seu esposo está triste, pois ele parece triste.

Ele então se aproxima, tira os seus sapatos e suas meias para se sentar ao lado dele. A garrafa está quase vazia, mas Augusto oferece para Germano um gole do seu vinho.

Germano: Quer conversar? 

Germano tinha pensamentos ruins em relação a Augusto, mas tudo mudou nessas suas semanas de convivência. 

Augusto: Eu acho que não. Olha essas estrelas, são tão mágicas. 

Germano observa o céu. 

Germano: Acho que elas só são abençoadas e ainda nos abençoam deixando a noite mais iluminada e bela.

Aí que Augusto pode perceber que Germano não é tão ruim assim ou que sua reputação seja totalmente verdade.

Ele então encostou sua cabeça no ombro dele e ficou assim por alguns segundos.