Aqui estou eu, aproveitando o meu fim de noite de domingo, comendo fast food e terminando uma publicidade para apresentar amanhã, na esperança de que a bruxa não coloque mil defeitos. Trabalho há seis meses em uma das maiores empresas de publicidade de Nova York, a tão sonhada oferta de emprego de qualquer jovem que se forma em publicidade. Conseguir uma vaga ali não é nada fácil, mas com muito esforço e meu cérebro inteligente, consegui passar na entrevista de primeira. Contudo, eu não sabia que aquele lugar tão sonhado teria uma bruxa. Sim, isso mesmo que vocês ouviram: a Lauren é uma bruxa, a pessoa mais sem coração que já conheci em toda a minha vida.
Na empresa, existem vários setores. Nos primeiros três andares do edifício fica o setor C, o qual é o responsável pelas campanhas de marcas menores. Depois vêm os setores B e A, onde é feita a publicidade de grandes marcas. E adivinha em qual setor estou? No setor C, é claro. Lá, somos esquecidos e explorados pela Lauren. No último andar fica o escritório do chefe, e pasmem: ninguém do setor C o viu. E olha que tem funcionários lá com anos de empresa! Dizem que ele só vem duas vezes por ano, e que usa um elevador particular exclusivo. A única que tem contato direto com ele é a insuportável Lauren e seus assistentes. Nos últimos dias, a Lauren tem nos deixados loucos, pois amanhã o chefe vem à empresa, e a exploração de nós, pobres funcionários da classe C, está a todo vapor.
— Nossa, queria ter essa sua genética, comendo fast food a essa hora sem ter que me preocupar com os quilos que vou ganhar — fala Natália enquanto pega água na geladeira.
— Também não é assim. Faço caminhadas e corridas, então tudo que como agora será eliminado quando eu for correr.
Natália é uma amiga que divide apartamento comigo. Nós nos conhecemos na Universidade de Princeton, em Nova Jersey. Ela cursava publicidade, mas parou no segundo semestre para seguir a carreira de modelo. Quando terminei a faculdade, para preocupação dos meus pais, decidi me mudar para Nova York. A Natália, que já morava aqui, me chamou para dividir o apartamento. Nasci e cresci em Nova Jersey e nunca havia me separado dos meus pais. Após meses de negociação, consegui fazer com que eles entendessem que, para mim, era melhor morar em Nova York, e era meu sonho trabalhar na Publicity Thompson.
Luana.
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Estou atrasada o suficiente para que a Lauren me mate. Saio do táxi com o meu café, pois não deu tempo de tomar o café da manhã em casa. Meu celular não para de tocar, e no segundo em que desviei o olhar para minha bolsa, sinto que esbarrei e derramei todo o café em alguém. Meus olhos fixam-se naquele sapato de couro fino, sabendo que desta vez não esbarrei em qualquer funcionário. Engulo em seco quando aquela voz feroz e fria chega aos meus ouvidos.
— É uma tola, não olha para frente. Que desastrada! Sujou todo o meu terno — fala com rispidez, e isso me deixa enfurecida. Ergo a cabeça para olhar para a cara desse idiota mimado e o respondo à altura.
— Tola na mesma medida que você, porque se esbarrou em mim, é porque, com certeza, também não olhava para frente! — falo, encarando-o e tentando manter firme a minha postura, o que é quase impossível. A muralha de homem à minha frente, além de muito lindo, tem um olhar de matar. Talvez, se eu fosse sádica, diria até que fiquei excitada com a forma fria e dominante como ele me olhava.
— Como se atreve a falar comigo dessa maneira? — ele esbraveja, completamente irritado.
— Vossa alteza, pelo visto, nunca ninguém o tratou assim, né? — pergunto sarcástica e ele fecha, a cara — para tudo tem uma primeira vez, e se eu não estivesse atrasada e com uma chefe que é uma bruxa, com certeza teria uma extensa lista de palavrões para lhe xingar — concluo.
Ele arregala os olhos, incrédulo. Jogo os meus cabelos para trás e saio me sentindo triunfante, mas logo sou impedida de dar mais um passo, pois segurou firme o meu braço.
— Você me deve um pedido de desculpas — ele fala bem próximo ao meu ouvido, e meus hormônios femininos pulsam ao sentir seu hálito tão próximo. Mas logo me recomponho e puxo o meu braço de forma ríspida.
— Até parece — Falo e saio o mais rápido possível de perto dele, seguindo em direção ao prédio.
— Tem certeza de que não vai se desculpar? — ele pergunta com a voz um pouco mais alta.
— Claro, desculpe-me, vossa alteza — debocho, fazendo sinal de reverência e, em seguida, dou-lhe o dedo, ele me olha como se fosse me matar.
Por um minuto, me arrependo, pois não foi essa educação que meu pai me deu. Se ele me visse fazendo isso, com toda certeza me daria uns bons safanões. Diante daquele olhar maligno, saio às pressas para dentro do edifício.
— Bom dia! Luz dos meus olhos — fala o Luís assim que me vê chegar.
— Bom dia! — respondo sem ânimo.
— O que houve? Está doente? — ele pergunta.
— Doente de raiva — falo enquanto ligo o computador.
— Nossa, e o que aconteceu para te deixar assim?
— Derramei café em um babaca rico que me tratou grosseiramente.
— Tão linda e tão desastrada! Fico a pensar como consegui chegar viva todos os dias a essa empresa… — Luís me provoca.
— Não teste a minha paciência, Luís, é melhor você ir para sua mesa!
— Luana, a Lauren pediu que você fosse até a sala dela — fala a Bruna, supervisora do nosso setor.
O Luís olha-me com espanto, pois, como todos sabem, nunca vamos ao setor de classe A, exceto se for para demissão.
— Sabe me dizer o que ela quer? — pergunto intrigada.
— Não, mas acredito que não seja uma demissão — ela responde.
A porta do elevador se abre, e nossa! Fico parecendo uma idiota de boca aberta, admirando toda a classe e beleza desse setor. Aproximo-me da recepção e uma linda loira me recebe.
— Bom dia!
— Bom dia! Você deve ser a Luana.
— Sim!
— Lauren está à sua espera. Venha, eu te acompanho até a sala dela —;Ela fala e começa a me guiar. Para diante da sala e bate na porta.
— Entre!
Entro e lá está ela, sentada em sua cadeira com toda a elegância. Nem parece ser tão amarga.
— Bom dia, senhora Lauren — falo e ela me olha com um olhar de desdém.
— Senta — ela ordena de forma seca.
— Luana, apesar de pouco tempo aqui, a supervisora do seu setor relatou no relatório do mês que você é uma excelente funcionária e mostrou algumas publicidades que você fez — ela começa a falar, enquanto analisa uns papéis e depois voltou sua até para mim. — Realmente, você é ótima no que faz, tem talento. Apesar de achar que está muito cedo para te dar um cargo aqui no setor maior, o nosso CEO, Giovanni Trajano, mandou que você fosse transferida. Espero que você não decepcione. A partir de amanhã, você começa a trabalhar aqui no setor maior. Um erro seu e será demitida. Esteja aqui pela manhã cedo. Vamos ter uma reunião com Giovanni Trajano. Fomos contratados para fazer uma campanha de uma grande marca, e ele ficará aqui por um mês e depois voltará para a Alemanha. Temos um mês para elaborar uma campanha — concluí.
— Obrigada! Darei o meu melhor — falo, oferecendo um sorriso gentil, e ela me retribui com um olhar frio.
Bruxa!
Após conversar com Lauren, volto para minha mesa e logo meus colegas vêm até mim.
— Conte tudo, não esconda nada — fala a Fernanda.
— O que ela queria? — pergunta Luís.
— Aí, vocês são dois curiosos!
— Não seja má, conta para a gente — insistiu Luís.
— Aí, tá bom.
Após contar-lhes tudo, eles me olham sem acreditar.
— E como é lá em cima? — Fernanda pergunta.
— É lindo, design moderno, com escritórios que parecem aqueles filmes de executivos.
— Quando estiver lá, não se esqueça de nós — Fernanda diz, abraçando Luís, os dois fazendo cara de pobres coitados.
Reviro os olhos.
— Nem se eu quiser, consigo esquecer vocês. São chatos, mas eu amo — Falo, juntando-me a eles em um abraço coletivo.
— Vamos almoçar juntos? — sugeriu Fernanda.
— Sinto muito, mas hoje vou almoçar com o Ricardo. Amanhã almoçamos juntos — respondo.
— Aí, não sei como uma mulher linda como você perde tempo com esse cara. Ele vive a dar bolo em você e prefere os amigos ao invés de estar com você — Luís diz e, no fundo, sei que ele tem razão. Namoro o Ricardo há quase um ano. No início, ele era super atencioso, mas depois começou a estar mais com os amigos e me deixou de lado.
Luís
Esse mês, só o vi três vezes. Ele viajou a trabalho e, quando voltou, a primeira coisa que fez foi convidar os amigos para assistir ao jogo. Fiquei de garçonete, servindo cerveja e preparando comida para dez marmanjos. Chego ao restaurante e peço um suco enquanto espero ele chegar. Após quase meia hora de um almoço perdido, ele aparece.
— Perdão, amor, estava esperando a Carol — ele diz, e a cara de ratazana da Carol abre um sorriso falso ao me ver.
— Não tem problema! — falo, mas a vontade que tenho é de estrangular aqueles dois folgados.
O almoço foi exatamente como imaginei: era como se eu não existisse ali. A nojenta da Carol ria feito uma hiena das piadas sem graça do Ricardo, parecia que eles eram o casal e eu, uma intrusa. Chegou um momento em que parecia que eles estavam a sós. Não suportando mais aquela situação, peguei minha bolsa e fui ao banheiro. Olhando-me no espelho, falei para mim mesma que não ficaria mais um segundo na mesa com aqueles dois. É melhor dar um basta nessa porcaria de namoro. Saio do banheiro decidida, vou até a mesa, pego o copo de suco e despejo sobre a cabeça do Ricardo. Ele me olha sem entender meu comportamento.
— Está ficando louca? — ele perguntou incrédulo.
— Não, eu estava louca quando aceitei por meses as suas migalhas. E quer saber? Você é um péssimo namorado. Quero que você e todos os seus amigos, incluindo essa rata que ri feito uma hiena das suas piadas de merda, vá para o inferno. Vão se ferrar todos vocês!
— Escuta aqui, você não me chama de rata!
— Com certeza, ratazana combina mais com você. O almoço é por sua conta — esbravejei e dei as costas para os idiotas.
Saio do restaurante me sentindo livre. O Ricardo era um fardo que carregava. Mas agora me sinto leve. Foram meses aguentando tudo isso!
Com essa sensação de liberdade, decido ir caminhando até a empresa, são apenas duas quadras até lá, enquanto caminho vou observando o agitado centro de Nova York, tudo estava perfeito até o meu salto quebra.
\_Que merda! Era só o que me faltava! Que dia de merda!
Após xingar feito uma louca tiro os sapatos e volto descalço para empresa, e quando eu pensei que o dia não podia ficar pior, ao chegar próximo da empresa, observo o ogro de mais cedo, aproveito que ele ainda não me viu, decido me escondo entre os carros, olho-me no retrovisor e percebo o desastre que estou, pareço uma moradora de rua, os pés preto, cabelo uma bagunça, e agora estou aqui escondida atrás de um carro, esperando aquele grosseirão sair para eu poder entrar no edifício.
Levanto um pouco a cabeça para observar, e ele começa vir na direção dos carros me abaixo depressa, fecho os olhos e começo a pedir ao Santos, ao universo que não me deixa passar por essa humilhação, ainda de olhos fechados sinto a presença de alguém próximo a mim, nego-me a abrir os olhos, pois o perfume que sinto é o mesmo de hoje mais cedo, um toque suave amadeirado, ouço pigarrear.
\_ Desastrada! Você pode abrir os olhos?
\_ Não! Isso só pode ser um pesadelo, eu vou acordar.
Não é um pesadelo, além de desastrada, é doida. Ouvir ele dizer essas palavras me fez abrir os olhos e, sem pensar duas vezes, eu me levantei, olhei bem nos olhos dele.
\_ Vai à merda! \_Falo e, quando faço menção de sair, ele me detém, me pressionando contra o carro, olha para mim de cima abaixo
Você trabalha na Thompson? Ele pergunta, e sem pensar duas vezes, minto.
\_ Não, não trabalho.
\_ Mais te vi entrar no edifício hoje.
Sim, entrei, tenho dois amigos que trabalham lá e quer saber de uma? Eu não lhe devo satisfação da minha vida, não te conheço. Falo o empurrando e dando fora dali, entro numa loja próxima ao edifício e fico a dar um tempo para ele sair, e poder voltar para o trabalho, após alguns segundos olhando para loja onde estou, ele entra no seu carro e dá partida, só então saio, volto para empresa, vou até o banheiro dou um jeito nos meus cabelos e lavo os meus pés, volto para minha mesa e começo a trabalhar.
Nossa! Saiu para almoçar contente e voltou com essa cara! Fala o Luís debruçado sobre a minha mesa.
\_ Se eu te contar tudo que aconteceu nesse meu horário de almoço, você nem acredita...
\_ Então me conta.
\_ Para começar, eu fiquei feito uma idiota esperando o babaca do Ricardo, e quando aquele infeliz apareceu, ele veio acompanhado de uma tal Carol, e passou todo almoço rindo e contando piadas como se eu não existisse ali, e foi gota d'água para mim, entornei o meu copo de suco na cabeça dele.
Isso aí, garota! Ele fala empolgado.
Após contar tudo para o Luís e darmos boas gargalhadas, percebo que não foi tão ruim o meu dia, pensando pelo lado positivo da história, esse foi o meu melhor dia, fui promovida e livrei-me de um namorado idiota, sinto-me até melhor agora.
\_ E pensando pelo lado positivo, até esse homem que você se esbarrou não foi tão ruim, como disse que ele é lindo, imagina se você se esbarra num homem mal-educado e feio? Seria pior né.
\_hahahaha! Você não existe Luís. E não foi tão ruim assim né, mais eu não quero nunca mais ter que ver a cara daquele homem, ele se acha, só porque é rico e lindo, isso não lhe dá o direito de maltratar ninguém.
\_ Sim, ainda mais uma mulher linda como você, se eu gostasse da fruta, com certeza você seria a mulher dos meus sonhos…
\_ Ah! Amigo, eu namoraria você, o Roberto tem sorte de ter você.
Fim de expediente foi tranquilo, e no final do dia voltei para casa descalço, chego no apartamento e encontro a Natália assistindo, ela me olha da cabeça aos pés.
\_ Amiga, cadê os seus sapatos?
É uma longa história, depois que tomar um banho eu te conto tudo. Falo soltando um longo suspiro.
Após um merecido banho, me junto a Natália na sala, e enquanto comemos um delicioso Yakisoba, conto todas as loucuras do meu dia, ela como sempre se acaba de rir das minhas histórias.
\_ Amiga que dia hein! Fico feliz que deu um pé na bunda daquele idiota, você merece ser amada e ser sempre a primeira opção.
\_ Sim! Sabe, não sei por que fiquei nessa história com Ricardo, eu não sei como aguentei um relacionamento assim.
Mais o importante é que percebeu a tempo, e agora vida que segue, quem sabe você não encontra o amor da sua vida, o homem que vai fazer você suspirar, te deixar louca a ponto de se entregar completamente. ela fala fazendo uma cena romântica com a almofada.
\_ Para com isso! Eu quero ficar um tempo sozinha, focar no meu trabalho, cuidar de mim, sabe.
\_ Vamos sair no final de semana, vamos comemorar o pé na bunda que você deu naquele babaca.
Combinado, isso precisa de uma boa comemoração. Bem, agora eu preciso dormir, amanhã preciso acordar bem cedo, porque agora eu sou classe A. Fala fazendo uma dancinha.
\_ Boa noite, classe A!
\_ Boa noite!
Deito na minha cama e tento dormir, mas não consigo, por mais que eu lute sempre que fecho os olhos, lembro daquele grosseirão. Como pode ser tão estúpido? Você deve-me desculpas! Até parece que eu ia pedir desculpas depois de ele ter sido tão idiota comigo, já chega! Sai da minha cabeça! Você precisa dormir, Luana! — falo para mim mesma.
Acordo as quatro da manhã coloco a minha roupa de treino e faço uma corrida, volto para o meu apartamento após uma hora de corrida, tomo um banho e depois revirar o meu guarda-roupa escolho uma calça pantalona bege e uma blusa de seda branca, calço os meus scarpins branco, faço uma maquiagem leve, e deixo os meus cabelos soltos, tomo o meu café tranquilamente.
Entro no elevador e sinto um frio na barriga, pensar que trabalho agora no setor maior e já vou ter uma reunião com CEO da empresa, o misterioso que ninguém do setor classe C já viu, no mínimo ele deve ser um velho barrigudo que adora beber uísque e fumar charuto, tomara que ele não seja malvado como a Lauren, eu não iria aguentar uma semana, e se ele for um velho bonzinho? Tomara que seja um velho bonzinho.
Bom dia! Falo assim que chego na recepção para uma loira bonita, ela é tão bonita que parece até uma boneca.
\_Bom dia, Luana!
Qual o seu nome? Pergunto.
\_ Bárbara.
\_Lindo nome, prazer conhecê-la.
\_O prazer é meu, vem que vou te levar até a sua sala.
\_ Sério? Eu vou ter uma sala?
\_Sim, por que não teria? Aqui cada um tem a sua sala.
\_ Uau! Nem acredito.
Seguimos e ela me leva até a minha sala, fico impressionado e sem acreditar que aquele lugar ali é só meu. Que barato! Estou me sentindo agora, o Luís e Fernanda nem vão acreditar quando eu contar.
\_Os seus pertencem, Edgar vai trazer, seja bem-vinda Luana!
\_Obrigada, Bárbara!
Me sento na cadeira e fico me achando, a cadeira giratória na cor branca, uma mesa de vidro, as paredes no tom amarelo pastel, tem uns quadros com desenhos abstratos bem coloridos, a decoração é bem a minha cara, alegre, ligo o meu computador e logo o telefone na minha mesa começa tocar, caraca eu tenho telefone aqui também, que legal.
\_Bom dia!
Luana, venha na minha sala! Fala a Lauren.
\_Sim, já estou in... Nem termino a frase e ela desliga na minha cara, faço uma careta para o telefone e vou até a sala dela.
Bato na porta.
Entra! Ela manda de forma seca.
Bom dia! Lauren. Falo e ela apenas me olha e faz sinal para eu sentar.
Organizar esses papéis nessa pasta. Ela fala e começo rapidamente a colocar todos os papéis na pasta, como ela pediu.
\_Pronto!
\_Agora vamos que o senhor Giovanni nos espera.
Seguimos para o elevador, é a primeira vez que passo um tempo maior perto da Lauren, ela é muito elegante e bonita, pena ser tão amarga e trata a todos como se fosse inferior a ela, estou com as minhas mãos suando de tão nervosa, o silêncio que se instala no elevador só piora o meu nervosismo, consigo ouvir até as batidas aceleradas do meu coração, penso por um minuto e tento puxar assunto.
Muito bonito os seus scarpins. Elogio os sapatos dela, mas a única resposta que recebo é um olhar frio que já deu a entender que a única conversa que teremos é sobre trabalho, então me calo.
Para meu nervosismo maior, a porta do elevador se abriu, não sei se o pior é estar sozinha no elevador com a Lauren ou ter uma reunião com o CEO da empresa. Chegamos à recepção, onde uma moça simpática nos recebe.
\_Bom dia! Senhora Lauren, o senhor Giovanni está à sua espera, pode me acompanhar.
Bom dia! Rebeca, como está o humor do nosso chefe hoje? A Lauren pergunta, muito simpática, de uma forma que nunca vi antes.
\_Digamos que ele está neutro, vamos ver até o fim da tarde.
Depois que a Lauren me apresenta para recepcionista, ela liga na sala do Giovanni Trajano avisando que já chegamos.
\_ Ele já as espera, só dá um toque na porta e entra.
Assim que chegamos à porta, Lauren dá uma batida e abri a porta. A cadeira virada de costas ainda não revela a figura sentada ali, mais como eu imaginava, a uma fumaça de charuto, o que provavelmente eu acertei, é um velho barrigudo que fuma charuto.
Senhor Giovanni Trajano! A Lauren o cumprimenta e ele virá à cadeira. Eu estava errada, eu estou muito ferrada.
\_Puta merda!
Giovanni...
Para tudo se tem uma primeira vez, e pela primeira vez eu não sei como agir, eu não esperava que alguém tão pequeno tivesse tanta ousadia como aquela moça, agora estou aqui curioso querendo saber quem é ela, onde mora, quero saber tudo dela, confesso que fiquei muito irritado quando ela derramou todo aquele café no meu terno, e agir de uma maneira que não costumo agir, mais quando ela me enfrentou com aqueles lindos olhos a minha raiva passou de imediato.
A provoquei de propósito só para ter mais um tempo com ela, que maluquinha, o final então foi o que eu realmente não esperava, ela me dá dedo.
Essa sensação para mim é estranha, faz quatro anos que me fechei completamente.
_Está tão distraído hoje, o que passa nessa sua cabeça?_ Pergunta a Louise.
_Nada de mais, apenas algumas coisas da empresa._ Minto.
_Vem que vou tirar toda a sua preocupação._ Ela fala e começa a me beijar.
_ Acho que é melhor você ir.
_Mais por quê? Sempre que vem Nova York, nos divertimos tanto.
_ Eu tive um dia cheio hoje, estou cansado, o Frédéric vai levá-la ao seu apartamento._ Falo me levantando e ela segura na minha mão.
_ Eu não quero ir, quero ficar aqui com você!
_Não tem essa opção, eu já decidi que você vai embora, amanhã eu vou até o seu apartamento e saímos para jantar._ Falo já sem paciência.
_ Eu estou cansada de sempre ter que ficar te esperando, faz dois anos que estamos assim, você não quer assumir um compromisso, sinto-me usada._ Ela fala com a voz embargada.
_ Louise, desde o começo eu deixei claro para você que não consigo me relacionar com ninguém além do sexo, é a única coisa que posso te oferecer, é isso. Você aceitou assim, mas se estou te magoando, é melhor acabarmos por aqui.
_ Eu não quero que acabe, quero mais, me apaixonei por você, e ficar aqui esperando as poucas vezes que vem a Nova York é angustiante.
_ Sinto muito, mas não consigo amar outra mulher, o meu coração sempre vai pertencer à Catarina.
_ Catarina morreu, e você está aqui vivo._ Ouvi-la falar assim é como um soco no estômago.
_Já chega! O Frédéric vai levá-la, isso que temos acabou aqui._ Falo irritado.
_Você vai se arrepender, já que não pode dar amor a ninguém porque ama uma defunta, é melhor que morra também!_ Ela fala entre lágrimas, pego o meu celular e ligo para o Frédéric.
_ Frédéric, leva a senhorita Louise para casa.
_ Não quero te ver nunca mais!
_Vai ser melhor para você!_ Falo.
Assim que o Frédéric leva a Louise, subo para o meu quarto, vou até o cofre e pego a caixa com as lembranças da Catarina, olhando a sua foto com o seu sorriso radiante, me desabo em lágrimas, já se passaram quatro anos do acidente e a dor da sua perda dói como no primeiro dia.
_ Você não cumpriu com a sua palavra, deixou-me aqui, sem saber viver sem você, me tornei um homem frio, devia ter morrido com você.
Vou até o home-bar, pego a garrafa de uísque e ali, sentado no chão da sala, faço o meu ritual de todos os dias, bebo até adormecer.
_Senhor Giovanni?_ Ouço longe a voz da Rute.
_ Senhor?
_ Bom dia, Rute!_ Falo colocando as mãos sobre a cabeça que dói.
_ Vou preparar um café bem forte, vai se sentir melhor.
_ Obrigado Rute!
_ É um prazer poder cuidar do senhor!_ ela fala segurando na minha mão, e depois se retira.
Após o banho me sinto renovado, tomo o café que a Rute preparou, pego a minha pasta e sigo para empresa.
_ Bom dia, Senhor!
_ Bom dia, Frédéric!
_ Vamos direto para a empresa hoje.
_ Sim, senhor.
Durante o trajeto, a imagem daqueles lindos olhos vem na minha mente. O que está acontecendo comigo? Talvez seja porque ela foi diferente? Atrevida? Estou apenas curioso? É isso, é só curiosidade !
_ Senhor, já chegamos! _Ah, sim, obrigado, Frédéric! Pego o elevador que me leva direto ao meu escritório, ligo o computador e começo a trabalhar enquanto espero a Lauren e a novata, fiquei impressionado com os trabalhos de publicidade dessa novata, ela realmente me impressionou, e é de alguém assim que preciso para estar a frente dessa nova campanha.
Acendo um charuto, nunca fui de fumar, mais nesses últimos meses é algo que tem ajudado quando estou muito estressado, alguns minutos depois a minha assistente me liga avisando que a Lauren já chegou, enquanto fumo me perco olhando a foto nas minhas mãos, ouço a batida na porta e me viro de costas para secar as lágrimas que teimosas decidi sair.
_Senhor Giovanni Trajano!_ Fala, Lauren, respiro fundo, controlado as minhas emoções e me viro.
Surpreso e sem acreditar que estou vendo a figura na minha frente, está mais linda do que ontem, desastrada, mentirosa, o que esperar dessa mulher? Uso o meu olhar mais frio e fingindo não a conhecer, as cumprimento.
_Bom dia!_ Falo de forma fria, o seu olhar demonstra total desespero, e se eu fosse ela também estaria.
_Bom dia! Giovanni._ Fala a Lauren, caminhando até a minha mesa, jogando os seus quadris.
_ E você é muda? _ Pergunto, me divertindo vendo todo aquele atrevimento sumir.
_ É... perdão senhor, eu sentir um leve mal está, bom dia!_ Ela fala a tentar manter firmeza na voz.
_ Essa é a Luana Rodrigues._ A Lauren fala a apresentando. Me levanto e vou até elas.
_Luana Rodrigues! Há quanto tempo trabalha aqui?_ Pergunto e vejo ela engolir seco antes de responder.
_ Seis meses.
_Pouco tempo, mas devido à sua competência e um trabalho excelente, o seu trabalho será melhor aproveitado aqui no setor maior._ Falo de forma profissional, deixando de lado o incidente de ontem.
_Está com o contrato que te pedir?_ Pergunto a Lauren que me entrega a pasta com o contrato.
_Leia o contrato, se tiver de acordo assine._ Falo entregando o contrato a Luana, ela pega e olha para mim e mostra um leve sorriso.
_Senta por favor, e leia com atenção._ Ordeno e ela senta, a Lauren me olha de forma curiosa.
_Lauren pode volta para sua sala, se precisar eu mando chamá-la._ Falo e a Luana olha para mim assustada, finjo não percebe e continuo a olhar para Lauren.
_Mas nós não vamos ver os detalhes da nova publicidade?_ Lauren pergunta.
_Não mais, amanhã veremos isso, agora, por favor, me deixa a sós com a senhorita Luana.
_Sim! Como queira._ Ela fala e se retira.
Assim que a Lauren sai, volto para minha cadeira e fico a observar cada detalhe daquela linda mulher à minha frente, os seus longos cabelos pretos em ondas, sua pele clara, seus lábios carnudos que devem ter o beijo quente, os seus longos cílios que dão um charme único ao seu olhar marcante.
Ela continua com os olhos fixos no contrato, após alguns segundos ela olha para mim, agora de forma segura.
_Já terminei._ Ela fala de forma segura.
Então tiro a minha caneta do bolso e entrego nas suas mãos, os meus dedos tocam a sua pele macia, de imediato sinto o meu corpo reagir.
Porra! O que está acontecendo comigo? Ela assina o contrato e em seguida me entrega, evitando olhar para mim, não querendo que ela vá embora. Falo sobre ontem.
_Olha para mim!_ Falo e ela me olha.
_Você me deve desculpas!
_Sinto muito pelo ocorrido, espero que aceite as minhas desculpas por esbarrar no senhor e sujar o seu terno._ Ela fala se desculpando apenas pelo fato de ter derramado o café em mim.
_ E?_ Falo, esperando ela se desculpar pelos insultos.
_E o resto foi uma reação à sua ação._ Ela fala.
_Então, você tem o costume de sair por aí derramando café nas pessoas e mostrando o dedo para elas?
_Eu não tenho esse costume!_ Ela fala e percebo as suas bochechas corar.
_Então, não vai se desculpar por mostrar o dedo ao seu chefe?
_Você não vai se desculpar por tratar mal uma dama, que sem querer esbarrou em você?
_Acho que uma dama não sai por aí, mandando as pessoas ir à merda e muito menos dando o dedo.
_Não, senhor! Mas o justo seria você se desculpar também, já que você me destratou primeiro, mas para acabar com essa questão e vivermos em paz um com o outro, espero que me perdoe pelas minhas más ações._ Ela fala, com queixo erguido.
_Justo seria eu te demitir por tratar de forma desrespeitosa o seu chefe._ Falo a provocando.
Vejo os seus olhos fumegarem de raiva, e aposto que nesse momento ela deve estar xingando até a minha última geração.
_Vejo que essa conversa não vai nos levar a lugar nenhum, eu já me desculpei, e espero de coração que possa esquecer o ocorrido._ Ela fala e se levanta.
_Eu não terminei, então a senhorita pode se sentar!_ Falo de forma fria.
_Desculpe!_ Ela fala e senta novamente.
_Agora pode se retirar!_ Falo e ela me lança um olhar de raiva e sai sem dar uma palavra, a visão do seu lindo corpo.
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