Luana
Quem diria que eu estaria aqui, no planeta draconiano. Enquanto estou no topo dessa colina, e miro minha flecha reluzente nesse dragão, vários pensamentos vêm até minha mente, nebulizando o que já está claro, mas logo espanto esses pensamentos, me concentrando em minha missão.
Relaxo meus ombros e, dobrando uma das minhas pernas, apoio meu joelho no chão. O dragão me vê e então percebo a fúria em seus olhos. Ele solta uma labareda de fogo que consome tudo a minha volta.
Olho fixamente para ele, enquanto susurro para mim mesma:
— Isso, chega mais perto, espera, espera, agora.
E então, em um movimento rápido, quando ele está quase sobre mim, vejo seu coração pulsante e, sem pensar duas vezes, solto minha flecha, transparente e reluzente, que penetra diretamente em seu coração.
Como uma sinfonia, aquele imenso dragão cai. Me levanto e, correndo, vou em sua direção. Vejo a centelha flamejante dançando em volta do seu coração. E então, aquela centelha flamejante penetra de vez no coração do dragão, e ele solta um enorme grunhido.
Vejo minha nave se aproximando, assim como outros dragões. Olho fixamente nos olhos daquele dragão e percebo a coloração dos seus olhos voltarem ao normal. Antes, estavam totalmente pretos, como se estivessem sem vida; agora, sua coloração normal, dourada, está novamente presente.
O dragão se levanta e olha fixamente para mim, e então ele faz uma reverência me agradecendo. Logo outro dragão, ainda maior, desce ao nosso lado. Ele olha para o dragão já liberto, e os dois encostam suas cabeças uma na outra, num gesto claro de afeto.
Minha nave pousa ao meu lado, e vejo minha supervisora Doriana descer da mesma. As duas antenas que existem em sua cabeça começam a mudar de cor.
E então vejo que o dragão maior a olha fixamente. Ela confirma com a cabeça e olha para mim, dizendo:
— Luana, o senhor Draco, rei dos dragões, agradece por salvar seu filho, Draconi.
Assinto para ela, viro para o rei dragão e faço uma reverência ao mesmo. Ele e seu filho me olham e também me fazem uma reverência, demonstrando agradecimento e respeito por eu ter salvado o jovem príncipe dragão.
Logo depois de nos despedirmos, entro na nave acompanhada da senhora Doriana. Tiro meu arco das costas e o coloco no assento ao meu lado, enquanto me viro para Doriana e digo:
— Os draconianos deveriam aceitar aprender a língua universal, seria bem mais fácil, não é?
Ela tira seus olhos da tela holográfica à sua frente, enquanto me olha e diz:
— Sim, seria, mas devemos respeitar os costumes de cada planeta e espécie. Se eles quiseram se manter firmes em sua dinastia, devemos aceitar e respeitar.
Olho para ela, sorrindo enquanto pego minha mochila e tiro uma barra de cereal e começo a comer. Então digo a ela:
— Sim, sei como funciona, Doriana. Relaxa.
Ela assente e se vira para o painel holográfico novamente, enquanto velejamos pelo espaço e pela Via Láctea. Me perco nos meus pensamentos novamente.
Me recordo quando a Ordem Celestial me recrutou há 14 anos atrás. Nossa, parece que foi ontem. Eu tinha 17 anos na época, quando eles se apresentaram a mim. Hoje, aos meus 31 anos, ainda às vezes parece que tudo não passa de um sonho.
Quem diria que eu, uma humana até então que eu achava ser comum, descobri ser de uma linhagem antiga de seres celestiais que são dominantes do amor.
A surpresa, mesmo na época, foi saber que eles estavam me recrutando para ser uma das guardiãs e realizar missões em prol do meu dom, concedido pela minha linhagem.
Devo confessar que descobrir ser descendente de uma linhagem que reside no amor foi um pouco difícil de aceitar.
A Ordem Celestial tem vários departamentos, e eu sou do departamento dos Guardiões Lunares. Como se é de se esperar, esse departamento se inspirou na própria lua para levar estabilidade e harmonia às criaturas dos planetas. Assim como a lua, nosso departamento estará sempre lá para eles, para todos que precisam de nós.
E foi assim que me tornei uma Arqueira Lunar, onde ajudo a libertar criaturas que estão perdidas nas trevas.
Olho para meu braço, na altura dos meus ombros, e vejo meu corte. Sempre que estou em uma missão, eu faço um corte no meu próprio braço, pois é graças ao meu sangue que passo na ponta das flechas, que levo a centelha divina do amor dos meus ancestrais a essas criaturas. E todas as criaturas que estão abertas a receber a energia positiva e curativa do amor são transformadas e libertas.
Por outro lado, para aqueles que não estão preparados ou que resistem ao amor, pode se tornar uma força intensa e avassaladora, como fogo que purifica e revela verdades ocultas, queimando-os profundamente.
Luana
Logo, Doriana pousa no planeta taurino. Ela então me diz:
— Viemos buscar o guardião da esperança, Ezequiel; ele está finalizando uma missão.
Assinto para ela, logo Ezequiel entra na nave com seu cajado. Ezequiel, assim como eu, é do departamento dos Guardiões Lunares. Ele é um ser humanoide de aparência esverdeada, sua pele brilha suavemente como a folhagem de uma floresta vibrante.
Seus olhos emanam uma serenidade e compaixão que envolvem a todos com uma sensação de calma e confiança.
Seu cajado é uma maravilha a ser contemplada. Feito de um cristal resplandecente, ele emana uma luz esverdeada, carregada com a essência da esperança.
À medida que Ezequiel o ergue, o cajado brilha intensamente, enviando uma aura de positividade e coragem a todos ao seu redor. É como se a chama da esperança ardesse dentro dele, mandando embora a desesperança e iluminando os caminhos mais sombrios.
Ezequiel, sem dúvida, é um ser nobre e sábio além de seus anos. Sua missão é levar esperança a todas as criaturas dos planetas. Ele se conecta com cada ser, compreendendo suas dores e anseios, e então, com o toque gentil de seu cajado, ele desperta a chama da esperança em seus corações.
O carisma de Ezequiel é contagioso, e ele se tornou um amigo precioso nessa nossa jornada pela galáxia. Seu olhar sereno transmite uma confiança inabalável, e sua presença é reconfortante para todos nós, guardiões lunares.
À medida que a nave decola, Ezequiel compartilha histórias de suas missões passadas. Cada relato é um testemunho do poder do amor e da esperança em transformar vidas e iluminar os recantos mais obscuros do universo.
Em nosso trabalho conjunto, complementamos uns aos outros, cada um com suas habilidades únicas. Ezequiel é a luz da esperança que dissipa as sombras, enquanto eu, com meu arco, espalho o amor por onde passamos.
E assim prosseguimos em nossa missão, o cajado de Ezequiel emana sua luz esverdeada, banhando-nos com a essência da esperança. Juntos, somos uma força poderosa, levando alento e transformação a todos os seres que encontramos em nossa jornada celestial.
Enquanto a nave avança pelo espaço, sinto-me grata por ter Doriana como nossa supervisora. Sua presença serena e carismática é reconfortante, e suas antenas sempre alertas captam informações que ultrapassam as fronteiras do tempo e do espaço.
Os Lumarianos, uma espécie enigmática e sábia, têm sido aliados das diversas espécies do universo ao longo dos séculos, compartilhando sua sabedoria e promovendo a harmonia entre os povos.
Doriana é uma das líderes dos Lumarianos, e seu conhecimento abrangente do universo a torna uma guia valiosa para nós, os Guardiões Lunares.
Com os olhos meio sonolentos, continuamos nossa jornada em busca do próximo guardião quando sou desperta por um sopro suave no meu rosto. Ao abrir os olhos, deparo-me com Arcandros ao meu lado, trajando uma inusitada roupa de astronauta.
— Que merda é essa, Arcandros? — indago, sem conseguir conter a surpresa em minha voz.
Ezequiel e Doriana trocam olhares curiosos.
— Desculpe, pessoal. É só meu mentor exibindo sua criatividade novamente. — explico, com um sorriso.
Ezequiel com sua voz suave intervém:
— Acho que, dentre todos os mentores, o seu é o que mais tem senso de humor, Luana.
Concordo com um suspiro, lembrando que cada um de nós, os guardiões, possui seu mentor espiritual, entidades especiais que nos acompanham e orientam. Mas apenas os guardiões podem vê-los.
Volto meu olhar para Arcandros, cujo sorriso encantador destoa de sua aparência angelical. Seus longos cabelos brancos e seus olhos com uma cor mística são únicos, assim como sua personalidade.
— Tudo bem, tudo bem, você venceu, Arcandros. Mas lembre-se de que é meu mentor, não um palhaço de circo. — provoco, sem esconder o afeto em minhas palavras.
Arcandros ri, uma risada suave e contagiante, transmitindo a segurança e o apoio que sempre me proporciona.
Ele então comenta, transmitindo sua sabedoria com delicadeza.
— Você sabe, Luana, que o equilíbrio entre seriedade e humor é essencial. Afinal, enfrentamos desafios incríveis, e uma boa dose de bom humor torna tudo mais leve.
Arcandros é mais do que um mentor para mim; é um amigo e guia espiritual. Seu apoio emocional e espiritual me impulsiona em cada missão. Seu conhecimento transcendente é uma bênção, e sua presença é uma luz que ilumina o caminho.
Doriana nos informa que estamos prestes a pousar no planeta Centuriano para pegar o guardião da alegria, Felicitus, de mais uma de suas missões também.
Logo, Felicitus entra na nave com seu característico sorriso gentil. Sua presença irradia alegria e serenidade, e eu pude vislumbrar sua flauta arco-íris. Cada nota que ele toca emite melodias suaves e contagiantes, capazes de elevar o espírito de todos que as ouvem.
Felicitus possuí um corpo esguio, com uma pele translúcida que permite que a luz brilhe através dele, como se ele próprio fosse feito de pura energia. Seus cabelos cintilantes parecem dançar em harmonia com seus passos. Seus olhos, de um azul profundo, refletem a sabedoria e a paz que ele carrega consigo.
— Olá, queridos amigos! — exclamou Felicitus com entusiasmo, sua voz serena e reconfortante.
Todos sorrimos em resposta ao seu cumprimento, contagiados pela sua energia positiva. A presença de Felicitus é como um bálsamo para nossas almas.
Como os dois últimos guardiões, Seraphin o guardião da compaixão e Aurelius o guardião da fé, já se encontravam na Base Estelar, nos dirigimos até lá para nos reunirmos com eles.
Ao chegarmos, pude ver Seraphin sorrindo gentilmente enquanto recebia a todos com sua empatia característica. Seu corpo, que se assemelha ao dos humanos com toques únicos, como suas orelhas pontudas e asas translúcidas, reflete uma aura de tranquilidade. Sua espada de luz, ao ser empunhada, emite uma suave onda de compaixão que acalma os corações e preenche os espíritos com serenidade.
Ao lado de Seraphin, estava Aurelius, cuja majestosa presença inspira respeito e reverência. Seu porte imponente, pele com traços dourados e cabelos brilhantes de um tom amarelado, conferem-lhe uma aparência divina.
Seu cetro de luz, adornado com símbolos sagrados, emana uma áurea dourada que amplifica a manifestação da fé e da crença nos seres ao seu redor. Como guardião da fé, Aurelius, guia aqueles que enfrentam desafios e incertezas em suas jornadas.
À medida que nos reunimos na Base Estelar, sentimos a conexão profunda que nos une, e o propósito maior que compartilhamos como Guardiões Lunares. Juntos, levaremos a esperança, o amor, a alegria, a compaixão e a fé aos confins do cosmos, espalhando a luz da harmonia e da paz onde quer que estejamos.
Nossa irmandade celestial, está fortalecida pela diversidade e magia do universo, estamos prontos para enfrentar novas missões e desafios, guiados pela luz de nossos mentores e amigos especiais.
Luana
Enquanto estamos sentados ao redor da grande mesa dentro da Base Estelar, sinto uma aura sombria se aproximar. Um arrepio percorreu minha espinha, meus instintos se aguçaram.
Eu então olho para a entrada da base e vejo Zareth, o arqueiro sombrio, um dos membros da equipe Sombras Lunares, a equipe oposta à nossa.
Digamos que os Sombras Lunares sejam o lado obscuro, aqueles que representam as forças malignas por assim dizer. Me lembro que uma vez perguntei para Doriana por que eles existem e que deveríamos aniquilá-los.
Mas ela disse que nossa equipe e a deles são o próprio equilíbrio em si. Eu não entendi também por que a Ordem Celestial deixa eles agir. Afinal, a Ordem Celestial é a supremacia, é o que muitos humanos chamam de Deus ou força divina, como preferir.
Mas eu ainda não consigo ver os Sombras Lunares como um mal necessário. Zareth traz com ele seu arco e flecha, assim como eu, ele também é um Arqueiro, mas que leva o ódio na ponta de suas flechas.
Ele descende de uma espécie chamada Alabastros, mas o que tem de belo tem de frieza e ódio, os cabelos prateados dele contrastam com sua pele pálida e olhos negros profundos, como uma noite sem luz.
Seu porte é grande e fisicamente definido. Embora ele não seja um humano, suas características se assemelham muito com um. Enquanto anda passando pelo corredor, seu olhar vem até nós, mas como sempre ele fixa seu olhar em mim.
Seu olhar é penetrante, como se pudesse ver através de minha alma. Zareth sabe o quanto sua presença me incomoda, e isso parece apenas aumentar seu prazer em me provocar desconforto. Se aproximando da nossa mesa, ele me diz:
— Luana, minha doce rival. Vejo que nossos caminhos se cruzaram novamente.
Sua voz ecoa em minha mente, carregada de sarcasmo. Apenas sorrio em resposta, sem dar muita atenção às suas provocações. Eu sei que qualquer reação minha apenas o alimentaria com o prazer do confronto.
Doriana se aproxima de nós, percebendo a tensão que paira no ar. Ela mantém a calma e a serenidade característica dos Lumarianos.
— Zareth, sempre é uma alegria vê-lo. Vejo que você continua a cumprir com suas tarefas na equipe Sombras Lunares. — Sua voz é suave, mas carrega uma firmeza inabalável.
Zareth sorri de forma sutil, o olhar fixo em Doriana.
— Oh, é claro, querida Doriana. Não vejo a hora de darmos continuidade à nossa eterna parceria.
Ele enfatiza as palavras "eterna parceria" de forma provocativa. Os outros guardiões ao redor parecem desconfortáveis com a presença de Zareth, mas como Doriana mencionou, os Sombras Lunares também têm um papel no equilíbrio do universo.
Enquanto os Guardiões Lunares representam o amor, a esperança, a alegria, a compaixão e a fé, os Sombras Lunares têm o dever de enfrentar os momentos de conflito, rivalidade e ódio, para que o universo como um todo possa encontrar seu equilíbrio.
Mas mesmo ciente de sua importância, não consigo deixar de sentir repulsa pela forma como Zareth abraça o ódio como sua essência. Nesse momento, sinto a presença reconfortante de Arcandros ao meu lado.
Seu olhar suave parece transmitir uma mensagem silenciosa de calma e sabedoria.
— Luana, lembre-se de que tudo tem seu propósito no universo. Nossos destinos estão entrelaçados com os Sombras Lunares, e é por meio desse equilíbrio que a ordem do cosmos se mantém. Cada flecha que você lança com amor contrabalança a flecha de ódio de Zareth. O resultado desse embate pode ser incerto, mas a importância do confronto é inegável.
Ele fala com sabedoria, dissipando um pouco da tensão que me envolvia. Eu assinto, reconhecendo a verdade em suas palavras. Embora a presença de Zareth seja perturbadora, ele é uma parte necessária do universo.
— Tudo bem, Arcandros. Eu entendo. Precisamos confiar no equilíbrio do universo. — Respondo, sentindo-me mais serena em meio à sua orientação.
Zareth nos lança um último olhar desafiador e se afasta, desaparecendo nos corredores da Base Estelar. Doriana suspira e olha para cada um de nós, seu olhar transbordando empatia e compreensão.
— Vamos nos preparar para a próxima missão. Cada um de nós tem um papel importante a desempenhar, e juntos somos uma força imparável. Sigamos com determinação, honrando nossa missão como Guardiões Lunares.
Nosso propósito é claro, e com isso em mente, nos preparamos para nossa próxima jornada, sabendo que enfrentaremos desafios, mas também confiantes de que o equilíbrio do universo permanecerá.
Mesmo nas sombras mais profundas, a luz prevalecerá. Pois somos os Guardiões Lunares, destinados a espalhar a luz e o amor por todos os cantos do cosmos, enfrentando os desafios com coragem e determinação, em busca de um universo em harmonia.
Pois Saber que fazemos parte de algo maior, que nosso propósito é honrado pelo próprio universo, nos impulsiona a continuar, mesmo diante dos desafios mais sombrios.
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