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Contrato Permanente.

Capítulo 1- Pai solteiro.

Não sei o que fazer, estava tudo tão bem, Vick, minha pequena princesa crescendo, a cada dia que se passa mais esperta e linda, a levo, levava, diariamente de manhã, as vezes para casa do meu irmão Fred ou para casa da minha mãe e até para Paula esposa do meu irmão Renato, todos sempre me ajudavam e cuidavam dela, depois que fechava o supermercado a pegava e a levava para casa, aprendi a cuidar dela e a noite eu sou o pai, sei que o mais difícil é feito por outros, mais eu preciso trabalhar e elas dispuseram-se a ajudar-me e assim fazem já há um bom tempo se revezando nos cuidados com Vick. Mas agora, Paula terá o seu filho e a esposa de Fred decidiu que quer trabalhar fora, a minha mãe não tem idade para cuidar de criança o dia todo e tem o meu pai que precisa de cuidados depois que teve um enfarto.

Preciso dar um jeito com urgência, não quero deixar a minha princesa com desconhecidos, mais será inevitável, ninguém que eu conheço pode vir cuidar dela para mim, também já está na hora de eu assumir a responsabilidade por ela integralmente. Distraído acabo não ouvindo Fred perguntando-me sobre algumas contas do supermercado.

Fred: — Júlio em que mundo está? Estou falando e você não me ouve.

Júlio: — Estou preocupado com Vick, como cuidar dela....

Fred: — Coloca um anúncio de emprego, entrevista algumas pessoas e escolhe a que achar melhor.

Júlio: — Eu acredito ser isso mesmo o que devo fazer.

Fred: — Vai para casa, o movimento está devagar hoje, pensa um pouco, fica com a sua filha, tenho certeza que tudo dará certo.

Faço o que Fred disse, pego Vick com Paula que está com um barrigão enorme, e a levo pra casa. Sei que quando me dispus a adotar Vick não imaginava quanto trabalho uma criança dá, mais no momento que a vi, que ela segurou o meu dedo com força e não quis soltar ela ganhou o meu coração, um ser tão frágil abandonada pela mãe me olhando com aqueles olhinhos claros, sei que não sou o pai biológico mais sou de coração. E eu fui apaixonado pela mãe dela, fui enganado, humilhado, chifrado mais ela fazia o meu corpo ferver apenas com um olhar.

Lembro-me quando a conheci, nunca havia visto uma mulher tão linda, Mila veio para essa cidade atrás do meu irmão Renato, mais ele havia reencontrado o seu amor da juventude, a Paula, e não a quis, fui a consolar e acabamos juntos, o melhor sexo da minha vida, com a mulher mais linda do mundo, infelizmente eu não era o único.

Vick tem os mesmos olhos de Mila, mais são inocentes, amáveis e o seu sorriso é puro e verdadeiro. Brinco com ela colocando-a no meu pescoço, ela agarra os meus cabelos e sorri, baba em mim, os seus primeiros dentinhos estão a nascer, o que a deixa irritada as vezes, o som da sua risada faz-me bem, sinto-me útil, amado, vivo. Vick fez um aninho a um mês, não fiz festa, ela não entende ainda, passei o dia todo com ela, passeamos, tiramos fotos, a levei no parquinho que ela adora.

Um ano, já faz mais de um ano que a minha vida se resume nesse serzinho lindo, que me ama incondicionalmente e que eu também amo mais que tudo na vida.

Vick: -Papa...buuuu...papa.

Júlio: — Sim, princesa, papai vai-te levar de carro buuu

Ela adora andar de carro, a sua cadeirinha tem volante e buzina e ela diverte-se a apertando e imitando-me dirigir.

Os meus irmãos, minha família, sempre me dizem para arrumar uma namorada, mais não quero, observo no supermercado mulheres acompanhadas do marido e filhos dando em cima de mim descaradamente, já levei chifre o suficiente com Mila. Antes só que mal acompanhado, quando preciso '' desestressar '' vou à casa de Madame Gina, as suas meninas são atenciosas e não exigem de mim mais do que posso dar.

Vick cochila no caminho de casa, está cansadinha, passou o dia todo brincando com a prima Ângela, a pego e ela deita a sua cabecinha no meu ombro, o meu coração se aquece quando ela abraça o meu pescoço e me chama de Papa. Preciso encontrar alguém especial para cuidar dela para mim, e precisa ser alguém que esteja disponível o dia todo, não há creche na cidade e eu preciso arrumar um tempo para me atualizar em relação ao trabalho, desde que a adotei não fiz mais nenhum curso.

Dou um banho nela, ela molha-me todo, agradeço a invenção da fralda descartável, coloco o seu pijaminha de flanela, ela deita-se no meu colo, agarra a mamadeira com uma mão e com a outra brinca com a minha barba. Fico a admirar o seu rostinho lindo até ela adormecer, temos uma ligação, eu nunca me imaginei a ser pai antes de Vick, ainda mais sem uma mulher, uma mãe, mais hoje não trocaria o que sinto por ela por nenhuma mulher.

Capítulo 2- O anúncio.

Coloco a pequena na cama, seu berço fica no quarto ao lado do meu, Paula e Liza, mulher de Fred, foram as responsáveis por montar o quarto para ela, não tenho jeito para essas coisas, aprendi como fazer uma mamadeira, trocar fraldas, dar banho, mais quando o assunto é roupas ou sapatos, as meninas é que resolvem, eu apenas pago, é por esse motivo também que preciso de alguém, quero ser o responsável por ela em tudo, como um pai tem que ser.

Vou para o meu quarto pensar no anúncio que preciso fazer, o que colocar nele, ligo o computador, decido que vou fazer do modo antigo, irei imprimir cartazes e colocar no supermercado e em outros lugares onde geralmente mulheres frequentam, ouço o choro de Vick, parece que ela teve um pesadelo, o seu choro é de quem está assustada, a pego no colo, dou-lhe a chupeta a balançando e fazendo cafuné em seus cabelos cacheados até se acalmar.

Volto com ela no colo ao computador, olhando para seu rostinho de anjo começo a escrever.

'' Precisa-se de uma pessoa que saiba cuidar de criança pequena, que seja carinhosa, cuidadosa e tenha disponibilidade de horário. Salário a combinar''

Coloco o meu telefone para marcar as entrevistas, Vick dorme e a coloco de novo no berço e vou me deitar após ligar a babá eletrônica.

Num bairro nobre da capital de São Paulo uma morena de cabelos longos e negros assim como a noite que caia, ansiosa, nervosa e com lágrimas nos olhos apressada coloca algumas peças de roupas, as mais simples, numa mochila, pega os seus documentos, algum dinheiro e sai pela janela, sorrateira, fazendo o mínimo de barulho possível para que ninguém da casa acorde, desce pela lateral até alcançar as grades do andar de baixo, pula para o jardim e corre, corre sem olhar para trás, alcança a rua e continua a correr, faz sinal para um ônibus parar sem nem mesmo saber para aonde vai, chega até a rodoviária e lá compra uma passagem para o lugar mais distante que encontrou.

Íris, o nome que disse ao motorista quando ele lhe perguntou, foi o primeiro nome que lhe veio a mente, Íris, a deusa com poderes de mudar os elementos da natureza, de ligar o céu a terra, e ela desejaria mais que tudo poder mudar o que aconteceu. Não quer deixar rastros, e nem que a possam reconhecer, prende seus cabelos os colocando dentro de um gorro, coloca um óculos e usa roupas largas para que não consigam distinguir se é um garoto ou uma garota, então quando chega a cidade de destino não fica ali, começa a pedir carona indo de uma cidade a outra e assim continua até chegar em Monte Alegre, se encanta com a cidade simples e calorosa, com montanhas ao redor, pensa em ficar, mais tem medo de ser encontrada, está na rodoviária decidindo para aonde ir, quando tira a sua carteira para pagar um lanche um pivete a pega e sai a correr, Íris corre atrás dele, ali está todo o dinheiro que possui, não é muito mais é o que tem para ir ainda mais longe, o garoto corre mais que ela, entra num supermercado e ela vai atrás, acaba o perdendo entre as prateleiras, desiste de o achar e sai, se senta do lado de fora, caso ele ainda não tenha saído ela o pega ali. O tempo foi passando e nada dele aparecer, Íris começa a se preocupar, o que poderá fazer sem dinheiro algum? Precisa arrumar algo para fazer para ganhar uns trocados e de um lugar para ficar, mais não sabe fazer nada, sempre fizeram tudo para ela.

Íris: - E agora? O que posso fazer nessa cidade?

Ela sai a andar pelas ruas, a princípio procurando um lugar seguro onde possa passar a noite, a cidade não tem muitos lugares onde possa ficar, se lembra do supermercado, parece ser o local mais seguro até agora, volta lá e se esconde no banheiro, espera que ninguém a veja, quando tudo é fechado ela ajeita-se num canto para tentar dormir. O sono custa a chegar, na sua cabeça fica a voltar tudo que aconteceu nos últimos dias e como ela foi acabar ali, dormindo escondida num supermercado, ela que tinha tudo já há três dias não toma um bom banho ou come uma refeição descente, mais nada, nada há fará voltar e fazer o que exigiram dela, não, sua liberdade, seu direito de escolher o seu destino a farão enfrentar o que surgir. Cochila por algum tempo e acorda assustada, teve um pesadelo, de imediato não reconhece onde está, quando se lembra resolve dar uma olhada para ver se encontra algo pra comer, tenta desviar das câmeras, antes de se esconder deu uma olhada onde ficavam e se desvia delas o máximo que consegue, pega o que comer e beber e volta para seu esconderijo.

Capítulo 3- Candidatas.

Júlio faz como planejou, coloca o seu anúncio no supermercado e em vários lugares da cidade e as candidatas começam a aparecer, ele mesmo marcou as entrevistas que serão no escritório do supermercado,no período da tarde, Paula se ofereceu pra fazer as entrevistas, mais ele não quer levar desconhecidas para sua casa, quer ele mesmo escolher, Vick está com ele durante as entrevistas, a coloca no cercadinho ao seu lado, quer observar a reação dela com as candidatas e vice-versa.

Júlio é um homem tímido, é bem diferente fisicamente dos seus irmãos Renato e Fred que são morenos, é clarinho, como os irmãos é bem bonito também, não tão alto como eles, olhos verdes, cabelos entre loiro e castanho, um bom físico e com uma situação financeira estável e razoável atraindo muitas mulheres da cidade e região, aos vinte e seis anos é um dos poucos solteiros bem-apessoado da cidade, mais depois de Mila não quer saber de ninguém, não confia em mulher nenhuma, as acha traiçoeiras e a maioria fútil, queria ter a sorte de Renato que encontrou o amor verdadeiro e puro com Paula ou Fred que mesmo entre trancos e barrancos continua com sua esposa.

 O seu interesse é somente Vick, quer a criar para ser uma mulher forte, honesta e independente, e a primeira candidata chega, Maura, uma loira bem maquiada, nem nota a presença de Vick ali, se insinua para ele, parece querer ser babá dele, entra e ao sentar cruza as pernas deixando a saia subir, faz caras e bocas diz amar crianças mais nem olha para Vick. " Essa está Descartada".

A segunda, uma senhora, Dona Magda, gentil até, mais reclamou de dor nas costas só em se abaixar para pegar um brinquedo de Vick, essa também também não dá, Vick ainda não anda sozinha, fica em pé, vai para onde quer engatinhando ou segurando nos móveis, mais precisa de colo, de alguém com mais vitalidade. A terceira, meu Deus, uma bruxa, literalmente, além de feia, brava, falou alto com Vick só dela colocar um brinquedo na boca.

" Vai ser mais difícil do que pensei!" Júlio desanima ao entrevistar a quarta, uma ninfeta que, pelo jeito não cuida nem dela mesma e só pensa em sexo. As duas seguintes na mesma situação, uma quase sentou no seu colo e a outra foi Vick que não gostou, assim que a viu abriu o berreiro, os seus santos não bateram, foi preciso Júlio sair com ela para a acalmar.

Júlio: - Por hoje basta princesa, vamos para casa! Espero termos mais sorte amanhã!

Vick: — Nana papa!

Júlio pega Vick no colo, ela abraça-o, ele pega um Danone para ela que se lambuza toda, coloca o dedinho com iogurte na boca dele. Está brincando com ela quando Fred o chama para resolver um problema, ele coloca-a em um colchonete, a cerca de brinquedos e vai resolver o problema.

Vick brinca com uma bola que rola para longe, sai a engatinhar atrás dela por entre os corredores do supermercado.

Fred chama Júlio para observarem as câmeras de segurança.

Fred: - Olhe Júlio, temos um ratinho andando pelo supermercado a noite.

Os dois observam as imagens, um vulto andando sorrateiro por entre as prateleiras, se escondendo.

Júlio: — Quando foi isso? Ele roubou algo, levou algum dinheiro?

Fred: - Foi ontem. Pegou algumas frutas na área de Hortifruti e escondeu—se no banheiro, acho que só isso, não há como tirar dinheiro do caixa, ninguém o reconheceu por isso te chamei.

Júlio: — Não consigo ver se é um garoto ou garota, o rosto não aparece. Devia estar com fome, deve ser um desabrigado.

Fred: — Seja quem for, aqui não é hotel. Pedi para o segurança ficar de olho, se o ratinho voltar o pegaremos.

Júlio olha na direção onde deixou Vick e não a vê, procura ao redor e não acha, fica nervoso.

Júlio - Onde está Vick?? Fred cadê a minha filha?

Fred: - A um minuto ela estava aqui, deve ter saído a engatinhar por aí, vamos dar uma olhada nas câmeras para ver onde ela se escondeu.

Júlio concorda e começa a olhar cada corredor do supermercado pelas câmeras.

Íris, após andar pela cidade atrás de algo que pudesse fazer, volta ao supermercado para passar outra noite dormindo no banheiro, cidade pequena, as pessoas até a ouvem, dão-lhe o que comer mais não confiam em dar-lhe um trabalho.

Está a disfarçar entre as prateleiras quando uma bebezinha lhe agarra as pernas, ela pega-a no seu colo.

Íris: - Olá bebezinho. O que faz aqui sozinha hem? Que princesinha linda!

Vick segura no seu rosto com as suas pequenas mãozinhas, sorri, Íris brinca com ela fazendo cócegas na sua barriga, ela agarra o seu gorro e retira da sua cabeça deixando os seus cabelos soltos, brinca com eles, agarra a correntinha do seu pescoço.

Íris: - Você quer brincar bonequinha!

Íris retira o seu casaco colocando no chão e se senta com Vick no colo sobre ele, ela começa a balbuciar meias-palavras e sorrir, Íris continua a conversar com ela como se entendesse tudo que ela fala.

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