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Sempre Ao Norte

Primeiro Eclipse

Uma jovem estava desmaiada em uma planície, a respiração dela era estreita, seus sons quase calmantes, e o céu parecia observa-la mesmo em meio a uma escuridão total.

Esse era o véu que cobria à toda a planície obscura.

E aquela era a primeira noite da jovem naquele lugar amaldiçoado.

***

Em uma estrada, a beira de uma paisagem florestal, um carro parou. Bem ao lado de um complexo de prédios, parecia moderno e artistico.

Dentro do carro, duas jovens garotas o encaravam.

Uma de cabelos ruivos e ondulados, ao volante, com olhos cinzentos e uma expressão afiada, encarava o complexo com um olhar de admiração e julgamento.

Ela claramente não estava feliz com a visão, mesmo que o lugar fosse estonteante e digno dos melhores recantos em livros de fantasia.

Ela olhou para a amiga transbordando entusiasmo e sorriu, antes de franzir os lábios.

A amiga, Ciel, se virou para o lado abrindo um sorriso divertido ao ver a expressão da motorista.

— Já estava na hora de você aprender a cozinhar, certo? Cinderela.

— Não desse jeito! — Se ofendeu. — E não devia ser você a cinderela? Você que é minha princesa faz tudo. A casa vai pegar fogo sem você por perto... — suspirou a jovem de modo teatral, antes de completar. — Mas nem pense em me trocar por um príncipe desse lugar, entendeu?

— Se eu não receber um pedido de carona em alguns dias, você vai aprender a ter medo dessa madrasta malvada aqui.

Os lábios da garota tremiam com o jeito bobo da amiga. Mas ela preferiu o silêncio, antes de apaziguar a fera:

— São só três dias, Ella, não dramatize tanto.

— Três dias sem sua comida são mais que o suficiente para eu me arrepender de abrir a geladeira — Ella murmurou, fazendo beicinho.

Rindo levemente, Ciel apenas balançou a cabeça e abraçou a amiga, enquanto puxava uma mochila do banco de trás e descia do carro.

Ao fechar a porta, o beicinho e expressão franzida persistia no rosto de Ella, mas floresceu em um sorriso quando Ciel se despediu.

Logo, o som do conversível deixava Ciel para trás, com um sentimento meio solitário tomando conta.

Era meio irônico, ela pensou. Querer um tempo para si, mas ainda buscar a companhia da amiga.

Logo, tomando um fôlego profundo, frio e refrescante, ela se virou indo para o complexo.

Em meio ao caminho, uma atendente já a esperava para guia-la. O que só a deu mais confiança na escolha do SPA.

"Mesmo que o preço...", a lembrança pairou na mente dela, enquanto caminhava pelo lugar.

Realmente parecia valer cada centavo, mas o receio de terminar os três dias com algum arrependimento era terrível.

Como sempre, ela tentou focar seus pensamentos no presente. Sua amiga sempre a avisava sobre a preocupação excessiva.

Ciel resolveu esquecer tudo e apenas aproveitar, enquanto a atendente começava a apresentação das áreas e programação do lugar.

Minutos mais tarde, a jovem se deixava cair lentamente na cama macia do quarto. Sem se importar com a mochila e os sapatos, ela apenas se permitiu relaxar de rosto no lençol de linho.

Seus cabelos, longos e abundantes, faziam uma cascata de preto puro e contrastavam com sua pele branca.

Esfregando as bochechas rosadas nos lençóis macios, com um meio sorriso bobo no rosto ela suspirou.

De repente sentia todo o cansaço das últimas semanas descerem sobre ela.

Piscando algumas vezes, seu olhar vazio parecia relembrar as dezenas de horas frente ao laptop e as dezenas de folhas de papel.

Uma veia de saltou em sua testa apenas com o pensamento de voltar aquela rotina.

— Eu estou cansada... — ela murmurou suavemente, fechando os olhos e percebendo algo.

"É reconfortante dizer isso."

"Será que é por eu ter me julgado em silêncio. Sem perceber, acho que se tornou normal não dizer em voz alta." — ela pensou, guardando em um cantinho da mente para se elogiar mais a partir dali.

Esse mesmo cantinho da sua mente parecia fisgar sua atenção. Deixando seus pensamentos leves e lentos, até que ela nem percebesse quando adormeceu.

***

Longe dali, já à caminho de casa. Ella balançava a cabeça levemente ao som da música. Perdida em pensamentos enquanto dirigia pela estrada quase vazia.

De vez em quando suas sobrancelhas bem feitas se apertavam.

Seus pensamentos estavam rondando o momento em que ela deixou Anna no complexo.

Apesar de suas brincadeiras, ela era quem havia recomendado o lugar para a amiga. Ela estava feliz com a amiga finalmente tomando conta da sua saúde, mas...

Mais cedo quando olhou no retrovisor e viu a expressão solitária dela, seu coração se apertou e um arrepio parecia vir da espinha.

Quando era mais jovem costumava ouvir histórias sobre a forte intuição da família. E pela primeira vez, ela sentiu seus instintos se alinharem com essas crenças.

Era a segunda vez no mesmo dia que ela sentia aquele mau agouro, afinal.

A primeira vez foi quando acordou, na época ela pensou ser por conta do choque térmico e sonolência ao sair da cama.

A imagem de sua amiga solitária na cozinha fazendo o café pela manhã e novamente parada na calçada, as lembranças pareciam se sobrepor uma sobre a outra.

Pensando cada vez mais a fundo. De repente Ella se assustou ao perceber o carro balançar na estrada. A descrença pintando seus pensamentos, ela não podia acreditar que perdeu o foco tão profundamente.

Sem perceber, ela quase entrou em uma via errada. Uma via que levava de volta ao complexo.

Se lembrando de seus pulsos movendo o volante como se tivessem vida própria, seu coração parecia ensurdecedor.

Sim. Havia desconforto. Mas não era motivo para interromper o descanso da amiga para avisar de um pressentimento.

Acertando seu foco com a sinuosa estrada, Ella foi se acalmando aos poucos. Lentamente retornando ao toque lento da música.

Até ela perder completamente a compostura algum tempo depois, quando estacionou frente a via que levava a cidade...

Estava completamente engarrafada. Em cada centímetro dela. Com um ar de tensão, choros, gritos e buzinas do que parecia um coro de desespero.

Ella automaticamente pegou o celular em uma busca na web.

A cada segundo sua expressão mudava e seus lábios se abriam em choque ao ver as notícias das últimas horas.

Até que se lembrou do sentimento pela manhã, e fez um voto mental de nunca mais trair sua intuição.

Mudando seu olhar entre o engarrafamento terrível e o celular, seus pensamentos deslizaram entre desespero e um aperto no peito.

Logo deixando todos os pensamentos de lado, ela verificou um caminho mais longo através do lugar onde deixou a amiga.

Prestes a largar o celular e ligar o carro, um arrepio subiu por sua nuca fazendo os pelos de seus braços eriçarem.

Ella só pôde assistir congelada uma chuva de cores se distorcer na visão dela enquanto perdia o consenso do que era cima e baixo.

Logo, naquela mesma via só o silêncio e dezenas de milhares de carros vazios restavam.

Incluindo o belo conversível da ruiva.

Um gole de terror e esperança

Ciel parecia estar acordando tarde. O que era ainda mais evidente pelo peso da mochila sobre suas costelas.

Ela se arrependeu de ter dormido daquele modo.

"Huff, mas a cama macia era simplesmente irresistível demais..." suspirou ela, internamente. Porém, percebendo algo, suas sobrancelhas franziram e sua expressão ficou feia quando ela se ergueu em um impulso assustado.

Com seus olhos percebendo nada além de escuridão total. Ela só podia sentir o tato de suas mãos, e nelas sentiu o contato com uma grama úmida que não devia estar ali.

Sentindo também um ar gelado passar em sua pele, ela primeiro se sentou, ajustou a mochila e se assustou com o som de água fluindo por perto.

Se levantando desajeitada, ela percebeu que sua visão não estava bloqueada por nada e ainda assim ela parecia estar presa em um guarda roupas. Restava apenas um leve senso de distância do que ela entendeu que era o chão.

Respirando para acalmar seu coração acelerado. Seus pensamentos começavam a funcionar. Sua memória de adormecer deitada na segurança de um quarto estava lá.

Mas tudo aquilo era realista demais para ser um sonho... E mesmo que fosse, no fim apenas a opção de seguir restava. E foi exatamente isso que ela fez. Com um passo de cada vez.

Cambaleante, assustada e lenta, ela começou a caminhar na direção do som de água corrente.

Era o único marco que ela teria ali naquele lugar aparentemente deserto.

Trêmula por conta do frio, choque e medo do lugar, ela se sentia como em um filme de terror onde tudo lhe dizia para não abrir a porta, mas a curiosidade ainda a empurrava.

De vez em quando ela tropeçava e seu coração congelava, só para no fim perceber que tropeçou nos próprios pés.

Ciel ainda tinha um pouco de esperança que fosse um sonho. Mas o peso da mochila nas suas costas dizia bem o contrário.

De qualquer forma, ela esperava que poderia seguir o curso do rio através do som, assim que o encontrasse. E talvez, ele a levasse para algum lugar com pessoas.

Ela queria entender aquilo. Pensando desde um sequestro até abdução alienígena, Ciel percebeu que seus pensamentos mais atrapalhavam naquele momento tenso, então resolveu focar em seus sentidos.

O peso do seu corpo magro e esbelto sobre as pernas. O som de cada passo seu pressionando a grama. O rio, com um alto som de água e correnteza.

Esses sons perduraram pelo que pareceu uma eternidade. Mas que era certo que foram alguns minutos.

Finalmente alcançando o rio, ela resolveu diminuir o passo.

Se agachou e engatinhando se aproximou do som, suas mãos suavam e seu coração batia forte.

Enquanto a sua mão avançava, sua coragem parecia escapar.

*E se aquilo não fosse água. E se ao invés disso, apenas uma boca cheia de dentes estivesse a espera.*, sem sua visão e com pouco para se ouvir, sua imaginação trabalhava a vontade.

Para o desespero e terror da jovem. Agora ela só podia fazer a tentativa e estender a mão.

Um suspiro tenso escapou de seus lábios quando sentiu o toque frio da água.

Se aproximando ela percebeu que o rio não parecia fundo e com a confiança renovada, se sentou ao lado.

Suas mãos tatearam rapidamente para a mochila, quando ela se lembrou da sorte de tê-la aqui.

Dentro, sentiu vários itens pessoais, de roupas ao celular, e finalmente uma garrafa térmica.

Vazia, como ela havia deixado para evitar molhar a mochila.

Parada em um meio movimento, ela finalmente caiu em si sobre o que estava fazendo.

Depois de acordar em um lugar deserto, sem nada além de um longa planície gramada, sob uma escuridão tão pura e massiva que fazia suas memórias da 'cidade' mais que brilhantes...

"Cidade... e eu tô com a mochila... E com meu celular...", os pensamentos da jovem fizeram um loop enquanto sua mão tateava até o aparelho no canto da bolsa.

Mesmo na escuridão ela podia jurar que estava corando por ter esquecido o celular.

Balançando a cabeça para fugir dos seus pensamentos ela tirou o celular e afastou o rosto antes de ligá-lo.

O que não fez muito, já que o clarão que se seguiu fez seus olhos lacrimejarem mesmo a distância. Só desse modo ela percebeu quão escuro era o lugar.

Por algum motivo ela se sentia mais confiante de pé, cambaleante em meio ao vazio.

Seus olhos bateram instantâneamente no sinal de celular, ou melhor, onde devia mostrar sinal.

Ali, não havia nada além de um pequeno "X" vermelho.

Por alguma intuição recém descoberta, ela já esperava por isso.

Até imaginou que pela escuridão, talvez estivesse bem fundo em meio a alguma floresta.

Mas isso ainda a deixou ansiosa, não havia frio, não havia fome — apenas sede — e ainda assim ela sentiu que aqueles poucos passos no completo breu custaram todas as suas forças.

Olhando para o vazio por alguns instantes, ela se lembrou de respirar fundo e sentiu o cheiro da água e da grama úmida melhorando seu foco.

Ela ligou o flash do celular, lançou a luz pelos os arredores, não encontrando nada digno de nota. Em seguida iluminando o riacho.

A grama à apenas um palmo da água. Sua delicadeza era de arrancar um suspiro da garota.

Vendo o fundo através da água translúcida, ela se aproximou, enchendo a garrafa.

Depois de tomar vários goles refrescantes, sua ansiedade se acalmou um pouco.

Era simplesmente uma infinita planície de gramado verde escuro. Não havia céu, não havia marcos para ela se localizar, exceto o riacho descendo à sua esquerda.

Se sentindo estranha sobre tudo, afinal era bom e ruim que não houvesse nada na escuridão... Ciel se levantou e continuou a caminhar, depois de reencher a garrafa e com uma expressão franzida, desligar o celular.

Depois de pensar bem, ela preferiu a calma do escuro à ficar sem o celular mais tarde por conta da bateria.

Além do quê, talvez fosse melhor não ver a sua situação, para caso algo viesse encontrá-la.

Será que tem um gosto bom?

Uma respiração ofegante era a única coisa que se ouvia ali.

Passo por passo, Ciel tentava avançar, tropeçando ou escorregando na grama uma vez ou outra.

Sua respiração era pesada, difícil. Ela não sentia que estava carregando uma mochila, mas sim que era uma montanha.

Seu olhar passeava inútilmente pelo chão, já que ela não podia ver nada.

A mente dela que havia começado tendo medo pelo desconhecido, agora já não se importava tanto.

Ela não tinha mais força mental para se preocupar. Não depois de quase três dias de caminhada naquele lugar estéril.

O rio que antes era belo e encantador, agora parecia rir da lentidão e aparência desgrenhada dela.

Mas ela passou a considerá-lo um sinal de sorte e esperança. Já que com sede talvez ela estivesse bem pior.

Com os seus pensamentos enlouquecendo novamente nessa direção, Ciel balançou a cabeça para retomar o foco.

Por conta da solidão e eterna escuridão, seus pensamentos muitas vezes não pareciam seus.

Às vezes ela sentia como se um sussurro tentasse convencê-la a deixar a mochila para trás.

No pior dos casos, o sussurro pedia que ela se jogasse no rio e ficasse por lá.

Suspirando pesadamente e tomando um gole da garrafa de água, ela parou, deixando seu olhar vazio passear.

Ciel estava cansada daquilo tudo.

Lembrando-se da cama quente e confortável antes de vir parar ali, não pareciam ter passado dias, pareciam semanas.

Às vezes, aquela escuridão parecia abraça-la e ela esquecia da noção do quanto andou. Ao menos até que seu estômago roncasse de fome e seus pés reclamassem de dor.

Lembrando-se inutilmente que hoje — pelo que constava no celular — deveria ser o dia que ela voltava para casa, sua expressão ficou sombria.

"O que fazer sobre isso?", ela pensou transbordando ironia e tristeza, "Se eu voltasse, deveria ao menos pedir o dinheiro de volta".

***

Pelo que pareceu horas, Ciel não teve mais forças para questionar a distância daquele lugar. Mas questionou sua sanidade, quando em meio a escuridão completa, sentiu que ouviu um bater de asas.

Logo, ela finalmente viu algo que a fez parar.

Naquela escuridão, qualquer coisa poderia assusta-la. Mas ainda pior foi não ter certeza sobre o que ela estava vendo.

Com uma onda de alívio, ela percebeu que era pequeno e pelo som e altura, tinha asas.

Logo a figura pousou alguns metros a frente.

Pouco a pouco Ciel viu penas de um preto brilhante, com várias delas roxas, se destacando.

Mas seu olhar não quis se desviar dos olhos da coruja que havia pousado.

Eram simplesmente hipnotizantes, de um preto fosco ainda mais profundo que os das penas, porém iluminado por um azul maravilhoso nas íris.

A coruja rapidamente cortou o transe da jovem, quando ao encontrar seus olhos deu um pio fraco e voou em sua direção.

Ciel se desesperou, seus olhos se arregalaram vendo o pássaro vir na direção do seu rosto. Porém a dor que ela esperava nunca veio.

Franzindo a testa depois de sentir o vento roçar sua bochecha, Ciel abriu os olhos.

Com um susto que tirou todo o ar dela, ela deu um salto para trás quando percebeu o pássaro a observando do seu ombro.

O pássaro se ergueu no ar, calmante mantendo sua altura de um jeito estranhamente anormal e belo.

”É como magia" ela pensou observando o pássaro pairar no ar, até que avançou para ela denovo, agora mais lentamente.

Pousando no seu ombro como se nada tivesse acontecido e a observando curiosamente.

Com um misto de medo e confusão, ela sentiu que a coruja parecia até meio arrogante ali, quase como se dissesse que o lugar sempre foi dela... "Ou como se mandasse um cavalo voltar a andar...", pensou Ciel, piscando algumas vezes.

Cansada demais para entender tudo aquilo e dando alguns olhares estranhos para seu hóspede, que bicava suas penas, Ciel voltou a caminhar.

Por algum motivo, sem sentir tanto medo ou tensão pelo pássaro.

Ao contrário, parecia que o peso a mais em seu ombro a confortava.

"Carona de graça...", ela pensou com um sorriso pálido, que se tornou um pouco feroz em seguida:

"Será que tem um gosto bom?", ela ouviu sua mente sussurrar de repente, enquanto sentia o pássaro piscar agradavelmente para os olhares dela.

***

Pelas próximas horas, Ciel caminhou em silêncio. Muitas vezes, lançando olhares para a bela coruja.

A maioria deles, sendo apenas para confirmar que ela não estava louca. O pássaro não se importava. Ele passava a maior parte do tempo de olhos fechados, era quase uma estátua no ombro dela.

As vezes, ela se perguntava de onde o animal tirava toda essa tranquilidade.

Nos últimos dias ela mal conseguia fechar os olhos por três ou quatro horas e acordava de um pesadelo.

Sua mente se tornou instável demais, ela mesma podia perceber. Muitas vezes, ela chorava de ansiedade por todo o caminho.

Parava a cada poucas horas para descansar e se lavar. A água era morna e podia ficar bem agradável.

O rio e o pássaro, começaram a se tornar bons companheiros para ela, e seu celular era sua luz naquele lugar. Uma prova de que ela ainda estava vivendo. Todas as vezes que ela o ligava e via que os horários haviam mudado, um suspiro de alívio fluía dela antes de rapidamente desligar o celular.

Ironicamente, o pássaro se tornava uma boa companhia nessas paradas.

Na primeira vez que ela o ligou, ele voou assustado, na segunda vez já encarava o aparelho com um olhar curioso e nas próximas ele perseguia a mão dela, quase parecia querer tirá-lo das mãos dela para tentar, arrancando risadas da garota.

De vez em quando, frente ao brilho fraco da tela, ela percebeu algo que não ficou tão exposto antes.

Em um contraste incrível à sua própria aparência desgrenhada e torturada, o animal parecia no mínimo elegante com seu manto de penas, violetas e de cor ônix. Na verdade, ela começou a admirar sua aparência no tempo livre, ele era realmente majestoso, com seu jeito calmo e inocente, e com aqueles belos olhos.

Ela tinha de admitir, se voltasse para casa adoraria ter o animal como bicho de estimação, mas por agora, em oposto aos seus pesadelos ela muitas vezes sonhava com uma panela e fogo para depenar e cozinhar o animal.

Várias vezes ela se pegou salivando com o pensamento. Mas ela ainda persistiu, havia algo no porte mandão e decidido do animal que a tranquilizava de que eles estava indo bem, assim, depois de mais dois dias de caminhada, sua resiliência finalmente foi recompensada, Ciel saiu daquela escuridão interminável.

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