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FELIPE

NOTAS DA AUTORA

Esse livro não é continuação de VINICIUS, é baseado no mesmo universo, lógico que ainda teremos Ivy e Vinicius aparecendo, caso não tenha lido ainda só ir no meu perfil e ele está lá completinho para vocês se deliciarem... mas se não quiser ler não tem problema, não vai te influenciar para entender essa história.

Esse livro é recomendado para maiores, existe sexo explicito, agressão... outras coisas, então se for algum gatilho para você recomendo que não leia.

Boa leitura.

PRÓLOGO

•• FELIPE WILLIANS ••

Meu coração bate forte em meu peito, sinto meu corpo todo tremulo, deve ser da ansiedade ou do nervosismo que me acompanham até aqui, eu olho minhas mãos que estão tremendo com a caixinha vermelha e um anel lindo de brilhantes ali, eu confiro as horas em meu relógio de pulso novamente e está breve, ela deve chegar em breve.

Meu abdômen está dolorido, devido aos pontos que já estão cicatrizados mais ainda recentes, minha respiração pesada deve estar colaborando para aumentar o fluxo da dor e desconforto, mas eu não ligo, estou mais preocupado de quando aquela porta, a porta principal do meu apartamento se abrir e entrar a mulher mais linda e perfeita que eu já conheci em toda minha vida, Leticia.

Apesar de ter sido apenas um envolvimento casual, ser mais alguém da empresa que decidi levar para cama, tudo ficou intenso e verdadeiro demais nos últimos tempos, principalmente depois DELE, do seu ex, que também era ex da minha irmã, um abusador, um estuprador de merda, o mesmo que me atingiu com um tiro bem-dado enquanto o covarde apanhava de mim.

As rosas-vermelhas que seguem da porta principal até exatamente onde eu estou, no meio da sala, começam a ficar escuras, eu olho o relógio de novo, atrasada, Leticia está atrasada, será que aconteceu algo? Será que ele saiu da cadeia e a pegou? De novo?

Minha cabeça gira e eu sinto minha respiração falhar, mas antes que eu possa alcançar o meu celular no bolso da frente da calça a porta se abre, devagar, e eu a vejo entrar, seus olhos parecem maiores em seu rosto agora que ela se deu conta de tudo o que está acontecendo, principalmente quando me avista, assim, ajoelhado no chão da sala, com a caixa de joias abertas mostrando o lindo e pequeno anel.

Suas mãos vão a sua boca em surpresa e seu rosto fica mais vermelho que o normal.

— FELIPE! — ela grita assustada e deixa sua bolsa cair para o lado no chão se aproximando com cautela até onde estou.

Eu não posso me aguentar mais, eu tinha um discurso formado, um lindo e romântico discurso que treinei a semana inteira na frente do espelho, eu sabia decor. Cada palavra, cada vírgula, mas agora tudo parece ter virado pó em minha memória e a única coisa que consigo pensar em dizer é:

— Quer se casar comigo?

Seus olhos me encaravam e as lagrimas já estavam brotando na lateral deles, eu sorri, ela estava emocionada, por mais que eu não tenha conseguido dizer mais do que deveria, esta estava emocionada.

— Não.

Eu esperava outra resposta, foi como um balde de água frita em toda a minha felicidade, foi como sentir diversas agulhas perfurando cada parte do meu corpo, uma dor aguda que me fazia querer gritar, alto, para o mundo todo me escutar, para o mundo todo poder saber o quanto esses três letras conseguem destruir e mudar uma pessoa assim, como da água para o vinho, é foi exatamente isso que aconteceu comigo.

Eu perdi meu brilho, minha confiança, minha alegria, eu perdi o meu ser desde esse maldito dia.

01

Pov. Felipe 

O dia em São Paulo estava completamente diferente do que eu estava acostumado de ver no Rio de Janeiro, por mais que já se passava quase um ano desde que me mudei para essa cidade, eu jamais iria se acostumar com o tempo, era frio e daqui a pouco calor, os dias de chuva sem sentido, era completamente uma bagunça, eu sentia falta do calor estonteante do Rio.

Estou sentado em minha mesa do escritório checando alguns documentos das próximas construções que estão sendo estudadas, quando uma batida fraca na porta chama minha atenção.

— Entra — respondo sem tirar atenção da pilha de documentos na minha frente.

Escuto os saltos de alguém entrando tilintando pelo piso e mesmo assim não levanto o olhar.

— Não vai nem olhar para sua irmã e recebê-la da maneira correta?

Meu peito se enche apenas de ouvir a sua voz e é impossível com um pequeno sorriso, Ivy estava parada em sua frente, linda como sempre, com os cabelos loiro soltos agora curtos quase batendo no ombro, ela usava uma calça jeans preta e uma blusa amarela chamativa demais, em seus braços minha maior riqueza e ultimamente o motivo de eu tentar continuar a viver, minha sobrinha, linda e gordinha que já se esticava toda para mim.

— Não sabia que iria chegar agora de manhã — falo levantando e indo em direção a Ivy que sorria igual uma idiota.

— Era uma surpresa que eu iria fazer na sua casa, mas aí fiquei sabendo que já estava aqui — ela diz sorrindo enquanto me entrega a férinha que estava se esticando toda em minha direção.

Eduarda foi o fio de esperança que eu precisava depois do acidente com minha irmã e depois do tiro, meu peito se encheu todo apenas de tê-la em meus braços, era ótimo ter ela aqui comigo, de novo, não apenas pela tela do celular, eu aproximei o rosto do seu pescoço gordinho e senti seu cheirinho o que a fez rir quando a barba raspou em sua pele.

Eduarda tinha os olhos claros de Ivy e o temperamento também, mas os cabelos e o tom de pele era de Vinicius, ela é completamente linda.

— Eu precisava vir mais cedo, tinha algumas coisas para resolver — fala enquanto caminha até o conjunto de sofás no canto do escritório.

— Todos os dias pelo jeito — ela murmura baixinho, provavelmente achando que não vou escutar, mas sim, escuto.

— Ivy não começa — reviro os olhos olhando para ela enquanto Duda brinca freneticamente com meus dedos sentada no meu colo.

— Felipe, você precisa sair, curtir um pouco, não só ficar aqui trancado nesse escritório — ela começa e eu já sento a raiva começando a subir pelo meu corpo, respiro fundo desviando o olhar dela enquanto tagarelava — Você não era assim, quando você estava com a Leticia estava feliz, estava bem, pelo menos por algum tempo.

Ela estava certa, em partes, eu não era assim, carrancudo, mal-humorado, mas as consequências da vida me deixaram assim, hoje a única pessoa que consegue tirar qualquer alegria minha é essa pequena coisinha em meu colo.

Ivy está em pé, atrás da poltrona, eu sentia seus olhos em mim, eu sabia que ela estava me encarando, mesmo sem olhar para seu rosto nada feliz, ela espera alguma resposta, sei disso, seu sapato bate no assoalho indicando isso, se eu não falar nada poderá ser pior, então suspiro derrotado, subindo o olhar de volta para ela que como eu sabia, me encara irritada.

 — Você tem razão, eu não era assim — assumo tentando controlar o tom de voz e não assustar a pequena em meus braços — mas depois das merdas que você e a Leticia fizeram e eu que tive que pagar por isso, eu quase morri Ivy, para tentar salvar as duas inconsequentes que ficavam fazendo pornô caseiro! — as palavras saem rápido devolvendo o olhar carrancudo para ela.

— Você sabe que isso não é justo! — fala apoiando as mãos no encosto da poltrona sustentando meu olhar — ninguém pediu para você entrar em uma briga corporal com o Gabriel que ainda por cima estava armado!

— Era eu ou vocês! — falo, o tom de voz saindo mais alto que o planejado — ou você preferia que fosse Vinicius talvez? — eu pude ver o ódio subir pelo seu rosto quando sua pele branca do pescoço começou a ficar vermelha e seus olhos ficando semicerrados.

Pisando duro veio em minha direção, completamente diferente da linda e doce menina que havia entrado em sua sala há cinco minutos, Ivy estivou os braços para Duda, mas eu a seguro mais em seu colo impedindo que a tire de mim, não é justo!

— Onde você pensa que vai? — pergunto prendendo mais Eduarda em meus braços, ela por sua vez deita em meu ombro e então me levanto.

— Levar minha filha daqui, vai que essa coisa de ser carrancudo e sem noção, além de um tremendo babaca passe — fala e enfia as mãos na menina, tirando ela dos meus braços, Eduarda segura as mãozinhas na minha gravata, mas é em vão, Ivy já a levou de mim.

— Ivy...— comecei, mas antes que eu pudesse terminar ela se vira tremendo de raiva e começa.

— Não! Você não tem esse direito de falar desse jeito comigo, de falar toda essa merda que você falou, eu errei e paguei muito caro pelo meu erro por anos, eu quase perdi você, eu quase perdi o Vinicius, eu quase perdia a Eduarda — seus olhos começaram a ficar marejados e então eu respirei fundo de novo sabendo que tinha feito merda, voz tremula transmitindo cada vez mais a raiva, era nítido que ela estava segurando para não prejudicar a bebê — eu não te pedi nada, nunca, eu te agradeço e muito por sempre estar ao meu lado, mas eu não te pedi nada, agora se você está sendo um tremendo babaca consigo mesmo, se está querendo acabar com você e com a sua vida, o problema é seu e não meu! — ela diz com a respiração pesada e a voz de choro.

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