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Agridoce Vermelho Vingança

Prólogo

" Será possível, então, um triunfo no amor? Sim. Mas ele não se encontra no final do caminho: não na partida, não na chegada, mas na travessia. Rubem Alves. 

Acendi um cigarro enquanto observava a cidade iluminada. A noite caiu e eu fiquei a observar o céu estrelado. Olhá-la acalma o meu coração. Coração esse que está prestes a parar devido a tantas decepções e perdas.

A dor da perda, a dor de saber que nem tudo pode ser resolvido com dinheiro. De quê adianta ter tanto se os que mais amei não estão mais ao meu lado?

Solitário e amargurado é o que sou!

Ser diferente nesse mundo onde a perfeição e status é a base de tudo é sufocante até para alguém como eu! Rico, extremamente rico! Sou o único dono da Corp. O'Reilly é uma empresa voltada para segurança e as melhores tecnologias do mundo são criadas pela minha empresa. Não só tenho esse negócio, tenho como herança muitos bens. Porém, não me encaixo nesse mundinho simplesmente porque nasci com olhos vermelhos, sem melanina, não possuo pigmentação nas íris. Vermelho sangue, esse é o meu olhar. Quando pequeno sofria muito bullying, era chamado de olhos de besta. 

Cresci e nada mudou. Um homem feito com 25 anos, 2,00 m de altura, 100 quilos, barba bem feita, cabelos loiros, e parece que a única pergunta que têm é sobre os meus olhos diferenciados.

Cansei de lidar com a hipocrisia humana, afastei-me e decidi trabalhar em home office, evito ir em eventos e essas papagaiadas todas. Malho, gosto de boxe, um saco de pancada e luvas, tiro sempre um momento de socar até sentir as mãos formigarem. Isso alivia o estresse do dia a dia.

Era a minha irmã que ia aos eventos, ela era o meu braço direito, a minha rainha, meu tudo. Sendo caçula, e nossos pais morrerem em um acidente de carro. Lily era cinco anos mais velha que eu, cuidou-me e amou-me mais que tudo na vida.

Lily era a minha luz. Mas graças a um desgraçado e o destino que parece levar os O'Reilly em acidentes automotivos, a minha luz apagou-se. A minha irmã era a única que fazia a minha existência válida.

Numa noite chuvosa na subida da colina para nosso casarão, ela dirigia sorriso nos lábios. Felicidade estampada, pois casaria dentro de duas semanas. Tinha uma vida inteira pela frente, mas um desgraçado bêbado entrou na frente do carro. Para não matá-lo ela deu ré.

Naquela noite os cascalhos molhados fizeram os pneus derraparem, o carro perdeu o freio e de ré desceu. Batemos no barraco que acabou cedendo e caindo sobre o carro. Lily morreu, acredito que por falta de socorro imediato. O culpado fugiu como um covarde da cena do crime, sem dar-nos ajuda. 

Eu sou Leander Neme O’Reilly, o infeliz que sobreviveu.

Socorrido horas mais tarde pelo meu cunhado que veio para uma visita. Fiquei um mês no hospital, tive a barriga rasgada deixando-me uma cicatriz que não tirei. Ela mostra que terei a minha vingança, mostra a dor na minha alma e a justiça que busco. 

O desgraçado, o culpado? É com ele o meu acerto de contas. 

Investiguei durante meses, descobrindo que ele é um viúvo e tem uma única filha. 

Uma vida por uma vida! A filha dele usarei para feri-lo, ela será o meu brinquedo. Ela será minha puta, o pai saberá que ela sofre que é usada por mim. Ele irá se martirizar dia após dia. Como eu faço todos os dias. Entretanto, ele saberá que a filha está viva e sendo usada. Já eu? Sei que o que perdi jamais voltará para alegrar os meus dias.

Dei um último trago no cigarro saindo de frente da janela. Pensar faz com que eu sinta vontade de aliviar o meu corpo.

Como disse antes, os meus olhos e o meu humor, afastam as pessoas e não seria diferente com as mulheres. 

Nunca precisei de amor de nenhuma delas! Fiz de minha morada um lugar onde tudo que necessito tenho. Isso inclui duas mulheres, uma resgatada da rua, prostituta que queria uma nova vida. Nice é a minha cozinheira e amante. Já Karen foi trazida pelo meu cunhado. Uma acompanhante que desejava também mudar de vida. Karen é responsável pela arrumação da mansão, claro que Nice também ajuda. Ambas têm tudo que desejam.

Uma vida que o meu dinheiro pode comprar. A minha única exigência é o sexo que não abro mão. Noite com uma noite com a outra. Assim eu vivo aguardando o dia que colocarei a terceira e última mulher aqui dentro.

Sim, a filha do desgraçado. Flora Hernández, a garota que irá saciar a minha sede de vingança.

Dois anos faltam para que ela faça 17 anos. Anos que aguardo com calma e paciência para tomá-la do pai! 

A minha vingança chegará, ou não me chamo Leander Neme O’Reilly! 

......................

Nota de esclarecimento:

Se alguém já leu o livro " Olhos de Fera" é de autoria minha!

Então não é plágio! Sou eu a escritora que está a reescrever uma nova versão aqui.

Vou deixar uma foto. Nele consta o meu nome!

Edvanda Gomes! Obrigada.

Cap. 01 Leander

Dois anos depois!

O meu casarão tem três andares. O primeiro é o principal, no segundo contém 8 quartos, no fim do corredor encontra-se o meu escritório e dentro dele tem uma porta para o meu quarto. As minhas amantes nunca entraram nele. 

É no terceiro que encontro a minha paz.  Nele tem o escritório que era da minha, uma enorme biblioteca, uma sala onde posso descansar. Este andar é proibido, pois, a estufa que era paixão da minha mãe e irmã encontra-se aqui. As belas rosas e orquídeas são cuidadas por mim. Ninguém pode tocá-las, somente eu! 

Por vezes questiono: como ser aceito, quando nem você mesmo se aceita? Talvez esta seja a pergunta correta? Porém, sem resposta por ora! 

No dedo um cigarro, eu traguei a fumaça a observar a fina chuva que cai. Não ouso sentir uma só gota sobre a minha pele. Traumas, são difíceis de acabar. Pelo vidro, observo que esta chuva não é forte como a daquela noite de três anos, a chuva é calma e não me causa aquela sensação de sentir vivendo a dor de outrora. Duas batidas na porta tiraram-me dos meus lamentos.

— Entre?— Ainda de costas eu mantenho-me. Detesto que fiquem a olhar nos meus olhos. 

— Senhor? — o meu detetive segurança é quem entra. O homem responsável por descobrir sobre Lauro Hernández, o infeliz que acabou com a minha vida! 

— Tem algo importante para falar?

— Sim! Senhor O'Reilly na época que tudo aconteceu ao senhor. O tal Lauro estava a dever o banco, sendo de propriedade da sua família! Ele havia hipotecado a fazenda! Sabemos que ele é um viúvo, com a tia e a única filha para sustentar. Sei que ele não tem condições financeiras para quitar a hipoteca. 

___  Sabemos, mas responda-me se a hipoteca foi paga?

— Sim! — afirma 

— Onde ele arrumou o dinheiro? — Questionei, afinal, ele não tinha como arrumar uma quantia tão alta da noite para o dia!

— O seu banco não deu detalhes, senhor, mas o homem pagou a dívida dele!

— O quê? 

— Também achei interessante, mas infelizmente não encontrei nada nos arquivos, sobre um segundo empréstimo ou fiador. Somente a assinatura do homem e a quitação! — a chuva ainda caia e as informações que me são passadas só me fazem decidir! 

— Esse homem não tem escrúpulos. Nem consigo imaginar o que fez para conseguir uma quantia tão alta? Tenho que tirar dele tudo! Já observou a filha dele? Diga-me mais sobre ela?

___ Sim, ela é uma senhoria muito linda, está na idade ideal a qual o senhor tanto esperou. Senhor, ela não se importa, nem dá trela para os homens da Vila San Romeno. É uma moça diferente das demais do povoado! 

— Isso é bom, sabe bolei pacientemente uma ideia e você será a chave principal dela! 

— Certo senhor, é só dizer o que quer! Eu esqueci de mencionar algo que ouvi comentar na vila.

— Diga?

— Tem um forasteiro que deseja o casamento com a moça, ele é um cara rico e dizem ser estranho, ninguém fala o nome dele! O senhor sabe que este pessoal não gosta e temem os forasteiros?

— A minha irmã sempre falava isso!— o meu coração se aperta só de lembrar que ela amava ir à Vila, os seus olhos cinzas brilhavam. Ela teve mais sorte que eu em questão de cor de olhos.

— Pena eu não tê-la conhecido! — Assenti — O senhor deseja que eu vá?

— Sim! 

— Tudo bem, já irei para onde ela está! 

— Obrigado! Essa noite a chuva irá cair mais forte? — Perguntei.

— Ao que parece sim! 

— Pode ir! 

— Com licença, senhor O'Reilly?__ Assenti e ele saiu porta afora.

Karen, já está no quarto, hoje é o seu dia comigo. Neste horário a bela loira peituda de olhos cor de mel aguarda-me para satisfazer os seus desejos.  Quando Marco meu ex-cunhado pensou em dá-la para ser minha amante. 

 Na época não achei ruim, ela está aqui há dois anos, ajuda a organizar a casa. Cheia de traumas, certa noite Karen, estava num pesadelo, e confesso que foi frustrante, quando fui despertá-la ela olhou-me e fez como todos fazem ao olhar para meus olhos! Em choque ela só faltou gritar que os meus olhos são de uma besta Fera! Balancei a cabeça espantando a lembrança e sai do meu escritório. Depois desse episódio, eu mantenho relações com ela e com Nice mantendo-as de olhos vendados.

'Karen, estou a ir!' penso e sigo para mais uma noite de prazer.

A segunda porta à esquerda no corredor é onde eu entro. A loira sentada com os olhos vendados espera-me vestindo somente um robe preto de cetim. 

Abri a minha blusa, tirei e fiz o mesmo com a calça, desci a cueca e segurei o meu pau para fora. Fui até ela e abri o robe expondo o lindo corpo de loira. Os seios avantajados à minha frente fazem-me salivar de vontade de mamar, desço a cabeça e cheiro o seu pescoço, em seguida desço até a fartura e por fim sugo o biquinho suculento, saciando o meu desejo. Com a outra mão eu aperto e giro o bico esquerdo ouvindo os gemidos de Karen que já está a pingar louca para ser fodida! 

Desci a mão e quase rosnei quando toquei a sua intimidade, Karen está ensopada só sendo mamada. Passo o dedo nos grandes lábios e toquei em seguida o seu clitóris. Masturbo no ponto certo e ela joga a cabeça para trás gemendo sem pudor, levo o dedo à sua fenda e deslizo fácil para dentro dela, entro e saio fácil de tão molhada que a loira está Sou grosso, para facilitar a minha entrada levo um segundo dedo para dentro da sua fenda sem deixar de sugar o outro bico do seu seio. 

Karen é gostosa demais! Giro a loira colocando-a com os braços apoiados na cama, ela está com o rabo virado para mim. Vou até à gaveta e pego um preservativo, rasgo e encaixo no pau, subo e desço a mão me masturbando já sentindo o pulsar gostoso do pau todo duro. 

— Eu vou comer-te agora, putinha!— Digo e ela rebola em resposta. Encaixei a cabeça do meu pau na sua fenda e entrei com tudo ouvindo o seu grito. Seguro a cintura de Karen e começo a mover o quadril rápido, olho o meu pau entrando e saindo dela e quase gozo só com a visão. Karen está a gemer e a rebolar sem parar, aumentando mais o meu tesão. 

— Rebola puta, rebola no pau do seu macho!—  Dou tapas na sua bunda e Karen quase desmonta. Junto o cabelo da putinha num rabo de cavalo e puxo a sua cabeça para trás, meto fundo até o limite e jogo a cabeça para trás gemendo baixo e rouco. A fenda deliciosa de Karen recebe-me tão úmido que faz o meu pau pulsar como louco. Entro até o fundo, bombeio sem parar, segurando a cabeça dela, só lamento não poder ver os seus olhos cheios de tesão.

— Ahhhh, mais forte, senhooor...

Faço o que ela pede fodo sem dó e tenho Karen mole, quase gozando, as paredes dela se contraem e o meu pau é quase expulso. Karen grita em desespero e eu sinto o seu gozo melando a camisinha. Seguro a Karen trêmula pela cintura, enquanto meto gostoso, estocando mais rápido em busca do meu prazer. Revirei os meus olhos e urrei enquanto os meus músculos e o meu corpo todo se contraem num gozo delicioso, enchendo a camisinha com o meu sêmen. Entro e saio indo mais fundo, duas metidas rápidas, até sentir as últimas gotas de sêmen saindo. — Porra!— ergui a minha cabeça buscando por ar! Karen é perfeita! 

Espero o meu corpo voltar ao normal após chegar ao ápice e saio de dentro dela. Tirei a camisinha, amarei e descartei no banheiro, voltei e a loira estava sentada na cama. 

— Deite-se agora na cama com as pernas abertas, Karen! — Ordenei e a loira fez o que mandei, a bocetinha lisa e rosada arreganhada para mim, fez a minha boca encher de água. O som dos seus gemidos ao ser chupada faz o meu pau ganhar vida novamente, levo a mão ao mesmo e passo o dedo na cabeça, desço por toda a extensão, subo toda a pele e começo a masturbar-me sem parar. Ela geme rebola e choraminga para ser chupada. Quase esfolo o meu pau com a mão e me vejo a gozar novamente! 

— Aahhhh... senho... Hmm — Karen arqueia o corpo, grita e goza pela segunda vez! 

— Você é perfeita, Karen! Descanse, estou a ir!— Digo isso e saio do quarto.

Queria ir até Nice, ter um pouco mais de diversão, porém, não tenho mais tempo para sexo. Tenho um plano que preciso colocar em prática. Fui direto para o meu quarto, tomei banho, deitei-me. 

O meu plano será perfeito, não admito falhas. 

...****************...

Continuação com Flora…

Bora conhecer a mocinha da história?

Obrigada aos que estão a ler, e...

Beijos no coração ❤️❤️❤️

Cap. 02 Flora

A minha vida nunca fora fácil. A minha morreu após dar-me à luz. Eu fui criada por meu pai e minha tia, a irmã um ano mais velha que mamãe.

Tive uma boa criação, amor não faltou! As datas comemorativas sempre foram as mais difíceis de passar. O mais doloroso é o dia das mães e o meu aniversário. Era para ela estar sorrindo com o meu presente de dia das mães e abraçando-me no meu aniversário. Fazer o que? As coisas não posso mudar o passado, sigo sabendo que fui o seu verdadeiro amor e realização. Sou grata pois ela pode ver o meu rosto antes da eclâmpsia levá-la de mim. Meu nome foi ela que escolheu. "Flora, a sua flor!"

Sou uma sobrevivente, aqui cheguei a maioridade. Pois é, dezoito anos, antes deles nunca fui a uma festa,  meu pai não deixa. Espero poder ir agora que tenho 18. 

Nossa fazenda fica afastada de tudo, e todas as noites faço o mesmo trajeto! São dez minutos caminhando para ir à Vila San Romeno. Caminho ouvindo o vento soprar a balançar as árvores e as folhas caem na terra batida do chão.

O motivo dessa caminhada? O meu pai! Era para ele estar indo atrás de mim em uma festa, não eu estar indo buscá-lo bêbado novamente. 

O meu pai bebia somente aos finais de semana, mas há três anos ele ficou neurótico passando a beber diariamente. Sei ter acontecido algo que ele tenta contar bêbado.

 Ele tem pesadelos constantes, grita que  um raio cortou o céu e ele viu os olhos vermelhos do mal dentro de um carro.  

Ele estava bêbado, tenho certeza que o álcool ajudou a ter essa alucinação. Uma alucinação que o persegue dia após dia. 

Saí dos meus pensamentos quando avistei a BR. Olhei para todos os lados para ver se poderia passar. Vendo que está livre corri a chegar no município. 

Sei exatamente onde ele está, e é para lá que sigo. Assim que parei em frente ao bar, falo novamente: 

— Meu pai, o senhor está bêbado novamente?

— Querida, eu não consigo mais lidar com a culpa!—      Dei um longo suspiro sabendo que ele irá falar do olho vermelho do capiroto. 

 —  Mantenha seu pai longe daqui!— grita o dono do bar, mais uma vez pede, como se fosse fácil eu conseguir isso. 

    

—  Desculpa senhor Luiz, ele não voltará mais hoje! Pai, o senhor tem que parar com isso. — Peço a segurar o braço do meu pai tirando-o do. Seguimos pela calçada.

—  Olá, senhorita Flora, como está?—   Dona Nina a dona do mercado olha para meu pai e balança a cabeça em negativo. Puxei um sorriso sem graça.

—  Estou bem dona Nina e a senhora?

—  Estou bem, leve seu pai para casa e dê um chá forte! Filha tenta mantê-lo em casa. 

—  Eu o farei senhora, tenha uma boa tarde!

—  Olá,Flora?

—  Senhor Padeiro, boa tarde! —  enquanto caminhamos passamos em frente a outro bar.

  — Mantenha seu pai longe daqui, não gosto do senhor que tem pago-lhe as bebidas.— grita o dono do bar. 

  —  Pai, o que ele está a dizer?—  parei a encarar  o senhor meu pai, o seu rosto está barbudo e ele mal conseguia ficar em pé.

 — Não dê ouvidos a ele, sou seu pai deve ouvir-me!

 — Meu pai, o senhor já não é mais bem visto neste lugar! Pare com isso, volte a ser como era! 

 — Eu não preciso ser bem visto, o que eu fiz e o que eu vi ninguém sabe compreender. Não tem como voltar a ser como antes filha.— ele fala com a voz embargada pela bebida.

— Flora você deveria internar o seu pai!  Ele necessita de cuidados, um AAA, algo desse tipo—     Girei a cabeça encarando André Soleto! 

—  Deveria cuidar da sua vida, senhor ! Vamos, meu pai.—   puxei o braço do meu pai, queria sair rápido dali, pois não gosto desse tal André Soleto.

Duas vezes meu pai falou que esse homem deseja-me como esposa. 

 —  O senhor Soleto ainda deseja ser seu marido!— e lá vamos nós de novo. Penso a responder:

 —  Não iremos falar disso aqui, pai! Ainda não tenho idade de vinte anos, o senhor sabe que precisa de minha companhia.— cortei novamente o assunto.

 — Preciso de você, sim!  Mas concedi a sua mão em casamento, ou era o senhor Soleto, ou…—   Parei no local segurando e as lágrimas nos olhos tive que o confrontar:

 — O que está dizendo meu pai? Diga-me que está a brincar? Diga-me que não fez isso comigo? Pai, o senhor não… — tentando digerir o que ele falou, olhei para as lojas fechadas e para todos os lugares, mas sinto-me fora de órbita. 

— Casará com ele! — Ele afirmou.

Soltei seu braço e saí sem rumo. Meu coração estava apertado, sem saber o que fazer, segui até a praça e sentei-me no banco olhando para as crianças que brincavam no parquinho e para as fofoqueiras que fingem estar cuidando das crianças para ouvir sobre as vidas dos demais! Mas nada fazia a fala dele sair da mente. 'Casará com ele!'

'Casar com o senhor Soleto? O meu pai não pode ter feito isso comigo? Como os pais ainda podem escolher um marido para as filhas sem saber o que elas desejam? Porque ele fez isso comigo?' eu sentia vontade de gritar, chorar e tudo em simultâneo, porém passos de saltos fizem-me erguer a cabeça.

 — Flora, como está? —  Veruska, a filha da dona Nina da mercearia para ao lado do banco que estou a sentar, ela passa a mão no vestido MIDI, que com certeza é novo. Olhei para as sandálias nos seus  pés e encarei as minhas sapatilhas. Meu vestido é um vestido floral que bate nos joelhos, porém novo. 

 — Só tem essa categoria de roupa Flora? O meu vestido é novo, gostou? Essa sandália é da Griff da cidade.— Joga na cara como sempre, Veruska é uma praga que nem um dos melhores bactericidas pode acabar. Sofri muito na escola com as suas implicâncias, e ainda sofro quando venho aqui. 

— Gosta mesmo de falar sobre roupas novas? Veruska não tem outro assunto? E para sua informação o meu vestido também é novo, eu fiz! O que quer aqui Veruska?

  — Vim felicitar, pois casará primeiro que eu! O seu noivo, estava aqui na praça! — Até ela sabe que meu pai cedeu-me para André?! Parece que todos sabem, sou a última a saber de tudo? Até do casamento que ele arranjou. Porém…

 — Não sei do que fala, pois não irei casar com o senhor Soleto, Veruska! ___  Ela dá um sorriso estranho.

 — Não estava a falar dele e sim do senhor Fernando Salazar! Seu pai perdeu a fazenda, fez acordo com ele e como troca cedeu sua mão a ele. Se casará bem, só que ele é um pouco mais velho que você! Bem, mais velho,.aliás! 

 — Veruska, cuide de sua vida, intrometida dos infernos! — meu pai chegou gangorrando e parou ao meu lado após ralhar com Veruska. 

 — Pai, o que ela está a falar é verdade?

—  É melhor irmos, vamos conversar em casa! — Levantei-me a segurar o meu pai.

   

— Senhorita Flora?—   A voz grossa ecoou atrás de mim.

— Não olhe, ande! —   Diz meu pai sem deixar-me parar para ver quem era.

  — Lauro Hernández, não brinque comigo, seu velho louco, deve mais do que possa pagar! Pare aí agora, ou juro que vai se arrepender!—   o meu pai para e dá um longo suspiro.

 — Perdoa-me, eu errei, perdi tudo que tínhamos e acabei fazendo negócio com o mal em pessoa! Filha, esse homem é cruel, ele tem seu velho nas mãos. — afirma com olhos lacrimejando. 

 — Meu pai, porque não contou? Porque fez isso pelas minhas costas. Estou aqui sem saber quem é este homem, sem saber nada que o senhor fala ou faz aqui na Vila. Pai, até quando vai fazer coisas pelas minhas costas? 

  — Filha, eu tive vergonha, você é tudo que eu tenho. Meu amor, eu não queria que descobrisse que a fazenda onde cresceu estava a beira de ser tomada pelo banco! Sinto muito, filha!—    Todos os olhos estavam voltados para nós. O homem continuava atrás de nós. 

Ele não poderia agir assim! Girei a cabeça a encarar o homem alto, a barba rala, os olhos castanhos escuros. O rosto é sério, um homem apresentável, ele aparenta ter 40 anos mais ou menos.

 — Quem é o senhor? —  indaguei, ele puxou um sorriso.

— Fernando Salazar, o seu futuro marido!—  Pisquei várias vezes e tentei voltar o ar para meus pulmões. Céus, Soleto, agora o tal Salazar, o que mais falta eu descobrir hoje? Encarei o homem e seriamente falei: 

 — Eu não sei quem é, e não casarei com o senhor! 

 — A senhorita não tem outra escolha, senão se casar comigo, perderá a fazenda. É o que quer? — Ele chega perto, sinto o cheiro do seu perfume caro que me causa asco. — Ou casa-se comigo ou o seu querido papai vai para a cadeia! Acredito que ele não tenha contado nada sobre o que faz quando vem para cá? Agora sabe que ele deve uma grana preta.— ele aproximou — Será a minha esposa! —  sussurrou está fala e eu senti o meu corpo todo travar e um arrepio ruim percorreu todo o meu corpo.  Entretanto, eu não poderia demonstrar medo.

   — Não ameace mais meu pai, o senhor não tem nada contra ele! Dê-me um tempo para que eu possa pegá-lo. Não cansarei, quitaremos a dívida. E daremos esse assunto por encerrado. Meu pai amanhã terá com o senhor, iremos vender o que tiver que vender, irei trabalhar até quitar o último centavo. Vamos meu pai.—     Segurei-o e segui a passos largos.   

— O seu pai está nas minhas mãos, a senhora Flora e a senhorita também. Ouça, dou-lhe um mês para ser minha esposa, ou verá seu pai morrer na cadeia.  E para provar que não brinco, saiba que as promissórias da sua fazenda estão nas minhas mãos, aquela fazenda e tudo que tem dentro dela é minha, isso inclui a senhorita.

 

—  Podemos sair, o senhor que fique com ela.—     Digo andando e ele ainda nos segue.

 — Se sair sem ser ao meu lado, eu mato a sua querida tia! —   Parei estática e olhei para meu pai que simplesmente ficou sem cor. O meu pai tem medo dele? Esse homem ameaçou de cara dura a minha tia? Será ele um mafioso, um assassino cruel? Enquanto mil coisas vêm à minha mente, eu encaro o senhor meu pai esperando ele falar algo, mas ele abaixa a cabeça, parecendo buscar por uma palavra certeira. E assim que ele abriu a boca:

 —  Sinto muito, mas Flora será esposa do senhor André Soleto! O casamento foi arranjado antes de o senhor aparecer em minha vida. —    Ele afirma a mentir. Céus, o meu pai não olha-me nem olha para o homem.

… hahahahah… ouço uma gargalhada alta ecoar do homem. O seu rosto fechou-se e os seus olhos sóbrios pousaram no meu pai. 

   — Experimente dar sua filha a outro, seu velho louco e verá o que eu sou capaz! — novamente esse homem ameaçou. Tomei frente e quase gritei:

  — Vá em frente, senhor. Sei ser um covarde que ameaça moças e senhores bêbados. Não tenho medo do senhor! — minto, mas não pude esperar a resposta do homem, pois o meu pai parece simplesmente ter curado toda a bebida, agora é ele quem puxa-me e anda às pressas. O homem não vem atrás de nós. 

Não sei quem ele é, mas ele assustou-me! Eu temo que ele realmente possa ferir a minha tia e o meu pai. Que merda, porque isso tinha que acontecer? Eu tinha tantos planos agora que tenho maioridade. 

  — Sinto muito meu amor, mas para te salvar eu aceitei seu casamento com André! 

 — Meu pai, podemos dar…___   Tentei falar, mas ele deixou uma lágrima solitária cair. Calei, a dor era visível em cada parte do seu rosto. 

'Poderia casar com o senhor André. Pelo que falam ele tem casa própria e um excelente emprego, ganha muito dinheiro. Ele poderia ajudar-me a quitar a dívida com o senhor Fernando. Se acaso não dermos certo, posso, após resolver as questões de meu pai, pedir o divórcio.' Abracei o meu pai assim que tomei a decisão de casar. 

— Vou casar! Pai,eu farei o que deseja, desde que fique bem! Pai, eu juro que pagarei tudo que o senhor deve! —  Ele assentiu e seguimos para a fazenda. 

Coração sangrando, e na mente a certeza : Um casamento sem sentimentos! 

Eu não sonhava em casar cedo. Mas se fosse casar o meu sonho era ser esposa de um homem de terno e gravata que não fosse deste lugar. Sabe? Aquele homem que marque presença e que dê borboletas no estômago, mas ao que parece serei como as demais esposas que vivem aqui, elas nunca sairão de San Romeno. Eu também não sairei! 

Tudo pela segurança da minha família e nada por mim! 

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Continuação com Leander...

Obrigada aos que estão a ler, e...

Beijos no coração ❤️❤️❤️

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