Maya
Quando eu tinha dez anos, vi o “mundo perfeito de Maya”,
desmoronar. Era para ser só mais um dia como outro qualquer, em que jantávamos
juntos, falávamos um pouco sobre a escola e o que tínhamos feito durante o
dia...
Antes de dormir meus pais passaram no meu quarto, minha mãe para
conferir se eu tinha escovado os dentes e toda aquela rotina, e
meu pai... eu até achei aquele “beijo de boa noite” demorado e dramático
demais, mas, não imaginei que se tratava de uma despedida.
Adormeci, mas não sei por quantos minutos, só sei que
acordei com a voz da minha mãe em um tom nada amigável. Minha mãe sempre foi
muito calma e paciente, nunca a vi falar em tom alterado com ninguém, mas,
naquele momento, ela gritava com meu pai, em uma mistura dolorosa de raiva e
lagrimas.
Levantei assustada e corri até o quarto da minha irmã, sete
anos mais velha, a Mia, e a acordei. Contando que nossos pais estavam brigando e,
primeiro a Mia achou que eu tinha tido um pesadelo, nossos pais não brigavam,
me pediu para deitar ao seu lado para tentarmos dormir novamente. Mas antes que
ela terminasse de falar, ouvimos a voz da minha mãe, ela perguntava “Quem é
ela?”. Eu não me lembrava dessa parte até começar a fazer terapia, mas disso eu
falo depois.
Minha irmã pediu que eu não saísse do quarto, disse que
estava tudo bem, que adulto às vezes brigavam e que ia até o quarto dos nossos
pais saber o que estava acontecendo. A Mia demorou a voltar... ou talvez não
tenha demorado, mas qualquer espera para uma criança é tempo demais. Mas pelo
menos os gritos acabaram, e quando voltou, com os olhos avermelhados e a pele
pálida, deitou ao meu lado, me abraçou, beijou minha testa e disse que já
estava tudo bem, que eu poderia ficar com ela aquela noite. Dormimos abraçadas
e eu acordei sozinha na cama, aliais, parecia sozinha na casa.
Me levantei e desci para o café da manhã, como sempre faço,
mas, para a minha surpresa, não tinha café da manhã. Olhei a hora no relógio na
parede de cozinha e estranhei, ninguém na minha casa acorda tarde, mesmo sendo
um sábado. Abri o armário e a geladeira, me servi de um pouco de leite e
cereal, e tomei meu sozinha na mesa da cozinha, mas de olho na porta,
achando que a qualquer momento alguém entraria e se juntaria a mim. Mas isso
não aconteceu, coloquei minha tigela na pia e subi as escadas, na direção no
quarto dos meus pais, bati na porta, e ouvi a voz fraca e desanimada da minha mãe, permitindo a minha entrada.
Como não vi o papai ao lado da mamãe na cama, e nem ouvi
nenhum som vindo do banheiro, perguntei a minha mãe se o papai e a Mia tinham
saído juntos, ela não conseguiu me responder. Uma lagrima escorreu pelo seu
rosto e eu não fiz mais perguntas, apenas me aninhei a ela e passamos um longo
tempo em silêncio, abraçadas.
Eu sabia que alguma coisa estava errada, não estava tudo bem,
como a Mia afirmou na madrugada. Mas entendi que não era hora de fazer
perguntas, não queria ver minha mãe chorando, seja lá por qual motivo. Passei
todo aquele dia sem saber exatamente o que estava acontecendo, só assistindo
minha mãe e minha irmã tentando disfarçar a tristeza quando eu estava por
perto. Só quando a noite chegou e meu pai não apareceu para o meu beijo de boa
noite, é que entendi parte do que tinha acontecido, ele não ia mais voltar.
* Os dias foram passando e foram me contando partes do que achavam que uma criança de dez anos*
deveria saber. Mas tudo que entendi era que, minha mãe estava triste, meu
pai já não morava mais conosco, minha irmã não queria mais falar com o meu pai,
e meu cunhado, Miguel, que na época namorava a minha irmã, passava os dias
tentando me distrair daquele caos familiar que se tornou a minha casa.
Resumindo, não via mais o mundo tão colorido, não achava
mais graça nas conversas e brincadeiras dos meus amigos, minhas notas na
escola, despencaram assustadoramente, parei de fazer perguntas, porque tinha
medo das respostas e passei a fazer tudo só por obrigação, como ir à escola,
acordar, levantar...
Mas todos se esforçaram bastante para me tirar da apatia, me
levando a parques, comprando jogos novos, levando para tomar sorvete,
inventando brincadeiras... e eu me esforçava para colocar um sorriso no rosto e
fingir que estava bem, não queria ser mais um problema para a minha
família.
Mas, em uma dessas idas à sorveteria, acabei descobrindo o
real motivo para o meu pai ter saído de casa. Minha vontade era de gritar com
ele e dizer o quanto eu o odiava por ter nos feito sofrer, quando o vi de mãos
dadas com uma mulher saindo de um restaurante. Mas não fiz nenhum escândalo,
não queria ferir minha mãe, ela não merecia ver nada daquilo, nenhuma de nós
merecia.
Claro que não odeio meu pai, foi só raiva daquela cena e por
ninguém ter me contado a verdade, porque a verdade é que, meu pai traia a minha
mãe, e saiu de casa por causa daquela mulher. Parei por um tempo de frequentar
a casa dele e de dormir no quarto fantástico que ele me deixou escolher cada
coisa, achando que assim amenizaria a falta que eu sentia dele em casa. Nem
vê-lo eu queria mais, mas minha mãe é uma mulher tão maravilhosa, que colocou
sua própria dor de lado, para tentar me convencer que ele sentia muito a minha
falta e a da minha irmã também. Então eu voltei a vê-lo, mas passei a dormir naquele apartamento que, agora, eu sabia que era frequentado pela amante dele, somente nas minhas férias escolares, e contra a minha vontade.
E isso tudo, me rendeu alguns anos de terapia. Mas foi bom,
a única coisa que me restou, foi a dificuldade de confiar nas pessoas e o
desinteresse em um relacionamento, não confio muito no sexo masculino, exceto
em três deles. Meu padrasto Bruno, que é um homem decente e trata minha mãe
como uma rainha, meu cunhado Miguel, que nos tornamos amigos desde o dia que nos
conhecemos e ele nunca nos decepcionou, hoje é casado com a minha irmã e me deram
um sobrinho que é minha paixão e, meu melhor amigo Benjamin.
Conheci o Ben aos onze anos, no casamento da prima do
Miguel, descobrimos que estudávamos na mesma escola e só não nos conhecíamos
por ser em horários diferentes. Não dei
muita importância no dia, achei que não nos veríamos mais. Mas, a minha terapeuta
disse a minha mãe, em uma das primeiras consultas que eu deveria fazer alguma
atividade extra, e eu optei pela dança. Fui parar no mesmo lugar em que o Ben
fazia aulas de guitarra e, assim, começou nossa amizade. No ano seguinte,
passamos a estudar no mesmo horário e na mesma turma, e não nos desgrudamos
mais.
Continua...
Benjamin
Eu sempre fui uma criança muito esperta, e cresci cercado de
amor e carinho, mas, aos cinco anos, pedi aos meus pais um irmão. Eu sentia
falta de outra criança para brincar em casa, e a maioria dos meus colegas da
escolinha tinha um irmão ou irmã mais velha. Meus pais não tinham a intenção de
ter outro filho, mas eu era tão insistente, que meu pai acabou me contando que
eu já tinha um irmão, quinze anos mais velho que eu. Claro que não entendi muita
coisa na época, a única informação que guardei, foi que eu já tinha um irmão, e
achei aquilo fantástico.
Fiz muitas perguntas ao meu pai sobre ele, perguntas que nem
mesmo meu pai sabia responder. Insistia que queria conhecê-lo, mas meu pai
explicou que ele estudava em outro país, e que quando ele voltasse, eu o
conheceria. Os anos foram passando e, tudo que eu tinha do meu irmão, era uma
foto de quando ele era criança, bem parecido comigo, ou melhor, nós dois somos
parecidos com o meu pai, e a informação de que ele era guitarrista.
Eu sempre gostei de música, mas queria ter algum assunto em
comum para conversar com ele quando nos encontrássemos, ele virou minha
obsessão. Quase todo menino tem seu super-herói favorito, e ele era o meu,
mesmo sem nem saber como ele era.
Por coincidência, recebi um panfleto na porta da minha escola sobre uma escola de música, dança e vários outros tipos de atividades. Na mesma hora, pedi a minha mãe para me matricular, e comecei a
fazer aulas de guitarra aos nove anos, me empenhei tanto que, já não era mais
só pelo meu irmão, era por mim, me apaixonei pela sensação que o som da guitarra me causava.
Até que um dia, eu não sabia o motivo na época, mas depois
eu soube, depois de uma aula, meu pai foi me buscar e paramos no meio do
caminho de casa para tomarmos um sorvete. Lembro que era um dia muito quente,
mas estranhei, porque não faltava muito para o jantar, e meus pais,
normalmente, não me deixariam tomar um sorvete antes de comer. Mas, quando
sentamos em uma das mesas da sorveteria, meu pai ficou pensativo por um tempo
e, após achar as palavras corretas, me contou que meu irmão já estava de volta
a cidade a algum tempo, mas que nunca me contou, porque não sabia se ele ia querer me conhecer.
Lembro que segurei as lagrimas na hora, foi difícil de ouvir, achei que o problema
era comigo, mas meu pai me tranquilizou, ou, tentou, me contando que a culpa
era dele. Disse que foi casado por dezesseis anos com a mãe do meu irmão, e eu
nunca nem tinha pensado a respeito, só salvei a informação de que tinha um
irmão, e que o nome dele era Igor.
E, lacrimejando, me contou sua história. Disse que não tinha sido um bom marido para ela, e nem um bom pai. Que ele fazia de tudo para passar o máximo de tempo fora de casa, porque toda vez que voltava, tudo que ele e a esposa faziam, era brigar. E que eles eram tão egoístas na época, que
nem se importavam se meu irmão estava ouvindo as brigas ou se precisava de um
pouco de atenção. Até que um dia, minha mãe começou a trabalhar na mesma
empresa que ele e os dois se envolveram, e meses depois, minha mãe descobriu
que estava grávida e meu pai decidiu pedir o divórcio do seu casamento, “falido”,
e foi morar com a minha mãe.
Até aquele momento, eu não fazia ideia de que essa era a
minha história, que eu era fruto de uma traição. Mas ele diz que não se orgulha
do seu passado, e que sabia que não podia voltar no tempo e consertar as coisas
com o meu irmão, mas que poderia ser melhor para mim e para a minha mãe, e ele realmente é.
Algumas semanas depois, eu entendi o motivo dele ter
escolhido aquele momento para me contar toda sua história. No dia em que foi me
buscar, eu o apresentei uma amiga mais velha, que, na verdade, trabalhava lá e é
filha do dono do Espaço Cultural, e também o namorado dela. O que eu não sabia,
é que se tratavam do meu irmão e a namorada dele, que hoje é minha cunhada, são
casados e me deram uma sobrinha linda, a Rana.
Meu irmão soube quem eu era antes que eu soubesse dele, mas
resistiu um pouco, por não querer uma aproximação com o meu pai, e eu juro que
entendo. Mas minha cunhada o fez entender que eu não tinha culpa de nada, e que
ele deveria nos dar uma chance, e foi o que ele fez. E hoje, é meu melhor
amigo, a pessoa que me aconselha quando preciso... ta bom, só às vezes, porque
os conselhos da minha cunhada são muito melhores que os dele.
Também tenho uma melhor amiga, a Maya, nos conhecemos aos
onze anos e não nos desgrudamos mais. A Maya é do tipo de garota sem frescuras,
que me deixa a vontade para falar sobre qualquer coisa, e foi quem me ajudou
por um período complicado da minha vida.
No meu aniversário de dez anos, meu irmão fez uma apresentação surpresa com sua banda, eu fiquei muito feliz, porque muitos dos meus amigos não acreditavam que eu tinha um irmão famoso, por várias vezes fizeram piadas com isso. Mas depois que ficou comprovado que não estava
mentindo, meu número de “amigos”, aumentou absurdamente. No começo achei legal,
mas depois entendi que não era por mim, todos queriam fazer perguntas sobre o
meu irmão, pedir autógrafos e fotos... Aquilo estava ficando tão
desconfortável, que pedi a minha mãe para que me trocasse de horário na escola,
e foi assim que fui parar na mesma turma da Maya.
Já nos falávamos no Espaço Cultural, onde ela fazia aulas de
dança e eu de guitarra, mas foi na escola que nos aproximamos de verdade. Ela
era a única que eu conhecia na turma e, estava precisando de ajuda com as
notas... juntamos o útil ao agradável e… foi uma das melhores coisas que já
me aconteceu.
Continua...
Maya
— Bom dia querida! — Minha mãe, Denise, me cumprimenta com
um beijo, enquanto coloca uma cesta de pães na mesa, para o nosso café.
D. Denise, mãe da Maya
— Bom dia, princesa!
Acho que alguém não dormiu muito bem essa noite. — Meu padrasto, Bruno, comenta, devido ao meu desanimo e as minhas olheiras.
Bruno, padrasto da Maya
Nós mudamos para o apartamento do Bruno faz um ano, logo
após o casamento dele com a minha mãe. Minha irmã se casou há alguns anos e
ficamos só eu e minha mãe em uma casa enorme, mas não foi por isso que ela
aceitou se mudar para cá, ela queria começar uma nova vida, sem os fantasmas da
vida passada. O Bruno levou cinco anos para conseguir colocar uma aliança no
dedo da minha mãe, resquícios do que o meu pai fez a ela.
Foi um pouco estranho no início do namoro deles, eu já tinha
percebido que minha mãe estava saindo a noite com uma certa frequência, e vivia
pelos cantos de segredinhos com a minha irmã mais velhas, mudando sempre de
assunto quando eu me aproximava. Até que um dia ela me contou, cautelosamente,
sobre o namoro. Acho que tinha medo da minha reação, já que não tinha sido boa
quando descobri que meu pai tinha alguém, mas no caso dela era diferente, ela
não estava traindo ninguém e merecia muito ter alguém que a valorizasse e a amasse,
assim como o Bruno.
Ela fez questão de me explicar que ele não ia tomar o lugar
do meu pai na minha vida e, que não dormiria na nossa casa... entre outras
coisas. Eu já tinha visto o Bruno rapidamente, durante a festa de casamente em que
se conheceram e eu conheci o Benjamin, mas quando fomos oficialmente
apresentados, gostei dele de cara, mas não dei o braço a torcer, precisava
avaliá-lo por mais algum tempo.
Estávamos na minha casa, e acabamos ficando alguns minutos sozinhos na sala, enquanto minha mãe e minha irmã terminavam de arrumar a mesa para o jantar, então, eu aproveitei o momento e disse: — Eu mato você se magoar a minha mãe!
Ele segurou o riso, me mostrou o distintivo e perguntou —Isso foi uma ameaça mocinha?
Pois é, minha mãe esqueceu de me contar que, o meu futuro
padrasto, na época, é delegado. Ficamos nos encarando tempo o suficiente para
cairmos na gargalhada, foi nesse momento que ele me ganhou, somos amigos até
hoje e converso mais com ele sobre os meus problemas, do que com o meu próprio pai.
— Bom dia!
Dormi tarde repassando a matéria da prova. — Respondo
bocejando.
— Alguma dificuldade?
Posso te ajudar com isso mais tarde, se quiser. — Bruno, gentilmente.
— Obrigada, mas está tudo sob controle. Eu e o Ben ficamos de estudar juntos hoje depois da aula. — Respondo e me sirvo de um pouco de suco de laranja.
— Vão estudar aqui, ou na casa dele? — Minha mãe pergunta, antes de dar um gole no seu café.
—Aqui mesmo. — Respondo e bocejo novamente.
— Tem comida no freezer, não vão ficar se entupindo de besteira, é para almoçar. — Minha mãe ordena e, antes que lhe responda, recebo uma notificação no celular.
— Não se preocupe, ficaremos bem. — Me levanto apressada da mesa, beijo o topo de sua cabeça e mando um beijo no ar para o Bruno.
— Aposto que era o Benjamin no celular, pela pressa... — Ouço Bruno comentar enquanto pego minha mochila no sofá da sala.
— Eu não tenho dúvidas, todo dia é essa correria, ela nunca toma um café descente. — Ouço minha mãe responder, antes de passar pela porta e ir em direção ao elevador. Moramos na cobertura de um edifício, em um condomínio cercado de seguranças e câmeras, totalmente apropriado para um delegado.
* ****
— Bom dia, gigante! — Ben me cumprimenta quando chego a portaria, e eu faço uma careta. Ele sempre me chama assim quando quer me irritar, só porque, ao contrário dele, sou meio desprovida de altura. Ele diz que não sai dos treze anos, que até o meu rosto é infantil para alguém de dezessete anos. O pior é que é verdade, as pessoas me olham duas vezes quando, por algum motivo, respondo minha idade. Mas eu e minha irmã, até temos alguns traços físicos do papai, mas, a altura, essa com certeza é da minha mãe.
— Bom dia Bebê! — Retribuo a gentileza, chamando-o pelo
apelido que detesta. Mas foi a mãe quem deu, e o chama assim até hoje,
independente de quem esteja por perto. Ele faz uma careta e bagunça o meu
cabelo, antes de passar o braço em volta dos meus ombros para caminharmos até a
escola. Um dos pontos altos de eu ter me mudado para a cobertura do Bruno, foi
a proximidade da casa do Ben, e também da escola. Desde que moro aqui, ele
passa todos os dias para me buscar e caminharmos juntos dois quarteirões até
nossa escola.
— Jaqueta nova? — Pergunto ao reparar a peça preta de couro por cima da camiseta do nosso uniforme, e o vejo contrair um sorriso ao perceber que notei.
— Ganhei do meu irmão. Ele voltou ontem de viagem e passou lá em casa para me entregar. — Responde, fingindo não ser nada de mais. Mas sei que é, ele é louco por esse irmão, e tudo que ganha dele, tem um valor muito maior do que custou na loja, embora eu ache que essa jaqueta custe o valor de um carro. Mas, poderia ser até um pacote de balas, que para o Ben teria o mesmo valor.
— Hoje que serão escolhidas as funções de cada um na festa. —Comento
desanimada, com a voz arrastada, e ele sorri, porque já sabe qual é a sua função.
— Ah, para vai! Eu estou animado! — Ele diz com um sorriso largo.
— Claro não é! Mais um ano beijando um monte de garotas! — Digo e reviro os olhos. Desde os quatorze anos que o Ben é um dos escolhido pelas meninas para ficar à frente da barraca do beijo na festa junina da nossa escola. E, é sério, ano passado, a fila ficou gigantesca. Ele ri e me desvia de uma poça d’agua na calçada.
— Quem sabe esse ano também não me escolham! — Brinco, pois sei que nem tenho chance. Além de não querer, as escolhidas são sempre as mesmas garotas. Eu prefiro ficar na barraca do milho ou coisa do tipo.
— O que disse? Você, na barraca do beijo? — Pergunta, parecendo indignado.
— Nem pensar! — Diz maneando a cabeça quando chegamos no portão da escola. E somos interrompidos antes que eu possa responder.
— Oi casal! — Samira nos cumprimenta. A Sam é da nossa turma e, não somos amigas confidentes como eu e o Ben, mas somos amigas.
Samira,17 anos
— Não somos um casal! — Respondo e ela dá de ombros.
— Então acho melhor vocês pararem de andar assim. — Apontando para o braço do Ben, que continua repousado em meus ombros. Ben faz uma careta e beija minha têmpora, antes de me soltar.
— Vou ali falar com os caras, encontro vocês na sala. — Diz e se afasta, caminhando na direção de um grupo de garotos do time de basquete, que ele também faz parte.
Percebo os suspiros da Samira quando ele passa por ela e contraio os lábios para não rir de sua paixonite pelo Ben, pois ela acha que ninguém percebe. Mas acho que só ele ainda não percebeu.
Continua...
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