Talvez tudo tenha começado a muito tempo atrás, cerca de 10 anos, quando eu estava no 5° ano do fundamental...
Eu tinha 10 anos e neste mesmo ano completaria 11, havia acabado de me mudar de casa e escola, não que já não estivesse acostumada, afinal, minha vida inteira passei me mudando de cidades, casas e escolas, então para mim não seria nada diferente afinal sabia que não ficaria ali por muito tempo.
Devia ser por volta de 11 da manhã quando minha mãe me acordou para tomar banho, me arrumar, comer e ir para a escola, e foi o que fiz.
Minha aula começava 13:15 mas acabamos nos atrasando, afinal, meu irmão de 11 anos iria para a mesma escola que eu, e ele não era nada pontual, não gostava da escola, e era estritamente preguiçoso, então foi assim que cheguei atrasada no meu primeiro dia de aula PARA VARIAR.
Como era o primeiro dia de aula naquela escola diferente, minha mãe resolveu me levar até minha sala, QUE SORTE o lugar vago ao qual a professora me colocou era do lado da janela e na última carteira com ninguém do lado, tudo que alguém como eu precisava, afinal, se eu não iria ficar ali por muito tempo, porque iria me dar ao trabalho de tentar fazer amizade?
Na minha frente havia um garoto que era particularmente falando, muito lindo, ele tinha o cabelo médio e de cachinhos, era meio gordinho, ele pareceu legal e não parou de me olhar como se quisesse perguntar algo mas não soubesse como, e ao que parece a oportunidade perfeita para que ele fizesse a pergunta foi logo após quando a prof mandou fazermos um círculo ficando assim lado a lado com ele, e foi quando ele começou a fazer perguntas:
- qual o teu nome? (Perguntou me ele)
-Ananda(respondi eu)
e então ele me falou que seu nome era Eliot, e começou a fazer outras perguntas, mas logo a prof cortou o barato dele e mandou ele fechar a boca para ela falar.
Quando bateu o sinal para irmos para a próxima aula a professora mandou colocarmos as mesas nos lugares certos, então foi o que fizemos, e em seguida ela mandou para que fossemos sentar em dupla, por sorte uma garota chamada Ingrid me chamou para ir com ela e então fizemos o nosso trabalho, uma pena que quando estávamos no meio ela teve que ir para casa.
logo após era o recreio, então me sentei em uma mesa de pedra verde que havia na frente da minha sala e comecei a comer uma maça que eu havia levado para a escola, e então tomei um iogurte em formato de morango que eu também levei para a escola.
-não pode comer isso na escola. (falou o gordo chato sentando bem na minha frente).
- olha minha cara de preocupada. (falei dando uma mordida na maça).
ele me pediu um pedacinho da maça, mas eu falei que no refeitório estavam dando e que ele poderia ir lá pedir.
logo em seguida tocou novamente aquele sinal irritante e então entramos na sala, tudo ocorreu extremamente bem, afinal, nem o gordo, nem a Ingrid e nem ninguém falou comigo.
o segundo dia de aula foi quase igual ao outro, apenas com a diferença de que Ingrid faltou, e então tive que fazer um trabalho em dupla com um garoto que parecia meio retardado mais ele se mostrou uma pessoa legal, enquanto a professora explicava a tarefa ele e eu começamos a folhear o livro didático e descobrimos códigos criptografados que tinham a ver com o tio Patinhas, e embaixo tinha um texto criptografado, é claro que nós dois iríamos traduzir o texto, e quando traduzimos estava escrito "jogue água quente, beba água fresca, os sobrinhos".
nos próximos dias de aula foram quase iguais, apenas com a diferença de que Ingrid sempre faltava ou ia para casa mais cedo, até que foi embora, e o gordo chato, continuou conversando comigo, o Sandro ("um garoto que parece retardado") virou meu amigo, afinal, não tem como não se contagiar com ele, ele é amigo do Eliot (melhor parar de chamar ele de gordo chato, ele pode estar lendo) e também de uns outros garotos da sala, graças a isso eu mudei de carteira, e ao invés de sentar atrás do Eliot me sentei atrás do Sandro.
tudo parecia bem até o dia do meu aniversário que foi quando tudo começou a despencar, na verdade foi um dia antes do meu aniversário, quando uma garota irritante da minha sala perguntou:
-Ananda, você gosta de alguém da sala?
- não (respondi eu, afinal eu não gostava de ninguém).
- tem certeza? não acha nem ao menos um garoto bonito? ( cutucou a praga só para encher meu saco).
foi ai que eu comecei a ficar nervosa (sem nem saber por que) e então falei um dos poucos nomes que eu conhecia da sala:
- Eliot (PARA QUE, SUA BURRA).
e então ela deu um sorrisinho disfarçado e falou:
- tendi.
e com aquela cara de pirralha que estava aprontando, ela saiu.
no outro dia (meu aniversário) cheguei na sala e a professora me deu um emoji de aniversário, quando eu sentei na minha carteira Eliot veio até mim e perguntou:
- Ananda, é verdade o que estão falando, é verdade que cê gosta de mim?
ué, é claro que eu gostava dele, ele é um amigo, não como o Sandro mais é meu amigo, então respondi que era verdade, foi neste momento que Sandro virou para trás e me encarou ao mesmo tempo que Eliot ficou me olhando (igual a turma inteira), na hora eu fiquei boiando mas depois percebi que tinha feito coisa errada, (PRA QUE).
eu não entendo como aquela garota fez aquilo sendo que eu nunca fiz nada para ela, eu não acreditava que Eliot não ia mais falar comigo por causa disso, ( que nem uma velha sábia disse uma vez " eu levei um fora sem nem gostar de você"), to pouco me lixando para ele, o problema é que agora eu estava sendo injustiçada.
como se já não bastasse isso, no final da aula Sandro me deu um emoji também, e então um amigo cabeludo que ele tinha me falou que ele gostava de mim, PRONTO era tudo que eu precisava.
depois disso eu resolvi evitar ir para a aula afinal já estava tudo acabado pra mim, e também eu havia queimado minha perna em casa, então não poderia ir muito para a escola.
nos poucos dias em que fui para a aula, eu decidi mudar de carteira, sentar na última carteira que ficava do lado da parede, eu tive o azar de ficar na reta do Eliot afinal ele se mudou para a última carteira da fila dele, ou seja, toda vez que eu olhava para ele, ele estava me olhando.
o último dia de aula foi apenas uma festa de despedida na qual todos levaram alguma coisa para comer ou beber (nem lembro o que eu levei), podíamos ir com qualquer roupa então optei por ir com um conjunto rosa que era top e saia, e fui com uma alpargata preta (que na época eu amava usar).
quando eu estava sentada comendo, Eliot disse que dava de ver minha calcinha, eu particularmente não acreditei, então só mandei ele tomar naquele lugar.
depois disso só tornei a ver aquela turma no ano seguinte, mas eu tive uma surpresa, que só depois percebi que não era agradável como eu queria.
quando comecei no 6 ano tive a surpresa de mudar de turma, e ainda por cima estudar com meu irmão, porque ele havia reprovado, então pode se imaginar a maravilha não é?
até ai tudo bem, até que aquela mesma praga que havia mentido no ano passado tornou a me importunar.
- Ananda, é verdade que você gosta do Sandro?
ué é claro que sim afinal, no ano passado éramos amigos não é? e não vai ser as fofocas que vão estragar isso.
FORAM AS FOFOCAS QUE ESTRAGARAM ISSO, aquela praga falou para ele que eu gostava dele, e ele espalhou a fofoca, nessa hora eu comecei a me irritar com ele.
aposto que se minha família soubesse disso iriam ficar maravilhados afinal quando ganhei o emoji dele, falaram para mim namorar com ele só porque a família dele tinha uma hamburgueria, e é lógico que eu não faria isso com ele, mas agora ele me traiu, nem veio fazer como o Eliot e me perguntar...
O ELIOT, onde foi parar o Eliot? será que reprovou? será que mudou de turno? será que mudou de escola? ou foi de cidade?
neste momento me dei conta de que não havia visto ele desde o primeiro dia de aula, e isso me deixou triste sem eu nem saber o porquê.
era claro que meu irmão não acreditaria no boato, e também logo logo meu nome sairia da boca deles.
MEU NOME FOI PARA A BOCA DO POVO De novo (será possível?), só que dessa vez foi por um outro motivo, PIOLHO, poisé, algum calhorda viu piolho na minha cabeça e falou para a professora, a professora me mandou para a diretoria, por sorte não deu em nada mas mesmo assim fiquei sentida, minha alegria foi que alguns dias depois minha amiga foi estudar no mesmo colégio que eu e até mesmo na mesma sala.
pouco tempo depois eu fui de novo para a boca do povo, apenas porquê saiu catarro pelo meu nariz sem eu conseguir ir ao banheiro a tempo, mais beleza, tudo estava indo bem, eu desfile no 7 de setembro pela primeira vez.
no final do ano eu descobri que minha mãe estava grávida, beleza até aí tudo bem, até que eu comecei a perceber que eu teria que ser a babá do bebê ( que por sinal estava na cara que seria um garoto bem peralta).
de resto, o ano seguiu bem, eu até me apresentei na apresentação de natal, e então, passei direto para o 7° ano.
okay, este ano foi o ano mais "encima da linha" que já vivi, afinal, minha avó morreu, meu tio morreu, uma enorme pandemia do Corona vírus apareceu, entretanto, meu pequeno irmão nasceu para trazer alegria neste ano, mesmo ano em que meu irmão mais velho foi para o batalhão e já aproveitou para se mudar da casa da minha mãe, já que ela e minha cunhada não se dão bem.
neste ano, devido a pandemia, as aulas foram em casa, então foi muito mais fácil passar de ano, a única coisa que não foi fácil, foi me manter emocionalmente bem, afinal, eu estava longe de qualquer pessoa ao qual eu poderia manter contato, tirando que ainda por cima eu não aprendi quase nada, tive que aguentar minha mãe, não pude me concentrar muito bem nos estudos pois tinha as tarefas domésticas para aguentar e ainda por cima tinha que cuidar do meu irmão mais novo, então digamos que não foi nada fácil esse ano, mas com muito esforço passei e dei risada quando olhei para trás.
no ano seguinte, como imaginado, nos mudamos novamente, e lá se foi a minha chance de ver novamente todos aqueles que eu estava começando a me acostumar.
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