Silvia narrando
Eu coloco a mão na barriga assim que entro no banheiro, eu já sentia alguma coisa dentro de mim, as vezes umas tremidas na barriga e por muitas vezes me peguei esperando sentir algo, mas eu não poderia sentir nada, eu não poderia sentir nada além do que era os sintomas de uma gestação.
Eu saio do banheiro me mantendo firme.
— Vamos até o meu consultório – ela flaa e Lorenzo me encara
— Porque? – eu pergunto
— Saiu os resultados dos exames e quero conversar com vocês – ela fala
Eu e Lorenzo a seguimos em direção ao consultório dela, meu coração meio que aperta em saber o que tinha acontecido porque Samanta estava sendo cirugica de mais, ela manda tanto eu e Lorenzo sentar e eu o encaro e ele me encara.
— O que está acontecendo Samanta? Porque você chamou lorenzo aqui? – eu pergunto para ela.
— O exame que você fez do ultrassom com 12 semanas, eu vi uma alteração nele, então eu mandei fazer os exames de sangue e dei o tempo de 4 semanas exatamente para refazer o mesmo ultrassom e eu tive a confirmação do que eu achava.
— Como assim? – Lorenzo pergunta
— Eu sei que você não quer ver nada, mas eu vou ter que mostrar Silvia.
— Tudo bem – eu respondo
— Esse é o osso nasal da criança e ele ainda não está com a formação que deveria está tanto nas 12 semanas como nas 16 semanas.
— É o nariz? – Lorenzo pergunta
— Mas ele vai se formar como deve se formar, so vai demorar mais durante a gestação por causa de uma coisa – ela fala – que eu tive a certeza através de um exame sanguíneo chamado NIPT.
— Samanta vai direto ao assunto – Lorenzo fala
— Eu não estou entendendo nada também – eu falo
— Eu vou ser direta e vou simplificar as coisas, o caso não é grave, é delicado obvio, mas parece ser até ironia do destino.
— Como assim Samanta,? – eu pergunto
— A bebê ela tem 1 cromossomo a mais – eu a encaro – e isso faz com que ela tenha um grau de síndrome de down.
— Que nem Amanda? – Lorenzo pergunta
— Exatamente, pode ser que seja um grau a mais da Amanda ou seja o mesmo, a gente ainda não tem a certeza exatamente – eu a encaro – Nós sabemos que Amanda leva uma vida normal desde criança, sempre teve todos os cuidados e essa criança também terá tudo, eu estarei aqui acompanhando ela desde pequena.
— Mas a Amanda quase morreu quando nasceu – eu falo para ela.
— Por causa do tiro que a Jéssica levou – Samanta fala – é claro que 90% das crianças com síndrome de down pode nascer com um problema no coração e é feita uma cirugia após o nascimento, agora nós vamos ter que acompanhar a formação, exames, ultrassons, tudo um pouco mais elaborado Silvia para a gente saber como vai ser até a criança nascer.
— Ela corre risco de vida? – eu pergunto para ela.
— Até agora não e eu tenho certeza que com todos os cuidados, vai dar tudo certo – Samanta fala – Dentro do morro por mais irônico que seja, existe o melhor local para atender desde uma gestação de uma criança com a síndrome de down até a vida adulta como Amanda, nós temos Amanda de prova disso.
— Sim – eu respondo
— Então vai ficar tudo bem? – Lorenzo pergunta
— Vai sim – Samanta fala – é um diagnostico que dar medo , eu sei disso, já dei esse diagnostico para muitas mães e pais – eu olho para ela – mas a gente sabe como um cromossomo a mais torna a vida mais especial para todo mundo.
Eu me levanto da cadeira e me viro para cadeira.
— Silvia, você está bem? – Lorenzo pergunta se levantando e indo em minha direção, ele encosta nas minhas costas por trás e eu me arrepio com seu toque.
— Sim – eu respondo com a voz embargada.
— Eu vou passar as novas vitaminas que precisa ser tomada Silvia – Samanta fala e eu me viro para ela – fazer exercício físico vai ajudar porque você vai está tomando bastante vitamina, remédio para cálcio, ferro – eu assinto com a cabeça – e vamos ampliar os exames também.
— Ok – eu respondo.
— Mas fiquem tranquilos, vai dar tudo certo – eu olho para Lorenzo e ele me encara.
LORENZO NARRANDO
2 anos antes....
Todo mundo sabia quem eu era aqui dentro, era difícil um desses vermes filhos da puta da policia não conhecer quem era o Lorenzo. Tinha sido preso por uma besteira e isso que iria escutar do meu pai e de todos, mas não deixaria ninguém ficar zoando Amanda daquela forma, aquele filho da puta gravou Amanda no banheiro e saiu espalhando e agora estava encontrando o diabo nesse exato momento. Ninguém meche com a minha família.
O agente tira as algemas e me coloca dentro da cela, eu tinha conversado com Mauro e ele disse que estava já me tirando daqui de dentro e nem precisaria ficar fugitivo, não estava sendo preso por ser filho de traficante e sim por homicídio.
Quem é aquele? – eu pergunto para o meu parceiro de sala quando vejo um passando e ele me encara com um sorriso irônico no rosto.
É um dos vapores de Rogui.
Santa Marta? – eu pergunto
Sim – ele fala
Eles vivem de guerra com a gente porque temos um território maior que o deles para vender drogas fora do morro – eu acendo um baseado.
Ele está te encarando e sacaneando a dias.
Eu apenas assinto com a cabeça, desde que eu me entendo por gente, eu entendi qual seria a minha função dentro de um morro, sempre tive paixão enorme por armas e eles se tornaram o meu principal brinquedo dos meus 10 anos de idade até aqui.
O meu parceiro de sela tinha saído da cadeia e eu estava na sela sozinho, eu sempre dormia com uma faca embaixo do travesseiro e as minhas mãos embaixo dele, porque sabia que aqui dentro era cada um por si e eu era marcado por muita gente por ser o herdeiro do morro da Rocinha. Pelo meu pai ele já tinha me tirado daqui a muito tempo;
Sinto passos na cela e agarro a faca de baixo do travesseiro, quando sinto uma respiração perto de mim, eu abro os olhos e surpreendo aquele homem que tinha uma faca na mão, eu esfaqueio diretamente o seu pescoço e o empurro fazendo com que ele caísse no chão , eu vou por cima dele esfaqueando ele inteiro e ele começa a cuspir.
Os outros presos acorda e vão para beira das grades.
Aranha porra – um grito – Aranha porra.
Se tiver mais algum inimigo aqui dentro que queira morrer, essa é a hora – eu falo – porque ninguém atravessa o meu caminho e sai vivo.
O cara ainda teve força para colocar as mãos no pescoço para tentar estancar o sangue, ele não conseguia falar e via que ele estava se sufocando, eu coloco meu pé em cima do seu pescoço e piso bem forte, olhando em seus olhos e ele vai se sufocando mais rápido e morre.
Eu abro um sorriso vendo aquele homem morto pelas minhas próprias mãos, eu adorava sentir o cheiro da morte.
yyyCapítulo 1
Silvia narrando
Dois anos depois...
Eu subo o morro da Rocinha para ir pegar as drogas com MT, eu paro na porta e bato duas vezes na porta, MT me encara.
Silvia – ele fala – estava sumida.
Estava com saudades de mim, é – eu falo sorrindo
O que aprontou para ter sumido?
Nada de mais – eu respondo – o que importa é que agora estou de volta, to precisando de grana, você precisa de alguém que venda as drogas.
Precisa pagar primeiro antes de tirar daqui.
Você sabe que eu te pago – eu respondo
Você já está devendo – ele fala – daqui a pouco não vou poder esconder mais.
Não se preocupa, me dar essa droga, eu vendo e pago toda a minha divida – eu falo para ele – alguma vez te deixei na mão MT?
Você sabe que eu não trabalho sozinho nisso – ele fala apontando o dedo
Não se preocupa, eu te trago o dinheiro depois do final de semana, vou pagar toda minha divida.
Ele me entrega um pacote cheio de drogas embaladas.
Valeu – eu falo sorrindo
Eu saio de dentro da boca e começo a descer o morro, eu não chegava no alto dele e nem onde tinha os chefões era apenas até onde era distrivuidas as drogas para quem vendia no asfalto. A minha vida nunca foi fácil, e vender as drogas me dava mais dinheiro e era dinheiro rápido do que a prostituição, até porque a prostituição trouxe um pesadelo para minha vida, Rogui o dono do morro da Santa Marta que agora está querendo me cobrar uma divida sem fundamento, sendo que eu nunca pedi nada a ele e tudo que ele me deu era pagamento pelo meu serviço, me deixou marcada no território dele e agora a minha única salvação era o morro da Rocinha, mas eu também estava devendo para eles, ainda que MT deixava passar, mas o dia que ele não deixar passar, eu estou fodida.
Eu era uma puta safada fodida, isso sim. A vida não foi generosa comigo e desde que eu me conheço por gente, eu cresci dentro de um orfanato, aos 15 anos de idade o orfanato que era em uma cidade no interior do interior do Rio, fechou e todos os adolescentes foram colocados para fora, lembro que entrei de carona na caçamba de um caminhão e cheguei no Rio de Janeiro, sem saber para onde ir. A minha vida toda eu só tive Tea que cuidou de mim no orfanato e me deu alguma grana que era dela mesmo pasra eu ir embora e tocar a minha vida.
É claro que ela não iria está feliz em saber o que eu virei depois de dez anos, eu virei uma quase sem teto, prostituta e mandachuva dos traficantes.
Esa é da boa Silvia? – um cara fala
É a melhor que tem – eu falo – vai por mim, compra na minha mão que tu não vai se arrepender.
Já é – ele fala me entregando a grana
Me dar dois ai – uma mulher chega com uma criança na mão.
Valeu – eu falo entregando e pegando a grana.
Ei – um policial fala saindo da viatura da policia – você ai, mãos para cima – ele tinha uma arma na mão.
Mas quem disse que a arma me intimida? Eu saio correndo o mais rápido que consigo entre os becos e vielas, corro , corro o mais rápido que eu consigo, os policiais atrás de mim e vejo que uma viatura fazia o contorno também, pulo em uma lata de lixo e pulo um muro pequeno e saio correndo, no que eu estava correndo eu percebo que tinha perdido a minha bolsa, eu olho para trás mas não tinha como voltar, o policial estava pulando o muro, eu saio correndo e entrando nas galerias, uma atrás da outra, no meio do caminho tiro o meu casaco e faço um coque no cabelo, eu tinha alguns trocados dentro do bolso e subo no primeiro ônibus que vejo e sento no fundo, espio o policial com a minha bolsa na mão correndo para tudo que é lado e parando na viatura, eu me abaixo e o ônibus anda.
Merda – eu falo – eu perdi a droga toda.
O herdeiro do morro da Rocinha, [09/06/2023 01:31]
Capítulo 2
Lorenzo narrando
Acendo um baseado e observo o morro, sexta feira era dia de movimento grande aqui, principalmente nas bocas, era cheio dos aviões buscando as drogas para vender fora do morro nas baladas e ruas cariocas e era isso aí que dava trabalho.
Lorenzo – minha mãe me chama quando me ver na rua.
Oi – eu falo
Estou ocupada hoje , quero que você fique de olho lá na boca de baixo.
É sério? – eu pergunto para ela – a senhora acha que eu não tenho mais o que fazer dentro do morro?
Você cuida dessa parte, esqueceu? – ela questiona – muita droga saindo e não está entrando o valor que deveria está entrando de volta, vamos ter que começar a cobrar as dividas.
Você sabe a forma que eu cobro – eu falo para ela
Então começa a cobrar – ela responde.
Normalmente as mães protege os filhos de virar traficante a senhora me incentiva – eu falo abrindo um sorriso.
Ué – ela fala – fui eu que mandei você matar aquele homem e ir para na cadeia e matar outro?
Matei para proteger Amanda, filho da puta.
E o da cadeia? – ela pergunta – porque você matou?
Faz dois anos mãe. Relaxa – ela me encara – sim, senhora eu vou descer ficar de olho nas contas lá de baixo.
Minha mãe era uma mulher totalmente mandona e autoritária era difícil passar a dona Heloisa para trás.
Eu desço até a boca e encontro MT sentado, a gente cuidava juntos dessa parte aqui mas pouco descia até aqui, eu também cuidava da parte de eliminar todos os inimigos e quem devia de mais dentro do morro e não pagava, aprendi com meu pai a não ter piedade de ninguém.
Pouca grana entrando e muita droga saindo – MT fala
Papagaio? – eu pergunto – acabei de escutar isso da minha mãe.
Vamos ter que começar a cobrar segunda feira quem está devendo – ele fala e eu me sento na frente dele colocando a arma do meu lado.
Eu já disse como eu cobro – eu falo
A gente avisa a primeira, dar o prazo na segunda – eu o interrompo
Matamos na segunda – eu falo – ficar voltando para dar prazo, não – ele me encara
Não é assim que funciona, a gente quer receber e não matar as pessoas – MT fala
Se não pagou na primeira e não foi até o prazo que a gente deu, quando voltamos, voltamos para matar e ponto, não vai pagar e vai ser só perda de tempo, quem sabe conseguimos algo com os pertences.
Fala sério Lorenzo – ele fala
Estou falando – eu falo – paciência não. Cadê a Lista?
Ele joga o caderno e eu começo a ver.
Primeiro queremos a grana – ele fala – a grana é mais importante.
E essa garota aqui que pegou hoje? – eu pergunto – o nome Silvia, ela tá devendo, não?
Eu conheço ela – ele fala
Ihh ela senta para você para tá protegendo ela? Vai pagar a conta dela? – eu pergunto
Eu conheço ela, segunda ela vai está aqui para pagar – ele fala
Se ela não tiver, eu mesmo cobro – ele me encara
Deixa ela comigo – MT fala
Se tu tá dizendo – eu falo – já manda os vapores dar o recado, se na semana que vem as dividas não serem quitadas, o aranha vai visitar pessoalmente cada um deles.
MT me encara e eu encaro ele e me levanto colocando a arma na cintura.
O herdeiro do morro da Rocinha, [09/06/2023 01:48]
Eu sou apalomaCapítulo 3
Silvia narrando
Eu entro dentro do pequeno apartamento em que morava com a minha amiga Sara, ela sai do banho e me ver nervosa andando de um lado para o outro.
— O que foi? – ela pergunta – o que foi Silvia?
— A Policia levou toda a droga que eu tinha pego da rocinah – eu falo
— E como está solta?
— Eu fugi – eu falo
— E os teus documentos?
— Eu não tenho documento, esqueceu – eu falo para ela
— E agora?
— Eu to ferrada – eu falo – eu já to devendo lá, MT já me deu o aviso que eu tenho que está lá segunda com a grana e eu disse a ele que eu estaria, eu to ferrada.
— Porra Silvia que mancada.
— E você acha que eu queria perder a porra da droga? – eu questiono para ela – você acha que eu queria isso?
— Cara – ela fala – estão dizendo por aí, que aquele lá que é filho do dono do morro, conhecido como Aranha não quer perdoar divida não, ele mata sem dó.
— Porra – eu olho para ela – uma ótima coisa para você falar caralho.
Sara começa a trocar de roupa e eu me sento na cama ainda mais nervosa, meu coração parecia que ia sair pela boca. Eu encaro Sara.
— Pede ajuda a Rogui.
— Tu tá maluca? – eu pergunto para ela – Rogui quer me cobrar até as minhas calcinhas, imagina quando ele souber que eu estou devendo para o morro da Rocinha.
— Ele gosta de você – ela fala – te dar grana, vai até lá, fica com ele e pede grana , duvido que ele vai te cobrar.
— E corro o risco de morrer?
— Corre risco agora ou morre semana que vem, tu sabe que divida de droga não perdoa – ela fala
— Eu posso conversar com MT e falar que eu perdi a grana e a droga para policia.
— Cara, você confia de mais nesse MT.
— Eu conheço ele desde que eu cheguei aqui – eu respondo
— E ele te ajudou alguma vez?
— Sim – eu falo – muitas vezes eu não tinha o que comer, eu recorria a ele e ele me dava comida.
— Quando isso? – ela pergunta
— Faz tempo já – eu falo – você tem família Sara, eu não tenho ninguém.
— Minha família não me quer , então é a mesma coisa que não ter.
— Mas você teve até uma altura – eu respondo – eu nunca tive – ela me encara. – eu estou ferrada, ferrada.
— Procura Rogui – ela fala – eu preciso sair, eu tenho um cliente.
Eu tinha ficado totalmente sem grana, tinha ficado apenas com uns trocados que usei para vir para casa, na bolsa tinha tudo, ainda que meu celular estava no bolso da calça também.
Eu me arrumo e resolvo subir o morro da Santa Marta, chegando lá eu peço para um vapor avisar Rogui que eu estava ali, logo o vapor me manda subir e ir até a boca, quando entro na boca principal, ele está sentado e sobe o olhar.
— Resolveu aparecer? – ele pergunta – fugiu de mim todas as vezes que eu mandei alguém atrás de você.
— Eu preciso de grana – eu falo
— Você já está me devendo de mais – ele fala – e eu vou ter que começar a cobrar.
— Essa divida ai eu não reconheço – ele abre um sorriso
— Mas reconhece o dinheiro que eu te dei.
— Você falou certo , você me deu – ele abre um sorriso com o baseado na mão.
— Traficante não dá grana sem ter nada em troca, você não me deu nada em troca.
— Estou falando sério, eu preciso muito de grana – eu falo
— Uma noite só, não será suficiente – ele fala – eu quero você aqui sentando para mim quando eu quiser, dentro do meu morro e nada mais.
— Você quer que eu seja sua prisioneira.
— Não – ele fala negando com a cabeça – eu só quero que você seja só minha.
— Rogui – Santo fala entrando – Preciso de você para resolver um BO lá fora.
— Eu to indo – Rogui fala se levantando e andando – quer a grana, quando eu voltar quero você sem roupa me esperando. – ele segura me meu queixo e depois larga saindo.
Eu sinto que ele não vai me dar a grana , mas escuto a chaveadura sendo trancada, eu vou até a porta e vejo que ele tinah trancado a porta.
Filho da puta!
Eu pego uma cadeira e quebro a janela de vidro e saio por ela, começo a descer o morro.
— Ei você ai – Um vapor fala – Rogui mandou não deixar você sair do morro.
Eu encaro ele e mais uma vez saio correndo, sair correndo era algo que eu sabia fazer muito bem.
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