— Acho que agora você é uma mulher, Fiorella. — ele disse e levantou as suas calças com raiva.
— Eu vou falar para o meu pai que você me forçou. — no furor do momento eu disse essas palavras, mas era mentira, eu quis tanto quando ele.
Argo foi até o armário, abriu uma caixa e apontou o revólver na minha direção.
— Repete o que disse! — Coitado, ele pensou que uma arma apontada para minha cabeça me intimidaria, então voltei a repetir. — Eu disse que vou contar... — ele destrava a arma fazendo-me assustar.
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...AUSTRÁLIA - SYDNEY...
...ARGO ROMANOV...
Argo Romanov, chefão da Máfia, e o patriarca da família Romanov. Sou casado há 20 anos com Loretha Romanov e pai do Jared. Após o falecimento do meu sogro, eu estou a frente dos negócios dele e comando rigorosamente o mercado ilegal.
Para consolidar e estreitar as nossas relações fora do país, fiz um acordo com Adalberto Ferraz, um contrato de casamento entre a sua filha e o meu filho. Se esse casamento é forçado, eu não me importo, as coisas têm que ser do meu jeito, eu sei o que é melhor para nossa família e os negócios. Comando há anos os negócios ilegais do crime organizado e sou bem-sucedido em tudo que faço.
Não aceito ser interposto, sou rígido como pai e marido. Casei jovem e desde então, nunca me relacionei com nenhuma outra mulher. Sou apaixonado pela minha esposa e só tenho olhos para ela.
Ouço uma batida na porta e peço para entrar. É o Giasone, o meu braço direito, o homem a quem confio a execução de todo o trabalho sujo. Devolvo o meu charuto para o cinzeiro e peço para ele falar.
— Chefe, soubemos pelos nossos soldados que os Ferraz entraram num avião já há algumas horas.
— Não se preocupe, meu caro, o casamento do meu filho e a garotinha está próximo, eles estão vindo para reafirmar o nosso acordo e a festa de noivado. Eu quero todos os soldados preparados, não confio naquele homem, no filho e muito menos na menina.
Ele acena com a cabeça e sai da sala, abrindo a porta para a minha esposa Loretha entrar. Ela caminha como uma rainha e vem até mim.
— Você por aqui, Loretha? — ela senta no meu colo e elogia-me.
— A sua ideia de casar o Jared com a filha dos Ferraz foi excelente, assim como tudo o que você faz, querido.
— Obrigado, Loretha.
A minha esposa pega uma foto imprimida num papel A4 e põe em cima da minha mesa, olho para ela confuso e desdobro a folha. Parece a foto de uma menina tirada de longe, provavelmente de algum espião nosso.
— Quem é ela? — eu perguntei, sem tirar os olhos da foto imprimida na folha.
— É a Fiorella Ferraz, a prometida ao nosso filho.
Olho bem para a foto em preto e banco. A garotinha é jovem, sei que ela acabou de fazer 18 anos, recebi essa notícia por correio eletrônico do próprio pai. O combinado era que eles ficariam noivos e se casariam quando a moça fosse maior de idade. Mesmo já tendo 18 anos com a aparência e de 16, não posso deixar de notá-la, é uma moça muito bonita.
— Argo! — Loretha puxa o meu rosto com a mão, fazendo com que os nossos olhos se encontrem. — Ela é linda, Jared vai gostar.
— Mesmo se não gostasse, Loretha. Ele não tem poder de escolha. — afirmo, franzindo o cenho. — O nosso filho tem 20 anos, já extrapolei a minha benevolência com ele, ou casa, ou eu vou deserdá-lo.
...JARED ROMANOV...
Eu soube que o velho do meu pai já fez o favor de arrumar uma mina para mim, eu nunca concordei com essa palhaçada. O meu lema sempre foi comer e partir para a próxima que ajoelhar nos meus pés. Eu sou um Romanov, vou tomar conta disso tudo e modéstia a parte, não sou de se jogar fora.
O meu pai é um pé no saco, acha que é dono do mundo. Já a minha mãe, completamente diferente, ela é doce apesar de ter casado com um amargo. Mas nunca se indispõe com o Argo. Ele manda, ela aceita. Loretha é a mulher submissa que ele tanto ama.
Apesar de eu não querer casar com uma menina tão nova e inexperiente, a ideia de comer uma boceta virgem me atiça.
Entro sem bater no escritório do meu pai, ele olha-me como se eu tivesse feito a coisa mais horrível do mundo.
— Se tem uma porta é para bater, garoto!
— Tá vendo um pornoz@o? — zombo. — Por que assustou quando entrei? — meu pai respira fundo e decide não discutir, aproximo da mesa e vejo uma folha A4 aberta.
— Quem é essa garota?
— A sua noiva.
— Tá errado se pensa que vou casar com uma menina virgem.
— Você não tem escolha, Jared. Isso é para o bem do império que você um dia vai herdar.
— Ajeita qualquer outra, pai, menos uma virgem.
— CALE-SE! — ele dá um soco na mesa. — Chega dessa sua vida de puto. Eles vão chegar em poucas horas, eu quero você aqui.
— Mas por que ela, só me diz isso?
— Ela é a única filha do Ferraz, Jared, ele é subchefe da Máfia Alemã, e eu preciso de aliados por lá.
— Eu sabia, é tudo por vocês.
— Por nós, menino. E vê se vira homem, eu quero você bem-apresentado, eles estão chegando.
Sorrio ironicamente e saio da sala, eu vou acabar com esse contrato estúpido. Vou dar um vexame, e o meu "sogro" vai desistir de entregar a sua filha a mim no mesmo segundo.
...ALEMANHA - BERLIM...
...FIORELLA FERRAZ...
Sou a Fiorella Ferraz e odeio o fato de ter nascido nessa família de mafiosos. O meu pai é subchefe de uma máfia e para salvar o seu império, assinou um contrato de casamento com Argo Romanov. Faz dois anos que sou prometida ao “playboy” metido filho dele, o Jared Romanov, e agora que fiz 18, estou sendo arrastada até a Austrália para celebrar a festa de noivado.
Sou virgem e nunca fui tocada por outro homem. Acho que devo agradecer ao meu pai que sempre me manteve reclusa no "castelo" onde moramos. Durante todos esses anos da minha vida, eu nunca senti vontade, ou necessidade de algo que me satisfaça, porém, o meu corpo vem mudando, e ontem quando vi sem querer uma cena de sexo num filme, senti a necessidade de me tocar. O meu corpo reagiu no mesmo instante, e isso foi inédito para mim. Eu adorei.
E saber que só estou me casando, só estou sendo vendida porque sou pura, faz-me ter a vontade de me entregar a qualquer um, apenas para acabar com esse contrato ridículo. Porém, o meu sonho não é esse, não é casar com uma pessoa que nunca vi, não é casar sem amor, e principalmente, com um garoto filho de mafioso.
Eu queria conhecer alguém sensível, romântico, um homem bonito que eu possa confiar e que a minha vida não esteja correndo perigo ao seu lado.
Estamos num jato particular do papai indo direto para a cova dos leões. Faz horas que estamos voando. Vou conhecer o meu futuro marido e os seus pais. Também estou planejando uma surpresa para o meu paizinho querido. Vou negar esse casamento na frente desses mafiosos malditos, duvido que eles vão me querer como nora depois da surpresa que vou-lhes dar.
— Melhora essa cara, Fiorella, não estamos indo para um enterro.
— Para você estamos indo salvar o seu dinheiro, né, pai? Mas para mim, é o meu funeral.
— Você ainda tem sorte, Fiorella. — o meu irmão fala e faz-me girar os olhos em desdenho. — Vai casar com o Jared, nada mais, nada menos que um herdeiro Romanov.
— Essa menina é ingrata, Jonah.
Jonah Ferraz é meu irmão, tem 25 anos, e lambe o chão onde o papai pisa. Ele tem sorte, é solto desde sempre, tem tudo que quer e nunca viveu trancado como eu. Mulheres na minha família são escravas de casamento contratual.
Jonah já comanda boa parte dos negócios da nossa família. Ele é um bom irmão, nunca fez nada para que a nossa relação fosse ruim, porém dá-me nos nervos a forma como ele defende exatamente tudo que o papai faz e fala.
Eu estou super inquieta nesse avião, ainda bem que vamos voltar amanhã, hoje seria apenas um encontro para eu conhecer os Romanov e uma festa de noivado.
Desembarcamos, não num aeroporto normal, onde pessoas normais desembarcam de uma viagem, mas desembarcamos numa pisca de pouso afastada da cidade. Aproximo da janela e vejo lá na frente homens de preto.
— Quem são eles, pai?
— O pessoal do seu sogro. — Jonah responde querendo irritar-me.
Eles usam ternos pretos e armas automáticas nas mãos. Eu não queria fazer parte desse mundo, porque a mamãe deixou-me sozinha com esses dois?
Entramos num carro com vidro fumê, eu, meu pai, meu irmão e os caras armados. No carro eles conversavam coisas horríveis, coisas ilegais, acordos com milícias, tudo que eu abomino.
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— Vocês podem se acomodar aqui, o meu chefe está terminando uma reunião.
Sentamos numa grande sala e esperamos pelo meu querido sogrão. Eu abraço o meu pai pela cintura, tenho uma sensação horrível em mim. Os seguranças dele tem cara de maus. Quando entramos no recinto reparei em tudo. Eles são podres de ricos, esse "castelo" deve ter uns 10 quartos. Exagero para um homem, uma esposa e um filho. Deve ser mais habitado por bandidos armados do que por eles mesmo. Sinto nojo dessa gente toda.
— Papai, vamos embora, ainda dá tempo, estou com uma sensação horrível.
— Meu amor, já é tarde para isso. Você está preparada para esse momento desde os 16 anos, não deu tempo para se acostumar? — ele fala alisando meu braço envolvido na sua cintura. Jonah está de pé avaliando as bebidas na estante da sala. — Mas, pai...
— Eu não quero conversa fiada, Fiorella, você não vai dar um piu, não quero ouvir a sua voz quando Argo estiver aqui.
Eu tiro o braço da sua cintura e levanto para encará-lo.
— Eu não vou concordar com isso, papai. O senhor está me vendendo para... — paro de falar quando ouço um barulho, nós três olhamos na direção da porta se abrindo. O meu pai levanta imediatamente.
...ARGO ROMANOV...
Tive que sair de uma reunião importante de negócios quando soube que Adalberto Ferraz e os seus filhos teriam chegado. Liguei para minha esposa e mandei que trouxesse o Jared para conhecer a futura mulher.
Quando aproximei da porta pude ouvir uma voz macia e irritante ao mesmo tempo. Uma garota, desafiando ao pai e as ordens dele. Abri a porta e entrei. Ignorei a mocinha revoltada e cumprimentei o Adalberto Ferraz.
— Ferraz, meu amigo, bom te ver novamente. — falei e apertei a sua mão.
— Argo, é uma honra estar aqui e reafirmar o nosso acordo.
— Vejo que o senhor é um homem de palavra, admiro isso.
— Esses são os meus filhos, Jonah Ferraz. — aperto a mão do Jonah. — Esse garoto é bom no que faz, só me dá orgulho.
— Gostaria que o meu filho me desse alegrias também.
— E essa é a Fiorella Ferraz, a minha menina. — quando ele apresenta a filha, infelizmente eu tive que cumprimentá-la também. Dei uns dois passos na sua direção e estendi uma mão. Tive que esperar uma eternidade para ela agir e apertar a minha mão de volta. A moça parecia furiosa com a situação, porém, não mais que eu. A atitude dessa garota está me dando nos nervos. Quando a sua mão pequena toca a minha, senti ela estremecer. Puxei o meu braço e andei até a minha mesa.
— Sente-se os três por favor. — mandei eles sentarem com um tom grosseiro na voz, liguei para a cozinha, pedi que trouxessem algo para eles comerem.
Adalberto e o filho sentam, a moça permanece de pé.
— Você pode se sentar, senhorita...?
— Fiorella. — ela respondeu. — Estou bem de pé.
As suas palavras enviam um choque no meu peito, odeio que me desafiem, e isso é um desafio. Ela está a descumprir uma ordem direta minha.
— Eu mandei você sentar, Fiorella. — engrossei a voz e mandei mais uma vez. Ela sentou ao lado do pai com muita dificuldade.
Essa menina não levou uns tapas na infância. É insolente e desafiadora. Se ela pensa que pode passar por cima das minhas ordens, está muito enganada. Essa barbie vai experimentar do próprio veneno. E eu já sei exatamente o que vou fazer.
...FIORELLA FERRAZ...
A porta se abre a revelar um homem completamente intimidador, um leão raivoso, grande e frio. Olhos castanhos claros e pele bronzeada. Ele aproximou do meu pai e cumprimentou a apertar as mãos.
— Ferraz, meu amigo, bom te ver novamente.
— Argo, é uma honra estar aqui e reafirmar o nosso acordo.
Então ele é o pai do meu futuro noivo. Mais um tirano que só pensa no dinheiro. Dobrei os braços na frente do corpo enquanto o meu pai apresenta o Jonah para o mafioso. Ele se quer olhava para mim, nem me conhecia e parecia sentir raiva da minha pessoa. Engraçado porque achava isso tudo recíproco, eu nem conhecia o meu sogro e já odiava ele.
— E essa é a Fiorella Ferraz, a minha menina. — quando o meu pai apontou para mim, o grandalhão olhou nos meus olhos pela primeira vez. Aproximou e estendeu a sua grande mão. Demorei séculos para raciocinar, ele franziu o cenho com raiva, esperando a minha reciprocidade. Segurei a sua mão bem leve, com receio de tocá-lo, mas quando segurei, ele apertou, me fazendo estremecer. Eu tremia o braço sem saber o porquê.
O contato foi extremamente rápido, ele parecia ter alergia ou aversão a mim. Engrossou a voz e pediu para que sentássemos, sem ao menos olhar para nós. O meu pai e irmão sentaram, eu continuei no mesmo lugar, não sei porque fiz isso, talvez, assustada pelo tamanho da prepotência do meu sogro. Espero que o filho dele seja doce, difira do pai, só assim para me fazer mudar de ideia.
— Você pode se sentar, senhorita...?
— Fiorella. — falei. — Estou bem de pé.
Ele parecia explodir de raiva com a minha resposta e exclamou: — Eu mandei você sentar, Fiorella. — não pude evitar, o meu nome saiu como música naqueles lábios raivosos.
Tira-me daqui papai, não posso fazer parte dessa família. Ele parece um monstro de filmes de terror. Olhei para o meu pai, ele fuzilava-me, para não irritá-lo sentei.
— Senhor Argo.
— Somente Argo, Ferraz.
O meu pai segurou a minha mão e apertou.
— Argo, eu criei a Fiorella e o Jonah praticamente sozinho. Eu quero dizer que... isso é mais que um acordo para mim. Eu estou abrindo mão da minha fortaleza, porque sei, ela será bem cuidada pelo seu filho.
Mentiroso, o meu pai quer fazer um bom discurso, mas está pensando primeiro no que pode ganhar no futuro. Nunca o filho de um arrogante como o Argo poderá cuidar bem de alguma mulher.
— Pode ter certeza, o que depender de mim, a sua filha será bem tratada. — a voz grossa do Argo ecoou pela sala e olhou-me por um instante.
Eu já estou preparando o meu roteiro para dizer na frente de todos, eu não quero casar e não vou casar.
— Notei que você, Adalberto, é muito fluente no inglês, assim como os seus filhos.
— Moramos na Alemanha, mas sempre fomos apaixonados pela língua inglesa. Os meus filhos são muito fluentes.
— Argo. — a voz de uma mulher chama pelo mafioso, em seguida a porta é aberta lentamente. Uma mulher e um garoto entram, provavelmente esse garoto é o meu noivo arranjado. Ela para ao lado do Argo e alisa as suas costas.
— Adalberto, essa é a minha esposa, Loretha.
A Loretha parece legal, vendo apenas pela aparência. Acredito que o filho não puxou nada da mãe, pois parece irritado. O meu pai levanta e cumprimenta a mulher.
— É uma satisfação enorme conhecer a senhora Romanov.
— Esses são os seus filhos, Jonah Ferraz, e a mocinha...?
Argo tá me zoando, só pode. Levanto e cumprimento a mulher eu mesma.
— Sou Fiorella Ferraz, prazer em conhecê-la, dona Loretha Romanov. — falei e olhei para Argo. Ele encarquilhava o rosto para mim, não entendia de onde saia tanta raiva.
— Você é linda, Fiorella. Parabéns pelos filhos, senhor Adalberto. — Loretha elogiou, em seguida estalou os dedos para chamar o filho. — Jared, vem aqui. — o rapaz levantou do sofá que havia afundando quando chegou e pela primeira vez olhou para minha direção e aproximou.
— Puta que... você é linda, moça.
Dei um meio sorriso para ele, enquanto segurava a minha mão e levava até os lábios. Os olhos dele pareciam brilhar.
O meu futuro noivo se afasta, meu pai e Argo começam a falar sobre a festa de noivado que será hoje a noite.
— Vocês parecem cansados, vou pedir para mostrarem o quarto para vocês relaxarem antes da festa. — Loretha fala e todos levantam.
— Eu queria dizer uma coisa. — meu pai olhou-me na mesma hora, tentando me intimidar. — Vocês não perguntaram o que eu acho desse casamento.
Loretha sorri e pergunta:
— Perdoe a nossa indelicadeza, o que você acha, Fiorella, a festa está do seu gosto? — com essa pergunta, percebo que Loretha está a falar sobre o buffet e a decoração que estávamos a ver agora a pouco. Mas ela está enganada, não é sobre isso que eu vou falar.
— A decoração parece perfeita, Loretha, eu quero dizer outra coisa.
— Com licença. — Adalberto segura o meu braço e começa a arrastar-me para fora.
— Não pai, deixa eu falar. — puxo o meu braço. — Como vocês podem forçar uma pessoa a casar com quem ela nem conhece? — Jonah, o meu irmão, cobre a boca assustado, Loretha parece perdida, Argo e Adalberto furiosos. Após analisar cada um, me sinto mais segura para falar. — Eu não quero esse casamento.
— Desculpe a minha filha, Sr. Romanov, ela está confusa. Dê-me licença um minuto. — meu pai segura o meu braço com força e me puxa para fora da sala. — Eu vou te dizer uma coisa, sua ingrata, se Argo desistir desse casamento por sua causa, eu vou casar você amanhã mesmo com o Victor.
— Victor? Não papai.
Victor é um velho pervertido muito influente na Alemanha e amigo do meu pai. O velho já demonstrou interesse em mim, eu só não sabia que o meu pai considerava casar-me com ele, isso me embrulha o estômago.
— Você vai entrar e pedir desculpas, dizer que quer casar com o filho dele, sei lá. Invente algo convincente, ou amanhã mesmo casa com o Victor.
Pior do que casar com o Jareh Romanov é casar com o Victor. Mesmo assim, não vou retroceder, não vou pedir perdão, droga nenhuma.
A porta se abre e Jonah corre na nossa direção.
— Pai, Argo quer falar com o senhor.
— Tá vendo o que você fez, menina? — meu pai rosna e entra na sala, deixando-me sozinha com Jonah.
— Sabe o que você está? Fu-di-da. Argo está irado lá dentro.
— Não me importo, Jonah, eu só vou casar no dia da minha morte.
— Sabe o que o nosso pai vai fazer? Ele vai casar você com o Victor.
— Eu fujo, Jonah. — Jonah parece triste por mim, mas ainda, sim, ele pensa que o melhor é eu me casar com Jared. — Se fosse você, Jonah, se casaria?
— Na mesma hora, isso se Jared fosse uma mulher, claro. Você vai comandar tudo isso em alguns anos, Fiorella.
— Eu nunca quis isso, Jonah. Você me conhece melhor que ninguém, eu sempre odiei o fato de ter nascido numa família mafiosa.
— Fiorella! — Adalberto abre a porta sorridente. Isso me assustada, eu esperava ele furioso por estragar o acordo com os dois.
...ARGO ROMANOV...
Estava correndo tudo bem, Jared parecia meio irritado no começo, mas quando bateu os olhos na barbie insolente, pareceu a encantar pela garota. Eu gostei de vê-lo admirado, seria um problema a menos para que eu me preocupasse. Porém, a mocinha parecia contrariada, eu observava no rosto dela que não queria casar com o meu filho. Eu ignorei aquela cara de boneca maldita durante todo o tempo. Já estava cansado de falar sobre o noivado, quando finalmente a Loretha ia encerrar a nossa reunião, a loirinha resolveu se revoltar.
— Eu queria dizer uma coisa. Não perguntaram o que eu acho desse casamento.
Loretha pergunta sobre a decoração do casamento. Porém, eu já sabia que ela era contra, eu sabia que ela ia fazer alguma palhaçada para não casar. Essa menina não sabe onde está se metendo. Depois do discurso dela, o pai puxa para fora da sala.
— O que foi isso, Argo?
— A garota não quer casar, Loretha, não é óbvio?
Jared aproxima.
— Tá vendo, pai, nem a menina quer casar. Esquece desse casamento.
— Você pareceu encantando com a moça, Jared.
— Ela é uma gostosa, pai, mas é virgem.
Ignoro o comentário do Jared e deslizo os dedos no rosto da Loretha.
— Não se preocupe, eu vou dar um jeito nisso. — levanto os olhos e percebo que o Jonah Ferraz continua na sala. — Jonah, você pode chamar o seu pai?
— Claro.
Em seguida, Adalberto Ferraz entra na sala. O seu rosto está vermelho, tenho certeza que deu uma bronca na filha e está morrendo de medo que eu encerre o nosso acordo.
— Adalberto, eu entendo que você esteja preocupado. Jared também não concorda com esse casamento.
— Eu quero pedir desculpas em nome da Fiorella, Argo. Eu realmente não...
— Não precisa pedir desculpas, meu amigo. — interrompi. — Na verdade, acredito que seria melhor se a sua filha ficasse conosco até o casamento.
— O quê? — os três, Loretha, Jared e Adalberto assustam.
— É isso mesmo. A moça precisa se acostumar com a nossa família já que o casamento será em três meses. Seria bom para ela familiarizar-se conosco primeiro.
Fiorella pensa que pode falar o que bem entende e sair ganhando. Ela vai perceber muito rápido que comigo ninguém brinca. Aquela fera precisa ser domesticada já que o próprio pai não teve culhões para isso.
...FIORELLA FERRAZ...
Eu estou arrasada, perdida, destruída. Eu só queria mandar na minha própria vida. Pensei que daria certo, expor o que sinto, pensei errado. Eu acabei piorando as coisas. Agora sou prisioneira dos Romanov.
Vejo-me sozinha na Austrália, muito longe de casa. O meu pai e irmão vão embora amanhã e me deixar aqui, até o dia do meu casamento com o Jared. Estou trancada há horas nesse quarto, na casa dos Romanov. Eu poderia voltar lá e falar com eles, mas falar não ia adiantar. Eles são maus, e pessoas más fazem isso. Gosta de ver as pessoas sofrerem. Eles deveriam provar do próprio veneno.
Me querem aqui, então eles vão ter que me aturar, principalmente o Don Argo Romanov. Aquele homem me odeia, então vou dar motivo para me odiar mais ainda. Eles vão me expulsar daqui por bem ou por mal. Droga de vida!
— Fiorella, filha, como está?
— Mal, pai. — grito para ele que está ao lado de fora da porta.
— Abre aqui.
Levanto, abro a porta e jogo-me na cama.
— Fiorella, vai ser bom para você conhecer melhor os seus sogros e o seu futuro marido. — ele senta ao meu lado na cama.
— Vocês vão me deixar sozinha aqui, papai.
— Você sabe que não podemos ficar com você, né? Argo quis o melhor para você. Não vivia a dizer que não quer casar com quem não conhece? Agora terá tempo para conhecê-lo.
— Espera aí. — sento na cama. — Foi o Argo que teve a ideia de deixar-me aqui? — o meu pai balança a cabeça.
Ele quer acabar comigo. Não sei o que fiz para ele me odiar tanto. Já não basta aquela cara de pitbull raivoso e agora isso.
— Você ainda nem se vestiu, filha. O seu irmão já está pronto.
— É só um vestido, pai. Me visto rápido.
— Não é só um vestido, tem maquiagem, cabelo, quero você perfeita para sua festa de noivado. Comeu algo?
— Estou sem fome.
— Não vai desmaiar na festa, eles vão pensar que você está doente.
— Eu não vou desmaiar, pai.
— Você teve sorte. Se eles desfizessem o acordo, juro que casaria com o...
— Mas não desfez, né? — interrompo. — Relaxa, pai.
— Vê se não fala asneira na festa, na próxima não vou te perdoar.
Aguarde-me papai. Eu disse que não vou aceitar esse casamento, pensei.
— Volto em trinta minutos, esteja pronta.
Adalberto pega uma sacola e põe sobre a cama, saindo logo em seguida do quarto. Eu respiro fundo e tento aceitar essa vida. Abro o pacote e vejo ser um vestido longo e branco. Tomo um banho para vesti-lo. É a roupa mais linda que já vi. Fica perfeitamente colado no meu corpo. Deixa a minha bunda arredondada, e uma perna quase totalmente exposta. Na sacola também tem um salto.
Fico um bom tempo admirando o meu corpo pelo espelho. Nunca me senti tão linda e gostosa como agora. O decote no meu peito deixa-me mais sexy ainda. Usar uma roupa assim, era proibido pelo meu pai. Ele tinha medo que eu atiçasse os homens. Prendi o meu cabelo num coque alto, e quando estava prestes a finalizar a maquiagem, batem na porta me assustando.
— Fiorella, é a Loretha. Posso entrar?
Loretha parece diferente do Argo, eu posso estar errada, mas algo me diz que ela pode me ajudar a fazer o marido mudar de ideia. Vou até à porta e abro.
— Oi, Loretha.
Ela me olha dos pés a cabeça!
— Você está deslumbrante, Fiorella. — segura a minha mão e faz-me dar uma voltinha. — Tem um corpo perfeito. — Dou um sorriso meio fraco e agradeço. — Que foi? Não está feliz, não é mesmo?
— Entra aí. — ela entra e fecha a porta enquanto me olho na frente do espelho.
— Olha só, eu prometo que você será bem tratada aqui.
— Não é isso, dona Loretha. — ela segura o meu queixo e vira o meu rosto.
— Então o que é? — pergunta, pega um batom e passa nos meus lábios. — Você tem uma boca muito bonita, Fiorella, esse batom vai realçar melhor os seus lábios.
Eu queria contar que não aceito o que eles fazem, mas não sei se posso confiar na Loretha ainda.
— É que... eu queria poder escolher o meu marido.
— Olha, o meu casamento com o Argo, foi do mesmo jeito. Casei forçada e não queria aceitar, hoje sou a mulher mais feliz do mundo ao lado dele.
Como uma mulher pode ser feliz ao lado de um homem como ele? Um animal em forma de gente. Loretha continua tentando fazer-me entender.
— Só dê tempo ao tempo, o meu filho é uma boa pessoa. Só precisam de mais tempo para conversar e se conhecer.
— Obrigada, Loretha. A senhora parece uma boa pessoa, diferente do Argo Romanov. — falei e arrependi, disse sem pensar e gelei no mesmo segundo que vi ela encarar-me.
— Argo é mandão, eu sei. É o jeito dele, vão se dar bem. Eu prometo que vou fazer de tudo para ele ter paciência com você.
Eu quero distância daquele homem, isso sim.
...ARGO ROMANOV...
Soube pelos meus homens que a garota ficou horas trancada no quarto. Ela deve estar arrasada, coitada. Penso se talvez não tenha exagerado em pedir que ela ficasse aqui sem o pai e irmão. Não! Refletindo melhor, eu estou certo. A culpa foi dela, falou o que bem-quis, levou o que não esperava. Depois de hoje ela vai andar na linha e aprender a respeitar a nossa família.
— Meu amor. — Loretha aproxima e desliza as unhas no meu peito nu. — Fiorella está chateada.
— Se ficar, é consequências das suas atitudes, querida. Eu espero que ela aprenda a nos respeitar, negou o casamento na frente do nosso filho.
— Eu não perguntei, meu amor, eu afirmei. Estava com a Fiorella agora mesmo.
— E como ela está?
— Triste. Você precisa pegar mais leve, a garota acabou de fazer 18 anos, vai ficar longe do pai e irmão.
— Eu vou tentar, Loretha. Aquela menina me irrita.
— Por que ela te irrita? O que a menina fez?
Eu não sei o que ela fez, não sei explicar porque ela me irrita tanto. Talvez pela aparência de bonequinha e a audácia que aquele rosto transmite. Ela é desaforada num tanto.
— Ela irrita-me porque disse na nossa frente que não queria se casar. — tento encerrar esse assunto perguntando do Jared. — Onde aquele desmiolado está?
— Eu não vejo há horas.
Saio vestindo a camisa, porém Loretha segura o meu braço.
— Aonde você vai com tanta pressa?
— Atrás do seu filho, Loretha. — tento andar, ela puxa-me novamente.
— Calma, Argo. Ele não é louco de sumir, ainda mais hoje. Agora vem aqui. — Loretha segura o meu pescoço para um beijo e em seguida fecha a porta atrás de mim. — Não, Loretha, eu não confio naquele menino. — saio do quarto e vou à procura do Jared.
...JARED ROMANOV...
Que porra aquela menina fez? Falou que não queria casar comigo na minha frente? Eu adorei aquela prepotência. Eu pensava que a menina fosse aquele tipinho meigo e bobinha, ela é muito ousada e corajosa. Não tive tempo para falar com ela, mas hoje na nossa festa de noivado, a mina vai ver quem é o Jared de verdade.
Eu estava pronto para interceder também, ia dizer estar novo demais para casar, mas a minha noiva passou na frente. O velho ficou furioso com ela. Na verdade, nunca vi o meu pai tão sério e bravo.
— Esse pau não levanta, Jared?
— Foi mal, lindinha, você tem que se esforçar, tá encostando o dente, abre mais a boquinha, vai linda. Isso... isso mesmo.
— JARED, ABRE A PORTA! — com o susto, seguro o cabelo da mina e afasto ela do meu pau. — ABRE A PORRA DESSA PORTA!
— Calma ae, paizão. — pego a garota e coloco num armário com roupas, visto uma cueca e corro até a porta para abrir. Argo entra furioso.
— O que você está fazendo aqui embaixo?
— Nada, pai. Tava descansando.
O velho anda por todo o lugar, olha embaixo da cama, abro o armário, por sorte foi o armário errado. Se ele vê essa mina, sou um jovem morto.
— Você tava com uma puta aqui? Fala a verdade, Jared.
— Que puta, pai, tá doido?
— Olha só! — aponta o dedo para mim. — Hoje é o seu noivado, você deveria estar se arrumando e não comendo vadias. — ele segura a gola da minha camisa. — Ouviu?
— Ouvi. Pode deixar que eu vou cuidar bem da minha noivinha. — quando falo, ele empurra-me na cama. — Que isso? — assusto.
— Ouça bem o que eu vou te dizer. Eu quero respeito com a filha do Adalberto Ferraz, ela não é as suas putas.
— Como assim, pai? Sem mão boba, sem beijo, sem nada?
— Se eu souber que você tentou algo com a menina antes do casamento, você vai sofrer as consequências, Jared. Eu nunca falei tão sério em toda a minha vida.
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