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Laços Eternos

Capítulo 01: O encontro.

Sinopse

Já parou para pensar em como uma noite de diversão pode mudar o resto de sua vida?

Jessica Cooper, uma estudante de Moda em uma universidade particular, luta contra o rótulo de superficialidade que a sua turma enfrenta desde o inicio das aulas. Em uma noite de bebedeira, decidida a fazer um trote e se libertar das expectativas alheias, ela finge ser a garota oportunista e ousada que todos esperam. No entanto, seu plano inesperadamente a leva a um encontro com Robert Parker, o enigmático dono da universidade. O que deveria ser apenas uma aventura casual se transforma em um verdadeiro pesadelo, desencadeando uma série de desavenças com sua família, amigos e responsabilidades que ela nunca imaginou ter que enfrentar tão cedo. Em meio a intrigas e descobertas sobre si, Jessica terá que aprender a equilibrar suas verdadeiras paixões e a imagem que os outros têm dela, em uma jornada de autoconhecimento e redenção.

Nota da Autora

Olá Nekos! Estou com um novo projeto voltado para o romance dramático que retrata o cotidiano de uma pessoa que está saindo da fase adolescente para o mundo dos adultos. É uma etapa da vida em que qualquer simples coisa pode mudar nossos planos e sonhos.

Atenção! Este livro é um romance contemporâneo New Adult. Ele contém conteúdo sexual e obsceno para maiores de 18 anos.

Playlist

Golden hour – JVKE

Snowman– Sia

I don't care how long it takes - Silent DJ

Until I Found You - Stephen Sanchez

When I Was Your Man - Bruno Mars

ESCORT- Chase Atlantic

Hymn for the Weekend – Coldplay

Grace- Fujii Kaze

Still With You – Jungkook

Wasting My Young Years - London Grammar

Dusk till Dawn – ZAYN

Dandelions- Ruth B.

Prada & Versace - Chris Grey

Older - Isabel LaRosa

Car's Outside - James Arthur

Swing Lynn – Harmless

Way down We Go – Kaleo

É tão absurda a maneira como minha vida desandou por causa de uma escolha simples e idiota. 

Jessica

Mais que inferno: eu odeio volta às aulas — pessoas novas, problemas antigos e coordenadores bajulando calouros que não fazem a menor ideia do que é a vida universitária e acabam acreditando que isso é um mar de rosas. A única vantagem é que eles organizam algumas festas de boas-vindas. Não gosto muito de festas, mas, como não tenho tanto tempo para conversar com meus amigos, isso se torna motivo suficiente para eu me animar, vestir uma roupa incrível e passar um tempo me divertindo. Hoje completo dois anos aqui na University of Art, uma das instituições particulares mais renomadas em City Flowers. Moro nesta cidade desde que me entendo por gente — um lugar bem harmonioso, com vários jardins para passar o tempo. Acho que a única parte “ruim” dessa cidade é o inverno rigoroso.

Estava tão distraída que nem ao menos olhei minhas notificações; com certeza deve ser a Alyssa querendo me encontrar para comentar o encontro dela de ontem à noite. Eu deveria acertar os números da loteria se eles fossem tão previsíveis quanto meus amigos.

Ainda bem que estou próxima do local onde nos encontramos — tão próxima que consigo ver sua expressão de tristeza e frustração. Às vezes me pego pensando: como uma mulher dessas sofre por amor?

— Eu preciso perguntar como foi a noite? — pergunto.

— Está tão nítido assim? — responde ela.

— Conte-me tudo, cachinhos castanhos!

— Ai, amiga, estava tudo bem até ele me perguntar o que eu cursava. Eu não menti, mas realmente não entendo por que os estudantes de moda desta universidade são tão mal vistos. Eles nos acham superficiais, fáceis e oportunistas.

Acabo de me lembrar de um dos motivos para odiar as pessoas daqui: como conseguem julgar alguém pelo curso que faz sem trocar duas palavras?

— Terra chamando, Jessica! — diz Alyssa.

— Desculpa, pode continuar como tudo terminou? — peço.

— Aquele babaca continuou se gabando de como a família dele é “poderosa” e que, se quisesse, compraria uma garota para mimar com todos os luxos do mundo. Ai, minha amiga... — ela ri alto — esse foi o momento em que eu usei a cor da minha pele para deixá‑lo sem saída.

— Você não fez isso...

— Fiz! Falei na cara dele: “vem cá, você está me chamando de escrava de uma maneira ‘polida’ por que sou negra?” Nesse momento ele gelou. Quando falei em delegacia para fazer o B.O., ele quase beijou meus pés dizendo que foi mal interpretada. Por fim, eu estava cansada daqueles milhões de desculpas e fui para casa.

— É por isso que não namoro e nem saio com ninguém — digo. — Deve ser muito frustrante criar expectativa com alguém e, no final, ser decepcionada sem nem ao menos ser conhecida por inteiro.

Nesse momento vi os olhos amendoados dela brilharem; poderia ter sido choro ou riso — foi a segunda opção.

— Amiga, para de romantizar tudo. Eu só fui dar, não pretendia casar com ele. Sei que isso pode soar absurdo para você, mas acorda: você tem vinte e dois anos — isso é normal no ambiente universitário.

— Eu sei, mas tenho medo de como as pessoas vão me olhar depois de fazer algo assim, ou de o universo me punir por sair fazendo várias loucuras.

— “Várias loucuras” quer dizer sexo antes do casamento? Minha virgem imaculada — ela zomba.

Juro que tentei não corar, mas minha pele não é tão bronzeada para esconder a ruborização.

— Nem precisa responder — muda de assunto Alyssa. — Vamos à festa dos calouros hoje à noite? Fiquei sabendo que vão ter várias pessoas importantes. Suas opções de resposta são: sim ou sim. Lembre-se de que sua melhor amiga está muito triste pelo encontro de ontem.

— Então eu irei por livre e espontânea pressão — respondo, e nós duas caímos na risada. É tão bom passar tempo com uma amiga que me entende de verdade.

Robert

Sempre evitei festas, principalmente as de jovens adultos; mas essa, em específico, eu não poderia faltar. Afinal, sou dono da universidade — seria descaso não comparecer à festa de boas-vindas aos calouros. Mesmo que quisesse, acho que não conseguiria deixar de ir. Franklin não para de me mandar mensagens falando sobre essa droga de festa.

Procuro manter certa distância dos jovens bajuladores e oportunistas. É frustrante ficar pensando se alguém está perto de você pelo seu dinheiro ou porque realmente se interessa.

Acho que grande parte das minhas decisões é baseada em pensamentos medrosos; a frustração me fez um solteirão de trinta e quatro anos. Não que eu odeie ser solteiro, mas odeio me sabotar sempre que começo a gostar de alguém.

Meu celular toca de novo. Juro que, se for Franklin falando da festa, eu cometo um crime.

— Alô?

— Olá, Sr. Parker, sou a Eliza do setor administrativo da University of Art. Gostaríamos de confirmar sua presença no evento desta noite, às nove horas.

— Estarei presente, mas, como nos outros anos, só ficarei no início da confraternização; tenho alguns compromissos inadiáveis.

— Obrigada pela atenção. Tenha um ótimo dia, Sr. Parker.

Mal posso esperar que esse dia acabe e eu volte à minha rotina. Agora preciso escolher uma roupa para o “grande” dia dos calouros.

Jessica

Não achei que a noite chegaria tão rápido. Mal consegui escolher uma roupa ao nível do que uso em eventos importantes. Ainda assim, sinto que essa saia justa combina com quase qualquer ocasião, e a blusa mais descontraída traz um clima festivo.

Corri ao banheiro para checar o visual. Amo ser baixa — quase toda roupa me dá um ar mais fofo — e meu cabelo, ondulado nas pontas, sempre mantém comprimento e volume perfeitos.

Droga! Alyssa vai me matar. Estou vinte minutos atrasada; não devia ter passado tanto tempo me admirando no espelho. Posso alegar que meus pais me pediram para fazer algo e é por isso que me atrasei.

Peguei o carro da minha mãe emprestado para chegar mais rápido. Depois de um tempo dirigindo, lembrei que foi uma péssima ideia: lá em casa há regras; uma delas é que, se eu pegar o carro emprestado, tenho que voltar no máximo à meia-noite — e nada de bebidas alcoólicas.

O trânsito não estava dos melhores — esse dia com certeza seria um dos piores. Tento pensar positivo, mas está sendo missão quase impossível.

Pensei que um pouco de música me ajudaria a esquecer os problemas e o atraso. Não tinha nada a perder, já estava muito atrasada e levaria bronca da minha amiga de qualquer forma. Tentei esticar a mão direita até a porta-luvas para pegar uns CDs que deixava lá, e acabei derrubando muitos papéis. Entre eles, havia um bem chamativo: parecia uma carta de amor da era vitoriana. Eu sabia que não deveria bisbilhotar, mas aquilo me intrigou de um jeito que não sei explicar. Decidi parar o carro — não teria outra chance de ler.

Não dava para acreditar no que meus olhos viam: uma carta de amor de um amante da minha mãe. Como ela pôde trair meu pai durante todos esses anos e ainda fingir que somos uma família perfeita?

Coloquei tudo no lugar e voltei a dirigir o mais rápido que pude. Cheguei ao final da cerimônia de boas-vindas tão atordoada que nem sei se vi o dono da universidade; eu tenho o péssimo hábito de me atrasar e nunca o via palestrando — ou ele tem o péssimo hábito de sair cedo das festas.

— Eu não acredito que mais uma vez você me deixou esperando um século — diz Alyssa.

— Me desculpa de verdade. Minha mãe pediu que eu fizesse umas coisas e acabei perdendo a hora enquanto me arrumava.

— Seu lema de vida deve ser “atrasada sim, mas feia nunca”, porque, olha... você sempre chega uma hora depois do combinado, mas nunca deixa de se arrumar.

— Já pedi desculpas. O trânsito estava um horror e estou me sentindo péssima com tudo que aconteceu hoje.

— Tudo bem, mas só vou te perdoar com uma condição.

— E qual seria?

— Que você vá a uma festa que vai rolar a algumas quadras daqui. Eu estava impaciente por você ter demorado porque esse lugar está morto — até o dono daqui saiu antes de acabar. Então, o que você me diz?

— Tudo bem, mas preciso voltar à meia-noite; você sabe das regras, né?

— Claro — ela ironiza — o vestido fica rasgado, o cabelo desarrumado, os cavalos viram ratos e a carruagem vira abóbora.

— Muito boa sua referência, mas é sério: estou com o carro da minha mãe e...

— Coloca no estacionamento daqui e tudo fica bem. Não pensei muito — vamos antes que até a festa da madrugada acabe enquanto discutimos.

— Tudo bem, dessa vez não vou contestar; estou te devendo.

Chegamos ao local da festa e parecemos o centro das atenções. Não havia muitas pessoas da faculdade; isso me deixou feliz: assim não passaríamos a noite sendo taxadas de vagabundas interesseiras.

Depois de alguns drinks que eu não deveria ter bebido, comecei a perceber maior movimentação de alunos e professores — e aí minha noite começou a azedar.

Muitos caras, sabendo que éramos da área de moda, começaram a nos importunar, querendo sair com a gente e dizendo coisas vulgares como se isso fosse nos convencer a ir para casa de algum deles. Eu estava exausta de tanto fugir dessa situação.

Todos nos olhavam como se fôssemos um grande e suculento pedaço de carne. Por algum motivo, eles começaram a se afastar quando dois homens, aparentemente ricos, se aproximaram. Alyssa disse que aquilo era normal nas festas e não se importou tanto; eu, por outro lado, tive uma das minhas “brilhantes” ideias.

— Amiga, tive uma ideia para me vingar de maneira divertida. Assim que aqueles homens chegarem, vou me comportar como uma idiota: superficial e interesseira — já que é assim que eles nos julgam sem motivo. Está na hora de provarem desse veneno.

— Finalmente algo pra me divertir de verdade esta noite. Estou contando com suas habilidades teatrais.

Robert

A noite estava tão chata e tive a confirmação quando meu amigo Franklin avistou duas alunas de moda. Ele insistiu para que fôssemos puxar assunto e, quem sabe, terminar a noite com uma delas. A princípio fui contra: que tipo de coisas os alunos da minha universidade iriam pensar se me vissem pegando alunas de lá?

— Ah... qual é, cara. Sei que você está de olho na baixinha de cabelos longos.

— Ela é linda, sem dúvida, mas minha ética me impede de me envolver.

— Então vamos apostar: vamos lá conversar. Se ela não te quiser, eu não te perturbo mais em festas e paro de perseguir os estudantes de moda; mas, se ela for para sua casa, você me conta tudo.

— Tudo bem, mas se der qualquer sinal de desconforto, voltamos.

— Fechado.

Caminhamos a passos largos pela multidão até nos aproximarmos das moças, e antes que pudéssemos falar algo, a baixinha de cabelos longos me deu um esbarrão quase de propósito.

— Ah... desculpe, não te vi aqui.

— Eu te desculpo se me deixar te pagar uma bebida...

Capítulo 02: Primeiros Erros

Jessica

O pedido do cara de olhar misterioso ficou no ar até eu me lembrar de que estava ali apenas para um simples acerto de contas — e para me divertir com qualquer idiota que quisesse “me comprar”.

— Só uma bebida? Não sei se vale o esforço...

— Se achar melhor, eu te compro o bar.

— O bar e mais quatro pares de Louboutin.

— Bem exigente, mas eu não me oponho. Só preciso afastá-la da sua amiga por alguns minutos... ou horas.

Sorri maliciosamente, demonstrando interesse na proposta de sair dali com ele. Minha amiga me lançava vários olhares como se quisesse me dizer algo importante, mas eu não queria sair do personagem e me tornar a certinha de sempre.

Caminhamos até o bar do andar de cima — uma espécie de área vip, com sofás de canto e mesinhas charmosas. Não era tão cheio quanto a parte inferior, mas cheirava a charuto: um aroma meio achocolatado e defumado, um pouco enjoativo.

Ele indicou um lugar para sentarmos. Rapidamente, um garçom veio nos atender, visivelmente nervoso com a presença do homem de olhos negros e misteriosos.

— O que o Sr. Parker deseja esta noite?

— Gin tônica. E para a moça?

— Um martíni com cereja, por favor.

O garçom anotou o pedido, fez uma leve reverência e se retirou. Aquilo foi estranho — das poucas vezes em que entrei numa área vip, nunca tinha visto esse tipo de submissão entre garçons.

— Então, olhos azuis, qual é o seu nome?

— Cooper... Jessica Cooper. E o seu, gigante?

— Não sou tão alto assim, tenho 1,80. Você que é muito baixa. Mas, respondendo à sua pergunta, sou Robert Parker. Achei que já me conhecia.

— Como poderia conhecê-lo se é a primeira vez que nos encontramos? O nome não me é estranho, mas realmente não me recordo. Posso ter visto em algum lugar.

— Achei que sabia quem eu era, por isso aceitou o convite... Mas, pensando bem, talvez seja melhor assim.

— Ah, não se sinta tão especial. Nós saímos com homens poderosos o tempo inteiro. É uma espécie de troca, sabe? Não é fácil manter as mensalidades da faculdade em dia e ainda ter roupas de grife.

— Entendo... Eu só imaginei que me conhecesse. Mas se você gosta desse tipo de acordo, quem sou eu para julgar? Mudando de assunto: me conte um pouco mais sobre você.

— É tudo bem raso e padrão. Curso Moda aqui perto, na University of Art. Faço compras quatro vezes por semana, venho a bares com amigas para conhecer homens que adoram nos mimar com coisas fúteis, e é isso.

— Onde você mora? Seus pais aprovam esse comportamento?

— Vá com calma. Moro com eles aqui na capital, mas não ficam tão em cima. Tenho vinte e dois anos — não sou uma criancinha que precisa da aprovação deles pra sair com homens.

— E o que te faz pensar que eu quero ser um desses homens?

— Você me chamou até aqui e...

Antes que eu continuasse, o garçom chegou com as bebidas. Assim que ele se retirou, o silêncio se instalou entre nós. Observei o rosto de Robert; ele era acima do padrão — e o jeito como falava pouco sobre si o tornava ainda mais intrigante.

— Você falou pouco sobre sua vida... Quantos anos tem?

— Trinta e quatro. Que bom que você também é maior de idade; não seria bom um escândalo com meu nome.

— Você parece mais jovem. Gosto de homens maduros... Trabalha com o quê?

— Sou empresário.

— Isso é bem vago. Muitos empresários frequentam esse bar. Qual é a empresa e com o que trabalham?

Ele fez uma longa pausa. Foi quando senti sua mão deslizar entre minhas coxas. Meu coração acelerou. Nunca havia passado por algo assim, mas não queria agir como uma garotinha inexperiente — decidi continuar o jogo.

Não me afastei. Ele se inclinou, encostando os lábios próximos à minha orelha esquerda, como se fosse me contar um segredo.

— Acho que o importante não é qual é a minha empresa... e sim o quanto eu ganho pra poder fazer o que quiser com garotas como você.

Não sabia o que fazer. Senti algo estranho no estômago; meu corpo parecia pegar fogo cada vez que a barba por fazer dele roçava em meu pescoço.

— Você faz isso muitas vezes por semana? Parece um pouco tensa. Relaxe... Vou te tratar como uma boneca de luxo. Não é isso que você gosta?

— Claro... Sou o que você quiser que eu seja — por oito mil euros.

Tentei sorrir, num tom sarcástico, mas ele parecia acreditar em cada palavra. Comecei a ficar receosa, torcendo para Alyssa aparecer e me salvar com alguma desculpa. Infelizmente, ela estava com o idiota do amigo dele, e eu não tinha como mandar sinal algum.

Robert

Estava tomado por um turbilhão de sensações: raiva por ela me tratar como um caixa eletrônico, tristeza por achar que seria diferente, e desejo — um desejo absurdo de levá-la pra casa e satisfazer cada impulso reprimido.

Só queria, por uma vez na vida, que as coisas fossem diferentes. Mas o universo parece se divertir colocando mulheres no meu caminho que acabam me deixando em frangalhos emocionais.

Já que era assim, decidi aproveitar o momento e fingir que tudo o que eu precisava estava bem ali, diante de mim. Eu a teria de qualquer forma — não importava o preço.

Entrelacei minha mão direita em seus longos cabelos, segurei-a pela nuca e puxei para um beijo intenso. Seus lábios eram incrivelmente macios; seu perfume tinha notas de baunilha que me deixavam embriagado. Quis trazê-la para mais perto, mas ela se afastou bruscamente — o que me surpreendeu, considerando o comportamento dela até então.

— Desculpe, mas não posso fazer isso em um local público.

— Tem medo de não conseguir se controlar tão perto?

— Na verdade, saio com outros homens que frequentam este bar, e não seria legal se um deles aparecesse...

Ferveu-me o sangue ouvir aquilo. A linda mulher à minha frente, a mesma que eu acreditava ter algo diferente, acabava de me provar o contrário. Mas, ainda assim, decidi propor algo.

— Que tal sairmos daqui e irmos para um lugar mais reservado?

— É que minha amiga...

— Ela já foi embora. Não achei que você desse esse tipo de desculpa pra não sair com um cara. Se não quiser, é só dizer.

— Desculpa, não é isso...

— Então o que é?

— Nada... Só achei que ela me esperaria. Já que ela foi, eu vou com você.

— Ótimo. Meu carro está logo ali.

Jessica

Caminhamos até o estacionamento. Assim que vi o carro dele, comecei a repensar minha decisão. Ele era dono de uma Lamborghini Veneno — ninguém tem um carro desses sem algum segredo obscuro.

Tentei adivinhar em que tipo de empresa ele trabalhava, mas antes que me perdesse em suposições, senti sua mão tocar meu ombro.

— Jessica? Aconteceu algo? Não gostou do carro?

— Não, só estava pensando em algumas coisas.

Ele abriu a porta para que eu entrasse. O silêncio tomou conta durante boa parte do trajeto, até que ele quebrou o gelo.

— Se você não estivesse satisfeita com o carro, eu poderia ir em casa e voltar com outro.

— Quem em sã consciência não gostaria de uma Lamborghini Veneno? E como assim, pegar outro carro? Já não gastou todo o dinheiro com esse?

— Nem um terço. Eu gosto de colecionar carros de luxo.

— Que hobby caro...

— Falando em hobbies caros, tenho uma proposta. Baseada no que você disse no bar sobre “fazer o que eu quiser por oito mil euros”.

— Tipo o quê?

— Eu te pago o dobro para você se comportar como a menina que aparenta ser.

— E como eu aparento ser?

— Divertida, gentil, carinhosa, inocente... e por aí vai.

— Nossa, não sabia que as pessoas me rotulavam assim antes de me conhecer.

— Foi a impressão que tive antes de você começar a falar tanto... O que me diz?

Fiquei gelada. Não sabia se deveria manter a farsa, mas gostei de como ele me descreveu — mesmo que sem saber quem eu realmente era.

— Tudo bem, estamos de acordo.

Ele entrou em um dos condomínios de luxo da cidade. Fiquei impressionada — nunca havia conhecido ninguém que morasse naquela região de City Flowers.

— Então... vamos entrar?

— Isso é um hotel de luxo?

— Não, é onde eu moro. Não está à altura das suas expectativas?

— Não é isso. Só é estranho você trazer uma completa estranha para a sua casa no primeiro encontro.

— Gosto do sigilo que esse lugar me proporciona.

— Dá pra perceber. Tem seguranças por todo lado. Você é o novo presidente e eu não tô sabendo?

Ele sorriu com a piada. Ainda assim, tudo aquilo me intrigava. Eu me sentia uma idiota por ter começado aquele joguinho só por vingança.

Quando Robert abriu a porta do apartamento, vi uma enorme sala de estar. Janelas amplas com vista para a cidade, decoração em preto e cinza, sofás que comportariam uma dúzia de pessoas, quadros, e — o que mais me chamou atenção — uma estante repleta de livros de literatura romântica.

Enquanto folheava alguns títulos, ele voltou da cozinha com duas taças e uma garrafa de Romanée-Conti 1994. Eu hesitei — não sabia se era uma boa ideia beber mais, mas aceitei.

— Não sabia que você também gostava de literatura romântica. Isso é real ou faz parte do teatro?

— É real. Minhas leituras me inspiram a criar roupas baseadas nas sensações que elas me trazem.

— Preciso ver um dos seus portfólios, pra descobrir o quão romântica você é...

A conversa me fez lembrar de casa — das minhas criações, das horas que passava sozinha no quarto costurando ideias e tecidos.

— Você está bem? Não costuma beber vinho?

Percebi que fiquei tempo demais olhando pra taça. Dei um gole generoso — o sabor era bom, reconfortante.

— Não... Só estava pensando em alguns trabalhos pendentes.

— Minha presença é tão tediosa assim? Ou você é uma estudiosa disfarçada?

— Não é isso, você é incrível. Só estou meio aérea hoje.

Quando percebi, ele já estava perto demais. Entendi perfeitamente o que queria.

O beijo foi breve, mas cheio de carícias. O vinho sempre me deixava mais sensível, e aquele homem... por mais que eu quisesse brincar com ele, tinha que admitir: ele mexia comigo.

— Você quer ir para o quarto?

Capítulo 03: Noite de Loucuras.

Por uma fração de segundos, eu não senti as minhas pernas; o sangue em meus lábios sumira e eu me sentia uma criança arteira que foi pega pelos pais enquanto fazia alguma traquinagem. Tentei disfarçar o meu total pânico em perder a virgindade com um desconhecido.

 — Se não quiser, eu posso te levar para casa. Não esperava que você fosse tão longe, de qualquer forma.

Suas palavras eram como canivetes, abrindo cortes invisíveis que ardiam nas minhas costas e apenas reafirmavam a garota assustada que eu sempre fui. Naquele instante, a voz de Alyssa ecoou na minha mente: “É só sexo.” “Você não precisa se casar para fazer isso.” Entre tantas outras frases que ela repetia sempre que eu me recusava a sair em busca de um prazer sem significado.

— Não é tão simples assim…

— Então me explique. O que te impede de entrar naquele quarto?

— Eu nunca... nunca fiz sexo e tenho certas dúvidas se devo fazer isso agora.

 — Eu nunca pensei que você fosse tão boa atriz. Eu até mesmo esqueci que tinha pedido para você atuar.

Mais uma vez, pensei no erro que cometi ao não contar toda a verdade quando tive a chance, mas não me importava mais. Se meus pais podiam encenar como se fôssemos uma família perfeita todos os dias... Por que eu não poderia encenar uma cena de sexo sendo virgem?

 — Já que gostou tanto da minha atuação, poderia atuar também... Aposto que você já dormiu com muitas virgens e sabe como fazer isso.

— Se é o que você quer... Só existem algumas regras que estabeleci a mim mesmo sempre que fosse fazer sexo com uma virgem.

 — Quais seriam?

 — Não uso preservativo. Não faço coito interrompido e, no dia seguinte, você precisa tomar alguns remédios para não... você sabe.

 — Tudo bem, mas saiba que, se eu pegar qualquer tipo de doença, eu te processo.

— Relaxa! Meus exames estão em dia e eu espero que os seus também.

Robert

Caminhamos até a porta do meu quarto em um silêncio ensurdecedor. Ela parou em frente à porta e engoliu em seco, parecia trêmula. Até que ela respirou fundo, tocou a maçaneta, abriu a porta bem lentamente e começou a observar toda a extensão do local.

 — Podemos tomar um banho antes? Não gosto da ideia de ter acabado de sair de uma balada e deixar em uma cama impecavelmente limpa...

— Sem problemas, é claro, se eu puder te acompanhar...

— Faça o que achar melhor.

Nós entramos no banheiro do quarto sem trocar muitas palavras e ela parecia um pouco desconfortável ao ficar nua na minha frente. Era um pouco estranho pensar que poderia ser insegurança, visto que ela é dona de um corpo incrivelmente belo e ficava completamente vermelha quando notava meus olhares. Por fim, tirei minha roupa também, a fim de deixá-la mais confortável.

— A banheira já está cheia...

Eu entrei e, logo em seguida, ela entrou e se acomodou, sentando-se entre as minhas pernas. Meu corpo era tão grande em relação ao dela, e sua pele macia continuava exalando um aroma de baunilha... Tudo aquilo estava me deixando muito excitado. Deslizei minhas mãos até seus seios enquanto depositava beijos na extensão de seu pescoço. Ela estava ficando cada vez mais vermelha, ofegante, e a cada toque dava pequenos gemidos que soavam como música para os meus ouvidos.

Jessica

 Senti as mãos de Robert deslizando para uma área que nem eu mesma tinha muita coragem de explorar e foi então que eu comecei a surtar com tudo. Como assim eu iria fazer sexo? Uma virgem sem experiência com um homem que acabei de conhecer...  — NÃO TOQUE AÍ!

Pude perceber certo espanto nos olhos dele e então me lembrei de que tinha conversado com ele sobre já ter saído com outros homens. Droga! Como eu iria dar continuidade a todo aquele teatro se não sabia como concluir o objetivo principal?

 — Eu fiz algo de errado? Achei que você estava de acordo sobre fazermos sexo casual.

— Não fez nada de errado, eu só estou atuando como uma verdadeira... virgem... Achei que era isso que você queria.

— Me desculpe, eu me esqueci do acordo por alguns minutos.

Ele me puxou de volta para os seus braços e me beijou com delicadeza. Eu sentia borboletas na minha barriga e parte de mim estava adorando tudo aquilo.

Nós saímos da banheira e Robert me carregou em seus braços até a cama, onde me deitou confortavelmente. Naquele momento, eu tentava entender por que as garotas falavam tão mal sobre perder a virgindade. Tudo estava indo tão bem, e olha que eu estava fazendo isso com um completo estranho. O que poderia ser tão ruim em perder a virgindade?

— Podemos?

 — Sim, não, espera. Eu estou um pouco nervosa...

— Não fique... Ele me puxou de forma um tanto quanto agressiva e aquilo me assustou. Quando eu pensei em falar algo, ele já estava abrindo minhas pernas e se preparando para me penetrar.

— ESPERA!

— Não precisa mais atuar. Eu estou esperando demais para uma pessoa que tem vida sexual ativa.

Não tive oportunidade de responder e ele já estava me penetrando. Aquela foi uma das piores sensações da minha vida. Eu queria chorar, gritar, sair daquele maldito lugar.

— De fato, você estava bem apertada, mas daqui a pouco tudo melhora.

— Você me machucou! Eu pedi para esperar...

— Relaxa! Eu achei que essa situação era normal na sua vida.

Normal? Como isso poderia ser normal? Eu estava tentando entender o sentido de normal no mundo dele. Eu não entendia nem mesmo aonde tudo aquilo iria me levar. Deitei-me de bruços para não ter que olhar para ele. Eu só queria terminar aquilo e sair correndo daquele lugar. Ele conseguiu estragar tudo por ser tão impaciente nos últimos minutos...

— Não sabia que você gostava de ficar de quatro... Também cansou de bancar a menina pura?

— Não estou te entendendo.

E foi aí que eu percebi que mudar de posição foi uma das minhas piores decisões. Ele começou a fazer movimentos muito rápidos, enquanto apertava minha cintura com muita força. Eu sentia que, a qualquer momento, ele iria quebrar minha coluna com toda aquela força. Eu sentia que, a cada vez que eu gritava e gemia, ele ansiava por mais e mais. Não tinha como piorar... Foi o que eu pensei. Ele entrou em uma espécie de transe e começou a morder minhas costas e dar tapas na minha bunda. Tudo estava se tornando tão insuportável que eu não sabia quanto mais eu aguentaria.

Robert

 Eu me odiava por estar fazendo tudo aquilo, mas eu simplesmente não conseguia parar de jogar todas as minhas frustrações românticas naquela garota que acabara de conhecer... Por quê? Por que ela tinha que ser como todas as outras? Eu só queria ser amado verdadeiramente por alguém. Ela era tão perfeita que me fazia odiá-la por não suprir minhas expectativas românticas, mas, de qualquer forma, eu não poderia fazê-la suportar mais toda a minha babaquice. Então eu gozei dentro dela para acabar com toda aquela situação deplorável. Não fazia a menor ideia de como ela se sentia, mas talvez ela já esteja acostumada com essas coisas, afinal caras que pagam por sexo são sempre bem escrotos e muitas vezes fazem coisas desumanas só para sentir o poder de controlar alguém. — Jessica?

— Eu preciso ir ao banheiro... — Tudo bem. Jessica ficou lá por horas. Eu, sem entender muito bem, resolvi levantar da cama e acender as luzes do quarto — e me senti em um verdadeiro show de horrores: minha cama estava repleta de sangue e fluidos corporais.

— Que merda eu fiz? Ela era realmente virgem? — sussurrei.

As luzes se apagaram de repente. Jessica havia saído do banheiro? Eu estava completamente perturbado com o que vi. A que ponto eu tinha chegado com todo o meu ódio e frustração?

— Podemos dormir? — Sim... Respondi quase de maneira automática. Minha mente estava distante depois de tudo que vi, mas não queria fazê-la passar por constrangimento ou responder perguntas embaraçosas. Deitei-me na cama, na esperança de poder conversar com ela no dia seguinte.

Jessica

Que merda eu estava pensando? Isso não foi vingança... Acho que sou louca. Quem em sã consciência dormiria com um homem que acabou de conhecer e acharia que seria incrível? Eu precisava agir; não podia simplesmente ficar aqui, deitada com ele, como se o que acabara de acontecer fosse normal.

— Está sem sono?

— Eu preciso ir para casa...

— Não, está muito tarde. Se quiser ir, espere amanhecer.

— Eu preciso ir agora... Não quero ficar aqui, estou me sentindo sufocada pelos meus próprios pensamentos.

— Quer conversar sobre o que acabou de acontecer?

— Não!

— Não me julgue como o único babaca aqui. Você não foi totalmente sincera comigo sobre ser virgem.

— Isso não é algo discutível. Então você quer dizer que é justificável tratar mulheres que não são virgens como lixo?

— Não, mas eu tenho certo desgosto por mulheres que fazem tudo por dinheiro.

— Eu não quero seu dinheiro.

— Então por que se sujeitou a tudo isso até o fim?

Essa era a pergunta que nem eu mesma sabia responder. Por quê? Falta de liberdade? Falta de experiência? Ou só queria ser como Alyssa e fazer tudo sem pensar? Tudo aquilo era um grande mistério para mim também.

— Eu... quero ir para casa. Agora.

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