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Casamento Forçado Com Um General

Capítulo Um

CECÍLIA

(CECÍLIA)

— Depressa, feche a porta! — Falei desesperada.

Bianca, minha melhor amiga de infância, fechou a porta de sua casa às pressas e logo fomos para a janela ver se meu primo tinha me visto.

— Essa foi por pouco — Ela disse ao ver ele olhar ao redor e então ir embora em seu cavalo. — Ceci, você não pode correr e se esconder o tempo todo, ele sabe onde você mora.

(BIANCA)

— Ele não ousa ir até o território inimigo — Sorri perversa. — Mas você tem razão, Bia, ele está piorando a perseguição a cada dia.

— É lógico! Faz dez anos que você é casada e ninguém na cidade viu seu suposto marido!

— Fala baixo! — Eu a repreendi. — Você viu, não lembra?

Bianca me olhou entediada. Obviamente a palavra dela não valia de nada para a sociedade já que éramos inseparáveis desde sempre.

Acontece que eu não era casada de verdade... Após a morte do meu pai, quando eu tinha vinte anos, meu primo Richard Evans ,filho do irmão do meu pai, tentou casar comigo para que eu pudesse manter as propriedades do meu pai e o negócio da família em meu nome... O que eu neguei, a minha única escapatória era o casamento e por isso a mente brilhante de dezessete anos da Bia me ajudou a forjar uma certidão de casamento.

Então eu era casada com um homem inexistente há exatos dez anos. Ninguém desconfiava já que eu havia dito que ele era um grande general que viajava muito para proteger a vida do rei... Outra história inventada pela minha melhor amiga.

— Se eu soubesse que você ia ficar nessa maluquice por dez anos jamais teria te ajudado.

— Bia! Você queria que eu, uma pobre donzela de vinte anos, casasse com um velho!? — Perguntei surpresa.

Meu primo era no mínimo uns trinta anos mais velho que eu e já tinha tido duas esposas, atualmente falecidas. Todos diziam que ele tinha certo azar com mulheres.

— Não, mas você já tem trinta e mesmo assim não arrumou nenhum pretendente.

— E você que tem vinte e sete e está noiva há seis anos?

O noivo da Bia realmente existia e servia ao exército, foi graças a ele que tivemos essa brilhante ideia já que na época minha amiga já era apaixonada. Mas não o víamos há muitos anos e apesar dele mandar várias cartas, eu não confiava muito no seu caráter.

De qualquer forma, eu não precisava de homem nenhum para viver e quando os pais da Bia falecessem com certeza ela poderia se apoiar em mim e no seu irmão mais velho.

— Insuportável — Minha amiga revirou os olhos. — Ceci, estou avisando você, não somos mais adolescentes e isso pode te trazer consequências.

— Que consequências? Eu sou meu próprio marido — Desdenhei. Olhei novamente pela janela. — Já posso ir.

Richard não ousava ir até a minha casa, pois sabia que eu era insana o suficiente para mandar meus empregados baterem nele até a morte. Mas na rua, em público, eu não podia fazer nada além de fugir já que o que ele desejava era um escândalo para que as pessoas desconfiassem do meu suposto matrimônio.

— Se cuida — Bia balançou a cabeça em negativa como se eu fosse um caso perdido.

— Obrigadinha — Beijei o rosto dela. — Aliás, avisa para a sua cunhada que o vestido dela já está pronto.

Minha amiga assentiu e eu saí da casa dela. Fui caminhando de volta para a cidade, meu real destino antes de esbarrar no meu primo, já que a distância não era tão grande.

— Senhorita Cecília!

Droga. Praguejei mentalmente e ajeitei meu chapéu. Richard continuou me chamando e eu não pude correr para a casa da Bia já que seria de encontro a ele.

A longa estrada de terra estava deserta, o rapaz que havia me trazido até o meio do caminho já tinha ido embora... Eu não podia ser pega pelo meu primo, não fazia ideia das atrocidades que ele era capaz, mas a tentativa de me fazer sua esposa à força anos atrás ainda me assombrava.

Comecei a correr o mais rápido que meu vestido me permitia. Richard estava cada vez mais perto já que estava em seu cavalo, eu não ia conseguir fugir dessa vez...

De repente um homem surgiu com seu cavalo na estrada. Parecia até um anjo enviado por Deus. Acenei para ele desesperada.

Enquanto isso, Richard já tinha me alcançado e estava caminhando calmamente em minha direção agora que eu havia parado de caminhar.

— Senhorita Cecília, o que está fazendo? — Richard segurou meu braço com força.

(RICHARD EVANS — PRIMO DA CECÍLIA)

— Me solta! — Falei irritada e puxei meu braço. — Socorro!

— Cecília!

— Socorro!

O homem que eu havia visto fez seu cavalo ir mais rápido ao meu encontro. Continuei gritando enquanto Richard tentava me arrastar para subir em seu cavalo.

Capítulo Dois

CECÍLIA

O homem então fez a coisa mais louca e incrível: saltou do seu cavalo em movimento.

Sem se importar com o fato do cavalo estar correndo por aí, o homem apenas assobiou e seu cavalo parou imediatamente. Assisti tudo fascinada e pela cara de bobão do Richard, ele também tinha achado incrível.

(THOMAS)

— Solta ela.

— Quem é você? — Meu primo voltou a si.

— Não interessa, essa senhorita não deseja ir com o senhor — Ele respondeu bruto.

— Sim, eu não desejo — Empurrei Richard e fui para trás do homem. — Pode matar ele, senhor.

— Cecília — Richard me olhou com ódio. — Senhor, é um mal-entendido, essa senhorita é minha amada prima.

— É mentira! Ele me persegue! Ele é um louco!

O homem se pôs mais ainda na minha frente e eu segurei em seu belo braço. Era duro.

Ele me olhou com surpresa, mas logo se recompôs e voltou sua atenção para o meu primo.

— Senhor, independente do grau de parentesco, precisa respeitar as mulheres.

— Isso mesmo — Concordei.

— Tudo bem — Richard sorriu forçado e eu vi que estavam faltando três dentes de trás na sua boca. — Depois conversamos civilizadamente, senhorita Cecília.

— Depois nunca!

Richard bufou com irritação e então subiu em seu cavalo logo indo embora. Continuei observando ele sumir no horizonte, até que escutei uma tosse forçada.

— Senhorita — O homem olhou para o próprio braço que eu ainda estava segurando.

— Ah... Perdão — Sorri sem graça e tirei minhas mãos. — Eu estava assustada.

— Imagino, a senhorita está bem? — Ele perguntou e se afastou mantendo uma distância respeitável.

Eu estava bem, claro, mas não podia perder a oportunidade de tirar proveito de um homem tão bonito. Não era todo dia que um cavalheiro me salvava do monstrengo do Richard.

— Estou, eu... Aí! — Fingi tropeçar e me apoiei no homem que me segurou com seus braços fortes. — Acho que machuquei meu pé quando fugi daquele bandido.

— Tudo bem, senhorita, eu estou a cavalo — Ele disse e assobiou fazendo seu cavalo vir até nós. — Mas não tenho uma sela para...

Eu o ignorei e subi em seu cavalo. Não precisava de sela para mulheres coisa nenhuma, meu pai havia me ensinado a andar como um homem já que eu era sua única filha e ele adorava tudo que envolvia cavalos, esse era nosso passatempo favorito juntos.

— Estou pronta — Sorri e passei a mão no pelo do cavalo. — Oh, é macio, o senhor é um nobre?

O homem me olhava espantado e eu já havia notado que esse era o olhar que ele mais havia direcionado para mim.

— As pessoas da cidade podem comentar se verem a senhorita montada como um homem.

— Se eu for me importar para o que falam de mim, eu vou ficar trancada dentro de casa e nunca mais sair... O senhor não vai subir?

— De modo algum! — Ele disse ofendido. — A senhorita parece ter educação pela aparência, mas seus modos são muito... Incomuns.

Ele não era o primeiro a me julgar, mas após anos sendo a dama perfeita que a sociedade queria e mesmo assim sendo xingada de tantos absurdos, eu havia desistido de viver para os outros e tinha certeza que meus pais estavam orgulhosos de mim.

— Eu não sei andar a cavalo — Falei e o olhei tristemente. — Como posso ir para casa?

— Mas a senhorita subiu muito bem — Ele me acusou.

— Eu aprendi com meu pai, mas ele sempre andava atrás de mim me mantendo segura.

Não era bem uma mentira, isso realmente tinha acontecido até os meus onze anos quando ganhei meu primeiro cavalo.

O homem me olhou incerto e então olhou em volta. Eu sabia que ele não era da cidade, pois eu conhecia todo mundo, mas pela forma como ele me defendeu do meu primo, ele era definitivamente um homem com muitos valores.

Mas eu não queria nada sério de qualquer forma, só queria andar a cavalo com um bonitão atrás de mim... Se eu conseguisse fazer ele passar na frente da casa da Bia seria perfeito.

— Tudo bem, mas quero deixar claro que estou fazendo isso pela saúde da senhorita, não tenho outras intenções — Ele explicou e então se aproximou do cavalo. — Me permite?

— À vontade — Sorri e ele me olhou com curiosidade. — O cavalo é do senhor, sou apenas uma pobre donzela.

Ele assentiu seriamente e eu segurei o riso enquanto olhava para frente. O homem subiu e se posicionou atrás de mim, seu corpo era todo rígido assim como seu braço...

— Senhorita, se sentir que vai cair pode segurar no meu braço.

— Obrigada, senhor — Me virei um pouco para trás, seu rosto estava próximo ao meu e logo me virei para frente novamente sentindo meu rosto quente. — Minha casa é na direção oposta.

Havia desistido de ir até a cidade. Depois dessa aventura eu ia precisar de um banho bem demorado...

— Segure-se firme — Ele avisou e passou o braço pela minha cintura. — Peço desculpas pela falta de educação, mas não tem como...

— Tudo bem, eu sei que é um homem de caráter.

Ele suspirou aliviado e eu ri baixo. Era uma pena que minha diversão em breve acabaria.

Capítulo Três

THOMAS

Demorou poucos minutos para chegar até a residência daquela senhorita incomum. Eu estava começando a cogitar se ela tinha algum problema mental ou se era apenas vulgar quando a senti se aconchegar mais ainda em meu corpo.

Confesso que a viagem foi no mínimo estressante, eu não costumava me render aos prazeres carnais e meus amigos mais íntimos eram homens. As únicas mulheres que me abraçavam eram minha mãe e minha irmã mais nova, o que sequer podia ser considerado contato com mulher já que eram minhas parentes de sangue.

Além de toda essa loucura, eu estava estressado pela situação que eu estava metido sem meu consentimento. Após minha mãe insistir que eu deveria casar já que já tinha trinta e dois anos, acabei aceitando qualquer pretendente que ela escolhesse, o problema começou quando meu empregado me disse que eu já estava casado.

Eu definitivamente não havia casado com ninguém, mas era totalmente verídico o matrimônio já que haviam usado meus registros de batismo de quando eu era criança.

Minha atual esposa então morava na cidadezinha que minha mãe estava de viagem há anos atrás e descobriu que estava grávida do seu segundo filho. Meu pai extremamente preocupado não permitiu que ela viajasse até o meu nascimento e depois, por minha saúde, nos instalamos aqui até eu completar um ano de vida.

Agora eu precisava achar minha suposta esposa e me divorciar o mais rápido possível, felizmente isso não chegou aos ouvidos de ninguém da corte e do exército, senão eu estaria literalmente ferrado já que além de general, eu era o segundo príncipe de Fasnar. E para piorar a situação, minha mãe já havia entrado em contato com o rei de Gloenia para marcar o noivado entre mim e sua filha mais nova.

— Chegamos, é logo ali — A senhorita apontou para um grande terreno com uma bela mansão.

Ela era rica afinal de contas. Suas vestes também não era simples, nem suas joias, apenas seu comportamento contrariava isso.

Eu não sabia também se ela era casada já que além de não ser tímida, ela tinha mais ou menos minha idade. Bom, definitivamente ela não era como minha irmã de dezoito anos.

— A senhorita deve pedir ao seu pai para ser acompanhada já que tem um bandido que a persegue.

— Meus pais faleceram — Ela disse num tom simples. Devia fazer muito tempo já que o luto parecia ter passado. — Só tenho meu marido, mas ele está sempre viajando.

— A senhora é casada? — Perguntei surpreso e logo adotei o tratamento de "senhora".

Isso explicava sua falta de vergonha perto de homens. De certa forma me aliviava um pouco, ela não era uma donzela vulgar afinal.

— Sim, surpreso? — Ela sorriu com diversão. — Eu não me apresentei, mas todos me conhecem na cidade, sou Cecília FitzClarency.

— FitzClarency!?

— Sim, é um nobre nome, você não acha?

Sim, eu achava, na verdade tinha certeza já que era o meu nome. O nome da família real... Não podia ser, essa senhora não podia ser minha esposa vigarista.

Desci do cavalo e comecei a tatear meus bolsos em busca do retrato que meu informante havia feito da minha esposa. Dei um passo para trás quando vi a senhora que estava em meu cavalo retratada perfeitamente em uma pintura... Seu nome também estava lá, porém o de solteira, Cecília Evans.

— Senhorita Cecília Evans? — Confirmei para não cometer nenhum erro.

— Nossa, não me chamam assim há uns dez anos — Ela riu. — Sou a senhora FitzClarency agora, senhorita Evans é meu nome de solteira.

Eu estava surpreso. Era mesmo minha falsa esposa, eu não podia acreditar que estive tão perto e até mesmo a salvei. Ela devia ser presa por forjar matrimônio, principalmente com alguém da nobreza!

— Permita-me que eu me apresente — Sorri com ódio. — Sou Thomas FitzClarency, general comandante de Fasnar.

— O senhor tem o mesmo nome que... O meu marido — A senhorita Evans me olhou surpresa e então desceu do cavalo.

Eu sabia que ela iria correr, por isso fui mais rápido e a segurei. Porém, fiquei totalmente imóvel quando ela de repente me abraçou apertado.

A afastei na hora e o tempo que eu fiquei constrangido e confuso foi tempo suficiente para ela sair correndo.

— Senhorita Evans! — Gritei atordoado e ela apenas acenou enquanto corria para casa. — Que mulher astuta!

Subi em meu cavalo pronto para alcançá-la, mas fui parado por cinco homens que protegiam a entrada da residência.

— Senhor, essa residência é privada.

— Meus bons homens, eu preciso conversar com a senhora dessa casa — Pedi educadamente.

Eles se olharam e então riram. Um deles tirou a espada da bainha e apontou para mim.

— Não é o primeiro a querer mexer com a nossa senhora Cecília, vamos pedir educadamente que se retire — O líder deles continuou me ameaçando com a espada.

Sorri com irritação e assenti. Eu poderia descer do meu cavalo e acabar com os cinco de uma vez, mas não queria causar uma confusão e quanto menos pessoas soubessem que a senhorita Evans estava casada comigo melhor.

— Tudo bem, mas avise a senhorita Evans que em algum momento devemos nos encontrar.

— Vamos avisar... Mas nossa senhora só vai falar com o senhor se ela quiser.

Eu tinha que admitir que a senhorita Evans era realmente impressionante por conseguir fazer os homens a obedecerem.

Mas não importava o quão difícil essa mulher era, eu conseguiria o divórcio por bem ou por mal.

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