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É Assim Que Acontece

Mudanças

Era um dia como outro qualquer, depois de passar o dia no colégio e chegar em casa, cansada, meus pais me chamam na sala de estar para falar algo comigo

- Filha desce aqui, precisamos falar com você.

Eu desço com todo o ânimo que me resta, fico meio ansiosa pra saber o que estavam para contar e me sento junto deles no sofá, a expressão deles não era de que viria coisa boa, será que eu fiz algo e não tô sabendo? meu estômago se embrulhou de ansiedade, curiosa logo perguntei:

- Pai, o que está acontecendo?

Ele me olhou com uma expressão de sério como se eu tivesse feito algo errado.

- Precisamos falar com você filha um assunto sério

Assunto sério?? Eu fiquei ainda mais ansiosa, meu pai sem tremer uma vez me disse:

- Precisamos ir embora dessa cidade para outra maior, fui transferido pelo trabalho para São Paulo na Capital

Minha pressão caiu ali naquele exato momento, não esperava de forma nenhuma por isso e ao mesmo tempo voltou como uma bomba de descontentamento.

- O QUE??

Extremamente revoltada eu comecei a fala e me descontrolei

- Eu não vou pra São Paulo e como fica minhas coisas aqui?? Meus amigos?? Minha vida? Tudo..

Comecei a querer chorar com a notícia, mas logo meu pai veio tentar me acalmar:

- Eu sei minha filha, mas tente entender que a gente precisa disso, seu pai está tendo uma oportunidade melhor para a gente, peço que entenda meu lado, sua mãe concordou e estaremos indo para lá esse mês.

Não acreditando na situação dei um grito e subi correndo as escadas e segurando as lágrimas.

- NÃO!!

Meus pais ficam meio sem saber o que fazer, entro no meu quarto batendo a porta, apenas se escuta o estrondo da batida de uma garota que está com o coração quebrado por saber que irá ter que se mudar para um lugar que não conhece ninguém. Coloco meu fone de ouvido e começo a chorar ouvindo minha banda preferida "One Direction".

Após um tempo chorando decido mandar mensagem para minhas amigas.

- Amiga?

- Oi Júlia

- Me ajuda por favor

- O que foi amiga?

- Meus pais estão me dizendo que irão mudar para São Paulo, mas eu não quero ir, eu gosto muito daqui do Piauí.

Ela demora um pouco pra responder, deve ter ficado meio triste pela notícia, mas mesmo assim tenta me incentivar.

- Oh  amiga, fica assim não, lá deve ser lindo, é meu sonho conhecer São Paulo, um lugar tão grande e cheio de coisas, veja pelo lado positivo.

- Que lado positivo??

- Lá é muito bom para morar e quem sabe você não arruma um namoradinho einn

As carinhas de risadas na mensagem ecoam como uma afronta para mim, sem demorar já retruco o que ela diz:

- Para com isso Sthefany, nada de namoradinho

- Tá bom... Mas não fique assim, tudo vai se resolver, que dia você vai?

- Eles não me falaram, mas acho que não posso fazer nada... A gente se vê amanhã na escola?

- Sim Júlia, fique calma vai ficar tudo bem, até amanhã, beijos e fica bem.

Eu só olho a mensagem dela e não falo nada, fico a madrugada toda pensando sobre a mudança que está para acontecer.

Dia estressante

Acordo, coloco minha farda, meu fone, tomo café e vou direto para o colégio. Chegando lá encontro com minhas amigas na entrada, sempre o mesmo grupo de meninas juntas uma esperando pelas outras.

- Oi meninas

- Oi amiga

- Como você tá?

Nem um pouco contente com a decisão da mudança respondo a elas

- PÉSSIMA!!

- Ah.. vamos entrar?

- Vamos

Todas entram para a sala e cada uma vai para sua mesa assistir a aula, eu fico de fone sem prestar muita atenção na sala de aula, isso faz a professora olhar pra mim com um jeito descontente.

- Júlia me acompanhe

Eu me levanto estressada e vou com ela pra sala da diretora, chegando na diretoria a senhorita Margareth me pergunta o que tá acontecendo comigo

- Oi diretora

- Bom dia Júlia, o que aconteceu?

- Ah.. Tô com uns problemas em casa, mas não é nada de mais não

- Certeza Júlia?

- Sim senhora

Sem fluir muito a conversa a diretora me manda voltar para a sala de aula

- Tá bom, então volte para sala e preste mais atenção na aula para não causar mais problemas, ok?

- Ok

Eu saio da diretoria bufando de raiva, paro no banheiro e fico me olhando no espelho, lavo meu rosto e fico me encarando e segurando choro

- Ahhhh, porque tá acontecendo isso comigo??

Eu fico um tempo lá e volto para sala, minhas amigas ficam me olhando e fazem uma expressão de "Eai o que aconteceu?", eu balanço a cabeça dizendo

- ''NÃO FOI NADA"

Elas param de me olhar e ficam prestando atenção na aula, um tempo depois o sinal do intervalo toca e eu decido ficar sozinha na sala ouvindo música até o fim do intervalo. A aula volta e eu fico tentando prestar atenção até acabar o horário, o sinal toca, finalmente acabou, 12 horas me despeço das minhas amigas e volto para casa, subo para meu quarto e desabo na cama, minha mãe entra no meu quarto batendo na porta:

- Filha?

- Oi mãe

- Vem almoçar

- Estou sem fome

Preocupada comigo ela se senta na cama e fala:

- Eu sei que as coisas estão difíceis, mas tente entender filha vai ser melhor para você também, mais colégios e faculdades melhores para você.

- Não mãe, vai ser horrível, não vou ter ninguém lá e eu não quero ir!!

Sem ter muito o que dizer e meio triste ela fala para mim tentar almoçar e volta para a cozinha, eu volto a ficar sozinha, me levanto tomo meu remédio de ansiedade e depressão, me deito na cama e durmo durante a tarde inteira.

Durante a noite acordo e vou na cozinha pegar comida, enquanto isso meus pais estão na sala rindo com um filme de comédia, eles me chamam para se juntar a eles e assistir, eu falo que não, pego minha comida e subo para meu quarto.

Fico pesquisando sobre a cidade para onde terei que me mudar e começo me interessar, vejo que é uma cidade bonita e grande, pesquiso uns sites e aplicativos para encontrar amigos em São Paulo e acho um menino de lá, tomo coragem e chamo ele no chat:

- Oi menino

- Oi

- Você é de SP? ( Abreviação para São Paulo)

- Sim, porque?

- To indo morar aí e queria saber como é...

- Ah sim, você tem quantos anos?

Começo ficar meio estressada e sem entender por ele estava me perguntando aquilo

- Pra que você quer saber?

- Curiosidade..

- Não vou ficar te falando não

- Tá bom..namora??

Eu perco minha paciência com o menino

- Ah, vá se lascar menino

Eu bloqueio ele e fico pensando meio arrependida, não era para eu ter feito isso...

Decido essa história e fico assistindo minha série preferida "Stranger Things" até cair no sono. No meio da madrugada acordo meio assustada com um pesadelo, desço para cozinha e pego uma água, escuto uns barulhos estranhos do lado de fora, olho pela janela e vejo o vizinho chegando bêbado em casa, fico pensando " Meu Deus Viu", subo para meu quarto e volto a dormir.

Amizades inesperadas

No dia seguinte, pela manhã, eu acordo meio assustada com vários barulhos de coisas sendo arrastadas pelo chão, um pouco incomodada com toda aquela bagunça decido descer para ver o que estava acontecendo e vejo meus pais encaixotando algumas coisas, para a mudança. Ao me verem eles logo me cumprimentam:

- Bom dia Filha

Com um pouco de sono ainda respondo a eles com um bom dia meio desanimado, tive uma noite não muito boa novamente por causa de toda essa história que tem acontecido. Sem nem repararem meu estado já foram me avisando para preparar minhas coisas

- Hoje de tarde é para você encaixotar suas coisas, ta bem?

- Vamos sair depois de amanhã

Em silêncio só concordo fazendo sinal de sim com a cabeça e volto para meu quarto, me visto para ir para o colégio, pego meu skate, tomo meu café e saio. No caminho do colégio decido mudar a direção, dessa vez eu vou direto para uma praça a alguns quilômetros do colégio e fico andando lá até o horário de voltar para casa, após ficar umas 2 horas sozinha na praça, um garoto chega com seu skate do Tony Hawkd um skatista famoso, o garoto me vê andando e fazendo algumas manobras e decide conversar comigo:

- Ei, tu anda bem, vi você fazendo algumas manobras

Meio envergonhada por nunca ter sido elogiada por andar de skate respondo a ele

- Oii, ahh obg, não sei muita coisa ainda

Ele pergunta:

- Qual teu nome?

- Júlia e o teu?

- Mike, posso te ensinar algumas coisas

- É vc anda bem Mike pelo que tava vendo

Ele vai me ensinando, eu tomo quedas algumas vezes, mas tudo normal, após vários tentativas consigo fazer um Ollie North uma manobra que eu achava bem difícil, o tempo vai passando e o sol ficando cada vez mais forte, já era quase meio dia, meus pais me ligam, o celular toca umas 3 vezes, mas resolvo ignorar, olho as horas e vejo que tenho que ir embora:

- Preciso ir Mike

Mike sobe no seu skate dá um toque na minha mão e se despede

- Vai lá, e cuidado pra não cair( Ele fala rindo)

- Tchau Mike aceno pra ele

Ele acena de volta.

Eu coloco meu fone e volto para casa, sobre 4 mini rodas e demonstrando todas minhas habilidades e manobras que aprendi pela rua, chegando em casa, vejo meus pais me esperando na porta, aquela era uma cena que eu estava evitando ao máximo, mas não tinha o que fazer, eles me olhavam com um aspecto de preocupação e raiva ao mesmo tempo, começaram a brigar comigo:

- Onde você estava Júlia? te ligamos dezenas de vezes e você não atendeu

- Andando de Skate

Minha mãe me dá uma bronca dizendo:

- Era para você estar na escola, a diretora ligou e disse que está preocupada com você, nós falou que você não está prestando atenção nas aulas e que se continuar assim você será reprovada.

Não se importando muito com o que estava acontecendo com minhas notas do colégio e revoltada com tudo, respondi a eles em um tom meio grosseiro:

- Talvez vocês deveriam para de pensar só na minha aprovação no colégio e passar a refletir sobre o quão mal tem feito essa mudança para aquela merda de cidade, vocês não estão vendo que isso está me deixando péssima?

Meu pai logo me repreende em alto tom

- Julia, pare de gritar com sua mãe!!

Uma discussão se inicia nesse momento entre eu e meu pai

- Vocês não entendem, isso tudo tá estragando minha vida!!

- Você vai ficar de castigo!!

- O que é? Vocês vão me bater agora também? Estão tirando tudo de mim, tudo que eu amo!!

Sem pensar duas vezes só subo para meu quarto com meu skate e saio batendo nas portas da casa, caio com tudo na cama e fico a tarde toda no quarto sem fazer nada, até que eu decido pular a janela para andar na cidade, pego minhas coisas e meu skate, olho para baixo pela janela vejo se dá para pular é um pouco alto, mas eu acabei conseguindo me apoiando na calha grudada a parade do meu quarto por fora, meus pais não vêem pois estão ocupados demais com essa mudança toda.

Eu saio de parecendo um zumbi, não dormir direito, sem comer direito e cheia de problemas, eu não queria saber de mais nada á não ser do meu skate que era a única coisa que me deixava feliz no momento, após um momento caminhando paro em uma lagoa, me sento e fico olhando os peixes com seus pais todos felizes e começo a chorar porque eu sei que não sou daquele jeito com os meus, pra quem quem escuta essa comparação pode pensar que eu estou meio doida, mas minha vida nunca foi fácil aos 14 anos perdi meu irmão mais velho com uma doença rara e aquilo foi muito doloroso para mim, hoje em dia tenho 17 anos e ainda não superei sua morte e desde então tenho que ficar me medicando para não fazer nada comigo mesma e isso tudo é uma merda, ele me faz muita falta, eu só queria ele aqui comigo de novo, me abraçando e falando que vai ficar tudo bem, nossa família não ficou a mesma sem ele, eu me tornei mais agressiva e estressada e meus pais não me dão a atenção de qual eu esperava de pais, nem para servir de apoio e tentar aliviar a dor da perda do meu irmão, no final das contas eu tenho que carregar tudo sozinha e sem nenhum tipo de carinho deles, para se ter idéia meus pais queriam pagar uma psicóloga para mim só que eu não quero, já passei pelo psiquiatra e não gostei nem um pouco, ele era desses médicos ruins, não que todos psiquiatras sejam, para não desmerecer, mas não quero ter que passar por outro assim, o tempo passa e eu fico meio perdida nos meus pensamentos, até que uma moça vem até mim:

- Menina? Está tudo bem?

- Sim, está sim

- Certeza? Você está chorando

Eu não tinha percebido que no meio de tudo que estava pensando, as lágrimas escorriam pelo meu rosto

- Não, tá tudo bem sim

-Certo

Ela só vai embora e me deixa, depois de um tempo eu retomo a realidade e resolvo voltar para casa, no meio do caminho do caminho vejo um cachorro perdido na rua que me chama a atenção, ele é lindo pelos marrom parece ser da raça poodle, eu paro, ele fica olhando para mim, eu vou até ele e fico fazendo carinho, ele balança seu rabinho sinalizando que está gostando, eu continuo, meus pais nunca deixariam eu levar ele para minha casa, que chato, decido da um nome para ele:

- Vou te chamar de Bob

- Gostou Bob

Ele parecia contente com o nome e latiu algumas vezes

- Au au au

- Que lindinho

Infelizmente eu teria que deixa-lo lá com o coração partido, tanto o meu quanto o dele, eu vou saindo aos poucos de perto dele ele fica latindo para mim com uma carinha triste, mas eu fico gritando para ele que voltaria:

- Eu volto bob, fique em algum lugar seguro

Eu chego em casa e a sala toda já está praticamente empacotada com os móveis e coisas em caixas grandes, eu só ignoro e volto para meu quarto, meus pais nem percebem eu chegando, fico no meu cantinho de conforto vendo um dos últimos episódios da minha série preferida "stranger things" e aguardando ansiosamente para o 2 volume, eu desço e pego comida, mas não será para mim e sim para o Bob, eu pego e saio de casa novamente, vou encontrar ele no mesmo lugar que o vi, começo a gritar:

- Bob

- Bob, aqui garoto

Ele vem latindo, pula em cima de mim todo feliz, por sorte o encontrei ali ainda, eu dou comida a ele

- Aqui garoto, comida

Ele come tudo, fico brincando com ele, escondo ele em um lugar seguro e

e volto para casa, já são umas 22h, meus pais já estão dormindo, eu esquento minha comida como e vou dormir.

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