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O Bebê Bilionário Do Ceo

Capítulo 01

Sou Ana Castilho, tenho 26 anos, estudo na faculdade pela manhã e à tarde trabalho com a minha patroa no restaurante. O meu tempo é bem corrido, tenho horário para entrar, mas não para sair. Essa é minha rotina diariamente. E hoje é mais um desses dias.

Sou casada com Vítor há pouco menos de dois anos. Ele tem um sonho, que é ser pai, e eu sonho em ser mãe. Porém, por problemas de saúde da minha parte, ainda não consegui realizar esse sonho. Fiz alguns exames que apontaram para um mioma uterino. Então, foi preciso fazer uma cirurgia há alguns meses, e estou sendo acompanhada por alguns profissionais para saber se agora posso ser inseminada.

A inseminação vai ocorrer porque Vítor e eu tentamos várias vezes engravidar após a operação. Mas eu não consegui realizar o sonho do meu esposo, pelo menos ainda não. Então, com todo esse problema, o doutor me garantiu que eu poderia recorrer à inseminação, me dando uma ponta de esperança. Vítor e eu conversamos e ele acabou concordando.

No dia seguinte, ele fez alguns procedimentos, e então o sêmen dele foi coletado, estudado e congelado para quando eu estiver pronta. Passei mais alguns meses sendo submetida a exames, ultrassons e vários outros procedimentos, tudo para que a inseminação ocorra bem.

Estando tudo ok, agora só estou na espera de uma ligação para poder ir fazer os procedimentos necessários. Uma ligação e o nosso sonho se tornará realidade.

No dia seguinte, comecei minha rotina normal. Fui para a faculdade pela manhã e, à tarde, para o trabalho. São Paulo está com aquele friozinho de congelar até os ossos, mas o movimento aqui no restaurante está bem agitado. Tudo está indo bem, e como sempre, me dirijo até às mesas, anotando pedidos dos clientes e organizando uma mesa especial para os "Homens de terno". Isso! Para os CEOs. Aqui sempre tem uma reunião entre eles. Eles amam esse lugar! Sempre que vêm de viagem, ligam para cá, reservando uma mesa somente para eles.

Assim que terminei de organizar a mesa especial, não demorou muito para que a mesma fosse preenchida por ternos sociais na cor preta. Todos os diretores executivos que estavam ali eu conhecia por vê-los todos os meses aqui no restaurante. Mas um deles me chamou a atenção. Eu nunca havia visto ele por essas redondezas. O homem misterioso estava vestido em um terno azul-marinho sob medida. A calça delineava muito bem suas coxas grossas, sua altura era considerável. Penso que ele tem mais ou menos 1,85 de altura, cabelos pretos sedosos, boca bem desenhada e convidativa. A sua barba por fazer o deixava ainda mais 'sexy' do que já era.

— Acorda, garota, tá dormindo? — Emília, minha patroa, me chama. — Vamos logo, leve esse lixo para fora, não fique babando os clientes bonitões — disse ela com cara safada.

Emília é uma mulher muito simpática e alegre. Uma patroa que todos querem ter. É gentil e rala bastante para sustentar seus dois filhos, que também são uns gatos. Como eu disse, ela é gentil e bacana como patroa, mas como sogra, todas querem distância.

Enquanto eu arrumava a cozinha, procurando todas as sacolas de lixo e organizando tudo em um saco, Emília me enchia de perguntas.

— Como está o processo de inseminação? Ainda não lhe ligaram?

— Estou só no aguardo — respondi. — Ainda não me ligaram, e acredite, já estou nervosa e bem ansiosa por esse dia. É uma mistura de sentimentos que nem sei explicar.

— É assim mesmo. Estou feliz por você ter esperança do que tanto queria, lutou muito para que tudo desse certo, querida. Aposto que Vítor está ansioso também.

— Sim, ele sofreu muito com tudo isso, tentamos bastante depois da operação. Mas não havíamos conseguido. E agora ele viu a inseminação como outra porta sendo aberta, e eu decidi meter a cara para fazer ele feliz e a mim também — falei com um sorriso no rosto.

— É isso mesmo, querida, não perca as esperanças — disse ela, me abraçando.

Levei a sacola de lixo para fora, deixando-a em um canto bem organizado, assim os homens da coleta não terão problema. Retornei para meu trabalho, atendi alguns clientes e fui até a mesa onde um dos CEOs me chamou para fazer mais um pedido. Anotei direitinho, mas sentindo meu corpo queimar pelo olhar daquele homem tão bonito. Percebi que os seus olhos eram negros, da cor de seus cabelos.

— O senhor vai pedir também alguma coisa? — olhei para ele.

— Não, senhorita, obrigado!

Me retirei dali, indo buscar um vinho tinto, foi o que um deles pediu.

— Não sei por que esses homens gostam tanto de beber vinho — falei, adentrando a cozinha.

— E você acha ruim? — perguntou Emília.

— Não. Nada contra, a questão é que esse troço é ruim, eles tomam e não fazem cara feia. A última vez que bebi isso, quase coloquei as tripas para fora.

— Estão acostumados — disse ela. Dei de ombros e segui novamente até a mesa. O servi e, após, retornei novamente para a cozinha.

O dia foi bem exaustivo, Emília já havia ido para casa e pediu pra que eu fechasse após organizar tudo. Ela teve que sair às pressas para resolver uma emergência. Após limpar a cozinha, lavar as louças e deixar tudo organizado em seu devido lugar, eu fechei tudo e me certifiquei de que estava tudo bem trancado. Então, segui pela esquina que eu sempre seguia para chegar em casa.

A casa que moramos fica no final da rua. Não era tão longe assim, dava para ir caminhando. Vítor com toda certeza ainda estava em seu trabalho, porque sempre que sai cedo, passa aqui para me buscar. Assim que cheguei em casa, peguei minhas chaves e abri a porta, adentrando o amplo espaço decorado com várias fotos do nosso casamento. Eu mesma decorei a nossa casa. Eu não tenho o que falar de Vítor. É um homem carinhoso e tem sido paciente comigo durante todo o processo na luta dos nossos sonhos.

As horas se passaram. E eu já havia tomado um banho, feito uma janta, e agora estava sobre a cama, na espera de Vítor chegar, mas ele não havia chegado. Tentei falar com ele por meio de ligação, mas ele não me atendeu, só caiu na caixa de mensagem. Me virei para o lado e acabei dormindo.

Capítulo 02

Acordei pela manhã com o celular tocando feito louco. Reclamei um pouco da claridade do sol que invadia o quarto, peguei o celular e atendi, sem nem abrir os olhos.

— Alô...

— Senhora Castilho, aqui é da clínica "O Seu Sonho é Possível". Estamos ligando para avisar que o processo que pediu foi estudado por nossa equipe. Se possível, poderá começar hoje ou deseja marcar outro horário? — A voz suave da mulher me dava sono, mas só de ouvir o nome da clínica, abri os olhos e me sentei rapidamente sobre a cama. O coração acelerou no peito.

— Não, irei hoje mesmo. Já estou quase chegando aí. Marque o meu horário.

— Tá! Ok, senhora. Estaremos esperando até às 9:15. Lhe aguardo. — encerrou a ligação.

Meu coração palpitou no peito. Estava prestes a sair pela boca ao ouvir aquela boa notícia. Olhei para o meu lado, e Vítor ainda dormia tranquilamente. Não sei a que horas ele chegou, nem vi porque dormi logo.

— Vítor. — chamei para dar a boa notícia. O doutor me explicou que pode dar certo ou não. Mas saber que já posso começar hoje faz nascer a esperança em mim e uma fé enorme de que tudo dará certo.

— Hum... — resmungou ao abrir os olhos, parecia bem cansado.

— Que horas você chegou? Por que demorou no trabalho? — perguntei.

— Tive muitos contratempos, vida. Sabe como são as coisas na empresa. — disse, dando de ombros.

— Eu tenho uma boa notícia. Acabaram de ligar da clínica, e já posso ir fazer a inseminação — falei feliz. — Realizaremos o nosso sonho, minha vida. Enfim, acabou a espera.

— Que ótimo, meu anjo. Tudo vai dar certo. — Vítor deixou um beijo nos meus lábios.

— Você vai comigo, não é?

— Não vou poder ir, Ana. Tenho uma reunião muito importante hoje, não posso adiar. Mas me mande as boas notícias. — disse, se levantando da cama, pegou a toalha e seguiu para o banheiro.

Assim que Vítor terminou de tomar banho, fui me banhar. Quando terminei, ele já havia ido para a empresa. A vida dele é sempre assim, às carreiras. Mas não sou boba para não perceber que ele está um pouco distante. Talvez, com um bebê na nossa vida, ele mude. Eu entendo o que ele sente, pois temos lutado bastante para realizar esse sonho, e eu não consegui. Mas dessa vez, eu vou conseguir. Talvez ele tenha perdido as esperanças e não queira se iludir novamente.

Enquanto me arrumo, ligo para minha patroa, explico para ela minha situação e encerro a ligação. O doutor havia me explicado que, para fazer o processo, eu tenho que passar 5 dias sem ter relações. Isso não era difícil para mim, porque Vítor e eu sempre chegamos do trabalho tardiamente e não temos tido esses momentos. E quando eu chego cedo, ele chega muito tarde. É sempre assim.

Caminho pelas ruas de São Paulo me sentindo muito feliz por finalmente ir realizar o que tanto queria, após ter sofrido por longos meses. Ajeitei os meus óculos escuros no rosto e segui caminhando. Algumas pessoas me cumprimentam por me conhecerem e me verem muito no meu trabalho.

Estou nervosa? Estou, e muito. Tenho muito medo do processo, mas no final sei que terei realizado o que quero. Então, vale a pena passar por todo o processo doloroso que passei.

Adentrei na clínica e esperei me chamarem. Assim que chegou a minha vez, já fiquei ansiosa. Entrei na sala e me encontrei com a doutora. Ela caminhou até mim com um sorriso caloroso.

— Olá, Ana. Sou a doutora Camila, sua psicóloga por agora. Olhe bem para mim — pediu gentilmente. — Hoje estamos a um passo de realizar o seu sonho, certo? Então me diga, de zero a dez, o quanto você quer realizar esse sonho? — perguntou ela.

— Dez, doutora. E se tivesse até mil, eu escolheria ele, com toda a certeza — mostrei um sorriso largo de tanta alegria.

— Isso é ótimo. É bom quando temos uma paciente com tanta fé assim — disse ela, alegre. — Bom, o doutor analisou todos os exames feitos — disse ela, olhando alguns papéis, creio eu, que eram os meus exames, todos eles, que não são poucos. — Ele me garantiu que o seu útero está perfeito para receber o sêmen do seu marido. Inr… — Ela parou de falar assim que foi interrompida por uma enfermeira, que adentrou a sala para avisar que o doutor já estava me esperando. — Então é isso, vamos — disse a doutora, passando na minha frente.

Fomos caminhando por um corredor e adentramos em uma sala bem grande e ampla. Tudo estava equipado, a equipe de especialistas que me acompanhou por essa longa jornada também estava na sala.

— Venha, Ana, precisa se vestir — segui a doutora até uma pequena salinha. Ela me deu uma roupa transparente. — Vista-se rapidamente, estarei te esperando aqui fora — disse, fechando a porta.

Acreditem, fiquei com muita vergonha, porque a roupa era transparente demais, quase não cobria nada do meu corpo. Após terminar de me vestir, caminhei até o banheiro, lavei o rosto, prendi a respiração e soltei novamente, repetindo o mesmo processo várias vezes. Minhas mãos estavam geladas, eu queria ter Vítor naquele momento para me dar forças e me dizer que tudo ficaria bem, mas ele não veio por causa do seu trabalho.

Saí do banheiro, encontrando a doutora na porta, e novamente seguimos para onde seria feito todo o processo. Sentei sobre a cama, a anestesia foi aplicada e, em seguida, deitei logo na cama. Não vi muito do que aconteceu, porque colocaram um pano no meio, tampando minha visão.

— Ana, você está bem? Está sentindo alguma coisa? — Camila me perguntou.

— Não — falei.

Alguns minutos se passaram, e eu ainda estava ali. Assim que tudo foi concluído, Camila me olhou com alegria.

— Tudo certo, Ana. Ficará descansando no quarto por 20 minutos, para um resultado melhor. Após isso, você poderá ir para casa. Retorne à clínica dentro de 14 dias para que possamos fazer uma coleta de sangue, para saber se está grávida. Você pode fazer suas atividades normais, mas evite peso, por favor.

Escutei tudo com calma. Farei o possível e o impossível para que seja assim. Fiquei no quarto em observação por 20 minutos, como a doutora recomendou, e após passados esses minutos, fui liberada para ir para casa.

Capítulo 03

Quando saí da clínica, Camila me mandou uma lista de medicamentos por WhatsApp. Continha injeções e vitaminas para a formação do feto e evolução da gravidez. Quando Vítor chegou do trabalho, trouxe todos os remédios para mim. A injeção, Camila mesma vem aplicar, e as vitaminas eu tenho tomado nos horários certos, que foram me passados.

Hoje estou com 16 dias e já sinto alguns sintomas diferentes. Meus seios estão um pouco doloridos, sinto um pouco de enjoo, mas não muito. Continuei indo para o trabalho e para a faculdade, mas durante esses dias, tenho tido algumas dificuldades, ainda mais quando sinto o aroma de comida e café, que me embrulha o estômago. Já fui à clínica fazer o exame de sangue para saber se a inseminação deu certo, e sim! Tudo certo, estou grávida. Minha felicidade é grande demais, vivo o tempo inteiro na internet, pesquisando nomes sem nem saber o sexo do bebê ainda. Pesquisei decorações, enxovais para o berço, roupas e tudo para deixar o pequeno confortável.

Vítor chegou há pouco do trabalho e subiu para o quarto para tomar banho. Todas as vezes ele tem chegado mais cedo e sempre me traz frutas e chocolates para comer, e deixa um beijo na minha barriga, que ainda nem apareceu. Nossa felicidade está completa, e eu fico muito feliz por isso. Sempre que vamos nos deitar, Vítor faz muitos planos para o nosso bebê. Disse que faria uma grande festa e convidaria todos para participar e ver que realizou o seu sonho. Quando ele fala sobre isso, começa a chorar. Eu acho isso muito fofo, até porque lutamos muito para que isso se tornasse realidade.

Já eram 20:00h, eu estava sentada no sofá, assistindo a um filme na TV, enquanto comia um pote de chocolate que meu marido trouxe com todo carinho. Uma batida na porta me fez sair da minha zona de conforto. Caminhei até a porta e atendi, era Camila àquelas horas da noite, achei estranho.

— Camila, aconteceu algo? — perguntei deixando-a passar, estava nervosa. Fechei a porta e ela sentou no sofá.

— Ana. — ela pegou nas minhas mãos, que estavam completamente gélidas.

— Tá me assustando, Camila, pelo amor de Deus, fale logo. — pedi olhando para ela, parecia um papel em branco, de tão pálida que estava.

— Ana, você não vai nos perdoar, cometemos um erro médico, eu nem sei como falar isso para você. — ela ficou em pé, caminhando pela sala.

— Não vou perdoar se não me falar logo, caramba! Já estou nervosa. — comentei.

— O sêmen que implantaram em você não era o do seu marido, foi trocado por engano. — disse ela, me fazendo ficar ainda mais nervosa do que já estava.

— Como assim? Como assim? Não posso estar ouvindo isso. — passei as mãos trêmulas nos cabelos, estava me sentindo desesperada agora.

— Tenha calma, olha, eu confundi você pelo nome. Enrique Lascovic congelou o sêmen dele também na clínica. Ele e a namorada também estão tentando ter um bebê, mas ela não conseguiu, já teve três abortos espontâneos. Enrique não quis desistir, ele está há 5 anos tentando, e por coincidência, ela tem o mesmo nome, Ana. — disse me olhando. — O senhor Lascovic foi até a clínica com a namorada e, quando foi o momento de fazer a inseminação, o sêmen dele não estava. Foi aí que me dei conta do erro, porque o do seu esposo está lá. — disse quase chorando.

— E agora? O que vou fazer? Como vou falar isso para Vítor? — fiz perguntas que sei que não terão resposta. Agora terei que resolver meus problemas.

— Sinto muito, Ana, sinto por ter te colocado em maus lençóis. O senhor Enrique quer muito falar com você e te propor um acordo. — disse ela.

— Acordo? Possivelmente esse homem vai querer reivindicar os direitos dele como pai, e eu? Onde fico nessa situação? — sentei no sofá novamente, passando as mãos no meu rosto. Não posso estar ouvindo isso, não posso.

— Por favor, Ana, peço que releve a situação e vá pelo menos saber qual acordo ele quer fazer com você. Aliás, ele tem a namorada dele, penso que não vai pedir nada demais. — disse ela.

— Pensa? Vocês implantaram em mim um sêmen que não é do meu marido, é alheio, e o dono está atrás de mim, como se eu tivesse roubado isso dele. O que você pensa que ele quer? Ainda mais por estar há cinco anos tentando ter um filho, e vem uma estranha e rouba esse sonho deles. E eu? Meu sonho é ser mãe, e olha o que deu?

— Por favor, Ana, entenda. — pediu ela juntando as mãos.

— Não, Camila, entenda você. — falei. — Não vai me comover com essa. Esse filho é meu, e não vou abrir mão dele de maneira nenhuma. Pode ser filho até do Rei, mas eu estou levando no meu ventre e não vou devolver.

Nunca fui grossa e mal-educada com ninguém, naquele momento coloquei Camila para fora da minha casa. Eu serei forte pelo bebê que carrego no meu ventre e enfrentarei tudo e todos, ele é meu, estou carregando no meu ventre, e independentemente da forma como tudo aconteceu, eu vou amá-lo, porque é meu filho.

No momento não contei nada a Vítor. Pensarei na melhor forma de conversar com ele, e depois da conversa, saberei o que será do nosso casamento.

São 4:00h da manhã, e cá estou eu com a cara enfiada no vaso, vomitando tudo que comi à noite. Me levantei do chão, lavei o rosto, sequei na toalhinha e parti para a cozinha novamente. O desejo de comer chantilly era enorme, e me concedi esse desejo. Vítor dormia tranquilamente, não me viu sair do quarto. Fiz uma ligação urgente para uma amiga minha chamada Lara e contei tudo para ela. Como esperado, ficou impressionada com tudo, e não era para menos. Até eu fiquei, estou espantada e preocupada com tudo, e principalmente como Vítor vai reagir quando souber da verdade.

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