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Amor E Vingança

Noah

Esse seu eu, quer dizer, quase... Isso aí é quando eu tenho tempo para me arrumar, e me produzir.

Como vocês vão ficar aqui por um tempo, deixa eu me apresentar e contar um pouco da minha história desde o começo.

Moro aqui no morro da Piedade desde que eu nasci, minha mãe era daqui, ela era uma mulher linda e cheia de vida, mas desde que meu pai morreu de câncer quando eu tinha três anos, ela mudou, me deixava com a minha vó e passava dias longe de casa, vivia em festa e em balada. Até que um dia ela apareceu grávida de um homem casado e rico da zona sul, que não quis assumir nem saber dela ou dos bebês, exato eram gêmeos. Os meninos nasceram quando eu tinha cinco anos. Minha avó que cuidava da gente, já que a minha mãe nunca parava em casa, ela continuou sua vida de loucuras, drogas, bebedeiras e sexo, procurando algo ou alguma coisa que eu acho que nem ela sabia o que era.

Resultado, minha mãe se viciou em drogas e fez da nossa vida um verdadeiro inferno. Cansei de voltar da escola e ver ela se prostituindo em plena luz do dia nas vielas sem nem um pingo de vergonha ou dignidade. Arrastava ela inconsciente para casa depois dela passar dias a fio bebendo. Já fiquei com ela no hospital depois de apanhar dos "clientes" ou dos traficantes da boca, e as vezes das mulheres dos caras do morro. Foi assim a minha infância toda, todos conheciam minha mãe, "a drogada da rua do posto", era assim que a chamavam.

Minha vó cuidava de mim e dos meus irmãos, e usava a aposentadoria dela e a pensão do meu falecido avô, mas ainda assim não dava, e ela lavava roupa para fora e fazia tudo que é bico, mas as vezes minha mãe roubava dinheiro dela para se drogar e a coisa ficava feia para nós, mas por mais que eu insistisse, ela não me deixava ajudar, queria que eu estudasse e me formasse em medicina que sempre foi o meu sonho.

Quando eu tinha dezesseis anos, estava na escola quando mandaram me chamar, achei que fosse mais um bafão da minha mãe, mas na verdade era a minha avó. Ela sofreu um infarto e não resistiu. Naquela época, enterrei minha avó graças a caridade dos vizinhos que se juntaram e me ajudaram.

Minha mãe apareceu cinco dias depois, estava drogada, voltou e ficou por lá até ficar melhor, quando soube da morte da mãe, sumiu de novo e eu nunca mais a vi.

Algumas semanas depois, um dos líderes da boca veio me falar que ela foi pega, julgada e condenada por dívida e roubo pelo tribunal do crime. Estava morta e não ia ter corpo para velar ou enterrar. Podem me julgar, mas suspirei aliviado porque eu não sabia onde ia conseguir dinheiro pra enterrar mais um.

Sai da escola, e arrumei dois trabalhos, um de dia no supermercado das 7:00 da manhã até às 5:00 da tarde, e de noite das 18:00 até as 00:00 em uma lanchonete.

A irmã da minha avó, morava na casa ao lado da nossa em um terreno que tinham várias casas alugadas, ela cuidava dos gêmeos para eu trabalhar. Era difícil e cansativo, no começo eu chorava muito de saudades e de tristeza pelas injustiças da vida. Mas depois vi que isso não ia me levar a nada, então decidi manter a esperança de um dia tudo melhorar, e fazer o meu melhor todos os dias.

Vocês devem achar que meus irmãos me amam? Na verdade, nossa convivência é difícil, eles têm muitos traumas, com os quais eu não soube lidar. Eles não entendem a própria realidade, e me culpam por não poder dar a eles o que eles merecem.

Meus irmãos são superdotados, os dois. Tem uma inteligência acima do normal, mas a prepotência e orgulho são ainda maiores. Eles ganharam bolsas de estudo em uma escola particular, e várias escolas de cursos extracurriculares. E eu me esforço que nem louco para acompanhar os gastos deles nessas escolas. Inglês, informática, natação, etc...

Por serem inteligentes e espertos, eles se acham muito melhores do que as pessoas aqui do morro, inclusive eu, e tratam todos com indiferença, eu sei que eles sofrem preconceito por morar na favela e estudar na zona sul, então eles fazem com os garotos do morro o mesmo que fazem com eles lá no asfalto.

Já tentei de tudo para eles entenderem que isso é errado e que não devemos ser assim, sentir orgulho de si próprio é muito bom, mas isso não significa, e nem nos dá o direito de humilhar as pessoas que são diferente de nós. Mas eles não me dão nem um pingo de atenção, e sonham com o dia em que o pai rico vai vir buscar eles para morar com ele na zona sul.

Eles estão concorrendo a uma bolsa na faculdade, eu sei que eles vão ganhar, e eu vou precisar trabalhar dobrado para manter eles na faculdade esses seis anos. Os dois vão cursar medicina, como eu sempre quis. Vou poupar o dinheiro da mensalidade, mas todo o resto ainda será por minha conta.

Esses são os gêmeos, Raul e Rael, apesar de serem um pé no saco, eu os amo muito, eles são minha única família agora.

Ainda trabalho nos mesmos lugares, só que na lanchonete eu trabalho na cozinha, e no mercado eu trabalho no depósito, descarrego caixas de dia, e lavo pratos a noite.

Graças a todos esses anos trabalhando, aprendi a fazer de tudo um pouco. Então eu tive uma ideia muito maluca, peguei um empréstimo com meu chefe no mercado e comprei um trailer, vou vender açaí durante o fim de semana para complementar a renda e manter meus ratinhos na faculdade, estou animado com esse trabalho novo.

Minha melhor amiga Lorena, que está sempre do meu lado me deu a maior força, ela é a única nesse mundo que me entende, que sabe tudo sobre mim e que me apoia, sem ela eu não teria estrutura emocional para suportar o que eu suportei esses últimos anos. Ela é minha irmã, um pedaço de mim que anda por aí de cara amarrada.

Essa é a Lory, uma fofa... Parece que vai te morder, e realmente vai se precisar. Mas agora, partiu trabalho novo, sinto que vai ser um sucesso!

Frank

...

Frank, o Ruivo é assim que as tias assustam as crianças aqui no morro...

" Obedece, senão o ruivo vem te pegar!"

Ser temido não me incomoda, eu fiz por merecer a fama, afinal ninguém conquista e se mantém no crime sendo bonzinho. Aprendi desde cedo que ou você manda ou é mandado, e eu não fui feito para obedecer ninguém.

Meu pai era do tráfico, trabalhava para o antigo chefe do morro, ele me ensinou muita coisa sobre a vida no crime, era só eu e ele, minha mãe se mandou quando meu pai entrou para o tráfico, ela não queria ser mulher de bandido, mas ele não deixou ela me levar e então ele me criou.

Meus pais eram do Sul, de descendência alemã, vieram para cá para tentar uma vida melhor, mas não deu certo, e para pôr comida na mesa a única solução que meu pai achou foi entrar para facção.

Depois que minha mãe se mandou quando eu tinha dez anos, meu pai sempre me dizia que mulher nenhuma ama de verdade quem vive no crime, que não se pode confiar em mulher que aceita essa vida, todas estão mentindo e querendo somente o dinheiro e os privilégios que a gente tem.

Meu pai não era carinhoso nem nada disso, mas ele fez o que deu com o que ele tinha, desde os quinze anos eu ia com ele para as bocas, e aprendi a fazer os corre no morro. O Sansão, antigo dono do morro sempre falou que eu tinha futuro, e ele estava certo, porque eu estou aqui, dono dessa porra toda!

Tomei o morro depois que o Sansão caiu durante uma invasão, mataram ele, meu pai e mais sete dos nossos, o resto levaram preso. Não esperei nem o enterro, já assumi o morro, e foi na base da bala mesmo, de muito bala. Não ia correr o risco de deixar o morro na mão de gente estranha.

Não vô dá uma de bonzinho não, grande parte foi por ambição mesmo, querer ser o dono, ter poder, dinheiro, luxo e mulheres é claro. Mas também não queria a minha gente sofrendo, o Sansão era ruim para o povo, mas bom também ele não era, não fazia nada para melhorar a vida da população.

Queria crescer sim, ganhar dinheiro e o respeito, e até o temor das pessoas, queria carro, moto cara, barraco ajeitado, bebida e comida da boa, festa e tudo o mais que eu tivesse vontade, mas o povo ia ser bem tratado. Eu vivi lá embaixo, eu andei pelas vielas, eu sei o que esse povo sofre, e eu vou fazer o que der para ajudar.

Nossa facção tem regras, e ninguém é obrigado a entrar, mas se entrar tem que cumprir as regras, é cumprir ou morrer, simples assim.

Tudo nessa porra passa por mim, eu sou o advogado e juiz, a minha palavra é lei. Resolvo os B. O. que tiver na comunidade, ajudo se precisar e castigo quando merece. O povo sabe que pode falar comigo ou com meus irmãos se alguma coisa tiver errada. Então além de temido, sou respeitado, sou bandido porra, mas eu honro o que eu tenho no meio das pernas!

Não sou de demonstrar emoção, não me lembro de ter chorado outra vez depois que minha mãe foi embora. Sorrio só quando estou com meus parça, e nunca disse eu te amo para ninguém, nem pretendo. Meus amigos me chamam de Brastemp, porque dizem que eu sou frio. Mas eu só não tenho saco para esse negócio, só isso.

Tenho quatro braços direito aqui no morro, meus irmãos que estão comigo desde a época que nós éramos avião. Tem o Marreta, o Robson, o Marcelinho, e o Juba. Esses aí dão a vida por mim e eu por eles.

Mas o meu mais chegado é o Marreta, a gente meio que tem uma ligação sabe, as coisas que a gente passou, que a gente fez, isso fez a gente se unir mais. É por isso que aos vinte oito anos, ele é o segundo no comando do morro.

Acordo cedo, hoje é um dia comum, mas sinto uma coisa estranha, um tipo de canseira, um tédio, como se todos os dias fossem iguais, não gosto dessas merdas, parece que está faltando alguma coisa.

Levanto-me da cama, e vou direto para o chuveiro, pois durmo pelado mesmo, tomo meu banho, me visto como sempre, calça jeans, regata preta, chinelo, minhas correntes de ouro, o básico...

Desço, ligo a cafeteira e faço meu café, aqui só tomo café mesmo, como na rua para não fazer bagunça, eu moro sozinho, apesar do barraco ser grande, não gosto de ninguém enfiado aqui e se metendo na minha vida, aqui em casa os únicos que vem são os meus parça, para churrascos, festas, esses trens, fazemos tudo na quadra ou em outro canto, minha casa é meu refúgio, meu lugar sagrado.

Desço para boca central, antes das seis da manhã, quando são sete as mulas já começam a chegar para fazer o acerto do turno da noite.

Quando são nove da manhã já terminei, me reúno com os mano e a gente discute o que tem para resolver e o que vamos fazer na semana que vem, sexta-feira braba. Pisquei já deu meio-dia, almoçamos na boca mesmo. O restante do dia foi atendendo o povo e fazendo cobrança, quando deu sete horas, chamei os parças para jantar na lanchonete do seu Juarez, mas a Aline, mulher do Juba preparou um rango para nós no barraco dele. Saímos, Marreta foi no carro comigo, o Marcelinho com o Juba e o Robson na moto como sempre mais isolado.

Enquanto passava na rua, as putas faltavam pular na frente do carro, num fogo no cu do caralho. Marreta gosta dessa atenção toda, eu gostei um tempo, agora já está chato, sei que tudo é falsidade, então perdeu a graça. Não significa que eu não pego as minas que dão em cima, deu mole é pica.

O rango foi de boa, Aline manda benzão na cozinha, comi que quase passei mal. Conversamos bastante foi massa, mas sem nada de trabalho e nem celular, regra da dona Aline.

Dei um tempo lá, e depois já dei no pé, estou cansadão.

Passei na rua do posto e vi um trailer de açaí, achei massa, gosto muito de açaí e esse é perto de casa, só não parei porque estou muito cheio da janta, vou direto para casa, jogar um pouco de vídeo game e dormir.

Amanhã o dia vai ser melhor, tem baile, vou beber, pegar uma mina e curtir com meus manos.

O Roubo

Noah

Meu primeiro dia no trailer de açaí foi um sucesso! Vendi muito mais do que o esperado, a galera curtiu os acompanhamentos que eu servi. Também preparei umas opções de vitaminas com açaí e foi bem recebido.

Estou tão feliz e animado. Fechei o trailer ontem era mais de meia noite. Como o trailer fica em frente de casa, só precisei fechar e guardar as mesas e as cadeiras no quintal. Estou ansioso para abrir de novo hoje à noite. Além de trabalho e ganhar dinheiro, eu me divirto e conheço gente nova. Estou amando.

Assim que acordo às 5 da manhã, preparo o café da manhã dos ratinhos e acordo os bonitos para pegar o ônibus, porque a escola deles fica longe pra caramba. Depois dos dois dispensados, eu arrumo a cozinha e me arrumo para o meu primeiro emprego que é no mercado.

Assim que saio de casa já percebo que tem coisa errada. Não vejo as cadeiras no quintal. Corro para frente da casa e vejo a porta do trailer arrombada. Meu coração se partiu em pedacinhos, e o desespero tomou conta de mim. Meu Deus, como eu vou fazer? Eu tenho dois empréstimos para pagar, um no mercado para comprar o trailer, e outro na lanchonete para equipar ele, e no primeiro dia sou roubado.

Meu Deus, como eu vou pagar essa dívida? O que eu faço! Nenhum vizinho viu nem ouviu nada, ou pelo menos não quiseram me dizer. Sem ter como fazer nada no momento, tive que ir trabalhar. Contei o que aconteceu para Lorena, e ela me disse que ia me ajudar a resolver no meu horário de almoço.

A manhã se passou lenta e eu estava angustiado pensando em como eu sou azarado. Devo ter sido muito mal em outra vida, porque, oh sina viu!

Finalmente, o meu horário de almoço chegou, e quando sai do mercado já vi a Lorena na moto dela me esperando. Minha amiga trabalha em um estúdio de tatuagem. Ela ainda está aprendendo a fazer tatuagens, pequenas por enquanto, o que ela mais faz mesmo é por piercing.

Subi na moto, e ela não me disse aonde íamos. Até que eu quase infartei quando ela parou na frente da boca principal do morro.

— Lorena de Deus, o que a gente está fazendo aqui mulher?

— Calma, falei que a gente ia resolver, não falei? Confia. — Ela era mais valente do que eu, com certeza. Não perdeu a postura, andou ereta com um olhar firme e pediu para falar direto com o Ruivo.

Ele era muito perigoso, mas diziam que era justo, então vir aqui falar com ele não é má ideia. O cara que estava na porta entrou para falar com o Ruivo, e o telefone da Lorena tocou logo em seguida. Era o seu chefe dando esporro porque ela esqueceu uma cliente que estava lá esperando ela para colocar piercing. Quando ela viu que eu estava apavorado por ficar lá sozinho, logo tratou de me acalmar.

— Nono, fica tranquilo. Só conta para eles o que aconteceu, conta sua história, e eles vão te ajudar. Podem ser bandidos, mas eles têm regras, lembra?

— Eu sempre vejo esse Ruivo por aí. Ele nunca sorri e está sempre com a cara fechada, como se estivesse bravo o tempo todo. Ele me dá muito medo, Lory.

— Fica calmo, e seja você mesmo. Vai dar certo. Me liga assim que sair daqui ... Te amo, bebê.

— Te amo também.

Ela saiu, e eu fiquei lá esperando. Quando eu já estava quase desistindo e indo embora correndo, a porta abriu e o pivete me mandou entrar.

— Aí, cadê a gostosa que estava contigo?

— Ela foi trabalhar, só veio me dar uma carona.

Assim que chegamos num dos quartos da casa, ele bateu na porta, abriu, e me deu passagem para entrar. Entrei e vi o tal Ruivo, sentado atrás de uma mesa com um cigarro na mão, olhando para o telefone. Tinha mais quatro homens lá com ele, e todos estavam olhando para mim.

A essa altura eu já estava para lá de desesperado. Aquele homem levantou a cabeça e me olhou com aqueles olhos verdes, e eu quase perco as forças das pernas. Ele é lindo, lindo e assustador.

— Qual é, menor? Fala logo qual é a fita?

— Sa-sabe o que é... — Droga, péssima hora pra gaguejar! — Eu fui roubado, senhor! Eu abri um trailer de açaí lá na frente da minha casa, na rua do posto. Abri ontem, mas hoje de manhã eu vi que levaram tudo.

— Hum, e tu, é noia? Está devendo grana para nós, ou para alguém do morro? Isso aí pode ser acerto de contas. — Ruivo falou com impaciência.

— Olha moço, eu tenho 22 anos e moro aqui desde que eu nasci, e essa é a primeira vez que piso o pé em uma boca. Eu não uso nada, e nem devo dinheiro para o crime. — Vi que ele me olhava atento. Preciso que ele me ajude a recuperar minhas coisas, então tomei coragem e continuei. — Eu trabalho desde os 16 anos, quando a minha vó morreu e me deixou cuidando dos meus irmãos gêmeos e da minha mãe drogada. Minha mãe morreu também, então sou só eu e eles dois. Apesar de trabalhar feito doido em dois empregos, o dinheiro ainda não dá. Meus irmãos vão para a faculdade esse ano, e eu preciso bancar aluguel e alimentação deles lá, fora livros e outras coisas mais. Por isso, eu pedi um empréstimo com meus patrões para comprar aquele trailer e vender açaí para complementar a renda. Pode pesquisar aí, eu não sou gente ruim, eu só preciso de ajuda para recuperar minhas coisas e voltar a trabalhar. Me disseram que você é justo, eu nunca vim aqui incomodar ou trazer problemas, mas agora eu realmente preciso de ajuda.

A essa altura eu já tinha perdido a pose, estava com os olhos cheios de lágrimas, o rosto vermelho, deixando transparecer todo meu cansaço, minha frustração e tristeza. Não quero me fazer de vítima, longe disso, mas esse desabafo me fez pensar em como minha vida é triste, cansativa e solitária. Não vim pedir por pena, só quero justiça.

O tal Ruivo pareceu convencido, me olhou com uma cara que não deu para decifrar, já que ele sempre estava com a cara fechada. Mas logo em seguida me olhou, e sustentou o olhar com um aceno.

— Juba, descobre quem foi o desgraçado. Já falei que não quero roubo na quebrada.

— Aí menor, fica susse que quando der de tarde, seus bagulhos vão tá tudo no lugar. Passa pro Klebim uma lista de tudo que sumiu e deixa com a gente que tá resolvido.

Ele falou com uma confiança como se realmente ele tivesse tudo sob controle, e eu acho que ele realmente tem. Não pude esconder o sorriso. Estava feliz que poder trabalhar de novo.

— Obrigado moço, obrigado mesmo!

Sai de lá todo sorridente e aliviado. Esse homem realmente é justo. Ele parece um Deus grego, como aqueles dos livros, tão lindo que nem parece de verdade. Mas como sempre é hetero. Mesmo se não fosse, com a vida de merda que eu tenho e a aparência de quem não dorme há um mês, eu com certeza não chamaria a atenção dele nunca.

Fui trabalhar mais calmo, mas sempre que fechava os olhos, eu via aquele par de olhos verdes e profundos que pareciam enxergar dentro de mim. Ah, não custa sonhar, não posso ter, mas posso sonhar...

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