Fiorella: — Vamos meninas, entre essa será a nossa nova casa.
Fala as filhas a entra na casa que receberá de herança da sua tia, elas vieram de um reino pequeno ao norte, nos últimos quatro anos as três tiveram que aprender a se virar sozinhas, Fernando pai das meninas morreu após uma grande do de cabeça, os negócios não estavam bem, e dívidas foram acumulando.
A casa era grande, entrando pela porta da frente, tinha a sala com dois sofás e uma poltrona, e uma escada grande que dava no andar de cima para os quartos.
Delphine colocar malas que carregava no chão e vai abrir as janelas do seu lado esquerdo para entrar a luz do sol da manhã.
Delphine: — Um pouco de luz, para dar vida ao lugar.
Delphine era a filha mais nova, com 17 anos, gostava de usar os cabelos louros soltos, tinha o rosto oval e as bochechas rosadas e lindos olhos verdes, de postura firme e gesto delicados.
Fanny caminha a olhar ao redor e pega um vaso de vidro, era a filha mais velha com 19 anos.
Fanny: — Essas flores estão murchas, depois irei colocar novas, a casa é linda.
Delphine: — Temos que dar uma limpeza geral, está empoeirada.
Ela enxerga a poeira pelas fretas de luz.
.
Fiorella olhou para as filhas enquanto desciam da carruagem. Com um sorriso cansado, ela disse:
— Vamos, meninas, entrem. Esta será a nossa nova casa.
As três caminharam para dentro da mansão, que Fiorella havia herdado de sua tia. Elas vieram de um pequeno reino ao norte, onde, nos últimos quatro anos, aprenderam a se virar sozinhas. O pai delas, Fernando, havia falecido repentinamente, vítima de uma forte dor de cabeça que nunca cessou, e com sua partida, os negócios da família afundaram em dívidas. O luto e as dificuldades financeiras foram duros, mas agora, em Linvonia, começariam uma nova vida.
A casa era grande, imponente, e o silêncio no interior revelava anos de abandono. Assim que entraram, os passos ecoaram pelo salão. Havia dois sofás e uma poltrona desgastada na sala principal, enquanto uma escadaria imponente levava ao andar superior, onde ficavam os quartos.
Delphine, a mais jovem com 17 anos, colocou as malas no chão com um suspiro aliviado e foi abrir as grandes janelas à sua esquerda. Assim que o sol da manhã invadiu o ambiente, ela sorriu:
— Um pouco de luz para dar vida ao lugar.
Com seus cabelos loiros soltos e um rosto delicado de bochechas rosadas, Delphine era graciosa e de gestos refinados. Seus olhos verdes brilharam com a expectativa de um novo começo.
Fanny, a mais velha, caminhou pela sala, observando cada detalhe. Ela pegou um vaso de vidro que ainda tinha flores murchas dentro.
— Estas flores precisam ser trocadas — disse, ajeitando o vaso com cuidado. — Mas a casa é linda.
— Precisamos dar uma boa limpeza. Está cheia de poeira — acrescentou Delphine, enxergando partículas flutuarem nos raios de sol.
Fiorella, pragmática, respondeu:
— Primeiro, vamos colocar todas as coisas para dentro. Depois começamos a limpeza.
As três se apressaram em descarregar as malas e caixas, com a ajuda de um carregador contratado. O barulho dos baús sendo abertos e a movimentação pelas escadas traziam uma sensação de vida à casa esquecida. Fiorella logo escolheu seu quarto no centro do corredor do andar de cima, enquanto os quartos ao lado foram reservados para suas filhas.
Com o peso das dívidas finalmente aliviado após a venda da antiga casa e móveis, Fiorella sentia que podia respirar. A herança incluía não apenas a casa, mas também um terreno próximo, o que a fazia pensar em novas oportunidades para o futuro.
Enquanto Fiorella ajeitava a cozinha para preparar o almoço, Delphine e Fanny se encarregaram de limpar os cômodos, removendo camadas de poeira acumuladas ao longo dos anos.
Depois de um almoço simples, mas reconfortante, Delphine decidiu tomar um banho frio, refrescando-se do calor do verão. Em seu quarto, ela escolheu um vestido rosa claro de mangas curtas e se perfumou delicadamente, passando o perfume atrás das orelhas e no busto, como sua mãe a ensinara. Ela também colocou brincos pequenos em formato de coração e uma pulseira fina no pulso direito, preparando-se para explorar o novo reino.
No castelo de Linvonia, o príncipe Darlan e seu amigo Liam duelavam na sala de treinos. As espadas tilintavam no ar enquanto os dois se desafiavam.
— Consegui tirar a espada de você! — exclamou Darlan, enquanto desarmava Liam com um golpe rápido.
Darlan, com 17 anos, era alto e magro, de músculos ainda em formação. Seus cabelos eram rebeldes, e as sobrancelhas grossas emolduravam olhos azuis como o céu.
Liam, dois anos mais velho, riu, sem se deixar abalar.
— Ainda não terminamos — retrucou, chamando Zion, sua ave treinada, que voou em um arco elegante e lançou a espada de volta para ele.
Liam era da família Ramos, conhecido por sua habilidade especial de se comunicar com criaturas e domá-las. Ele, de ombros largos e corpo definido pelos treinos, tinha uma presença imponente. Seu cabelo preto e liso caía sobre a testa, e a barba por fazer lhe dava um ar de charme e mistério. Além de ser um hábil guerreiro, ele ensinava outros guerreiros a lutarem em harmonia com animais.
Zion, uma criatura fiel e inteligente, sobrevoou o campo de treino enquanto Liam, agora armado novamente, preparava-se para contra-atacar, deixando claro que o duelo estava longe de terminar.
Darlan e Liam lutavam com fervor, as espadas tilintando a cada choque. O rosto de Darlan estava avermelhado, as veias saltadas, enquanto fazia força para conter o golpe de Liam. A pressão era intensa, e ambos já estavam exaustos.
Darlan: — Desisto. — Ele finalmente solta, recuando com um suspiro pesado.
Liam relaxa e se afasta, os dois respirando profundamente após a batalha. O calor do treino pairava no ar, e o cansaço era evidente, mas o espírito competitivo entre eles não diminuía.
Enquanto isso, no final da tarde, na casa recém-herdada, Fiorella tirava uma soneca tranquila, recuperando-se da longa viagem e das emoções dos últimos dias. Na cozinha, o aroma doce de maçãs sendo cortadas preenchia o ambiente. Fanny, com o cabelo preso, preparava os ingredientes para biscoitos caseiros. O som da faca cortando as frutas ecoava suavemente, quase como uma música calma, contrastando com a agitação de Delphine.
Delphine surge na porta da cozinha, com um brilho de curiosidade nos olhos.
Delphine: — Vou dar uma volta na aldeia. — Avisa, com a energia típica de sua juventude.
Fanny, sem desviar o olhar das maçãs, responde com cautela: — Não vá muito longe para não se perder. E tome cuidado.
Delphine: — Não se preocupe. — Ela sorri, saindo com um aceno despreocupado.
Ao sair, o Reino de Linvonia se revelou diante dela em toda a sua grandiosidade. A cidade se estendia ao longo de uma estrada principal, com edifícios altos cercando a via. As construções antigas, de pedra, revelavam a história do lugar, enquanto o movimento das pessoas dava vida às ruas. Ao longe, as montanhas erguiam-se majestosamente, com o castelo se destacando entre elas, como uma fortaleza poderosa que governava toda a região.
Delphine parou por um instante, seus olhos fixos na estrutura imponente. — "Um dia quero morar ali..." — Pensou, fascinada pela imponência do castelo.
Continuou seu passeio, até chegar a uma ponte de pedra que separava a cidade da floresta. Do outro lado, o verde intenso das árvores chamava sua atenção. O som de pássaros ecoava pelos galhos altos, convidando-a a explorar. Curiosa, ela cruzou a ponte e adentrou o bosque. Ao pisar nas folhas secas, sentiu a magia vibrar ao seu redor.
Entre as árvores, uma clareira se abriu diante dela, revelando uma nascente cristalina. Peixes coloridos nadavam tranquilamente, enquanto flores silvestres pintavam o cenário com cores vivas. Uma rosa vermelha, desabrochando em um galho na altura de seus ombros, capturou seu olhar.
Delphine: — Que linda... — Sussurrou, estendendo a mão para tocá-la.
Antes que seus dedos alcançassem a flor, uma voz ressoou.
Liam: — Cuidado!
Delphine se assustou com o grito e, em um segundo, sentiu uma mão forte puxá-la para o lado oposto. A rosa, que ela estava prestes a tocar, liberou um vapor amarelado que se espalhou pelo ar.
Liam a segurava firme, seus olhos verdes fixos nela, com uma expressão séria. — Se você inalasse o perfume daquela flor, seu corpo ficaria paralisado.
Delphine, ainda ofegante pela surpresa, agradeceu com um olhar. — Desculpe, não sabia que era tão perigoso.
Agora, mais tranquila, ela o observou com mais atenção. — "Ele é forte, com um olhar profundo... mas não parece ameaçador..." — Pensou, intrigada pelo jovem.
Liam vestia uma camisa branca entreaberta, revelando parte de seu peito, e calças pretas ajustadas. Seus cabelos pretos caíam sobre a testa, e ele parecia acostumado com aquele ambiente, movendo-se com a confiança de quem conhecia cada canto da floresta.
Zion, a ave de Liam, observava tudo de um galho próximo e, com sua voz clara, comentou: — Está interessado na dama, senhor?
Delphine arregalou os olhos ao ouvir a ave falar, sua boca se abrindo em choque. — Ele... ele falou!
Liam soltou uma risada curta, balançando a cabeça. — Aqui no reino, coisas assim são comuns. — Explicou, tentando acalmar o espanto dela.
Delphine, ainda perplexa, respondeu: — Eu sou do Reino de Kancoy, nunca vi nada assim...
Liam sorriu, percebendo a curiosidade que crescia nela. — Sou Liam. E você, como se chama?
Delphine, ainda maravilhada, estendeu a mão delicada. — Sou Delphine. O prazer é meu.
O toque das mãos dos dois era suave, mas carregava uma tensão sutil, como se algo novo e desconhecido estivesse surgindo entre eles.
Caminharam juntos pela floresta, e Delphine, fascinada, fez perguntas sobre as criaturas e a natureza do lugar. Liam, paciente, contou sobre sua família e o vínculo que tinham com a natureza, explicando o papel especial que desempenhavam no reino.
Quando Delphine manifestou interesse em conhecer mais sobre as criaturas que falavam, seus olhos brilhavam como os de uma criança diante de uma nova aventura.
Liam: — Vou lhe mostrar algumas criaturas dóceis e brilhantes. — Respondeu com um sorriso.
Enquanto a tarde caía, ele a levou a um lago onde criaturas raras e encantadoras habitavam. Delphine tentou se aproximar de uma delas, mas o animal, tímido, correu para longe.
Delphine: — Todos parecem gostar de você, mas fogem de mim... — Comentou, frustrada.
Liam sorriu, parando ao lado dela. — Minha família tem um laço especial com a floresta, é algo que passa de geração em geração.
A tarde já começava a cair, tingindo o céu com um leve tom de laranja enquanto Delphine e Liam caminhavam juntos, a brisa suave movia as folhas das árvores, e o canto dos pássaros preenchia o ar com uma melodia tranquila. A estrada de pedra que levava de volta ao centro da cidade estava ladeada por árvores imponentes, cujas copas formavam sombras frescas, suavizando a luz dourada que passava por entre os galhos.
Delphine ainda refletia sobre as revelações de Liam, sua curiosidade despertada por aquele jovem que, com seu ar sereno e profundo, conhecia tanto sobre o reino. O mistério e a grandeza de Linvonia pareciam se refletir na floresta e na própria figura de Liam, cuja postura exalava confiança, mesmo nos momentos de descontração.
— Curioso, como é a divisão dos poderes entre as famílias? — Delphine perguntou, sua voz carregada de genuína curiosidade.
Enquanto falava, seu olhar se desviava para o horizonte, onde as imponentes montanhas e o castelo ao longe se erguiam como guardiões do reino. A ideia de poder e prestígio envolvia sua mente, e ela não pôde evitar a lembrança dos contos de fadas que lia na infância, onde uma jovem como ela podia ascender à nobreza, conquistando o coração de um príncipe. “Será que ele é tão importante quanto a família real?”, pensou, alimentando em si o desejo de entender mais sobre aquele mundo.
Liam sorriu ligeiramente, percebendo o interesse dela não apenas em conhecer a natureza, mas também em desvendar os segredos políticos do reino. Seus olhos azuis brilharam com uma leve provocação, mas havia algo caloroso em sua expressão.
— "Curioso é você... Agora interessada na política do Reino." — Pensou ele, com um ar divertido. — Amanhã posso levá-la à biblioteca. Lá você encontrará livros que saciarão essa sede de conhecimento.
O tom de Liam era ameno, mas havia uma leveza em suas palavras que parecia criar uma ponte entre os dois mundos: o de Delphine, que estava apenas começando a entender Linvonia, e o dele, profundamente enraizado na história e nas tradições daquele lugar.
— Eu agradeço — disse Delphine, cruzando as mãos diante do peito, como se estivesse guardando a emoção daquele momento. Ela se sentia pequena diante da grandiosidade daquele reino, mas também cheia de sonhos e ambições.
— Não precisa agradecer — Liam respondeu com um sorriso gentil. — Deixe-me acompanhar você de volta para casa.
Delphine assentiu, e os dois seguiram juntos. Enquanto caminhavam, a cidade começava a se animar com a rotina noturna. As lâmpadas começavam a ser acesas, projetando luz suave nas fachadas de pedra das construções. As janelas dos grandes prédios que ladeavam a rua principal refletiam a última luz do dia, criando um contraste entre o antigo e o moderno.
Ao chegar ao centro da cidade, Liam apontou para um imponente edifício de pedra, adornado com detalhes arquitetônicos refinados. Era a biblioteca real, cujas portas se abriam como uma passagem para o conhecimento e a história de Linvonia.
— Aqui está. Amanhã, nos encontraremos aqui para explorar mais sobre o que deseja saber — disse ele, com a voz baixa e calma, como se aquela fosse uma promessa que ele gostaria de cumprir.
Delphine, fascinada pela grandiosidade do lugar e pelas possibilidades que se abriam à sua frente, sorriu de volta.
— Até amanhã — respondeu ela, com gratidão, enquanto via Liam se afastar.
O coração dela estava leve, mas a mente, cheia de pensamentos sobre o futuro. Aquele era apenas o início de uma jornada que poderia levá-la a lugares que ela jamais imaginara.
Na sala de jantar, o ambiente estava iluminado por uma luz suave, refletindo nos detalhes rústicos da mobília de madeira antiga. Delphine colocava os pratos e talheres com delicadeza sobre a mesa, a brisa da noite entrava pela janela entreaberta, trazendo consigo o cheiro fresco do jardim.
Delphine, absorta em seus pensamentos, sentiu um arrepio de expectativa subir pela espinha. "Hoje foi o melhor dia da minha vida... sinto que coisas empolgantes estão por vir" — pensou, o rosto suavemente iluminado por um sorriso travesso.
Fanny surgiu da cozinha, carregando vasilhas de vidro com a refeição fumegante, que colocou no centro da mesa, o aroma delicioso espalhando-se pelo ar.
— Está tão misteriosa, Delphine — disse Fanny, com os olhos brilhando de curiosidade. — Aconteceu algo especial?
Delphine sacudiu a cabeça, uma mecha de cabelo escapando do penteado e caindo-lhe no rosto enquanto sorria. — Não é nada — respondeu, em tom brincalhão, como quem esconde um segredo.
Fanny inclinou-se, com uma expressão de quem sabia que havia mais por trás daquilo. — Tem coisa aí, irmã.
Antes que Delphine pudesse responder, a campainha tocou. Ambas se entreolharam, surpresas. "Quem será a essa hora?" — pensaram.
Fiorella, com o coração batendo um pouco mais rápido, foi até a porta e abriu-a. Do outro lado, um homem de boa aparência, cabelos grisalhos e bem vestido, estava acompanhado de um rapaz e uma jovem de cabelos ruivos. A jovem segurava algo envolto em um pano, e Fiorella imaginou que fosse um prato de comida.
— Boa noite! — disse Fiorella, acolhedora. "Nossa primeira visita." — pensou, com um largo sorriso.
— Boa noite! — respondeu o homem com um ar cordial. — Chamo-me Gonçalo Sales. A sua tia trabalhou comigo como secretária.
Fiorella balançou a cabeça, surpresa. — Então, conheciam-se bem.
— Sim. Estes são meus filhos, Gabriel e Gisela — apresentou Gonçalo, orgulhoso, e ambos sorriram educadamente.
Gisela, com um sorriso caloroso, estendeu o pacote. — Trouxemos um bolo.
Fiorella aceitou a oferta com um brilho nos olhos. — Muito obrigada! É um prazer tê-los aqui. Chamo-me Fiorella Macedo. Por favor, entrem.
— Com licença — disse Gonçalo, ao passar pela porta, seguido pelos filhos.
Delphine e Fanny aproximaram-se discretamente, observando os recém-chegados. Gabriel, por um instante, prendeu o olhar em Delphine. "Ela é linda, especialmente a Delphine." — pensou, admirando-a.
Gonçalo notou o olhar atento das meninas e sorriu para Fiorella. — Suas filhas são encantadoras, puxaram a beleza da mãe — elogiou, deixando Fiorella um pouco corada, mexendo as mãos nervosamente.
Delphine, que observava a cena com discrição, pensou com um sorriso: "Minha mãe acabou de ser cortejada!"
Durante o jantar, que se desenrolava num clima descontraído, Gonçalo explicou sobre o reino de Linvonia e sua divisão em ministérios. — Temos o ministério da Cultura, Guerrilha, Ciências e Serviços — disse, com uma certa reverência em sua voz. — Eu sou o chefe do Ministério da Cultura.
Delphine escutava atentamente, mas sua mente viajava para outra pessoa. "Liam e sua família devem estar no Ministério da Ciência," pensou, lembrando-se da habilidade de Liam com os animais.
Gisela, que parecia ter herdado o carisma do pai, complementou a explicação. — Os moradores podem escolher para qual ministério querem ingressar, mas as vagas são limitadas, e os membros do ministério têm o direito de aceitar ou não novos candidatos — explicou, com um ar de quem dominava bem o assunto.
Gabriel, com um leve sorriso, olhou diretamente para Delphine. — Podemos conseguir uma recomendação do meu pai para vocês entrarem no Ministério da Cultura, se estiverem interessadas.
Fiorella, animada, interveio. — Isso seria maravilhoso! Pedirei a sua ajuda, sim — agradeceu, com entusiasmo.
Depois que os convidados se despediram e a porta se fechou, o silêncio da casa foi preenchido por risadas contidas.
— Mãe, o que achou do senhor Gonçalo? — perguntou Fanny, enquanto as três se acomodavam no sofá da sala.
Delphine lançou um olhar malicioso para a irmã. — É claro que eles se gostaram!
Fiorella, tentando disfarçar o rubor no rosto, cobriu-o com as mãos. — Parem, isso é embaraçoso!
Delphine riu, mas mudou de assunto. "Ela ficou realmente impactada pelo senhor Gonçalo." — pensou, satisfeita.
Fiorella, agora um pouco mais tranquila, falou seriamente. — Se vocês se destacarem na Academia de Arte, seremos bem vistas pelas outras famílias.
As filhas assentiram, cientes da oportunidade que se desenhava à sua frente.
Na manhã seguinte, Delphine decidiu ficar em casa, enquanto Fiorella e Fanny saíram juntas rumo à academia local. O sol já iluminava as ruas com um brilho dourado, e a brisa fresca trazia a energia de um novo dia. Quando chegaram à academia, foram informadas por um dos funcionários da administração que havia uma mensalidade a ser paga, o que causou uma leve tensão entre elas.
— Essa mensalidade pesará no nosso bolso — disse Fiorella, soltando um suspiro, enquanto apertava a alça da bolsa que trazia ao ombro.
— Mas há bônus em dinheiro para os alunos que se destacarem e trabalhos por fora — respondeu Fanny com otimismo. — Tenho certeza de que em pouco tempo poderemos equilibrar as coisas e até nos destacar nessa área.
Fiorella assentiu, mas a preocupação ainda estava presente em seu olhar.
— Também precisamos arranjar alguém para cuidar do nosso pedaço de terra. Não podemos deixar aquele espaço ao abandono — lembrou-se Fiorella, já refletindo sobre as despesas futuras.
Enquanto caminhavam em direção ao mercado, um jovem atrás delas chamou sua atenção.
— Senhora! — chamou o rapaz, com um tom respeitoso.
Ao se virarem, deram de cara com Artur, um jovem de 24 anos, de aparência forte, com traços que sugeriam experiência em trabalhos manuais. Ele tinha se especializado em construção e plantação, o que imediatamente captou o interesse de Fiorella. Fanny, por outro lado, o observava com um leve brilho no olhar, achando-o atraente.
— Pois não? — Fiorella perguntou, curiosa.
Artur se apresentou educadamente e ofereceu seus serviços, explicando que tinha experiência no que precisavam. Ele também mencionou seu preço, que Fiorella considerou justo.
— Aceito o seu preço. Vamos até o terreno e você pode me dizer o que acha — disse Fiorella, chamando-o para acompanhá-las.
Enquanto caminhavam, Fiorella descrevia o estado do terreno, mencionando que estava coberto de mato devido ao abandono. Ela expressou o desejo de plantar algo que tivesse boa demanda no mercado. Artur ouvia atentamente, embora seus olhares cruzassem os de Fanny de vez em quando, o que não passou despercebido por ela, mas Fiorella estava muito concentrada na conversa para notar.
— Para esta época do ano, o milho seria uma excelente escolha — sugeriu Artur, com um leve sorriso de confiança.
Mais tarde, naquela mesma tarde, Delphine, já ciente da contratação de Artur, informou sua mãe que iria sair. Ela se encontrou com Liam, que a levou até a biblioteca da cidade. No caminho, enquanto atravessavam ruas cheias de árvores e o suave murmúrio da aldeia ao fundo, Delphine mencionou a visita do ministro Gonçalo à sua casa.
Liam a escutava com atenção, seus olhos focados no horizonte, até que fez uma pergunta, com um olhar pensativo.
— Então, já sabe como funcionam as coisas... vai querer entrar na academia de arte? — perguntou, com um toque de expectativa na voz.
A resposta de Delphine o surpreendeu, despertando nele uma curiosidade inesperada.
— "Será que ela escolheu isso para ficar mais próxima de mim?" — pensou Liam, lembrando-se de que havia mencionado casualmente seu trabalho na academia em conversas anteriores.
— Sou professor na academia. Ensino os alunos a usar as criaturas em combate — disse Liam, tentando manter o tom casual, embora estivesse visivelmente nervoso.
Os olhos de Delphine brilharam de admiração.
— Que interessante! Você é professor! — exclamou, entusiasmada.
Liam sentiu uma leve onda de felicidade ao ver o entusiasmo dela. Na biblioteca, ajudou Delphine a fazer sua ficha para poder retirar livros e recomendou três títulos que, segundo ele, seriam úteis para ela compreender melhor o reino e suas leis.
— Com esses três livros, você terá uma boa noção do que precisa saber, e prometo que não são tediosos de ler — afirmou Liam com convicção, mostrando os livros sobre a história do reino, geografia e leis.
— Agradeço muito! Não será nada tedioso, adoro aprender coisas novas — respondeu Delphine, sorrindo de forma genuína.
— Não há de quê — disse Liam, passando a mão pela nuca, um tanto envergonhado com a naturalidade com que ela o elogiava.
— Você também vai pegar algum livro? — perguntou Delphine, curiosa.
— Não, eu já estou lendo um — respondeu ele, com simplicidade.
Enquanto caminhavam pelos corredores da biblioteca, Delphine mencionou um lugar aconchegante na aldeia que havia descoberto recentemente.
— Vi uma doceria maravilhosa na aldeia, vende doces deliciosos e tem um espaço bem acolhedor... Gostaria de ir lá comigo? — perguntou ela, olhando diretamente nos olhos dele, com uma leve timidez.
Liam ficou ligeiramente corado, surpreso com o convite.
— Já sei de onde você fala. O lugar se chama "Dear, Chocolate!" — disse ele, com um sorriso tímido. — É um local bastante frequentado por casais.
Delphine abriu os olhos, surpresa.
— Mesmo? Bom... se não se importar, eu ainda gostaria de ir com você — respondeu ela, agora ainda mais tímida.
Liam sorriu de canto, tentando esconder o nervosismo.
— Se é assim... tudo bem. Vamos. —
No Dear, Chocolate, o ambiente era acolhedor, com uma decoração simples e elegante. As paredes em tons claros contrastavam com os detalhes em madeira escura, criando uma sensação de tranquilidade. O aroma doce de chocolate derretido pairava no ar, tornando o lugar ainda mais irresistível. Delphine se acomodou em uma mesa perto da janela, onde uma brisa suave entrava, enquanto observava as pessoas caminhando lá fora.
Liam, sentado em frente a ela, não pôde deixar de notar o brilho nos olhos de Delphine enquanto ela explorava o ambiente com o olhar.
— Gostou daqui? — perguntou ele, curioso com sua reação.
Delphine sorriu, observando ao redor com admiração.
— Muito! Aqui é um lugar lindo — elogiou, com um toque de empolgação na voz.
Liam sorriu de volta, disfarçando o pensamento que passou por sua mente: "Ela é encantadora."
Logo, uma funcionária chegou com o cardápio em mãos, cheio de opções deliciosas. Delphine olhou com curiosidade e depois virou-se para Liam.
— Já comeu algum desses? — perguntou, enquanto folheava as páginas.
Liam fez uma pausa, lembrando-se de um doce em particular que havia experimentado tempos atrás.
— Na verdade, sim. O Lutyide. Comi no castelo uma vez — respondeu, apontando para a imagem no cardápio.
A funcionária, ouvindo a conversa, sorriu e comentou:
— Esse é o mais famoso daqui, é o favorito do príncipe Darlan.
Os olhos de Delphine se arregalaram com a informação.
— Interessante! Vou querer experimentar, por favor — disse ela, animada.
— Ótima escolha. E o senhor? — perguntou a funcionária, virando-se para Liam.
— Vou tentar algo novo, o Chantry, por favor — respondeu ele.
Enquanto aguardavam os pedidos, a conversa fluiu suavemente. Delphine comentou:
— A minha irmã iria adorar esse lugar. Ela gosta muito de fazer doces.
Liam inclinou-se um pouco mais para perto, curioso.
— E você? Gosta de cozinhar também?
Delphine riu, lembrando-se de uma de suas tentativas desastrosas.
— Ah, eu já tentei fazer uma torta, mas... digamos que ela explodiu e fez uma bagunça enorme! — disse, gesticulando exageradamente com as mãos.
Liam riu, imaginando a cena, e, por um momento, o riso deles ecoou pelo salão, chamando a atenção de algumas pessoas. Delphine logo percebeu os olhares e se encolheu um pouco, corando.
— Ai nossa, acho que chamamos atenção — disse ela, envergonhada.
Liam olhou ao redor e viu as pessoas desviarem os olhares de volta para seus próprios assuntos.
— Parece que sim — respondeu ele, sorrindo tranquilamente.
Pouco depois, a funcionária voltou com os pedidos. Delphine deu uma mordida no Lutyide, seus olhos se fechando por um segundo enquanto saboreava o doce derretendo na boca.
— Está delicioso! — exclamou, encantada.
Liam, satisfeito por vê-la tão feliz, cortou um pedaço de seu Chantry e ofereceu a ela.
— Quer experimentar o meu?
Delphine aceitou e, ao provar, sorriu de surpresa.
— É delicioso também, nunca comi nada parecido.
Liam ficou contente com a aprovação dela, o sorriso que ele lhe deu era caloroso e sincero.
Ao final, quando se levantaram para ir embora, Liam insistiu em pagar a conta, e Delphine aceitou com um agradecimento tímido. Já na rua, o ar da noite estava fresco e agradável, e as estrelas começavam a aparecer no céu.
— Obrigada por hoje — disse Delphine, com um sorriso suave, mas seus olhos mostravam gratidão genuína.
Liam a olhou diretamente, com uma sinceridade que a deixou ligeiramente nervosa.
— Não precisa agradecer, eu me diverti muito estando com você — respondeu ele.
Delphine mordeu o lábio inferior, juntando as mãos, mexendo os dedos de leve, enquanto o calor subia às suas bochechas. Ela desviou o olhar por um momento, tentando disfarçar o nervosismo.
— Eu também gostei de ter saído com você — admitiu, olhando de lado.
Enquanto Liam observava Delphine se afastar, dois amigos da academia de combate, Benjamin e Cassiano, aproximaram-se, rindo baixinho.
— Ela é linda! — elogiou Benjamin.
Cassiano, sempre provocador, deu uma risadinha antes de cutucar Liam no ombro.
— Nunca te vi com uma moça antes. Ela é sua namorada? — perguntou com um sorriso malicioso.
Liam, sempre calmo, respondeu com tranquilidade.
— Não, apenas uma amiga que fiz recentemente.
Cassiano arqueou uma sobrancelha, mantendo o tom provocador.
— Ah, então não teria problema se eu a cortejasse. Será que sou o tipo dela?
Liam, visivelmente incomodado com a insinuação, balançou a cabeça.
— Não inventa.
Benjamin deu uma risada e olhou para Cassiano.
— Deixa pra lá. O Liam já está encantado por ela, é melhor não mexer.
Cassiano ergueu as mãos em sinal de rendição.
— Tudo bem, não vou interferir. Boa sorte, amigo! — disse ele, num tom baixo e divertido.
Liam ergueu uma sobrancelha em desafio antes de se inclinar para Cassiano.
— Vocês merecem uma lição.
E com um movimento rápido, começou um duelo corporal amistoso, uma brincadeira típica entre amigos da academia, que terminou com risadas enquanto eles seguiam seu caminho.
Enquanto isso, Delphine, já distante, caminhava refletindo sobre a tarde. Pensou que conhecer Liam, alguém tão próximo ao príncipe, poderia abrir portas para oportunidades no futuro. Mais que isso, ela não pôde deixar de pensar em como o tempo ao lado dele fora surpreendentemente agradável.
Quando Delphine chegou em casa, sentou-se em seu quarto iluminado pela luz suave que entrava pela janela e começou a folhear os livros que trouxera da biblioteca. Um em particular chamou sua atenção: um volume sobre a geografia dos reinos distantes. Ao virar as páginas, seus olhos se fixaram em uma descrição sobre o Reino das Sombras e a Floresta Maldita.
A atmosfera do quarto, antes tranquila, parecia acompanhar o peso sombrio das palavras que ela lia.
Delphine (com um tom intrigante): — O reino das sombras... Diz aqui que o sol raramente aparece e a floresta Maldita é um lugar de onde ninguém volta.
Ela sorri com um toque de mistério, tentando assustar sua irmã mais nova, Fanny, que acabava de entrar no quarto.
Fanny (com um arrepio involuntário): — Que horrível! Mas quem, em sã consciência, iria querer ir a um lugar desses?
Ela pega um outro livro, distraída, mas ainda pensativa.
Delphine (com um brilho nos olhos): — Pode até ser horrível, mas pensa nos mistérios que essa floresta esconde.
Ela fecha o livro, satisfeita com a pequena provocação, e o guarda na estante. O som da madeira oca ecoa suavemente pelo quarto. Fanny começa a folhear as páginas de um livro de eventos enquanto Delphine se aproxima, cheia de entusiasmo.
Delphine: — E você? Está animada para amanhã? Pensei em te acompanhar na academia de arte.
Fanny (surpresa, batendo palmas de empolgação): — Que ótimo! Achei que você não tivesse interesse!
Delphine (sorrindo): — Só quero ver como funciona. Depois disso, vou dar uma passada na academia de ciências. Sabia que eles têm um laboratório construído dentro de uma árvore gigante na floresta?
O entusiasmo de Delphine era contagiante enquanto ela contava tudo que havia aprendido. As descrições faziam parecer que estava desvendando um mundo novo e mágico. Fanny, embora cética, não conseguia evitar a admiração.
Fanny (surpresa): — Uau! Isso é realmente incrível!
Delphine: — Quem me contou foi Liam, aquele amigo que fiz recentemente.
Fanny ficou curiosa sobre Liam, e Delphine começou a falar mais dele, o que aumentou o interesse de sua irmã.
No dia seguinte, as duas irmãs se dirigiram à casa de Gisela, prontas para um dia de descobertas. Gisela as recebeu com um sorriso acolhedor e logo as convidou para acompanhá-la à academia.
Gisela (com expectativa): — Hoje vai ser especial, o professor tem um anúncio importante. Acho que vocês vão gostar!
Delphine agradeceu, enquanto Gabriel, um amigo de Gisela, puxava assunto com ela durante o caminho, tentando impressioná-la com histórias engraçadas.
Quando chegaram à academia de arte, Delphine e Fanny foram levadas à sala de Gisela, que estava decorada de forma criativa com cadeiras, mesas e pufes coloridos. O espaço vibrava com a energia de jovens artistas e continha um armário com fantasias que chamava a atenção. Gisela apresentou as irmãs para seus amigos, e foi então que Delphine conheceu Yeda, a atriz principal da turma.
Delphine (com simpatia): — Você deve ser a mais talentosa daqui!
Yeda (dando um olhar avaliador): — Claro. — Por dentro, Yeda já sentia uma antipatia crescente. — "Quem essa garota pensa que é?" — Pensou, lançando um olhar de desdém.
Fanny (observando de longe): "Que garota arrogante! Por que tratar a minha irmã assim?" — Pensou, com o punho cerrado de raiva.
Delphine, tentando manter a compostura, afastou-se calmamente, disfarçando sua irritação. "Você não é melhor do que ninguém aqui." — Pensou, mantendo a elegância.
Pouco depois, o professor Ethan entrou na sala. Ele era um homem carismático e experiente, que rapidamente capturou a atenção de todos.
Gisela (com entusiasmo): — Professor, essas são Delphine e Fanny. Acho que elas têm interesse em se juntar à turma.
Ethan as cumprimentou com um sorriso acolhedor, lembrando-se de que Gonçalo, um conhecido, havia mencionado que talvez as duas fossem aparecer.
Ethan (com um olhar gentil): — Sejam muito bem-vindas! Hoje tenho um anúncio especial: nossa próxima peça será apresentada no castelo, diante da família real.
Ao ouvir isso, a sala explodiu em murmúrios e gritos animados. A ideia de se apresentarem diante do príncipe Darlan fez o coração de muitas ali disparar. Ethan pediu silêncio, mas o entusiasmo permanecia no ar.
Fanny (sussurrando para si mesma): — O príncipe é bem popular por aqui...
Ethan distribuiu os papéis da nova peça, uma história envolvente sobre um triângulo amoroso. Curioso para ver como as novas alunas se saíam, ele convidou Delphine e Fanny a tentar atuar.
Quando chegou a vez de Delphine, ela surpreendeu a todos com sua interpretação intensa e natural. O aplauso que se seguiu foi caloroso, e até Ethan ficou impressionado.
Ethan (com admiração): — Isso foi perfeito! Você tem um talento incrível.
Delphine agradeceu com um sorriso tímido, mas por dentro se sentia realizada. Enquanto isso, Yeda, que assistira a cena com um olhar frio, tentava disfarçar sua crescente insegurança. "Novata... não se ache tanto." — Pensou, sentindo-se ameaçada pela possibilidade de Delphine roubar seu lugar como a estrela da turma.
O ambiente na sala era uma mistura de admiração e rivalidade, e Delphine começava a perceber que o caminho ali talvez fosse mais desafiador do que imaginava.
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