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A Louca Esposa Do Tirano

Agora sou princesa?

— Princesa Alicia! O rei está procurando por você. Pediu sua presença imediatamente. — Tereza, uma das poucas funcionárias que eu tinha no castelo disse em um misto de animação e preocupação. O que era esperado, já que meu querido pai nunca havia me chamado antes. Coisa boa não deveria ser.

— Agora mesmo? Como? O que está acontecendo? Espere! Porque estão me arrastando? — Perguntei a Tereza ao notar que duas funcionárias desconhecidas me levavam à força com elas.

— Você descobrirá quando chegar lá. Hoje é um dia feliz! — A funcionária desconhecida respondeu. Dia feliz? Se é isso, porque estou sendo levada a força e evitam meu olhar?

— Boas notícias, minha querida filha. Seu marido foi escolhido. — Disse meu pai, o rei, com lágrimas nos olhos, assim que fui deixada na frente dele pela duas funcionárias.

— Antes de tudo... É a primeira vez que te encontro, papai. Sabe disso, né? — Aquele interesse repentino por mim depois de tantos anos, nem precisava perguntar a razão, tenho certeza que estou sendo vendida para um nobre rico. As lágrimas devem ser de alegria pelo dinheiro que conseguiu vendendo à filha bastarda.

— Filha! Fique feliz! A proposta de casamento foi enviada pelo Imperador Ícaro Brown! Isso não é maravilhoso? — O rei disse com um sorriso. Parecia uma enorme piada de péssimo gosto, mesmo assim, logo o imperador?

— Queeee? Como assim o imperador Brown? Claramente eu não sou nem de longe a candidata perfeita para o cargo de imperatriz. Não faz qualquer sentido. — Gritei horrorizada!

— Você está tão animada que gritou. Eu entendo sua empolgação. Não é todo mundo que tem a honra de ser imperatriz — O rei entendeu totalmente errada meu grito de desespero.

— Não, não. Espera aí. Você entendeu errado. Como eu poderia estar feliz com essa situação absurda? — Como acabei nessa situação?

Ícaro Brown se tornou imperador aos 16 anos. Como presente por sua ascensão ao trono, ele pendurou a cabeça dos seus parentes nas portas do palácio. Ele é a pessoa mais louca de todo o império. Apelidado de imperador tirano. Há diversos boatos sobre ele. Lembro de uma história da época da sua coroação, alguém tentou o impedir de liquidar com a família. Acabou tendo que escolher entre tomar veneno incrivelmente doloroso ou matar seu próprio filho. Sério? Esse tirano me mandou uma proposta de casamento? Já que eu teria que ser vendida de qualquer forma, esperava ser vendida para um duque bonito aqui do norte, porque eu sou extremamente gata! Será que foi por isso que o imperador me escolheu? Faria algum sentido. Será que até o tirano caiu em meus encantos?

— O casamento foi escolhido por sorteio. — O rei disse, acabando com todas as minhas ilusões. — Aparentemente, ele não tinha planos de se casar, mas estava sofrendo pressão. Muitas pessoas querem ele e sua linhagem mortos. Por isso, para manter o trono, pediu para que enviassemos uma noiva saudável. E aí está você! Que sorte a nossa, né?

— Você enlouqueceu? Você é ao menos é humano? Que tipo de pai manda sua filha direto para a morte? — Eu não podia acreditar, o homem que nunca sequer quis ver a filha com os próprios olhos, agora lembrou dela para enviar diretamente para o inferno. Claramente serei morta, por isso, não houve qualquer cuidado com a escolha da candidata a imperatriz, sou apenas um sacrifício.

— Tenha cuidado como fala. É a vontade do imperador. Tem que ser respeitada acima de tudo. — O rei me alertou. Minha vontade era voar no pescoço dele. Que tipo de pai é tão indiferente a filha?

— Sério? Acha mesmo que eu estou preocupada com isso? Que se dane o imperador! — Estamos falando da minha vida, ou melhor, da minha morte.

— Estou muito feliz em saber que uma filha tão energética vai ser enviada para o imperador. O que estão fazendo, levem a princesa. Ela está super ansiosa para ir. — O rei disse olhando para os funcionários que estavam nos assistindo.

— Olá? Está senil? Desde quando sou tratada como uma princesa aqui? — gritei indignada.

— Prazer em conhecer, sou Henry. Uma pena que será a última vez — Henry, meu irmão mais velho, que conheço apenas por pinturas disse.

— Vou lembrar de você, Alice? Não, não Alicia, né? Seu sacrifício não será em vão. Vamos honrar sua morte. — Minha irmã disse fingindo chorar.

— Prometo que coletaremos seu cadáver corretamente. — O irmão meu segundo irmão tinha um sorriso enorme.

— Vocês me conhecem por acaso? O que estão dizendo para sua irmã mais nova que acabaram de conhecer? Que tipo de fama é essa? Pensando bem, o que eu esperava. Vivi anos aqui e ninguém sequer foi me conhecer — Questionei. Isso é ridículo. Tanto faz. Eu não me importo. Mostrei meu dedo do meio para eles e saí daquela sala.

Minha história começa quando meu pai ficou muito bêbado e dormiu com a empregada. Como resultado, nasce a única filha ilegítima do rei do norte, eu. Por ter os cabelos dourados, que mais parecem fio de ouro, olhos verdes como esmeraldas, características da família real, quando tinha nove anos, minha mãe foi morta na minha frente e eu fui arrastada para um castelo isolado. Logo que cheguei, deixaram claro que eu era filha ilegítima com apenas duas utilidades: casamento político ou ser vendida por um bom dinheiro. O que acaba sendo a mesma coisa. Não vou mentir que cheguei a pensar que seria bom casar com um duque bonito do norte. Se for para ser vendida, ao menos, seja um comprador belo.

— Princesa! Parabéns pelo seu casamento. Espero que viva uma vida longa e feliz. — A professora chorava ao se despedir de mim.

— Princesa Alicia, você sempre viverá em nossos corações. — Tereza disse enquanto me abraçava forte.— Eu juro que jamais vou esquecer de você.

— Eu ainda não estou morta — gritei.

Ao primeiro sinal da morte, enlouqueça

Enquanto choravam minha morte na minha frente (mesmo eu estando muito bem viva). Me peguei pensando naquele castelo branco onde eu estava vivendo, a renda delicada por todo veú de noiva que eu usava, aquele vestido branco e sedoso que parecia que a qualquer momento poderia escorregar do meu corpo. Eu estava deslumbrante naquela roupa. Rodava de frente no espelho espantada com minha beleza. Que desperdício ser morta. Algumas mulheres realmente sonham nesse momento desde novas. Talvez realmente seja o dia mais feliz da minha vida. Hoje pela primeira vez, fui cuidada como uma princesa de verdade, mesmo sendo uma, era tratada como uma espécie de prisioneira vip, mas é um pouco difícil de aproveitar completamente, sabendo que logo vou morrer.

Na hora de ir, ninguém da minha família foi se despedir. Apenas havia alguns funcionários e curiosos assistindo minha partida. Todos do império naquele momento, estavam apostando quando tempo a nova imperatriz do império iria sobreviver nas mãos daquele maluco. Ouvi muito sobre o imperador tirano, mesmo enquanto estava presa no castelo e tinha acesso a pouca informação. Mesmo assim, ainda conseguia ouvir burburinho sobre ele. Ele é bastante famoso. Geralmente, sempre estavam falando sobre a quantidade de pessoas que ele havia matado ou o que havia destruído. Que delícia de noivo!

O caminho inteiro até o palácio, dentro daquela carruagem extremamente luxuosa, fiquei pensando em como gostaria de terminar minha vida. Uma morte bem exagerada e extravagante parecia muito digno para mim.

— Princesa Alicia, chegamos no palácio! — Um dos funcionários disse abrindo a porta da carruagem linda que me trouxe.

O palácio era enorme, como era esperado. Haviam muitas pessoas me esperando do lado de fora, mas podia ouvir o burburinho vindo delas. Um tapete imenso vermelho estendido da carruagem, por toda escada levando até a entrada do castelo. Tenho que admitir, é uma forma extravagante de morrer. Ao menos, minha morte jamais será esquecida. Me confinaram uma vida inteira em um castelo isolado para esconder minha existência, todos fingiam que eu não existia. Para no fim de tudo, quando lembraram da minha existência, foi para seu bel-prazer. Me mandaram embora, como sacrifício, assim todos poderiam viver confortáveis e felizes. Não posso julgar ele. Se eu tivesse escolha faria a mesma coisas. Enviava todos eles para o sacrifício e vivia em todo luxo totalmente despreocupada.

— Princesa, Alicia. O imperador aguarda você. Pode me acompanhar, por favor? — Um funcionário disse me estendendo a mão, mas evitando meu olhar. Ao levantar do banco da carruagem, vi que todos do lado de fora estavam ali para ver pela última vez a figura da imperatriz. Eu deveria dar um show para eles, não é? Se meu destino já está decidido, porque devo seguir qualquer ordem?

— Eu não quero. — Falei voltando a me sentar na carruagem e cruzando meus braços. Me sentia uma criança fazendo birra, mas era bem divertido. Eu que nunca pude dizer não, apenas concordar com tudo sem questionar. Dizer não era libertador. E a cara que todos me olhavam era impagável.

— Perdão? Acho que não ouvi direito o que a princesa disse. Poderia repetir? — O funcionário me olhou totalmente confuso com minha reação. Será que ninguém nunca enlouqueceu o suficiente para negar uma ordem do imperador? Pela forma que me olhavam, parece que não. Eu estava fazendo história aqui.

— Eu disse que eu não irei te acompanhar — Reafirmei. Se vou morrer de qualquer maneira. Farei algo louco e divertido antes que a morte consiga me alcançar. Serei lembrada como a imperatriz louca, combina totalmente com o imperador tirano. Não é? — Se o imperador não vier me buscar aqui, eu não irei sair dessa carruagem. Avisem a ele. Daqui não saio, daqui só ele me tira. Vamos. Vamos. Avisem logo. Não quero esperar muito tempo. Ah! Não apenas isso. Tenho outras condições.

Tenho que admitir que a vontade de enlouquecer não é de hoje. Desde pequena, muito mais pelo tédio daquele castelo vazio, vez ou outra eu fazia algo para todos pensarem que surtei. Usava roupas de verão no inverno e vice-versa. Virava as placas que mostravam a direção dos lugares. Comia apenas um pedaço de tudo que estava na mesa e não terminava nada. Era divertido ver a reação de todos pelas atitudes inesperadas. Pensando bem, talvez eu realmente tenha enlouquecido nesses anos presa em um castelo isolado.

Um marido de coração enorme?

O burburinho ficou ainda mais alto depois que eu falei. Eu queria gargalhar com a cena. Todos estavam falando de mim sem sequer se preocupar que estavam na minha frente.

— Será que mandaram uma princesa louca? — alguém disse na multidão.

— Que loucura! Ela não tem noção? Como pode exigir isso ao imperador? — Outro falava.

— Querido Deus, outra alma será recebida por ti — Um homem disse unindo dias mãos e olhando para o céu. Ao menos alguém já está orando por minha alma.

— Ela não deve nem durar até a cerimônia. — Estavam todos bastante animados com minha morte.

— Olha o que ela está fazendo com seu próprio buquê de flores. Definitivamente, ela não bate bem da cabeça. Tem algum parafuso solto. — Alguém apontou para mim. Eu quis rir mais ainda. Eu não estava brincando com o buquê, estou contando as flores pétalas por pétalas para saber se minha cabeça vai cair para direita ou para esquerda quando minha cabeça for cortada. Desculpa, coração, a boca e o cérebro entraram em colapso. Estão fazendo apenas o que querem. Será herança de família? A única coisa que minha mãe me deixou? Uma espécie de maldição? O azar no amor?

— Tanto faz. Eu não quero essa herança. Em vez de viver esperando pela morte, eu irei gritar com todas as forças e morrer. Darei ao menos uma boa dor de cabeça nele. Isso. Esse é o plano. Vamos deixar o imperador surdo. — Decidi ao notar que a contagem das pétalas informaram que a minha cabeça cairá para o lado esquerdo. Que bom. Meu melhor lado é o direito.

Enquanto eu olhava no espelho como minha cabeça cairia depois de cortada. Minha mensagem com as exigências estava sendo transmitida ao Imperador.

— O que você acabou de dizer? — Heitor, o conselheiro do imperador disse sem acreditar ao ouvir meu pedido, que vamos admitir, nem era tão exagerado assim. É o mínimo!

— Também fiquei assim quando ouvi, mas é exatamente como eu disse. A princesa Alicia disse que só sairá da carruagem nos braços do imperador e... — O homem suou frio. Se perguntando se a sua alma também acabaria sendo ceifada junto com a minha naquele dia.

— E ... — O imperador estava sério. Todos já estavam desistindo da minha alma. Não que realmente tivessem em algum momento se preocupado com ela.

— Um segundo. Anotei tudo. A princesa exigiu ser carregada no colo até a catedral. Todas as flores devem ser trocadas por girassóis. Todos os servos que cruzarem por ela devem que bater palma e gritar. E o imperador deve usar um item rosa em suas vestimentas. São todos costumes da minha cidade natal e... — O homem que lia o papel tremia. Sequer tinha coragem de olhar para o imperador.

— Essa princesa é completamente maluca? Está clamando pela morte? Podemos fazer essa favor para ela, se é isso que deseja. Ela tem ao menos noção para quem está pedindo essas demandas? — Um dos conselheiros disse irritado.

— Não importa os costumes do norte, ela está no sul agora, deverá seguir os costumes locais. Porque diabos deveríamos aprender os seus costumes? — outro conselheiro gritou.

— Sobre isso... A princesa complementou. " Eu percorri um longo caminho para chegar até aqui, creio que se não puder fazer ao menos isso, é porque o coração do imperador é pequeno demais para mim. " Foi o que a princesa falou. — O homem não conseguia sequer parar de tremer enquanto lia o papel com as anotações do recado. O Imperador abriu um sorriso perturbador. Levando todos do salão ao silêncio absoluto, alguns já estavam pensando como enviariam meus pedaços para minha família.

— Então é isso... O norte tem realmente esses costumes? — O imperador disse se levantando.

— Imperador! Isso não é importante. Quem liga para os costumes daquele lugar. Eles tiveram a pachorra de enviar uma mulher louca para o senhor. Estão clamando por uma guerra? Vamos apagar esse lugar do mapa. — O conselheiro falou ainda que estivesse em choque.

— Lembro que você me disse que apenas poderíamos ter três guerras por ano, essa seria a quarta. — O imperador brincou.

— Levando tudo em consideração, tudo bem termos uma quarta guerra esse ano, uma excessão. — O conselheiro concordou.

— Sim, sendo assim, vamos apagar o ducado do norte do mapa próximo mês, podem se preparar. — O imperador disse indo em direção a porta.

— Majestade, onde está indo? — Seu conselheiro gritou.

— Como assim, onde? Eu, o marido de enorme coração, irei realizar os desejos insanos da minha louca esposa. — O imperador sorria de uma forma assustadora. Fazendo todos se arrepiarem.

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