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Namorada De Aluguel

Capítulo 1

Raquel

Trabalho no grande e temido escritório da família Alencar, Fernando o patriarca foi quem o fundou, mas se aposentou há alguns anos e atualmente quem cuida de tudo são seus filhos.

São quatro no total, Alex o mais velho, Fabrício o segundo, Caio o terceiro, (esse é o meu chefe) e por último Beatriz a única que fugiu da profissão da família, essa se dedica a medicina.

Estou prestes a me formar em direito e por ser uma das primeiras em minha turma recebi essa indicação para trabalhar com Caio Alencar, é ótimo para o meu currículo, a parte ruim é que esse homem é muito difícil.

Caio Alencar parece uma fortaleza impenetrável e inabalável, nunca vi esse homem dá um sorriso, ele é mandão e tudo tem que ser no exato momento em que pede, aliás, ele não pede, ele manda.

Não venho de uma família rica, mas sempre vivemos bem, tendo todo o básico e até um pouco mais do que se necessita para viver.

Meu pai sempre fez questão de não deixar faltar nada e sempre fez de tudo pela nossa família.

Tudo ia muito bem até o dia que meu pai morreu, e minha mãe não conseguiu administrar bem as finanças, acabou fazendo muitos empréstimos para tentar manter nosso padrão de vida, mas isso foi infinitamente pior, pois só se endividou cada vez mais com os juros dos empréstimos.

Meu emprego tem nos salvado, mas só dá para nossas necessidades básicas, e a dívida com o banco só aumenta.

Minha mãe mora na casa que meu pai deixou para ela junto com as gêmeas Bella e Liz, minhas irmãs mais novas, já eu moro em um pequeno apartamento que também foi meu pai que deixou, ele sempre falava que conservava esse apartamento para mim, para quando eu começasse a trabalhar, para ter minha independência e privacidade.

Meu paizinho pensou em tudo, pena que ela não está mais aqui para ver que eu estou morando no lugarzinho que ele preparou para mim com tanto carinho.

Me arrumo para mais um dia de trabalho, tomo banho, lavo os cabelos e depois os seco, visto meu terninho preto, calço meus sapatos também pretos, faço uma maquiagem básica e vou rumo ao meu lindo e temido chefe.

O que esse homem tem de lindo tem de estressado.

Meu apartamento não fica muito longe do escritório, fica apenas à uns quinze minutos andando, já que não tenho carro e talvez demore um pouco para poder comprar um, vou andando mesmo, bom que já acordo de vez.

Após alguns minutos eu chego ao escritório. O prédio é muito grande e elegante, aqui tudo exala luxo e bom gosto.

— Bom dia Marcela. — Marcela é a recepcionista.

— Bom dia Raquel, seu chefe, hoje chegou cuspindo fogo.

— Ele já chegou? Por que tão cedo? — ela dá de ombros.

Saio correndo para pegar um café para ele na esperança de amenizar um pouco seu humor que deve estar pior do que nos outros dias.

Chego em frente a porta de seu escritório, respiro fundo e bato na porta, ele me manda entrar.

— Trouxe seu café senhor. –ele levanta uma xícara para mim, não sei onde enfiar a cara.

...Caio...

— Espera-se que uma assistente chegue antes do chefe e deixe tudo organizado. — ele diz sem me olhar.

— Desculpe Doutor Caio, mas eu cheguei na hora, o senhor que chegou cedo. — digo e sorrio na esperança de não soar desrespeitosa, ele apenas me olha com seu olhar indecifrável.

— Vamos passar a agenda.

— Sim senhor. — me inclino para pegar sua agenda e percebo que ele olha direto para minha bunda, sorrio internamente, então ele não é tão inabalável assim.

Repasso toda sua agenda do dia e aproveito para analisar alguns processos pendentes, para passar tudo para ele.

Minha mesa fica próxima a sala dele, assim ouço tudo que acontece lá dentro, e nesse exato momento ouço muitas coisas caindo e quebrando.

Tenho um pouco de medo, mas mesmo assim vou até sua sala ver o que aconteceu.

— O senhor precisa de ajuda? — entro sem bater, seu olhar me dá medo.

— Você, preciso de um favor seu. — ele diz apontando para mim e seu olhar está diferente.

— Sim senhor, pode dizer.

— Preciso que me acompanhe em um casamento!

— Como? — olho para ele incrédula.

— Isso mesmo que você ouviu.

— O senhor está bem? — ele bate na mesa me assustando, e eu dou um passo para trás.

— Desculpe, estou precisando que me acompanhe, eu te pago 20 mil reais. — olho para ele com surpresa.

— Senhor, eu não tenho certeza, posso pensar?

— Tem até amanhã, caso não me dê uma resposta será outra, pode sair, e peça alguém para vir limpar aqui.

— Sim senhor.

Saio de sua sala muito nervosa, não entendo porque ele fez essa proposta logo para mim, esse homem é mais louco do que pensava.

Meu celular vibra e vejo uma mensagem de minha mãe.

*mensagem on*

"Filha vou ter que vender a casa para pagar as dívidas".

Isso me quebra, queria poder ajudá-la de alguma forma, não queria que ela vendesse a casa, pois cresci nela e há muitas lembranças de meu pai.

Sei que parece absurda a proposta do meu chefe, mas esses 20 mil daria para pagar uma parte da dívida e o restante poderia ver quando de fato me formar e conseguir trabalhar em tempo integral.

Espero que seja somente lhe acompanhar, e ele não tente nada comigo. Se bem que ele é uma tentação, lindo, um moreno de olhos verdes, musculoso, cabelos lisos e bem escuros, ele é um homem muito bonito, mas jamais aceitaria dinheiro para ficar com alguém.

Já não acho certo aceitar dinheiro para ser acompanhante, mas estou realmente precisando, e espero que seja só dessa vez.

Capítulo 2

Hoje acordei mais cedo para não correr o risco de Caio chegar primeiro que eu, hoje vou esperá-lo com o café pronto, para que ele não reclame.

Decidi também que vou aceitar sua proposta, já estava quase decidida e agora que minha mãe precisa vender a casa tenho que fazer isso por ela, por nós.

Tomo meu banho, visto uma blusa de cetim branca e uma saia lápis cinza, jogo um blazer também cinza por cima, calço meus sapatos pretos, pego a bolsa e caminho rumo ao escritório.

— Bom dia Marcela. — digo entrando no escritório.

— Bom dia Raquel, chegou cedo hoje.

— Não vou correr o risco do chefe chegar antes de mim de novo.

— Muito bem. — sua voz grossa e rouca ecoa e um arrepio percorre meu corpo.

— Bom dia, doutor. — digo sem graça.

— Vamos até minha sala passar a agenda. — aceno para Marcela que sorri e olha para Caio e morde o lábio, sorrio também.

Já em sua sala vou direto pegar a agenda, mas ele me para.

— Sente. — ele diz apontando para a cadeira, sem pensar duas vezes sento, ele é tão autoritário, mandão e sexy.

Foco Raquel! Não se distraia com a beleza dele, e nem se iluda, um homem desses nunca vai olhar para você.

— Sobre a proposta, você já tem uma resposta?

— Sim senhor, eu aceito ser sua acompanhante.

— Ótimo, devo lhe dizer que não será só minha acompanhante, terá que fingir ser minha namorada. — olho para ele espantada, ele não mencionou isso ontem.

— O senhor tem certeza que sou qualificada para isso?

— Pensei em você, se não aceitar vou procurar outra. — ele diz frio.

— Não, tudo bem, eu aceito.

— Ótimo, sendo assim, assine aqui, esse é um contrato no qual você aceita e que diz que não tem permissão para contar a ninguém sobre nosso acordo, já que aceita deve assinar.

— Sim senhor. — como uma boa estudante de direito e futura advogada, leio o contrato com muita atenção.

Sempre quando leio um contrato tenho a mania de morder o lábio inferior e ficar passando a língua, isso é uma mania estranha, eu sei, mas é porque ler contratos e processos me excita, sei que isso é mais estranho ainda, mas eu sou assim.

Quando termino de ler vejo que ele olha fixamente para mim e eu sei exatamente por qual motivo, me sinto um pouco constrangida por ele ter me visto mordendo o lábio.

— Devo acrescentar no contrato que você não poderá morder o lábio. — eu ruborizo.

— Desculpe senhor.

— Assine. — ele diz e eu assino. — O casamento será no final de semana, viajamos amanhã, é na praia, pense nisso quando for fazer a mala... não, melhor aqui meu cartão, vá fazer umas compras, afinal você será minha namorada, tem que está impecável.

— Não precisa, senhor.

— Isso não é um pedido. — ele me olha com aquele olhar que dá medo e eu pego o cartão. — Não se preocupe com o valor que irá gastar, compre todo o necessário para viagem.

— Sim senhor, com licença.

— Vá agora, tire o dia de folga e compre tudo.

— Mas e o senhor?

— Fico bem sozinho.

— Sim senhor.

Pego minhas coisas e me preparo para ir andando até o shopping, já que não posso me dar ao luxo de pegar um táxi, é um pouco distante, mas é o que temos para hoje.

— Você vai como? — Caio coloca a cabeça na porta e pergunta.

— Andando. — digo um pouco constrangida, ele volta para sala e pouco tempo depois volta trazendo sua maleta e as chaves do carro.

— Vamos, eu te levo.

— Não precisa, senhor.

— Isso não é um pedido. — que homem mandão, não digo nada e o sigo até o estacionamento.

O carro dele é um desses importados que custam uns seis dígitos mais ou menos, não sei a marca, não me atento a isso, estou nervosa demais para pensar na marca.

Nunca em minha vida pensei que entraria no carro desse homem, esse tipo de relação é muito íntima entre patrão e empregada, e Caio Alencar é tão intimidador que me causa náuseas.

O caminho todo ele vai em silêncio, apenas olhando para frente, eu deixo escapar umas olhadas vez por outra, mas ele em nenhum momento olhou para mim.

Pensei que ele me levaria ao shopping que fica aqui próximo, mas ele dirige por mais ou menos quarenta minutos e me leva ao shopping mais caro da cidade.

Ele para no estacionamento e eu vou abrir a porta para descer, ele segura minha mão impedindo, um arrepio percorre todo meu corpo e sinto uma leve fisgada entre as pernas, apenas com um toque desse homem.

Ele desce da a volta no carro e abre a porta para mim, me dá a mão para me ajudar a descer e tudo, sempre tive certeza que ele é cavalheiro, mas nunca pensei que isso se aplicaria a mim algum dia.

— Vou até a praça de alimentação tomar um café, compre o que precisar e na volta almoçamos e discutiremos os termos do contrato.

— Sim senhor.

Me afasto dele e uns passos depois, olho para trás e ele continua lá parado me olhando, quando percebe que o vi me espiando dá as costas e vai embora.

As lojas desse shopping são todas de grife, não sei se levo isso como uma honra ou como uma ofensa de que minhas roupas são baratas, que de fato elas são mesmo, mas me visto muito bem dentro das minhas possibilidades, tenho bom gosto.

O primeiro passo é comprar biquínis, já que vamos na sexta e só voltaremos na segunda, então uma hora ou outra terei que pôr biquíni.

Escolho quatro, um preto, porque preto é vida, um azul marinho, um vermelho e um verde água, escolho uma saída de banho combinando com cada um.

Vou até o caixa pagar e o valor me surpreende, 5.250 por essas poucas peças, isso é mais que meu salário, mas como ele me mandou comprar eu devo obedecer, jamais ousaria ir contar o que esse homem manda.

Saindo da loja de biquínis, compro alguns shorts curtinhos por causa do calor, blusas para combinar e alguns vestidos leves.

Por fim, vou escolher o vestido que usarei no casamento, experimento alguns e nenhum é de meu agrado. Gosto um pouco mais do verde água que estou experimentando.

Ouço o som de mensagem do meu celular, é um SMS de Caio.

"Esse vestido está ótimo".

Olho para os lados à procura dele e não o vejo, com certeza ele está por perto, esse homem é muito estranho, ele me dá medo, seu comportamento muda repentinamente, Caio Alencar é a pessoa mais bipolar que conheço.

O vestido é muito elegante e leve, ótimo para um casamento na praia, ele é verde água, que acho que combina muito para usar na praia e durante o dia, e tem a aprovação do chefe.

Eu meto em cada uma, mas não tenho como voltar atrás, assinei um contrato e além de tudo preciso desse dinheiro.

Essas poucas compras deram o total de 93.578 reais, fico surpresa que gente rica gasta tanto com roupa, eu amo me vestir bem, mas não sei se teria coragem de pagar tudo isso em algumas peças de roupas.

Saio da loja e Caio surge de repente ao meu lado, o que me assusta um pouco, ele está com o cabelo bagunçado, tirou o paletó e a gravata, sua camisa está com os dois primeiros botões abertos mostrando um pouco de seus músculos, o que me deixa meio tonta, engulo em seco, sinto novamente a fisgada em minha intimidade, e sinto o rubor se formar em minhas bochechas.

— Vamos almoçar! — não é um convite, ele está apenas me avisando.

— Eu preferia ir para casa, não precisa se incomodar.

— Ok.

Pela primeira vez ele não me impõe sua vontade, confesso que fico super aliviada, já terei que enfrentar um longo final de semana ao lado dele, fingindo ser sua namorada, não sei por qual motivo ele precisa desse fingimento, um homem desses poderia ter a mulher que quisesse.

Entramos no carro, ele coloca uma música para tocar, alguma do The Weeknd, não sei o nome, só sei que é muito sensual, as batidas me fazem imaginar esse homem dentro de mim. Caio está confundindo minha cabeça, nunca havia pensado nele dessa forma, mas vê-lo fora do escritório e com a guarda um pouco mais baixa está fazendo minha mente viajar.

— Por que o senhor precisa que eu finja ser sua namorada? — pergunto quebrando o silêncio.

— Minha irmã vai casar, meus irmãos já são casados e minha ex que também casou vai está lá com o marido, já que ela é amiga da minha irmã, não quero aparecer lá sozinho.

— Entendi.

— Não mencionei que iremos ficar na casa de praia da minha família, e como somos um casal teremos que ficar no mesmo quarto. — engulo em seco outra vez, será muito difícil ficar dentro de um quarto com esse homem sem poder tocá-lo.

Fico em silêncio, não consigo formular nada inteligente para falar, só sei que será um grande desafio para mim, nunca Caio tinha me afetado sexualmente, ele me afetava de outras maneiras, na verdade sempre tive medo dele, mas com essa proximidade estou o olhando com outros olhos.

— É demais para você? — ele pergunta.

— Não, daremos um jeito, somos adultos.

— Ótimo.

Após alguns minutos ele para em frente do meu apartamento e só então percebi que em nenhum momento lhe disse onde morava, não sei como Caio sabe onde moro.

— Como sabe onde moro?

— Já te vi sair daqui algumas vezes.

— O senhor estava me observando?

— Acho que você iria gostar se eu tivesse. — ele não me dá tempo para responder e vai logo saindo do carro para abrir a porta para mim. — Amanhã de manhã passo aqui para te buscar às 8:00 horas em ponto, não se atrase.

— Sim senhor. — ele entra no carro e vai embora, eu fico feito boba olhando até que não consiga mais ver o carro.

Meu coração está tão acelerado que consigo ver as batidas ritmadas em meu peito, amanhã será um grande dia, espero que tudo dê certo.

Capítulo 3

Passei a noite inteira sem dormir, virando de um lado para o outro. Estou muito ansiosa, pois não sei o que me espera, na verdade nem sei como agir diante de tantas pessoas fingindo ser namorada do meu chefe.

Passa um pouco das 5:00 horas da manhã quando decido levantar. Faço uma depilação completa, já que estou indo à praia. Tomo aquele belo banho demorado que lava até a alma, visto um short jeans curtinho, com um cinto nude, uma blusa branca, ponho alguns acessórios dourados, calça uma sandália da mesma cor do cinto e estou pronta.

Como ontem não consegui arrumar a mala, e por sorte acordei super cedo, tenho tempo de sobra para arrumar agora.

Coloco tudo que comprei ontem na mala, e mais algumas coisas minhas, peças íntimas, algumas sandálias, acessórios e maquiagem.

Termino de fazer a mala e vou fazer um café, meu dia só começa de verdade quando tomo café.

Exatamente às 7:58 da manhã ouço o carro dele chegar, já me adianto e vou descendo, antes que ele suba, não gostaria que ele entrasse em minha casa, isso já é intimidade demais.

Ele me espera escorado no carro, está de óculos escuros, o cabelo ainda molhado, mas não penteado com ele costuma ir trabalhar, está vestindo uma camisa preta, calça jeans branca e um tênis preto.

Ele está mais lindo do que de costume, o ver fora de trajes formais é bem estranho, mas confesso que gosto mais assim, ele está menos intimidador e parece mais acessível e normal.

— Bom dia. — ele diz.

— Bom dia senhor. — ele pega minha mala e coloca no carro.

— Melhor você parar de me chamar de senhor, já que será minha namorada por esse final de semana.

— Sim senhor... Quer dizer, Caio. — acho estranho o chamar pelo nome.

— Acha melhor definirmos algum apelido carinhoso? Os namorados tem isso não é?

— Sim, o que o senhor acha melhor? VOCÊ! O que você acha melhor?

— Amor? Muito brega?

— Pode ser. — como vou conseguir chamar esse homem de amor o final de semana inteiro?

Temos mais ou menos uma hora de viagem pela frente, o bom é que não precisamos ir de avião, pois morro de medo.

Ele liga o som e REM ecoa dentro do carro, "Losing My Religion" amo essa música, escuto desde de criança, meu pai também gostava. Encosto minha cabeça no banco, fecho meus olhos e canto a música como se estivesse sozinha.

Abro os olhos por alguns segundos e vejo que ele me olha, fico um pouco sem graça, mesmo nesses trajes descolados ainda enxergo meu chefe e me embrulha um pouco o estômago.

— O senhor deveria se concentrar na estrada. — digo um pouco tímida.

— Sei dirigir muito bem, não precisa se preocupar, sua vida não corre perigo. — ele me olha e sinto que sua frase tem um duplo sentido, eu apenas ignoro.

Outra música começa a tocar The Police, "Every Breath You Take". O cara tem bom gosto e o que mais me surpreende é que temos isso em comum, também amo essas músicas dos anos 80.

— Pode cantar, não tem problema. — ele diz ao ver minhas mão se mexendo no ritmo da música, eu sorrio.

— Ok.

— Meus pais vão estar lá, mas suponho que você já saiba, até porque é o casamento da minha irmã e óbvio que eles estariam presentes. — por mais óbvio que pareça eu não tinha pensado a respeito.

— O que seus pais vão achar quando te verem chegando com sua assistente? — digo isso porque os dois me conhecem.

— Meus pais não são esse tipo de pessoa que está pensando, eles tratam a todos igualmente, até porque eles nem sempre tiveram dinheiro, meu pai batalhou muito para ter o que tem hoje, pode ficar tranquila que eles vão te tratar muito bem.

— Ok.

— Relaxa, tem que parecer muito natural, ou todos vão perceber.

— Pode deixar, ninguém vai perceber nada.

— Ótimo.

Passamos o restante da viagem sem falar nada, finalmente ele para o carro e desce para abrir a porta para mim.

A casa é enorme, tem três andares, é muito bonita por fora, imagino que por dentro também, tem uma piscina gigante, a casa fica de frente para o mar.

Ele entrega as chaves para um rapaz para que ele leve o carro para garagem.

— Hora do show. — ele diz e pega minha mão, meu corpo inteiro se arrepia.

Uma mulher de meia idade abre a porta para nós, deve ser a governanta da casa.

— Bom dia menino, a quanto tempo. — ela diz o abraçando.

— Bom dia Cíntia, como você está?

— Estou bem menino, melhor agora que estou lhe vendo.

— Obrigado, e como está sua família?

— José está por aí cuidando de alguma coisa e os meninos estão bem, todos na faculdade.

— Muito bom. Essa é Raquel, minha namorada.

— Que bonita, finalmente você encontrou alguém. Muito prazer querida, qualquer coisa pode falar comigo. –ela diz me abraçando.

— Obrigada, prazer em conhecê-la.

— O seu quarto já está arrumado, daqui a pouco alguém leva as malas, o café da manhã já está pronto, querem tomar agora ou vão esperar os outros chegarem? Vocês são os primeiros.

— Vamos esperar os outros, obrigado. — ele diz e sem soltar minha mão me leva para as escadas.

Subimos as escadas de mãos dadas e entramos no quarto da mesma forma, quando me dei conta de que não tem ninguém olhando solto sua mão, essa situação me deixa um pouco constrangida.

— Você está muito tensa, tenta relaxar, pensa nisso como um trabalho.

— Sim senhor.

— E pare de me chamar de senhor!

— Força do hábito.

— Não me chame mais de senhor, isso é uma ordem. — agora sim! Esse é o Caio que conheço.

— Ok, meu amor. — dou ênfase na última palavra.

— Menos irônica.

— Tudo bem meu amor. — digo e sorrio.

— Assim está melhor.

Alguém bate na porta e ele vai abrir, é o rapaz trazendo nossas malas, o mesmo que estacionou o carro.

— Obrigada. — Caio diz. — Quer tomar um banho e trocar de roupa para o café?

— Sim.

— Pode ir primeiro, tem toalhas limpas no armário do banheiro, loção de banho também, fique a vontade.

— Obrigada.

Separo um dos vestidos que comprei ontem e que Caio pagou bem caro por ele, o vestido é branco e bem leve, pego uma lingerie também branca e percebo ele olhando para minhas peças íntimas, isso me deixa tímida, ele percebe e sorri.

Difícil vê-lo sorrir, o temido Caio Alencar está bem descontraído, esse clima parece que fez bem para ele.

Vou para o banheiro quase correndo, fecho a porta atrás de mim, meu coração está muito acelerado e minha respiração ofegante.

Observo o banheiro, que é bem maior que meu quarto, tem duas pias, dois chuveiros, banheira, é muito luxuoso, tudo preto e branco, assim como o quarto.

Tomo um banho rápido, não molho os cabelos, apenas os penteio, me seco, visto minha roupa e logo saio.

Caio está apenas com a calça, já se livrou da camisa e do tênis, está deitado na cama mexendo no celular, quando ver que sai ele me observa, como se fosse para aprovar o que estou vestindo.

— Minha vez. — ele se levanta e passa por mim e entra no banheiro.

Enquanto ele está no banho procuro um chinelinho de dedo para usar, não costumo usar sandália em casa, não sei se Caio vai aprovar, vou esperar e perguntar para ver o que ele diz.

Alguns minutos depois ele sai somente de toalha, acho que está fazendo isso para me provocar, não entendo porquê, ele sempre pareceu nem se interessar por mim, na maioria das vezes achei que ele só me aturava por fazer tudo que ele mandava sem reclamar.

— Esqueci de levar a roupa, não costumo ter companhia e quando tenho... Bom deixa pra lá. — reviro os olhos.

Viro de costas para que ele se vista, e ouço seu riso. Não reconheço esse homem, parece ser outra pessoa, realmente é muito bipolar mesmo.

Alguém bate na porta e ele vai abrir, usando apenas uma bermuda de tecido fino.

— Aí meu Deus! Que homem maravilhoso. — Beatriz o abraça. — Pensei que você não vinha, já que não gosta de pessoas.

— Não perderia isso por nada, ver o pobre coitado do Michel ir pra forca.

— Muito engraçado, aquele homem me ama. — ela sorri. — E essa mulher maravilhosa, onde achou? Nem acreditei quando a mamãe disse que você vinha com alguém.

— Essa é Raquel, trabalha comigo, e nas horas vagas é minha namorada.

— Só podia ser alguém do trabalho, você só vive metido naquele escritório. Olá, sou Beatriz, irmã dele. — ela me puxa para um abraço.

— Ela já sabe disso, Beatriz.

— Deixa de ser chato, garoto, não sei como você aguenta ele. — eu sorrio.

— Muito prazer. — digo finalmente, eles dois falam muito.

— Vou deixar vocês, não se demorem muito para descer, o café já está servido. — ela diz e pisca para mim.

— Minha irmã é um pouco intensa. — ele diz quando ela sai.

— Percebi.

— Acho que todos esperam que demoremos um pouco, você sabe...

— Sim, sei, mas fomos os primeiros, estamos nesse quarto faz tempo, então ninguém vai duvidar de nada.

— Tudo bem, vamos descer então. — ele veste uma camisa branca e calça um chinelo de dedo preto, fico aliviada pois não serei a única.

Descemos as escadas de mãos dadas e todos já estão lá, os irmãos, as esposas deles, seus pais, mais algumas pessoas que não conheço.

— Essa é Raquel, minha namorada. — ele diz e todos me cumprimentam.

Fico um pouco envergonhada com tanta gente me olhando, a maioria dos olhares são amigáveis, menos de uma mulher, que suponho ser sua ex.

Caio se aproxima de mim e me abraça, fico um pouco surpresa, mas retribuo ao abraço, ele dá um beijo no meu pescoço, me causando um arrepio, sinto minha intimidade dá sinal de vida, ele percebe o efeito que isso causa em mim e aperta minha cintura com mais força e beija novamente meu pescoço, fico ofegante na mesma hora.

— Relaxa. — ele sussurra em meu ouvido. — Aquela ruiva atrás de você é minha ex, não olhe agora, ela está olhando para nós, posso te beijar? Para convencer a todos e a ela também. — sorrio para parecer natural.

— Isso não fazia parte do contrato. — sussurro e coloco minhas mãos em seus cabelos.

— Te pago a mais por isso.

— Não estou à venda. — digo sorrindo.

— Eu sei, mas somos namorados, temos que nos beijar, para não levantar suspeitas.

— Ok.

Sem esperar mais ele cola nossos lábios, ele me dá apenas um selinho, coisa que é normal entre casais quando estão na frente das pessoas, parece até ser algo insignificante, mas me deixou molhada, eu queria mais, só que não vou dar meu braço à torcer e mostrar que quero.

— Viu, não arranquei nenhum pedaço seu, você será bem recompensada. — eu sorrio.

— Pode me emprestar ela um pouco? — Beatriz diz pegando em minha mão, eu olho para ele pedindo socorro e ele dá de ombros.

— Quero te agradecer. — ela diz quando nos afastamos.

— Pelo quê?

— Por trazer meu irmão ao meu casamento, achei que ele não viesse, por causa da Bárbara, eles não terminaram bem e ela é minha amiga, mas te agradeço por ter vindo e por fazer ele vir também. — fico com a consciência pesada por estar mentindo.

— Não precisa me agradecer, ele te ama muito e com certeza não deixaria de vir.

— Eu sei que ele me ama, também o amo, mas acho que se ele não estivesse com você não viria, então devo isso a você. — ela me abraça.

— Imagina.

— Vamos tomar café?

— Vamos.

A mesa é enorme e farta, tem comida aqui que daria pra alimentar umas dez famílias, tem de tudo, pães, bolos, frutas, sucos, leite, café, mas tudo em grande quantidade.

Só há casais aqui na casa, agora entendo por que ele não queria vir sozinho, seria muito constrangedor para ele chegar aqui sem ninguém, pobre do meu chefe, ainda bem que estou aqui para salvá-lo.

— Café meu bem? — ele pergunta, acho estranho ele me chamar assim.

— Sim, por favor amor. — ele me serve e beija meu rosto, ele está levando a sério mesmo esse lance de namoro.

Beatriz nos olha e sorri, já Bárbara se pudesse teria me matado, essa mulher ainda gosta dele, tenho certeza, isso me dá uma raiva, acho que estou com ciúmes.

Para provocá-la limpo a boca de Caio que está com uma migalha de pão, ele pega minha mão e beija, todos nos observam surpresos.

Acredito que estamos fazendo todos acreditarem que realmente somos um casal.

— Quando vocês começaram a namorar? — Marisol, a mãe de Caio pergunta.

— Faz um tempinho já, mas ainda não havia tido a oportunidade de apresentá-la oficialmente.

— Cuide bem dela filho, ela é uma moça muito bonita e parece gostar de você de verdade. — ela diz e olha para Bárbara.

— Pode deixar mãe. — ele diz e acaricia meu rosto, sorrio para ele e todos nos olham com admiração, menos Bárbara.

Todos terminam o café e vão para os seus quartos para vestirem roupas de banho e aproveitar o sol na piscina.

Caio e eu subimos até o quarto para nos trocar também, escolho o biquíni preto e a saída preta para combinar e vou até o banheiro me trocar.

O biquíni é de amarrar atrás e por mais que eu tente não consigo fazer isso sozinha, tenho que chamar Caio para me ajudar, super constrangida, mas é a única maneira.

Eu me meto em cada uma!

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