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Esse Milagre É Meu

Capítulo 1

Ela nasceu e eu já sabia, já sabia que irei enfrentar uma luta pela frente, uma luta, para dar qualidade de vida para minha pequena, menina, que nasceu no pré-parto do hospital maternidade Campo limpo Paulista, interior de São Paulo.

O meu obstetra, Dr. Ary Fonsem, não acelerou o processo e deixou a minha pequena Eleonor nascer no tempo dela, ela rompeu a bolsa d'água, ela chegou em seu tempo, quando se sentiu preparada. Nem a oxitocina, usada para acelerar as contrações, foi aplicada, só tinha em meu acesso o soro para hidratação.

Ela chegou, uma luz para a minha existência e de seus irmãos e irmãs, sim, ela é minha sexta filha.

Chegou bem pesando 3.150 gramas e 48 centímetros.

Quando ela nasceu meu mundo não caiu, pois eu já sabia, sempre soube que a minha pequenina Eleonora, tem os pés tortos congênitos.

Foi em uma ultrassonografia que descobri, quando o técnico falou que ela tinha os pés tortos, bilateral.

Perguntei para o profissional Dr Leandro Gomes na época:

— É postural?

Eu sabia que o pé postural pode ser corrigido com imobilização das articulações com gesso e uso de fisioterapia para esticar o pé e o tornozelo. Alguns caso com gesso apenas.

O técnico empático, porém, muito verdadeiro, me disse:

— Não, infelizmente não.

— Mas tem tratamento para isso.

Mas aliviada, e com o coração na mão, recebi a minha ultrassonografia para apresentar para o meu obstetra Dr. Ary, mesmo que cuidou do meu parto.

Já em casa é que eu tive um choque de realidade, chorei no chuveiro, pedi para nossa senhora de Aparecida para realizar o milagre dentro de meu útero, mas Deus sabe de todas as coisas e não nos dá a luta maior que a gente pode suportar. E se ele nos presenteou com um ser especial, é porque ele achou que eu e meu esposo seríamos capazes de encarar essa luta.

Ela chegou e eu estou aguardando um quarto, para podermos, nos recuperar, do corredor eu escuto os resmungos da minha bebê, do berço aquecido é como se ela estivesse, saldando a vida com seu jeitinho de um anjo que acabou de chegar a terra:

— Oi vida, eu cheguei. 

 Meia hora depois, ainda no corredor, aguardando um quarto, o pediatra me traz a minha pequena para mamar, sua primeira mamada, seu primeiro e saudável alimento, e eu quem vou fornecer para ela ele alimento maravilhoso, o néctar da vida.

Enquanto a minha pequena Eleonora mamava, o quarto foi liberado, e eu não fiquei sozinha, ainda bem, pois eu gosto de fazer amizade com outras mães. E naquele dia 3 de maio de 2018, estávamos eu e mais duas mães com seus bebês recém-nascidos no quarto, um deles é menino e a mãe dele brinca que seu filho está num arem, pois fora o menino estão Eleonora e outra pequena a Laise.

Quando a enfermeira pegou a minha pequena para dar banho, ela, desenrolou e viu os pezinhos da minha bebê:

— Mãezinha, você já viu, os pés da sua bebê são tortos?

— Eu vi, sim, sempre soube, foi mostrado na ultrassonografia.

— Que bom, que você sabe mãezinha, pois muitas mães só descobrem no nascimento.

Para mim não importava, minha Eleonora nasceu com saúde, e juntas vamos resolver essa condição.

No hospital Eleonora foi calma, o teste do pezinho, foi realizado na mãozinha, pois a enfermeira ficou com medo de machucar a bebê.

"Boba ela eu pensei"

Quando recebemos alta, fomos para o trabalho de meu esposo, ele na época cuidava do aluguel de quadra em uma creche, o Lar Galeão Coutinho na cidade de Jundiaí, ele era caseiro e nós morávamos em uma casa no Jardim Paulista em Várzea Paulista, para manter o seu emprego, ele, concordou em alugar uma casa para a gente. Até hoje eu nunca entendi o porquê não podíamos morar todos juntos na casa de caseiro do lar, mas também não importa, temos nosso teto, nossa casa montada e para Eleonora e suas irmãs: Micaeli, Larissa, e Laise, será o ninho de amor e união.

Passamos o sábado no Lar e no domingo folga de meu esposo fomos para a nossa casa em Várzea Paulista, eu tenho muito a fazer na segunda, pois chegou o momento de travar a busca por profissionais que cuidem da condição especial da minha Eleonora.

Já na segunda de manhã, minha pequena recebeu a visita de sua avó, mãe de meu esposo Logan, Margarete se apaixonou pela pequena e disse com ênfase que a bebê é a cara de Robson, coisa de avó, viu os pesinhos da minha bebê e me tranquilizou dizendo que com o tratamento adequado ela iria ter a vida normal e os pesinhos corrigidos.

Eu como toda a mãe, pensava no futuro, quando ela fosse a escola, e me desesperava, pois como professora eu sei que as crianças podem ser cruéis quando querem, e às vezes podem magoar para sempre um coleguinha, e eu não quero que a minha pequena passe por isso, e vou lutar realizar o impossível para que ela tenha seus pesinhos corrigidos.

Meu esposo sempre me repreendeu dizendo que o futuro a Deus pertence, mas como não pensar em cuidar de sua cria? Eu quero, sim, proteger ela enquanto ela ainda é um bebê, mas quando crescer quero que ela vá para a escola, faça amigos, e não quero que nada impeça isso, e todos sabemos que infelizmente uma deficiência, mesmo que seja leve, atrapalha esse processo.

Cheia de esperança conversei com a minha prima, Rosemary, que também teve um filho com PTC, só que no caso de seu filho Guilherme era unilateral. 

Ela me disse:

— Não entre na história que Deus fez assim é para deixar, pois ele colocou pessoas no mundo para serem profissionais que cuidam dessa área.

Assim, apoiada por ela e por meu esposo, travei a nossa luta.

Eu sou a Diana, tenho 36 anos e sou mãe de uma, pezinho de ouro e estou pronta para enfrentar o mundo pela minha filha.

Capitulo 2

Eleonora nasceu, perto da metade do ano, e eu tenho, suas irmãs para levar para a escola, como meu esposo, sai a cinco da manhã para ir trabalhar no Lar Galeão, eu cuido de levar as pequenas na escola, Micaeli estuda no segundo ano do ensino fundamental no CEB Anísio Teixeira e levanta as seis da manhã para entrar na escola as sete, perueiras não passam em minha rua, apesar do bairro Jardim Paulista ser um bairro nobre ele é considerado área restrita, nem o correio faz entrega lá, nem os carteiros passam para deixar as cartas.

O Bairro é próximo à comunidade Vila Real, um lugar considerado boca quente em Várzea Paulista e assim como os correios tem medo as perueiras também, por esse motivo eu tenho que levar a minha pequena até o CEB que fica no jardim

América 2, a distância é grande, por isso levanto a Micaeli as seis da manhã, para ela cuidar de suas higienes, tomarmos café e sairmos.

Eleonora nos acompanha eu a encapoto, pois como Várzea Paulista é um lugar de muitas serras, a neblina e serração são muito baixas e constantes durante as manhãs.

Deixo a Micaeli no CEB e volto para casa para cuidar de meus afazeres e da Larissa e Laise.

As onze e quinze da manhã eu saio para buscar a Miacely com Eleonora, voltamos correndo, pois tenho que levar a Larissa para a escola, que também é longe a escola Idorotia de Sousa Álvares fica no bairro Jardim

América 3 e temos que a andar muito subir muitos morros e curvas, deixo a Micaeli em casa aos cuidados de uma amiga a Linda, e saio com Eleonora para levar Larissa, não deixo a bebê, pois ela ainda mama e a distância da minha casa para a escola é de quarenta e cinco minutos uma caminhada que realizo todos os dias para ir e voltar e depois para buscar a Larissa. Por sorte tenho a Linda que me ajuda, pois ela já passou pelo mesmo com seus filhos que hoje são homens.

 A noite eu ajeito a janta para as pequenas, sinto que a minha pequena Laise está com ciúmes da Elonora, pois digamos que a Eleonora chegou no susto, naquela transa de último dia de menstruação e quando a Eleonora nasceu a Laise tinha acabado de completar três aninhos.

Uma luta viu, quando preciso sair vejo a minha pequena chorar ao lado da Linda, mas muitas vezes não tem como levar, pois, estou iniciando os corres com a Eleonora para conseguir o tratamento para o seu caso.

Logan sempre me apoia e me ajuda como pode, tanto que de uns dias para cá ele não dorme mais na casa que fica de caseiro, ele vem para cada de moto quando as 23 horas termina o último jogo da quadra que é alugada. Eu fico feliz, pois assim ele pode ter contato com a nossa pequena Eleonor.

 Ele cuida dela e da Laise, pois como Miaceli e Larissa estudam eu peço para elas irem dormir cedo.

Eu e Logan jantamos tarde, pois eu o espero para jantar, as pequenas jantam antes, e vão dormir, mas Laise é uma menininha muito ativa e fica esperando o pai me fazendo companhia, só dorme depois que ele chega e assim vai sendo a nossa rotina nessa correria diária.

O tempo foi passando e nada de eu conseguir o tratamento de Eleonora, ela já está com dois meses e nada do ortopedista chamar, pelo que o pediatra falou ela será tratada na ortopedia do pé torto em Campinas então eu aguardo ansiosa o posto ligar para dizer a data da primeira consulta dela.

Tive um pequeno percalço, pois a guia que a maternidade me forneceu estava no nome da minha colega de quarto e não no meu. Então o pediatra fez um novo requerimento de orto pediatra, e me pediu para aguardar, tudo eu resolvi no guichê da UBS do local.

E estou aguardando desde então.

Como não chamava a minha bebê para o tratamento, eu trabalhei com afinco e entrei em grupos de mães nas redes sociais, o primeiro grupo que entrei foi no PTC pezinhos de ouro e foi nesse grupo que contei a minha história, algum tempo depois uma jovem chamada Daniela entrou em contato comigo, ela tratava seu bebê na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, no grupo do pé, ela me disse para mim estar na Santa Casa as oito da manhã na segunda-feira que ela ia me apresentar a médica de seu bebê a Dra. Luciene Moré.

Claro toda mãe é desconfiada e como meu esposo Logan não poderia me acompanhar pelo trabalho, chamei a minha irmã para ir comigo, marcamos de nos encontrar, na segunda na estação Barra Funda.

Meu peito se encheu de esperança, não podia deixar tardar mais o tratamento da minha pequena, o PTC tem tratamento desde que seja indiciado na primeira semana de vida e minha pequena por não haver ortopedia pública minha cidade já está com dois meses e nada de tratamento.

No dia marcado, encontrei primeiro com a minha irmã Cláudia na estação Barra Funda e juntas pegamos o metrô para Santa Cecília, o mais próximo da Santa casa de misericórdia.

Encontramos com a Dani lá e esperamos a doutora atender primeiro o Arthur, esse é o nome do bebê da Dani, quando atendimento finalizou ela me chamou para apresentar a Eleonora para a Dra. Luciene que aceitou o caso e me pediu para abrir o prontuário dela para já iniciar o tratamento da bebê na semana seguinte.

Eu realizei a abertura do prontuário com o meu endereço na Várzea Paulista e tudo deu certo, finalmente a minha bebê vai iniciar o tratamento com sessões de gesso para corrigir o problema.

Minha irmã seguiu para o seu trabalho aonde ela é Telemarketing e eu voltei para casa de metrô e trem uma viagem, mas voltei feliz, pois a minha pequena realizará o tratamento das trocas de gesso para corrigir, e assim começa a nossa jornada.

Capítulo 3

Ao chegar em casa, por volta das duas da tarde, devido aos horários dos trens que são confusos, falo de minha jornada com a Linda que havia ficado para mim, com a Laise e com suas irmãs, Micaeli e Larissa.

O tratamento se iniciaria na próxima segunda, a primeira sessão de gesso.

Não sabia como ia fazer para levar a minha pequena até a Santa Casa de Misericórdia, seria uma jornada semanal e como não havia ônibus que levasse de graça para São Paulo, eu teria que encarar, a dura jornada, indo de trem mesmo saindo as quatro e meia da manhã para embarcar no trem das cinco da manhã que faria a parada final na estação de Francisco Morato, e em Francisco Morato eu embarcaria no trem para a estação Rio Grande da Serra, que encosta na estação as seis da manhã, descer na Barra Funda e ir para o metrô, embarcar para Santa Cecília, uma viagem rumo a qualidade de vida de minha filha.

Linda ficou feliz, pois Eleonora já estava com dois meses e iniciaria o tratamento tarde, mas segundo ela antes tarde do que nunca.

Estou ansiosa para contar para Robson que chegava do serviço sempre por volta das onze, onze e meia da noite.

Me despedi da Linda, que foi para a sua casa vizinha a minha e eu esperei na expectativa a tarde inteira pela chegada de Logan para contar a novidade. Eu já estava com a guia da consulta marcando o dia e o horário.

Cuidei das crianças e as coloquei para dormir, Eleonora foi a primeira que dormiu, pois estava muito cansada da longa viagem de ida e volta para São Paulo.

Moramos no interior de São Paulo, e toda segunda-feira teríamos que ir para São Paulo fazer as sessões de gesso, e segundo a própria Dra. Luciene falou que seriam sessões de gessos e provavelmente a cirurgia em L que é invasiva, após essa cirurgia, mas um gesso que ela ficará 21 dias e depois da retirada desse último gesso, minha pequena Eleonor usará a órtese, aquelas botas, com a barra que vai de uma bota a outra para manter a correção do pé o ângulo quem regula é o médico e a pequena só tirará a órtese para tomar banho, serão 23 horas de órtese e uma hora de descanso.

Estou ansiosa para contar tudo isso para o Logan, e espero ele em casa, na companhia das meninas e da minha gatinha Groselha que ganhei de uma senhora muito boa, a dona Benedita, que mora em frente de minha casa.

As horas vão passando e nada do Logan chegar. Escutei o barulho de sua moto eram já perto dá uma e meia da manhã de terça-feira.

Ele guarda a moto e entra em casa e eu estou terminando de amamentar a Eleonora, para por ela para dormir em seu berço.

— Oi amor, como foi a consulta?

Eu com um sorriso largo, conto para ele que foi tudo bem e que nossa Eleonora já começa o tratamento na segunda de manhã as oito da manhã.

— Que ótimo, Diana finalmente vamos poder ficar descansados quanto a isso.

— Sim, Logan, vou poder ver a Eleonora andar e até correr no futuro.

Estávamos tão felizes que nos esquecemos por completo que nossas outras filhas estavam na escola, quem iria levá-las para a escola toda a segunda, sendo que a Micaela entrava no CEB as sete da manhã e a Larissa a uma da tarde na escola estadual.

Logan que se lembrou e pensando encontrou a solução para esse "problema".

— Amanhã eu falo com o seu Eurides, explico que a Eleonora conseguiu o tratamento.

— Que horas você chega em casa da Santa Casa de São Paulo, amor?

— Por volta das duas da tarde, Logan.

Não sei como ele vai falar isso para o seu patrão, pois mesmo de moto ele chegará lá em seu serviço no Lar por volta das três da tarde e nenhum patrão aceita isso.

Mas já que ele falou que vai resolver, cabe a mim focar apenas no tratamento da pequena.

Eu já estou preparada para o que der e vier, mas não sei como será na realidade, pois nunca passei por isso nem com meus filhos do primeiro casamento. Larson e Felipe são meninos saudáveis, por questão de escola mesmo eles moram com o pai, mas vem me visitar sempre e amam as irmãs, e se dão bem com o Logan.

— Não esquente a cabeça Diana eu cuidarei de tudo.

Cansada, coloco a Eleonora no berço para que ela durma, e com Logan fui tomar banho.

Após conversarmos um pouco fomos dormir por volta das duas e meia da manhã, ele teve uma noite de sono curta, pois levanta as cinco da manhã para trabalhar e eu levanto as seis para iniciar a minha rotina com a Micaeli.

E assim foi ele se levanta as cinco, toma um café rápido e segue para o trabalho e eu cuido de me ajeitar, encapotar a Eleonora, para levar a Micaeli para a escola.

Sempre quando saio com a Miaceli vemos o dia clarear, o sol nascer ao leste, e esse sol me da a esperança de que eu vou conseguir, encarar mais uma manhã de rotina e cuidado com as pequenas.

Deixo Micaeli na escola e retorno com Eleonora para casa, cuido de meus afazeres e após tudo arrumado, preparo o café da manhã da Laise e da Larissa que acordam por volta das dez da manhã.

Como não conheço muitas vizinhas, pois mudamos para Várzea Paulista recentemente, eu ligo a Tv e acompanho o jornal da manhã, isso quando as meninas, não pedem para assistir os desenhos da parte da manhã.

Assim, faço todos os dias até receber uma mensagem de Logan dizendo que comprou o carro do pai dele.

" O Logan é doido" penso comigo como vamos pagar esse carro.

Mas deixo passar, pois o sonho de Logan sempre foi ter um carro. E eu acredito que esse carro vai facilitar a nossa vida.

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