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O Dono Do Morro

Procurando um emprego

Seja bem vinda Carolina.

- Seu trabalho será de grande importância aqui na nossa ONG. A tempos procuramos uma psicologa, mas aqui no morro é mais dificil de conseguir.

- Eu imagino Sra Rita. Eu fico muito feliz de poder ajudar em uma causa tão nobre.

- Eu conferi sua documentação está certinha. Vou fazer o seu contrato. Amanhã nesse mesmo horário você pode retorna e assinar o contrato. E começar na segunda feira.

- Ok. Obrigada pela oportunidade. Até amanhã.

Eu saiu da ONG e vou descendo as ruas estreitas do morro. Eram casas e mais casas. E a cada esquina havia um homem armado com um fuzil encapuzado.

A ONG ficava no alto do morro, onde havia uma praça com brinquedos para as crianças, quadra de futebol e um centro de educação infantil e fundamental.

Eram casas e mais casas, uma colada a outra, motos - táxis subindo e descendo o tempo todo.

Comércios de todo tipo, salão de beleza, manicure, mercado, padaria, bar e etc. Era uma cidade, dentro da cidade.

Eu uma jovem vinda do interior do Rio Grande Sul, que cresceu em meio a plantação e criação de animais. Era tudo novidade para mim.

Após andar alguns minutos chego até a entrada do morro.

Na Avenida pego um ônibus e volto para casa em um bairro distante próximo a praia.

Eu chego ao prédio, passo pela portaria e subo até o 7° andar. Abro a porta do apartamento e Kel está fazendo uma live no Instagram.

- Beijos meus amores!

Diz ela encerrando a live.

- Oi Carol e ai? Deu certo?

- Sim Kel. Consegui o emprego.

- Obaaaaaaaa!

Ela grita comemorando.

- Amanhã eu retorno para assinar o contrato.

- E como é lá. Me conta tudo!

Sentamos no sofá e eu conto a ela tudo que tinha visto.

- Nossa amiga não ficou com medo?

- Um pouco amiga, mas a Sra Rita me garantiu que era mais seguro que estar ali. Do que em qualquer outro lugar no Rio de Janeiro.

- Que bom amiga. Que dê tudo certo e assim você pode ajudar o tio e a tia.

- É tudo o que mais quero.

Digo beijando a cruz que carrego no pescoço.

Kelly (a Kel) era minha amiga de infância. Crescemos juntas, embora ela fosse um pouquinho mais velha, nos davamos super bem. Eramos como irmãs.

Até que na adolescencia ela passeava no shopping com sua irmã mais velha e um agente de modelos achou ela linda, a convidou para fazer alguns trabalhos.

A família aceitou e ela iniciou a carreira. Num desfile da Fashion Week em São Paulo, um agente da França se encantou com ela e a proporcionou uma carreira internacional.

Ela se formou em publicidade internacional. E com seus 30 anos já estava aposentada e agora cuida de alguns negócios que ela conquistou ao longo da carreira.

E também se dedicava ao seu perfil no "Instagram" que falava de viagens, beleza e a vida de modelo. Ganhava mais com as propagandas que fazia, do que com qualquer outra coisa.

Kel tinha esse apartamento no Leblon de frente para o mar.

E me ofereceu ficar um tempo com ela até me estabilizar.

Tudo que havia no apartamento tinha ganhado para fazer propaganda ou avaliar nas suas redes sociais e desfrutava de uma vida bem tranquila.

O dia se encerra, eu estava muito ansiosa, mal consigo dormir.

No dia seguinte pego um ônibus para retornar para Niteroí onde fica a ONG. Eram 1h e 30 de ônibus.

Era cansativo, mas eu precisava desse emprego.

Eu havia me formado em Psicologia em Santa Catarina através de uma bolsa estudantil.

A minha família não podia pagar um curso superior. E psicologia não era um dos mais baratos.

Eu estava com 24 anos agora. Havia trabalhado um pouco na cidade vizinha. Então tinha uma experiência na área.

Mas na minha cidade o salário era muito baixo e abrir um próprio consultório não valia a pena.

Desço do ônibus, atravesso a avenida e começo a entrar na comunidade. Quando chego no topo do morro, perto da ONG, vejo as pessoas me olhando, um clima tenso, quando viro a rua vejo vários homens armados em frente a porta da ONG.

Por medo resolvo voltar para trás, quando dois homens armados com capuz param na minha frente.

- Você não vai a lugar nenhum.

- Anda!

Eles praticamente me levam até a ONG.

- Entre!

Um deles diz.

A Sra. Rita estava sentada a mesa. Vejo que tinha na mesa meu curriculo e meu contrato.

Ela me olha séria.

Um rapaz de cabelos longos preto com luzes cor de mel, forte, falava ao telefone.

- Isso Olum (morte) "

- Carolina Rosa.

- 24 anos Sr.

- Ok!

Ele desliga o telefone.

Balança a cabeça dizendo não. E vai embora.

A Sra. Rita fica vermelha e sem jeito.

- Querida sinto muito, mas não poderei contrata - la.

- Mas porque? Fiz algo de errado?

- Não querida. Eu sei que precisa do trabalho. Mas o Dono do Morro quem manda em tudo aqui. Ele quem entra e quem sai, quem vai e quem fica.

E ele não aceitou. Desculpe.

Você precisar ir embora. Ou vai sobrar para mim.

- Boa sorte!

- Sra. Rita. Como é o nome do Dono?

- Ninguém sabe, só chamam ele de "Olum".

- Vou falar com ele.

- Não querida. Não faz isso. Ele é cruel e louco.

- Ele pode mata - la.

- Por favor, vá embora é o melhor para todos.

Que absurdo. O que era isso.

Eu desço o morro pensando. Eu precisava dessa oportunidade.

Chego no apartamento chateada.

Kel havia saído.

Procuro outras vagas de trabalho, mas não aparece nada.

O que eu ia fazer precisava do emprego.

Me lembro que eu não nasci para ser covarde.

Amanhã mesmo vou falar com esse tal de Olum.

O dono do Morro

Eu acordo, tomo café.

Visto um vestido azul-claro, de ombro de fora.

Uma rasteirinha, pego a minha bolsa e retorno ao morro.

Quando chego ao topo sou parada por um dos seguranças. Se é que posso chamar assim.

- Moça! O que faz no morro.

- Sua presença não é bem vinda.

- Não estou nem ai.

- Vim falar com "Olum"

- Ha Ha Ha.

- Vai embora moça, você não sabe o que está querendo.

- Não vou, até falar com ele. Se ele quizer que ele venha aqui me tirar.

- Espere aqui!

Ele se afasta e vejo falar no celular.

Logo o mesmo rapaz de cabelo longo de ontem aparece com mais 4 homens.

- Ela está ali Thor!

Diz o rapaz

- Carolina certo?

- Sim!

- Vá embora o Dono do Morro não atende ninguém.

- Eu não vou. Eu estou aqui lutando pelo meu direito de trabalhar. Eu sou competente, e ele me impediu, sem nem saber quem eu sou.

- Você está enganada Srta.Você que não sabe com quem está lidando. Estou falando como amigo, vá embora antes que ele arranque a sua cabeça, como faz com todos os inimigos.

- Thor né?

- Isso. Não sei o que você é desse Olum. Mas eu preciso desse trabalho. Se não conseguir eu estarei morta da mesma forma. Então preciso morrer por ele. Será menos vergonha para a minha família.

- Agradeço o seu conselho, mas não estaria aqui, se realmente não fosse preciso.

Thor se afasta e fala ao celular.

Ele se aproxima.

- Ele concordou.

- Venha!

Seguimos por umas vielas bem estreitas, subimos algumas escadas e me deparo com um portão preto todo fechado. Em uma das várias casinhas de 3 andares irregulares.

Havia senha para entrar. E tinha cameras em todo canto.

Quando entro o lugar é lindo. Uma mansão dentro do morro. Por fora parecia que era mais casas como as outras. Mas era apenas uma fachada.

Tinha um jardim, uma piscina enorme e uma moto preta grande de luxo.

Entramos por uma porta, era a sala e sou levada até o final do corredor.

Thor bate na porta.

- Entre!

Um segurança me revista e olha a minha bolsa.

Eu entro e a porta é fechada. Ele estava sentado atrás da mesa virado de costas no computador.

Uma luz fraca no abajur iluminava um pouco.

- Sente - se Srta.

Sua voz era forte e demonstrava poder.

Eu me sento.

Ele se vira.

Eu quase desmaio. Como Olum era lindo, moreno, forte, alto, seus olhos eram negros, cabelo bem preto, liso e de lado.

Um cavanhaque que lhe dava um charme.

Cheiroso, seu perfume inundava o escritório.

Na faixa dos 34 anos, decidido e bem seguro de si.

Ao vê - lo estendo a mão para cumprimenta - lo.

Ao invés de retribuir ele leva a mão direita ao seu peito e acena com a cabeça.

- O que uma patricinha faz no morro?

- Quer que eu acredite que você precisa de um trabalho, sendo que você mora no Leblon. Área nobre.

- Eu não sou patricinha. Uma amiga modelo está me ajudando e me permitiu morar com ela.

- Kelly Bittencour.

- Como sabe?

- Eu sei tudo Srta.

- Não sou o Dono do Morro à toa.

- Quer saber o que mais eu sei...

- Você tem 24 anos, veio de Santa Catarina no Rio Grande do Sul.

- Seu pai é o Sr. Antônio Rosa, sua mãe a Sra. Margarida Rosa (flor duas vezes), o seu irmão mais velho é o Jhonatan Rosa.

- O seu pai é Suinocultor, e sua mãe costureira.

- Estudou na UNFSC.

- Seu irmão é noivo da Fernanda Shinaider.

- Tirou a primeira habilitação aos 18 anos, na categoria AB. E nunca levou uma multa. Ou você não dirige, ou dirige muito bem.

Eu estou de boca aberta. Ele sabia tudo sobre mim.

- Eu sei ainda muito mais.

Diz ele como se lêsse os meus pensamentos.

- Seu pai sofreu um acidente sério quando construia um novo galpão para ampliar a criação de porcos. E está numa cama sem poder andar a cerca de um ano.

Meu olhos começam a escorrer.

Tento conter as lágrimas, mas não consigo.

- O seu irmão assumiu os negócios por enquanto. Mas sei que estão com muitas dividas e sem poder manter o tratamento correto para seu pai se recuperar.

- Sei também que você esconde alguma coisa da família. Me conte Carolina?

- Quem é você? Que merda você faz para saber tudo sobre mim.

Ele sorri com superioridade.

- Última chance Carolina. O que eu ainda não sei?

Realmente tinha uma coisa, mas eu tinha vergonha de falar.

- Nada.

- Sei que está mentindo. E por falar nisso. Você mente muito mal Srta.

- Me diga o que é?

Insiste ele.

- Não é nada.

- Vá embora. Não quero você no meu morro. Não convivo com mentirosos.

- Thor!

Ele chama.

Thor abre a porta.

- Sr?

- Acompanhe a Srta. Carolina.

Diz Olum

- Não por favor. Espere.

- Vamos Srta.

Diz Thor.

- Espere Thor.

- Death me dá uma chance.

Ele nem me olha.

Eu me levanto.

- Srta venha. Não me faça tira - la a força.

Diz Thor.

- Olum é sério. Por favor.

Eu digo.

Ele continua sem me olhar. Mexendo em um “tablet”.

Um dos homens entra no escritório e me puxa pelo braço me jogando no chão.

Olum levanta com tudo da cadeira.

E corre na minha direção.

- Venha!

Ele estende a mão.

- Desculpe a grosseria do meu colaborador.

Ele olha para ele com raiva.

Em segundos Thor some com o funcionário.

Eu coloco a mão no tornozelo, eu havia torcido na queda.

- Está doendo?

Ele pergunta.

- Sim, acho que torci.

- Vamos tentar levantar. Eu te ajudo.

Ele me apoia, mas ao colocar o pé no chão sinto muita dor.

- Ai!

- Calma se sente.

Eu me sento.

- Thor!

Ele grita!

Thor entra.

- Frank está ai?

- Vou ver Sr.

- Obrigado!

Ele se afasta e pega um copo com água.

- Tome Srta.

Eu bebo.

Estava doendo, eu comecei a chorar com a dor.

Ele pega um lenço de papel.

- Carolina está doendo tanto assim?

- Claro que não. Eu sou uma mentirosa lembra.

Digo com raiva.

Ele respira fundo.

- Desculpa. Está sim.

Ele segura e minha mão.

Quando ia se afastar para pegar mais lenço de papel eu seguro a sua mão.

- Olum desculpe, eu...eu devo para um agiota.

- Ele paralisa. Por que?

- Meu pai precisou de um medicamento bem caro. Eu não tive escolha. Agora tenho essa divida. E se eu não pagar ele vai me matar. Por isso vim para aqui. Para me esconder e ter a chance de pagar a divida.

- Eu tenho vergonha por isso, mas realmente precisei. Minha família não sabe. E agora meus pais precisam de ajuda. Por favor não me faça esse mal.

- Qual o valor da divída?

Se eu pagar até segunda é 80 mil reais.

- E se não pagar?

- 180 mil por mais 15 dias. Depois pago com a vida.

Digo de cabeça baixa.

- Eu preciso de uma pessoa como você na minha equipe. Vou te dar uma chance. Eu pago a sua divida agora mesmo. E te dou mais 200 mil para ajudar a sua família.

- Eu posso pensar e dizer depois, a dor não me deixa pensar agora.

Ele sorri.

- Claro, que grosseria a minha.

O tal Frank entra.

- Sr?

- Frank pode dá uma olhada no pé da Srta. ela torceu.

Ele apalpa.

- Ai!

Quando movimenta o pé, eu dou um grito.

- Aiiiii!

E as lágrimas escorrem.

- Sr. ela precisa de um hospital. Ela parece ter quebrado.

- Como assim?

Eu pergunto.

Death fecha a cara.

- Obrigado Frank.

- Vou pedir para a levarem ao hospital particular aqui próximo.

- Não se preocupe eu pago. A responsabilidade é toda minha.

- Eu já volto.

Ele retorna minutos depois com uma mulher, um pouco mais velha que eu.

- Carolina essa é a Michelle. Ela vai te acompanhar.

Olum me leva no colo até o carro. Um motorista e Thor acompanham a gente.

Chegamos no hospital Thor vai até a recepção paga e já sou levada na cadeira de rodas até o médico. Tiro raio - x e realmente havia fraturado o osso do tornozelo.

Colocaram gesso e tinha que ficar 15 dias sem pisar no chão.

Retornamos para o Morro. Durante todo o tempo Michelle não disse uma palavra comigo. Era como se eu estivesse sozinha. Já com Thor ela ria e brincava. Era nitido que ela não gostou de mim.

Me levam para o escritório.

Logo Olum entra com aquele cheiro de banho tomado, secando o cabelo com uma toalha.

Sem camisa de calça jeans e chinelo.

Ele tinha uma tatuagem da costela até o quadril.

Não conseguia tirar os olhos.

- Gostou do que viu Srta?

- Linda tatuagem!

Eu digo. Tentando disfarçar porque era o corpo dele que havia chamado a atenção.

- Já disse que você não sabe mentir.

Ele se aproxima e me mostra a tatuagem de perto.

Era uma Hamsá (mão de Fátima) com a Zulficar (espada de Maomé). Com várias escritas que eu não sabia identificar. A tatuagem era muito bem feita.

- E você Srta. tem alguma?

- Tenho um "Psi", simbolo da psicologia, de origem grega. É a vigésima terceira letra do alfabeto.

. É bem pequena tem 5cm.

- Posso ver?

- Pode mas não agora. Fica na costela e eu estou de vestido.

Ele sorri.

- É só levantar.

Diz ele piscando.

- Eu preciso ir embora Olum.

- Com esse pé machucado. Não mesmo e sei que a sua amiga Kelly está fora do país essa semana. Você precisa de ajuda.

- Como você sabe tantas coisas?

Pergunto intrigada.

- Vou pedir para a Michelle arrumar o quarto de hospede para você.

- Não, eu não quero incomodar.

- Eu me viro.

- Não é uma opção Carolina. Você não vai sair e acabou.

- Isso é um sequestro? Cárcere privado? É o quê?

Digo fazendo cara feia.

- Ah que fofa tentando ser má.

- Faz assim!

Ele coloca o telefone na minha frente.

- Ligue para a polícia e diga que você está pressa aqui. E espere eles virem te buscar.

Mas já aviso, você vai cansar de esperar.

Ele pega o celular e faz uma ligação

- Michelle traga o meu jantar e o de Carolina. E arrume o quarto de hospede ao lado do meu para Carolina.

Pouco depois ela entra sorrindo para ele e sem olhar para mim.

- Aqui o jantar. O quarto já está pronto.

- Obrigado.

Ela fica parada sorrindo para ele.

- Pode ir Michelle.

Ela sai.

Ele come com a mão direita. Enquanto eu usava um garfo.

Nossa refeição tinha pão, grâo de bico, arroz com frango, e carne assada.

Comemos em silêncio.

- Gostou da refeição?

- Sim! Obrigada.

- Vem. Vou te levar para o seu quarto.

Ele me pega no colo, eu passo o braço sobre o seu pescoço e encosto no seu peito.

Entramos no quarto, ele coloca-me na cama.

Eu tenho um pijama novo aí penso que vai te servir.

Tem o banheiro. Precisa de ajuda para tomar banho?

- Não. Você me arruma uma sacola grande. Por favor.

- Vou buscar e já volto.

Ele sai, logo retorna trazendo a sacola.

- Deixa eu por no seu pé.

Ele coloca.

- Pronto.

- Obrigada.

Ele me ajuda a levantar e apoia-me até o banheiro.

- Boa noite! Carolina.

- Boa noite! Dono do Morro.

Digo com ironia

Ele sai.

Tomo meu banho, me troco, tomo os remédios e apago.

Batendo de Frente

"Toc, Toc"

- Entre!

- Bom dia! Carolina. Como você está?

Pergunta Olum.

- Bom dia! Olum!

- Sinceramente eu apaguei, penso que foram os remédios.

- Que bom! Pelo menos recupera as energias.

- Eu lhe trouxe essas duas moletas para te ajudar a andar. Vou mandar lhe trazer o café da manhã.

- Após comer precisamos conversar, por favor venha até o escritório.

- Combinado.

- Com licença! Até já!

Diz ele saindo.

Para um homem que tinha como vulgo (apelido) o nome OLUM (que traduzido era MORTE). Ele era educado e gentil demais. Seu apelido não fazia jus ao que ele me transmitia.

Outra mulher me traz o café da manhã.

Café com leite, pão com mussarela, presunto e tomate, três pães de queijo, melão cortado e uma fatia de bolo.

Ela usava uniforme eu deduzi que era a cozinheira. Ela apenas pediu licença, colocou a bandeja e saiu.

Não pude nem perguntar.

Tomei o meu café e como combinado fui até o escritório.

Bati na porta.

- Pode entrar!

Eu abro a porta. Olum conversava com Thor e outro homem.

- Com licença.

- Bom dia Thor!

- Bom dia moço!

- Bom dia Carolina. Está melhor?

Pergunta Thor.

- Sem dor. Mas não poder andar é bem ruim também.

- Sem dúvida.

Responde Thor.

- Chefe então é isso. Vamos indo.

- Ok Thor.

- Tchau Carolina.

- Tchau!

Eles fecham a porta.

- Sente - se.

Eu me sento.

- Bom eu vou logo ao que interessa sem rodeios.

Vai aprender que sou bem direto e objetivo.

- Paguei a sua dívida com o agiota Francisco.

- Espera? Como sabe quem é? Eu não lhe disse e, porque já pagou. Eu não disse que aceitaria.

Ele sorri.

- Eu paguei 25 mil.

O que era justo. Ele te emprestou 20 mil ainda dei 5 mil de juros. Está ótimo. 80 mil era mais que um roubo.

- E ele aceitou assim?

- Digamos que ele não teve escolha. E que ficou feliz com a minha generosidade.

- Sua mãe recebeu os 200 mil. Em seu nome é claro. E mais um adicional de 50 mil para seu pai iniciar o tratamento.

- Espera! Ela vai pensar que fiz algo errado. Como arrumei tanto dinheiro.

- Você acha que sou amador? Disse que arrumou um emprego que paga bem. E o banco lhe emprestou. Mas que ela não se preocupasse. Pois com seu salário você pagaria sucegada e ainda podia adiantar outras parcelas e terminar com a divida rapidinho. Ela agradeceu.

- Ela é uma Sra. muito simpática.

- Você falou com ela?

Pergunto surpresa

- Não Carolina. Você falou.

- Como assim? Não entendi.

- Você realmente é ingênua ou está se fazendo?

Eu fico calada.

- Bom Srta. Agora você trabalha para mim.

A menos que você queira pagar o meu investimento. Que atualizado está no valor de 600 mil.

Eu me levanto irritada.

- Como é? Você é louco!

Ele não faz nenhuma expressão. Eu não sabia dizer o que ele estava pensando ou sentindo.

- Você disse que era um roubo pagar 80 mil e está me dizendo que lhe devo 600 mil. Que merda é essa?

- Primeiro olha essa boca! Não lhe desrespeitei e você não vai falar assim comigo.

- Segundo eu disse que era um roubo EU pagar 80 mil.

- Terceiro quero lembra - la, que você me procurou pedindo ajuda. Eu ajudei, agora você me deve simples assim.

- Você tem 15 dias para me pagar, ou começa a trabalhar para mim sem reclamações.

Agora sai do meu escritório. Você tem até amanhã para decidir.

Eu fico parada olhando para ele, sem acreditar.

Como eu fui ingênua. Ele era sorateiro e ardiloso.

Eu me levanto e vou indo em direção a porta. Queria correr mas esse maldito gesso não deixava.

- Só mais uma coisa Srta.

Eu me viro para olhar.

- Diferente do tal agiota. Eu não vou mata - la.

Mas mato o seu pai, sua mãe, seu irmão, sua cunhada e até a sua amiguinha. Assim enquanto você viver vai se lembrar de mim.

Meu olhos enchem de lágrimas. Eu sabia que as suas palavras eram verdadeiras.

Ele volta a mexer em algum papéis.

- Agora saí.

Eu me viro e volto a andar.

E saiu pela porta com os olhos cheios de lágrimas.

Encontro Thor no caminho.

- Carolina está tudo bem?

Eu seco as lágrimas.

- Sim está.

E vou para o meu quarto.

No almoço a mesma Sra. traz o almoço. Mas estou sem fome. A noite ela também traz o jantar, continuo sem fome. E peço que ela leve de volta.

Alguns segundos depois...

"Toc, Toc"

Antes que eu possa responder.

Death entra.

- Você precisa comer!

Eu estava deitada e me viro de costas para ele, me cobrindo.

- Carolina.

- Carolina.

Ele diz em um tom mais firme.

- Não me ignore! Pare de ser mimada.

- O mimado aqui não sou.

Eu respondo em tom baixo.

- Vai comer agora. Eu não vou repetir.

Eu continuo o ignorando.

Ele se aproxima me pega no colo. E vai me levando para fora do quarto.

- Me solta seu troglodita.

- Me solta Olum.

Ele segue no corredor enquanto eu gritava.

- Me larga seu ogro.

Eu batia em seu peito, seu braço.

Alguns dos seus homens aparecem. A Michelle e as mulheres da cozinha também.

Quando ele grita:

- Cala a boca!

Todo mundo olha para ele.

Como se ele tivesse perdido todos os limites.

Ele respira fundo.

- Se você gritar mais uma vez Carolina. Eu juro que vou te machucar.

Ele diz em um tom sereno, recuperando a autoridade.

- Sr. posso ajudar com alguma coisa?

Pergunta Thor tentando amenizar as coisas.

Ele me coloca no chão.

- Se certifique que Carolina vai jantar. Nem que você precise empurrar comida pela garganta dela.

- Sim Sr.

Ele retorna para o escritório.

- Venha Carolina.

Eu o acompanho, sento na mesa. Me trazem outro prato.

Eu como um pouco da comida.

- Carolina pare de enfrenta - lo. Você sempre vai perder.

- Thor as coisas não são assim. Ele quer controlar tudo.

- Quer e você tem duas opções: aceitar e viver bem ou perder tudo e todos.

- Você precisa entender que ele é o Dono do Morro.

- Você tem mais a ganhar se aliando, que virando inimiga.

Eu termino de comer e retorno para o meu quarto.

Tomo um banho e me deito para dormir.

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