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O Sabor Do Pecado

Padre Max.

Subo no altar da igreja como todos os domingos para pregar a missa, hoje iremos falar sobre os pecados da carne.

Sim, o pecado que derruba o homem fácil, tanto fazendo coisas proibidas perante os olhos de Deus, quando as que são "permitidas" diante dos homens.

Mas, o que os homens não jugam, muitas vezes é abominação aos olhos de Deus, e o homem que os prática, tem que pedir perdão a Deus, ou não terá a salvação eterna.

Estou a mais de um ano nessa igreja depois que o Padre João morreu. Ele foi assassinado por uns vândalos que tentaram roubar as ofertas da igreja.

A igreja fica localizada no Rio de Janeiro, na entrada do morro do Jacaré. Muitos respeitam a Deus e o seu templo, mas muitos não ligam muito, só querem saber de dinheiro para poder usar suas drogas.

Roubam quem tiver que rouba para matar seu vício ridículo. Não me incomodaria se eles prejudicasse somente a eles, mas tem que prejudicar os outros também, pois quem eles roubam, as vezes tem menos que eles no bolso.

Todos os custos aqui são pagos pelos fies que vem para a missa todos os finais de semana, aos domingos para ser exato, mas sempre tem umas que dão mais que as ofertas, muitas vezes encontro dinheiro que eu nem sabia que tinha guardado.

Começo a pregação, e percebo que durante a missa, muitas mulheres me incomodam, pois elas transmite a pura luxúria em seus olhos ao me ver.

Seus olhos brilhantes de puro desejo, e posso acreditar que estou no sonho mais perversos de todas elas.

Tento não demostrar nenhum tipo de interesse, para que não me condene sobre o pecado da carne. Pecado esse que eu não irei cometer. Me tornei aquilo que era minha salvação, e assim eu serei até o dia que Deus querer me levar.

Nenhumas delas já me viu sem a batina, mas mesmo assim no confessionário, escuto seus desejos sexuais mas pervertidos que um homem poderia escutar.

Elas se abrem comigo para falar de tudo, e quando eu digo tudo, é tudo mesmo. Isso porque elas sabem que eu não posso contar a ninguém sobre o que elas me confessam.

Mas, na maioria das vezes, nas suas confissões, elas me colocam no meio, como se fosse um sonho, e se eu não interromper, elas acabam contado cada detalhe.

Até eu me benzo ao ouvir as suas palavras, pois desde quando Deus criou o universo, a carne sempre domina o espírito, pois os homens assim o permiti.

Se um casal prestasse mais atenção a seus companheiros, não existiria traições, e todos seriam felizes em seus casamentos.

Uma das coisas que eu escuto, é sobre o homem não satisfazer a mulher na cama, não a fazer gözär, ou não dar um sexo oral por ter nojo da sua própria mulher.

Sim, são esses tipos de confissão que eu escuto, e no final elas me perguntam como eu faço uma mulher feliz na cama.

Acho que elas não perceberam que eu sou um padre, e que eu não me deito com mulher nenhuma.

Esse é um tabu muito grande, pois a maioria das pessoas pensam que um padre sempre se deita com as freiras, mas, eu garanto que não é assim. Pois tanto o padre quando as freiras precisam se manter puro para que seus corpos seja digno do espírito santo.

Mas, quando eu digo que nunca fiz isso, parece que eu ligo elas na eletricidade, pois elas ficam mais assanhadas ainda por encontrar um homem virgem em pleno século 21 com 26 anos.

Muitas são os pecados da carne, como prostituição, impureza, idolatria, feitiçaria, ciúmes, discórdias, inimizades e traições. Todas essas obras são letais, condenam a alma do pecador ao inferno. Mas eles parecem não se importar tanto com isso, já que eles só pensam em viver o agora.

Mas Deus disse em seus mandamentos, para não guardar tesouros aqui na terra, mas eles fazem exatamente o oposto, não ligando para sua salvação.

Esses pecados que eu citei, destroem famílias, amizades, relacionamentos e a intimidade com o Senhor. Portanto, se as escolhemos, não há outra recompensa senão a corrupção e a morte. Em outras palavras, está condenando a sua alma ao diabo.

Explico tudo isso durante a missa, muitos parecem não se importar muito com as minhas palavras, mas quero que todos entendam que isso é prejudicial.

Uma vez um homem casado, deixou sua esposa em casa e veio pedir a benção de Deus com a sua amante.

Deus não abençoe esse tipo de relação, o certo seria ele se divorciar primeiro de sua esposa, para depois pensar em arrumar outra.

Mesmo que isso não pareça, isso é abominação aos olhos de Deus, afinal, está escrito na bíblia que cada homem terá a sua mulher, e cada mulher terá o seu homem, mas eu não sei mais o que fazer para que eles entendam isso.

Bom, termino a missa e vou para minha salinha como eu sempre faço, pois se eu ficar na igreja, todas vão querer chegar perto de mim, e vai querer me cumprimentar.

Assim que chego na porta, eu digo para as feiras não permitir a entrada de ninguém, que é para dizer que eu estou indisposto, ou elas invadem aqui dentro. Já aconteceu algumas vezes, por isso eu já mando avisar que não é para entrar.

Retiro minha batina e a coloco cuidadosamente no cabide e me sento na minha cadeira. Eu preciso esperar todos saírem da igreja para que eu possa sair da minha sala sem problemas.

Mais ou menos uma hora depois a igreja está limpa sem ninguém. Uma das freiras bate na porta e entra. Ela me entrega um papel com vários nomes para se confessarem amanhã.

Deus, me livre dessas pecadoras que me desejam tanto, faça elas desejarem a seus próprios maridos e que seus olhos me errem.

Me levanto colocando o papel dentro da gaveta e saio da minha salinha, tenho algumas coisas a fazer. Principalmente, cuidado dos seres vivos que são abandonados por aqueles que deveria amar e cuidar.

Vou para os fundo com um prato de comida. Como eu sei que tem cachorro na porta da igreja, eu junto tudo e misturo com a ração que doaram para eu dar para eles.

São 22:00 das noite, e eu começo a chamar os cachorros para alimenta-los. Vejo numa menina correndo no meio da rua, parecendo muito assustada, ela chega me abraçando.

— Padre, por Deus me ajuda, eu imploro que me deixe entrar na igreja...

Tiro as mãos dela de mim, e a mando entrar, esperto que ela não me trague problemas.

Quem é ela?

Padre Max

Mando ela entrar e falar com a irmã Maria para esconde-la na minha sala, lá é um bom lugar para ela ficar, caso eles venham perguntar por ela e querer revistar a igreja.

Mas, assim que ela entra e fecha a portinha, um carro preto passa pela igreja, eu me abaixo para colocar a comida no pote para os pets, e fico olhando para eles pelo canto dos olhos, não demonstrando que vi nada.

Eles passam bem de vagar, e param um pouco, e me chamam duas vezes até que eu responda.

— ei padre, viu uma garota correndo por aqui? — ele fala em tom de zombaria, como se fosse impossível eu não ver alguma correndo na rua.

Deus, me perdoe pela mentira, mas ao ver o carro cheio de homens, eu já imagino o que eles querem fazer com ela, e isso é uma abominação, já que ela parece uma menina, e eles um bando de marmanjo escroto.

— ela passou correndo, para lá, mas não sei para onde foi depois disso. —Falo apontando mais para frente com a .ao que estou segurando o pote, eles olha para a direção, e volta a me perguntar:

— tem certeza padre, ela é uma garota que chama muita atenção, não tem como o senhor não ter olhado bem para ela, se bem que dizem que padre é capado, isso é verdade?

Ele começa a dar risada, e o motorista da um cutucão nele, e diz que eu sou padre, e padre não repara em mulher dessa forma. Se eu fosse um homem vulgar, tiraria a dúvida dele sobre padre ser capado.

O que falou de mim, está mais que certo, pelo menos um deles tem a noção da vida. Não respondo mais nada, não preciso ficar inventando histórias, uma mentira já basta, e quando você começa, parece que não para mais, então, melhor é eu me calar.

— então valeu Padre, domingo nós tá aí na missa ta ligado, mas ó, deixa eu mandar o papo, o bagulho é o seguinte, se a mina vier aí pedir ajuda, liga para nós, pois ela é nossa, ela é do comando tranquilo?

Não suporto essas gurias malucas, a pessoa tem a condição de estudar em uma escola pública, sem pagar nada para aprender a falar direito, não sei pra que estragar tanto o português dessa forma.

O mais engraçado de tudo, é que dinheiro para sustentar as drogas e toda sua ostentação eles tem, mas não tem para uma educação, para falar como pessoas civilizadas.

Eles ainda olham para a porta da igreja, talvez pensando que eu não esteja falando a verdade, mas quem não confiaria em um padre? Me sinto até mal por isso, mas sei que foi por uma boa causa. Então, eles seguem caminho, sem olhar para trás.

Bato a mão no pote para sair todo o alimento, e nessa hora vem os doguinhos para comer. E eles comem em desespero, como se essa fosse a única refeição do dia.

Todos os dias nesse mesmo horário eu trago comida para eles, mesmo que eu não tenha a ração, eu dou o que comemos. Sei que não é bom dar comida de gente, mas pior é eles ficarem com fome. E sei que se eu não der, será mais um dia que eles passaram com as costelas aparecendo, e a barriga roncando.

Espero eles terminarem de comer, e eles comem tudo, lambendo o pote. Acaricio as suas cabeças, muitas pessoas passam por eles e nem os notam, como se fosse nada, como se fosse um lixo a ser deixado lá no canto esperando que o lixeiro os leve embora.

Mas para Deus, todos são seres vivos, os animais são tem maldade igual os homens e é isso que eu mais gosto. O amor deles é verdadeiro, não tem falsidade, e nem ganância. Não fazem mal a ninguém.

Assim que eles terminam, eles começam a se aconchegar para dormir no pano que eu coloquei para que eles não tenham que dormir no chão frio, e entro na igreja.

Eu preciso saber do porque aqueles caras estavam atrás dela, quem ela e onde mora. Ela parece uma menina, seus pais devem está preocupados procurando por ela.

Vou até a salinha e vejo a menina sentada com seus cotovelos em cima da perna, e suas mãos no rosto, chorando em desespero, bate uma pena, e só de imaginar o que ela iria passar, me dá um aperto no peito.

— agora você pode me contar o que está acontecendo, porque estava correndo, e quem são aqueles caras.

Ela se assusta dando um pulo na cadeira, ela me olha firme com seus olhos vermelhos cheios de lágrimas.

— por favor, me deixe ficar somente essa noite aqui padre, eu juro que amanhã eu vou embora, não vou arrumar problemas para o senhor, eu juro, mas eu não posso voltar agora, eles vão me pegar e... E... — Ela volta a chorar mais forte dessa vez, sem me aproximar, vou olhando para ela, seus traços são bem delicados de uma menina mesmo.

E pela primeira vez sinto aquele desejo de proteger alguém de todo mundo, pois ela está com tanto medo, que seus olhos chegam a saltar para fora, seu corpo todo está trêmulo, da pra ver sua respiração ofegante. Nunca vi alguém dessa forma antes. Então, decido que ela fica, já que está muito tarde para mandar ela ir embora.

— pode ficar essa noite, vou falar com a irmã Maria para te colocar em um dos quartos aqui da igreja, mas, eu preciso saber de tudo que passou, e não me esconda nada, pois mesmo que você minta para mim, Deus está vendo tudo lá de cima.

Conversamos por mais um pouco, tento descobrir o porquê ela está aqui, e ela vai contando em detalhes cada coisa que lhe aconteceu.

Cada palavra dela é como uma facada, não entendo como uma mãe pode fazer uma atrocidade dessa com uma filha, não entendo o porque vender a filha de tal forma.

Eu tento acalmar ela com as palavras de consolo, mas ela está com tanto medo que eu a mande embora, que sempre fala comigo em súplicas. Mas, o pior acontece.

Ela se levanta e vem me abraçar, eu não abraço ninguém, não gosto que ninguém me toque.

Abro os meus braços para não tocar nela, ela demora mas percebe que eu não estou retribuindo o abraço.

— descubra padres eu não devia...

— saia daqui... Agora.

Elas sai correndo, tropeçando em seus pés. Retiro a camisa que ela me abraçou e coloco ela na cesta para lavagem e pego outra no armarinho que eu tenho aqui na sala.

Odeio quando isso acontece, odeio abraços de pessoas. Odeio.

Isadora Alves.

Isadora

Estou deitada na minha cama, revisando o material escolar, feliz da vida por ter terminado os meus estudos. Até ver minha mãe me olhando de uma forma diferente. Da um medo enorme dela quando ela começa me olha desse jeito.

— Isadora, preciso que você vá lá no morro, o Igor está devendo na boca, e está sendo ameaçado de morte, e seu corpinho é a moeda de pagamento, então dê o que eles pedirem para quitar a dívida.

— não vou vender o meu corpo para pagar uma dívida que não é minha, se o Igor está devendo os traficantes, ele que se vire para pagar.

Ela vem para cima de mim, com um olhar mortal, parece que eu xinguei ela. Ela gruda nos meus cabelo puxando para trás com força, como se fosse arrancar, e fala entre os dentes que não está me pedindo nada, que está mandando.

A dor é tão forte, pois ela está puxando bem no couro cabeludo, com isso eu me ajoelho, e digo pela força da dor que eu vou.

Ela me solta me chamando de boa menina, e com um olhar mortal, manda eu ir para o banheiro tomar um banho e colocar a roupa que ela deixou em cima da cama dela.

Vou até lá, e quando eu olho a roupa, sinto até um nojo de me ver vestida naquilo. Eu nunca deixei homem nenhum me tocar, porque Deus, porque esse castigo comigo?

Eu nunca desrespeitei ninguém, sempre fui uma boa filha para ela, e olha o que ela quer fazer comigo, me vender para o traficante como se eu fosse um objeto.

Uma escrava sexual. Dizem que a cadeia a mesa de droga sãos os cigarros, e é assim que estou me sentindo agora, uma coisa que não vale nada.

Muitas mães sentiram orgulho da filha, mas ela? Ela que me ver sendo um putä, uma marmita de traficante.

Olho para a janela, e penso se vou ser refeição de bandido para o resto da minha vida, ou vou atrás da minha liberdade, e ter a vida que eu quiser.

Só que eu só tenho 17 anos, onde eu estiver, ela vai atrás de mim, e a lei vai permitir que ela me traga de volta para casa. Mas, não custa tentar, não vou pagar dívida de ninguém.

Então, eu pego a minha bolsinha que contém os meus documentos, assim não serei uma indigente andando por aí, e pulo a janela do quarto.

Passo pelo pelo beco fedido, aqui o córrego é a céu aberto, e quando bate um vento, o cheiro podre sobe, e não tem quem aquente.

Tampo o meu nariz e saio correndo, sem destino nenhum, vou deixar que Deus me guie para algum lugar que eu possa ficar segura.

Mas, na hora que eu saio do morro, pisando no asfalto, vejo o carro do rei, ele buzina para mim, e eu percebo que ele já sabe que eu serei a sua moeda de troca.

Atravesso a rua, e começo a correr entre os beco, aqui ele não vai consegui entrar de carro, e eu vou seguindo reto, olhando para trás sempre, para ver se ele está vindo atrás de mim, e tem um deles vindo correndo.

Mas quando eu olho para frente, eu caio em um buraco, e sei que esse é o meu fim.

— te peguei vadiä, agora não poderá mais escapar, pagará pelas dívidas do seu irmãozinho.

Sua voz está ofegante, e o bafo da bebida e maconha me deixa enjoada.

— não por favor, não faça isso, eu não tenho nada a ver com isso.

Pelo horário, não tem ninguém na rua, quase 22:00 horas, em pleno domingo, e eu aqui, sendo atacada por um nóia.

— cala a boca porrä, no final você ainda vai me pedir mais, não tem nada nessa vida que seja melhor que isso, você vai adorar.

Ele começa a tentar tirar minha roupa, mas eu luto, luto com todas as minhas forças impedindo esse ato de violar o meu corpo.

Deus, me ajude, não permita que ele consiga me machucar, me ajude que eu consiga sair dessa. E com esses pensamentos, me aparece uma luz, e eu resolvo agir.

Passo a mão pelo chão, e consigo pegar uma pedra, sem esperar mais nada taco na cabeça delecom tudo.

— ahhhhh sua vagabundä...

Em seguida, dou uma joelhada na sua parte íntima, e assim ele sai de cima de mim. E enquanto ele fica se recuperando, eu me levanto e corro o máximo que eu posso.

Assim que eu atravesso a favela, vejo o morro do jacaré, sei que eles não vão entrar lá, e essa é a oportunidade, eles não se dão, vivem em guerra um com o outro, alemão e jacaré é guerra eterna, e sei que vou poder me esconder lá.

Minhas pernas já não aguenta mais eu já estou tão cansada. Minha boca está seca, e o medo me assola por ouvir o barulho do carro, medo de ser eles, e me levarem embora.

Ainda mais depois de machucar um deles, sei que isso custará muito caro para mim.

Atravesso a rua correndo, e consigo ver um igreja com as portas fechadas bem no comecinho do morro, mas à um homem ali na porta dando comida aos cachorros, e espero que ele seja bondoso comigo.

Peço ajuda a ele o abraçando, mas ele me tira do seu corpo, e manda eu entrar, e procurar por uma irmã chamada Maria.

Assim que vejo a freira, digo a ela o que ele mandou ela me ajudar, ela me leva até uma sala, e me dá um pano para que eu me cubra, já que minhas roupas ficaram um pouco rasgadas. Olho ao redor e vejo a batina de um padre, eu pedir ajuda de Deus, e ele me ajudou, me mandou para sua casa.

Começo a chorar agradecendo a Deus, e fico imaginando o que aconteceria comigo se eu não tivesse vindo para cá. A cenas passa na minha cabeça do cara tentando abusar de mim, e tudo que passei hoje.

Depois de um tempo o homem aparece, fazendo perguntas, pulo com o susto, e conto uma parte da história para ele, tenho medo de contar tudo, e ele acabar me mandando embora por ter traficante atrás de mim.

Respondo sua pergunta com medo, ele não se aproxima, mas vejo em seus olhos que ele está com pena de mim.

— você é um padre?

— sim, eu sou o padre Max e você como se chama?

Medo de contar a ele meu nome verdadeiro e ele mandar a minha mãe vim me buscar. Meu Deus, te peço mais uma ajudinha aqui.

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