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Por Favor, Me Aceite De Volta Esposa

A Proposta

Como o próximo chefe da máfia Rússia, o meu casamento foi por puro negócio. O patriarca da família, meu avô decidiu tudo sem sequer me consultar antes de fazer a proposta do casamento.

As negociações começaram com a família rival, cujo perdia território para outro grupo maior. A maior rede de vendas de armas clandestinas para os grupos terroristas estavam em apuros.

Por pura ambição foi oferecido como um prêmio em troca de cooperação entre às duas facções. Começando o verdadeiro inferno na minha vida e na vida da inocente Andreia.

— EU NÃO VOU CASAR COM UMA MULHER TÃO HORRÍVEL! — Grito com o patriarca da família na sua sala privada.

— Você fará o que for melhor para nossos negócios ou desiste de assumir o comando da nossa família. — Fala em tom autoritário.

— Pensa que pode controlar minha vida com ameaças? — Retruco enfurecido.

— Seu primo está disposto a se casar com a garota, tenho outras opções, fora você para assumir a liderança da família. Escolha, Boris! Quer ser o novo líder e herdar tudo o que possuo ou ser deserdado por sua recusa? — Diz firme.

Engoli seco minhas palavras, mal acreditando no que está acontecendo comigo.

— Merda!— Digo enquanto ando para os lados na sala de reunião do meu avô, inconformado.

Saí do escritório furioso me deparando com o único amor da minha vida. Anabela, uma linda mulher de cabelos longos loiros, olhos azuis, sempre faz academia pela manhã, deixa qualquer outra para trás. Sou completamente louco por ela, nos conhecemos durante a infância, nossas famílias têm muitos contratos entre eles, o que acabou nos tornando próximos.

O motivo da minha recusa é a nossa paixão platônica, namoramos em segredo por 15 anos. Por nossas famílias estarem em desacordo, devido ao roubo deixado pelo pai de Anabela que transferiu parte do dinheiro do pagamento das dívidas com os bancos para sua conta pessoal.

A dívida continua crescendo e os negócios dele falindo. Meu avô que só pensa em dinheiro está os afastando gradualmente, consegui manter a relação durar, mas isso está prestes a acabar.

— Como foi a reunião? — Anabela pergunta no meio do corredor que dá acesso ao meu quarto.

Olho para ela aflito.

— Casamento. — Respondi com o nó na garganta.

— Seu avô vai fazer a proposta para meus pais? — Pergunta alegre.

— Não. O velho arrumou outra noiva que nem conheço o rosto. — Digo irritado por está sendo forçado.

— Pensei que nossas famílias fossem amigas, depois de tantos anos juntos. — Fala decepcionada.

— Não sei o que deu nele. Realmente não entendo sua cabeça, estava indo tudo para o rumo do nosso casamento. Por que ele mudou de ideia de repente? — Coloco meu rosto no seu ombro procurando pelo seu doce cheiro tentando compreender a mente do velho.

Constatei pela expressão dela o desapontamento, então puxei-lhe num abraço caloroso.

— Eu não vou ceder a exigência dele, você é a mulher com quem quero passar minha vida. — Tento lhe acalmar.

— Não brigue com sua família por minha culpa. — Diz com voz docemente triste.

— Darei um jeito de os convencer que você é a mulher da minha vida, é a garota certa para estar ao meu lado. — Beijei sua testa amassando suave seu rosto para lhe apaziguar.

Nos dias seguintes a pressão para tornar o casamento público foi enorme, cortaram meus cartões de crédito, retiraram meus privilégios, até as minhas casas na beira da praia.

Tive de sair da casa principal indo morar num beco sujo com o pouco dinheiro que me sobra. Anabela emprestou alguns dólares para poder me manter, chegando ao fundo do poço.

Se sentindo culpada pelo meu sofrimento mesmo nessas condições horríveis, provou seu amor ficando do meu lado.

— Volte para casa, meu amor.

Estávamos deitados na cama de solteiro do minúsculo quarto, quando sua voz de lamento alcançou meu coração. Pedindo para voltar mesmo que signifique ter de casar com outra.

— Eles vão ceder! — Enfatize com fúria.

— Não vão! Pare de ser teimoso! Estão numa votação para colocar seu primo na cadeira que lhe pertence. Por favor, obedeça e se case com a escolhida do seu avô. — Briga, aflita por saber que posso perder tudo.

— COMO PODE PEDIR PARA SE CASAR COM OUTRA? — Falei irritado.

— TAMBÉM ME DÓI DIZER ISSO! Julga que QUERO QUE ACABE COM SUA VIDA?! — Gritou com raiva e tristeza.

A puxei e abracei-lhe apertado.

— O que será de nós se me casar?

— Vamos continuar com nosso relacionamento escondido, até assumir seu posto e possa pedir o divórcio.

— Isso pode levar anos.

— Não é o meu desejo que seja esposo de outra, mas vou suportar o meu ciúme, enquanto manter distância da outra.

— Juro não tocar um dedo nela.

— Eu te amo, Boris.

— Também te amo, Anabela.

Juntos fomos para a maldita reunião, deter o meu tio que estava a convencer todos tornar seu filho inútil no próximo chefe de comando.

Vários sub-líderes da casa se apresentaram para a votação secreta da retirada da minha cadeira. Pelas regras, o filho mais velho sempre se torna o Patriarca do bando, alguns casos são exceções como a desobediência de cumprir com suas obrigações ou a rejeita total dos seus direitos.

As regras da família são absolutas, assim como as ordens do Patriarca, minha desobediência deu a oportunidade perfeita para meu tio que tanto quis esse posto fazer essa reunião.

— Ele não respeita o patriarca!

Aproximando da sala secreta, ouço a voz exaltada do meu tio.

— Ele está no prazo para se decidir. — Responde meu avô.

— Nem deveria ter estipulado um prazo, esqueceram das regras? As ordens do patriarca são absolutas. — gesticula meu tio.

Tive de invadir a sala para o deter antes que convença os demais.

— Viemos de muito longe para começar uma briga entre nossa família. A posição do novo líder deve continuar como foi no passado evitando disputas desnecessárias. — Fala Benedicto obtendo aprovação dos demais.

— Nem deveria estar presente, não é do nosso sangue! — Aponta em acusação meu tio.

Foi nesse momento que chamei atenção de todos engrossando a voz.

— Não respeito as regras? Quer mesmo entrar nesse assunto, tio? Devo lembrar, pelo qual motivo meu avô ainda está sentado nessa cadeira?

Meu tio olhou para Anabela que estava ao meu lado com desgosto, fulminando de ódio.

— Você o trouxe! — Esbravejou.

— Boris é o herdeiro por direito da casa, nasceu do sangue Russo com italiano, foi treinado para este papel!

Ela se coloca na mira do fogo para me proteger.

— VOCÊ NÃO TEM VOZ NESSE SALÃO! — Grita afoito.

Quis lhe espancar, mas minha mulher segurou minha mão acalmando meu nervo.

— Espero lá fora. — Ela entrelaçou os dedos nos meus, soltando à medida que saia da sala.

— Desculpa por isso. — Sussurro baixo para ela.

— Faça o que for necessário para o fazer engolir suas palavras. — Sussurra baixo para mim.

Após sua saída pude liberar meu ódio deixando o clima pesado, só piorou com a recusa do meu tio em admitir que continue sendo o herdeiro de tudo.

Houve várias discussões e acusações contra mim, colocando o nome da minha amada como tabu da reunião. Tive de morder os lábios várias vezes para não perder o controle.

— Boris, qual a resposta final para a proposta de casamento? Diga na frente de todos, o que falou para meu pai. — Ele insiste.

— Eu não quero casar com uma desconhecida. — Repito sem temor.

— Viu? Lhes Disse! — Empolgado.

— Você não deixou terminar.

— O que tem mais para dizer? É a vergonha da nossa casa!

Levanto em chamas negras.

— Vou casar pelo bem da família! Cumprirei minha obrigação como todos esperam, no entanto, meu desejo é viver com quem amo.

Todos parecem aliviados, respirando mais cômodos. Vendo como mudaram a postura meu tio ficou frustrado querendo de todas as maneiras a cadeira.

— É normal não querer se casar com uma desconhecida. — Fala Benedicto a voz mais considerada pelos sub-líderes.

Benedicto é o único cujo não tem parentesco na associação, onde conseguiu ocupar uma das cadeiras mais importantes. O CEO que comanda várias redes por todo o mundo, fechou negócios milionários fazendo render milhões ao grupo.

Ninguém é capaz de ir contra sua palavra, pois o consideram gênio.

— Todavia ele ainda é jovem, depois da noite de núpcias tudo muda. — Fala um associado em meio a risadas.

Meu avô finalmente abre a boca para falar.

— Tem certeza dessa decisão? — Tom sério.

— Absoluta. — Respondo determinado.

Estou fazendo isso por mim e por Anabela, um dia farei reconhecer o valor da minha escolhida.

— Sendo assim... iremos amanhã propor a família da jovem.

— Pela lei ela deve ser pura, garanta que todos os procedimentos sejam como no costume que tanto meu tio adora. — Falo em provocação olhando para o mesmo que trinca os dentes em ódio.

A reunião se encerrou numa atmosfera nada agradável entre os apoiadores do meu tio, mordendo a língua e o

olhar do meu tio de desgosto. Sei que ele vai causar mais problemas, este idiota nunca desiste de tentar tomar o que não lhe pertence.

— Por que mudou de opinião?

Meu primo Igor veio no meu rumo para argumentar.

— Lhe, devo satisfação?

— Cuidado, irmão. Não quero que estrague a sua vida.

— Do que está falando?

— Está claro que só agiu dessa forma por causa de Anabela. Te darei um conselho: "Não confie em uma mulher que lhe manda para os braços de outra."

— Não sabe que está falando.— Aperto minhas mãos querendo socar seu rosto.

— Faça como quiser.— Dá de ombros e vai embora.

Procurei a minha mulher para lhe dizer como sucedeu à reunião, porém não encontrei. Pela janela a vi rindo, sendo simpática com alguém que nunca tinha visto, fiquei com a estranha sensação de estar sendo enganado.

Senti pela primeira vez desconfiança dela, corri para afora do prédio furioso para obter satisfação da sua conversa cheia de risos com outro homem. Fiquei com mais ódio vendo lhe entregar algo que parece ser um presente, o que fez minha cabeça dar voltas.

Já fui para seu rumo com violência apertando seu braço com força.

— Quem era aquele homem?

— Boris está me machucando!

— Perguntei, quem era o homem?

Com o aperto forte, ela soltou uma caixinha de joias das mãos que contém anéis de compromisso, seus olhos estavam lacrimejando quando lhe soltei.

Abaixei para pegar a caixinha e os anéis, olhando com desconfiança sobre a caixa, esmagando com meus pés. Quando vi lágrimas descer de seu rosto, fazendo me sentir mal pelo ato grosseiro.

— Anabela eu...

— Não diga nada, está tudo bem. Está passando por muitos problemas. — Se abaixa pegando a caixinha quebrada e retira o anel colocando em meu dedo. — Vai se casar com outra, mas queria ser eu a primeira em colocar um anel no seu dedo.

— Eu não mereço o seu amor. — Abraço forte com carinho, arrependido do que acabei de fazer.

Ela abandonou seu posto para se tornar minha amante, foi expulsa da família por não ter quebrado a relação comigo, sofreu tantas injustiças para viver nosso amor e injusto a fazer sofrer.

 

A preparação do casamento:

Meu avô insistiu que os mínimos detalhes do casamento deveriam ser feitos por Anabela. Chamando-nos em privado na mansão para discutir os detalhes que se tornaram em discussão calorosa.

— Anabela, o que me diz?

— ELA NÃO TEM QUE FAZER ISSO! — Alterado.

— Boris, por favor. — Puxa meu braço.

— Sua atitude com ela é a causa disso. Os pais da noiva sabem do seu segredinho, não quero que essa aventura se transforme em algum obstáculo para impedir o casamento.

— Aceito com honra, mestre. — Anabela abaixou a cabeça em respeito.

— Anabela não precisa fazer isso, não force a fazer algo que lhe machuque.

— Boris cresceu no meio desse lado sombrio, como você sou parte da organização, Conheço as leis, sei o que devo fazer.

Às vezes esqueço por seu lindo rosto, o quanto essa garota é fria. Uma assassina treinada para matar, roubar dados secretos, cheia de veneno como uma linda serpente.

— Vão agora.— Ordena meu velho.

Saímos da mansão num estranho silêncio, dirigi o caminho inteiro para meu apartamento luxuoso, no centro urbano com o barulho do motor ligado e as trocas de marcha. Num incômodo silêncio da noite fria que parece estar mais escuro do que o habitual.

No elevador o silêncio continua entre nós, entramos no apartamento e ela finalmente soltou o que estava preso na garganta, chorando pesadamente fazendo meu peito doer.

— Me perdoe, meu amor. — Abraço ela, beijando sua testa tentando lhe acalmar. — Juro que eles vão pagar por suas lágrimas, todos eles vão pagar.

Sem interesse na noiva, não olhei seu rosto nos nossos encontros. Sempre caminhei na frente, nunca lhe prestando atenção.

Andrea é uma bela jovem nascida na Itália de uma família tradicional da Florença. Nasceu em berço de ouro com toda a riqueza do seu pai. Há boatos que compraram o seu diploma e os policiais que lhe prenderam por dirigir embriagada. Uma mulher mimada cujo hobby é gastar todo o dinheiro do pai.

Pelas informações obtidas é o tipo de mulher que ruína a vida de todos em volta. Me pergunto: por que meu avô insiste nesse casamento?

A jovem escolhida é do ramo secundário da máfia mais importante da Itália que controla as mercadorias vindas pelos mares.

Para nós que exporta armas para todo o mundo é um negócio vantajoso, porém o risco é muito alto como em qualquer transporte de mercadoria.

O casamento é um fato importante para o fechamento do contrato que vai render bilhões para os cofres de todos. Anabela cuidou de cada preparação com muito cuidado, os convites sendo enviados para todos os membros importantes da associação. Alguns políticos importantes adicionados na lista cheio de negociantes do mercado negro, um prato um tanto apetitoso para conseguir firmar meu lugar.

A bastilha escolhida a grande catedral de São Basílio, localizada na Praça Vermelha, marca o centro geométrico da capital russa como parte do complexo fortificado conhecido como Kremlin e serve como uma das sedes da Igreja Ortodoxo do país, mas definitivamente sua fascinante, misteriosa e colorida história vai além da liturgia religiosa costumeiramente conferida a tais edifícios. A igreja mais bonita do mundo, foi difícil conseguir uma data específica para realização da cerimônia.

Por milagre Anabela conseguiu uma data com ajuda de políticos aliados ao papa. Cerca de 30 milhões de dólares foram gastados para esse evento do qual estou em contra.

A única exigência foi escolher onde morar com a mulher com quem terei de passar alguns anos até poder se livrar dela.

Assegurando que Anabela ficará por perto de mim após o casamento, comprei a nova residência longe da principal. Para evitar futuras intromissões da família, consegui convencer a mulher mimada pedir que meu avô concordasse com os termos.

Surpreendeu que aceitou, parece mais calma do que os rumores, quase como se fosse outra pessoa descrita nos relatórios. A casa foi comprada segundo o gosto da mulher que amo, só pensei em dar tudo que merece.

Ela decorou cada canto com seu toque especial, já que esse será nosso ninho de amor.

— Você gostou do lugar? — Ela me mostra a casa escolhida.

— É bem arejado. — Encaro seu rosto sem olhar para mais nada.

Não me importa absolutamente nada, além de ver seu belo sorriso. Ela consegue hipnotizar apenas com esses olhos tão sexy deixando completamente louco, tenho noção absoluta que sou dominado por essas mãos, até morreria feliz se este for seu desejo.

— Quando os móveis chegarem, ficará ainda mais belo o lugar. — Diz empolgada.

Só prestei atenção nos seus belos lábios se moverem, seduzidos por cada movimento.

— Sempre teve um bom gosto, meu amor.

— Acha que a "outra" vai gostar do lugar?

Odeio sua pergunta, quero esquecer que estou noivo, apenas nesse momento quero que seja sobre nós... Sobre nosso amor. Afogando no meio das suas coxas, perdido no doce da sua boca, morrendo pela sede do seu belo corpo. Tomei ela no que deve ser nosso lar, deixando de lado os problemas.

— Por que falar de uma mulher que só será minha esposa no papel? Essa é nossa casa, aqui manda como quiser.

— É se ela causar problemas?

— Irei lhe proteger, ela nunca será um obstáculo entre nós, não precisa se preocupar com nada.

— Você é o melhor, meu amor.

— Que tal estrear a casa?

— Safado. — Risos.

— Apenas você me deixa nesse estado.

Utilizei pedaços de papel para forrar o chão e possuir o corpo da mulher que amo. É loucura como esse sentimento controla cada movimento que dou.

Não consigo pensar em tomar outro corpo que não seja dela. Me sinto mal toda vez que penso na noite de núpcias como farei para enganar a todos.

Meu avô deixou claro que fará teste de DNA para saber se o sangue no lençol será dela, também deixou claro que o médico vai visitar no outro dia para comprovar que estivemos juntos.

— No que está pensando tanto? — Toca minha testa franzida, preocupada.

— Nada. — Beijei sua mão afastada da pergunta.

Encontro forçado

Toda a semana devo tirar um tempo para encontrar com minha noiva que está sempre com o olhar perdido entre as nuvens.

Passamos nossas pequenas horas passeando ou andando lado a lado sem muitas trocas de palavras. Acabei por conhecer cada movimento do seu rosto, toda vez que se sente coagida aperta as mãos movendo freneticamente, se não gosta de algo franze a testa, porém não é do tipo que reclama.

Sente-se insegura perto de mim, devo parecer um sujeito ruim em seus olhos. Diferente da autoridade nos olhos de minha amada, sabe exatamente como me manejar.

Odeio o fato de me casar com uma mulher tão fraca. Nesse mundo onde vivo será arrastada para o inferno. Olhar para sua refinada roupa, gestos tão simples, a bondade que demonstra para com os outros é algo diferente do que estou acostumado.

Faz-me sentir ruim, sempre estive cercado por seguranças numa mesa grande vazia comendo as melhores comidas feitas por grandes chefes de cozinha, com idade de 13 anos assumi a responsabilidade de um grande negócio. Liderei grupos de assassinos, matei empregados mandados para me aniquilar.

O rosto despreocupado dela enquanto mexe a xícara de chá na sua frente, faz sentir que estou manchando um coelho branco. Seus belos cílios se movimentam delicados sobre a luz que reflete como um vasto oceano claro.

Não sei nada sobre sua vida e nem quero conhecê-la, entretanto nesses tempos que estamos a sós tenho sentido próximo.

— Senhor, telefone. — diz o segurança.

Me levanto da mesa, a deixando sozinha, pegando o telefone.

— Está com ela? — Anabela.

— Sim. — Acendo um cigarro, soprando a fumaça para longe, da mesma maneira que devo manter essa mulher.

— Seu avô acabou de me retirar do meu cargo.— Diz com voz de choro.

— Ele está louco se acha que ficarei quieto! — Grito.

— Estou com raiva, meu amor. Sabe que nunca quis machucar sua noiva, porém ela quer se livrar de mim. Seu avô fez isso por ela, ao pedido dela.

— Não diga mais nada. — Desliguei o telefone.

“Essa manipuladora! É, por isso, que está sempre quieta perto de mim”. Penso. 

Voltei para dentro, explodindo de ódio, achei que era um coelho puro branco arrastado para essa situação. Quis evitar seu sofrimento, pensando que ambos somos vítimas, no entanto, estava errado.

Na mesa, com os olhos sempre entristecidos conseguiu me enganar, furioso bati com toda a força do punho no pedido que o garçom acabará de deixar.

Esmaguei o bolo que sujou suas belas roupas quebrando o fino prato.

— Não passa de alguém que estou comprando por conveniência, se sabe seu lugar, viva como se estivesse morta. — Lhe ameacei.

Meus homens trouxeram pano e limpei as mãos que se sujaram, ela continuava quieta no seu lugar sem falar nada, no teatro de ser indefesa, quando tem o homem mais poderoso do país do seu lado. 

Aquilo fez perder a cabeça, então derramei meu chá em sua cabeça, por sorte estava frio.

— Nunca lhe verei como minha esposa.

— Boris. — Chamou, meu fiel cão de briga.

— Você tem muito sorte. — Fui embora, descontente.

Todos no restaurante se surpreenderam pela cena, deve ter sido a primeira vez na vida que passou por uma grande humilhação. Porém, no momento que encolheu os ombros de medo, quis lhe consolar e pedir por seu perdão. Caminho para fora do local para fugir desse nó na garganta que está se formando.

Preferia que gritasse ou implorasse perdão, mas ela se conteve mordendo os lábios em mágoa como se estivesse lhe coagindo.

Esse papel de vítima não cai bem em alguém que vem do mesmo mundo sombrio. 

— Benedicto. — O chamo.

— Diga mestre.

— Ela está bem? — Tampo o rosto em agonia por me preocupar com ela.

— Felizmente o chá estava frio, mas peço que tenha cuidado ou ela poderia ter saído lastimada.

— Leve-a para casa.

— Infelizmente não poderei cumprir com essa ordem.

— Me dê um bom motivo.

— Ela já não se encontra no local, também pagou a conta e pegou um táxi.

Por um momento havia esquecido que também tem dinheiro. Sendo a filha de uma família poderosa como dela, dinheiro é o menor dos seus problemas.

— Vamos para casa. — Disse assinalando para o motorista.

No caminho vi minha noiva adentrar um ônibus lotado de passageiros. Imediatamente pedi para parar o carro e desci atrás dela, não sei o porquê de lhe seguir.

No fundo, quero encontrar algo do qual possa me livrar da culpa para lhe castigar. Numa parada de ônibus perto do hospital de câncer, ela desceu.

Meu coração estava batendo forte, por pensar na possibilidade dela estar doente, isso justificaria a mudança do seu comportamento. A mulher entrou num café de frente escolhendo cheia de simpatia um pequeno bolo. Me sinto  patético por imaginar estar doente, ter ficado preocupado com ela, então fui embora rindo da minha burrice.

De volta em casa, entrei no escritório do meu avô sem bater na porta gritando de ódio.

— COMO PODE FAZER ISSO?

O médico parou o exame, recolhendo seus pertences com uma expressão nada amigável para mim.

— Mestre, por favor evite aborrecimentos. — Falou o doutor com arrogância.

Meu avô riu, sinalizando para sair, o doutor respirou fundo terminando de fechar sua maleta indo embora do escritório.

— O que este arrogante estava fazendo aqui? Está doente? — Pergunto preocupado.

— Doutor Harry tem cuidado há anos de minha saúde, trate-o bem.

— Não gosto dele. Anabela...

Ele me interrompe

— Sempre essa mulher. — Suspira.

— O senhor gostava dela, o que mudou? — Pergunto aflito.

Respira fundo o velho.

— Saia, preciso descansar.

— POR QUE ESTÁ ESTRAGANDO MINHA FELICIDADE? ESTOU FAZENDO O QUE QUER, MESMO ASSIM ESTÁ TENTANDO A TIRAR DE MIM!

— Boris, saia.

— QUE DROGA! NÃO FOI O SUFICIENTE PERDER MEUS PAIS?

— BORIS!

Tive de calar dado as tosses intensas do meu avô. Fiquei ao seu lado, acalmando sua crise pela primeira vez, com medo de lhe perder.

— O senhor realmente está bem?

— Vá.

Nem nesse momento deixa de ser o arrogante mestre da família. Sai Irritado do escritório para meu quarto, culpando ainda mais minha noiva.

O dia do casamento finalmente chegou, todos das duas famílias compareceram. A família da noiva, cheia de arrogância, compareceu com sofisticação, olhando para os demais como se fossem governantes, o filho mais velho da família numa prepotência com os demais coagindo as empregadas inocentes da festa, acompanhado de duas famosas no ramo da música; do lado do seu pai uma bela jovem cujo deixou todos de queixos caídos com joias da cabeça aos pés. Parecendo mais com a descrição feita da noiva, achei estranho como ela se encaixa perfeitamente na pesquisa.

O luxo dela me fez ficar intrigado, unhas perfeitas de alguém que sempre está no salão, cabelos bem hidratados e a pele de mil produtos utilizados. Além da soberba em seu olhar de serpente para as demais, com comentários afiados, igual faca.

Desconfiado com as informações, fui atrás da única pessoa que poderia dizer nesse momento que estou errado:meu avô.

— Com quem estou casando? — Entrei no seu aposento sem bater na porta.

— O que está perguntando à poucas horas de seu casamento? — Disse arrumando seu paletó com a ajuda do alfaiate.

O alfaiate continuou arrumando seu elegante traje, ignorando minha presença.

— Estou falando sério! — Bati numa mesa próxima fazendo alto barulho.

Meu avô fez sinal para o homem sair, ele se curvou deixando nós dois a sós. Com a atitude de sempre, o velho pegou a garrafa de whisky colocando um pouco para tomar.

— Está se casando com Andrea Ndrangheta.

Este sobrenome é conhecido por todo o sub-mundo, os bandidos mais perigosos conhecem o grupo que quase dominou a Itália inteira. Eles conseguiram estabelecer o comando na Itália, após a operação da polícia contra a Camorra e a Cosa Nostra nas últimas décadas. Suas operações abrangem todos os continentes do mundo e faturam cerca de US$ 60 bilhões por ano com base em uma das regiões mais pobres da Itália.

“ Uma família tão poderosa entregando sua filha criada com mimos para outra facção: tem algo de errado!” pensei.

— Por que eles iriam querer negócios conosco? — Confrontei meu avô.

— Perderam muito dinheiro com o negócio do filho mais velho e querem recuperar seu dinheiro rápido.

O velho nem se deu ao trabalho de formular uma boa resposta.

— Entregando a filha mimada? — Continuei o pressionando.

— Vejo que confundiu sua noiva, vai se casar com a caçula da família. — Sentou na sua mesa.

— O que quer dizer com filha caçula? — impaciente no próximo.

— A filha ilegítima da casa.

— Uma filha ilegítima? Está louco, velho! — Quase grito com ele, de tanto ódio que senti.

— Ela é mais do que uma bastarda, logo conhecerá seu valor. — Disse tranquilamente.

Me surpreendeu o fato dele aceitar uma garota que não tem sangue puro na família, vivemos presos em tradições antigas do qual levou meus pais à morte. Agora simplesmente está quebrando todas as regras, me trazendo uma noiva indigna. Será esse seu castigo por amar Anabela?

— ESTÁ ME HUMILHANDO COM O CASAMENTO RIDÍCULO! — Gritei sem paciência. — Sabe como todos valorizam o sangue nobre que corre nas nossas veias, somos herdeiros legítimos de barões, nobres desde nosso nascimento. Não vou me casar com alguém de baixo nível.

— Vai se casar com quem eu ordenar!

— TENTE ME OBRIGAR!

— Anabela sofrerá consequências no seu lugar, não precisa lhe ferir diretamente.

— DEIXE ELA FORA DISSO!

— O casamento deve acontecer se não a quiser ver casada com seu tio.

— O mato antes que possa sequer pensar na palavra casamento.

— Foi você que exigiu uma mulher pura, agora terá sua esposa totalmente virgem! Não crie caso há poucos minutos do casamento.

— Não pode me obrigar a casar com alguém tão inferior! Serei piada entre meus homens!

— O acordo está firmado! Cumpriram todas as exigências e não podemos retroceder.

—É RIDÍCULO TER UMA GAROTA INVÁLIDA COMO MULHER!

— Seja como for, terá de lhe suportar.

— Nunca vou me esquecer dessa humilhação. — Sai do local batendo a porta detrás de mim com toda a força.

Estava furioso por ser obrigado a casar com alguém tão inferior. Sequer olhei para seu rumo durante toda a cerimônia, na troca de anéis lancei o anel no chão para ela pegar.

Ela é tão inferior que se abaixou para pegar, nenhuma mulher de alto valor se abaixaria diante de grande humilhação. O gesto me irritou tanto que pisei em suas mãos, ela conteve a dor mordendo os lábios enquanto dos olhos saiu lágrimas.

— Por que continua abaixada? — Lhe disse com arrogância.

Anabela com seu coração enorme afastou meu pé.

— Está se machucando! — Disse zangada comigo ajudando a mulher.

— Está ferida? Deixe-me ver suas mãos. — Pega a mão dela examinando o local.

Seu pai se levantou irritado, achei que iria defender a filha, mas estava enganado. Furioso começou a gritar.

— Terminem logo a cerimônia! Já teve atraso demais!

Ela o olhou suspirando pesadamente virando para frente com a mão vermelha segurando o buquê forte.

— Coloque a aliança em seu marido. — Disse o padre.

Ela colocou o anel no próprio dedo, logo pegando o anel para colocar no meu. A troca de aliança terminou e senti mais nojo da situação.

— Pode beijar a noiva. — O padre disse terminando a cerimônia.

Fiz expressão de ódio me virando, indo embora fazendo todos gargalharem. Deixando a mulher sozinha no altar.

— A cerimônia foi completada, não vou beijar essa coisa. — Resmungo alto para todos ouvir.

O padre não soube o que dizer, querendo me deter. Ouvi algumas mulheres lamentarem pela noiva, outras rindo e no meio da multidão um olhar de alguém desconhecido pairando cheio de ódio para mim.

Senti o seu desejo de me matar, o ódio queimando do seu corpo que fez travar no meio do caminhar. Só consegui me mover de novo quando seu olhar mudou a direção para ver minha esposa no altar.

Sou um homem de negócios sombrios, envolvidos em sujeiras diversas, presenciei várias mortes, matei e torturei, portanto, nunca senti medo de ninguém como por meros instantes ocorrido numa fração de segundos.

Anabela foi atrás de mim pedindo para não estragar tudo, nesse momento brigamos feio por está fora de mim com ridícula situação.

A mulher que amo pedir para voltar, onde está a esposa que não escolhi.

— Você não está triste? Não sente nada, vendo me casar com outra!— Sacudi seu corpo com raiva.

— Claro que sinto! Sei que não a ama, por isso estou controlando meus sentimentos. Nesse momento precisa voltar e demonstrar um pouco de respeito para com a família da noiva. — Ela se afastou da minha mão, preocupada com a posição que irei ocupar.

— Eles me enganaram! Mandaram uma filha ilegítima para me casar! — Grito com ela.

— É isso importa? Você nunca lhe tocará! — Exalta a voz.

— As coisas não são como planejei! Meu avô quer a confirmação dela ter perdido a pureza.— Frustrado, ando de um lado para o outro.

— Aquele velho asqueroso! Quanto mais pretende nos torturar? — Diz franzindo o rosto.

— Anabela, por você abandonar tudo, vamos embora, começar uma nova vida! Será difícil no começo, mas pelo menos estaremos juntos.

— Não é justo perder tudo que lutou a vida inteira.

— Você sempre coloca meus interesses acima dos seus sentimentos, não é justo conosco.

— Seremos felizes depois do velho morrer, serei paciente até o dia que possamos ficar juntos.

Suas palavras eram tão doces que acalmou meu coração. Estava feliz de ter a mulher mais compreensiva do mundo ao meu lado.

Voltamos para o salão onde sentada minha esposa permanece quieta sobre os risos de várias famílias poderosas.

Ela deve me odiar por ter lhe humilhado várias vezes nesse pouco tempo juntos. Sento na cadeira do seu lado bebendo um monte de vinho para conseguir lhe tocar.

O que lhe deixa estressada, vejo como amassa o belo vestido que deveria ser de minha amada mulher nesse corpo horrível.

Subo vendo um pouco da pele clara do dorso do pulso e os pingos de água escorrer. Acho que chegou ao limite, fico satisfeito vendo que está há sofrimento, não é justo que só eu tenha que passar por isso.

Fico esperando que se levante e começa a gritar pelo modo injusto que estou lhe tratando, no entanto, ela morde os lábios abaixando a cabeça para esconder seu rosto choroso. Bêbado, frustrado, com o pior dos sentimentos, ergui minha mão batendo em sua face.

— Não pense que terei pena de alguém que ousou me enganar para ter um bom casamento. — Digo friamente para a mulher que continua de cabeça baixa.

— BORIS! — Grita meu avô.

Me retirei do local dado a cena causada e os constantes gritos de meu avô que está pregando um sermão na frente de todos os convidados.

A imagem dela suportando tudo para manter esse casamento faz com que se sinta patética, o tipo de mulher que mais odeio. Sempre odiei mulheres fracas que deixam sua família lhe dar ordens, vivendo como cadáveres na sociedade, esperando ser salvas ou grudando nas calças de seus maridos para conseguir viver.

Ferve meu sangue sempre que encontro com esses tipos que sequer tem força de vontade dependendo dos outros para tudo.

Justamente minha esposa tinha que ser a figura que mais odeio. Quando meus pais eram vivos, minha mãe tinha uma posição mais alta que meu pai, ela era forte.

Nunca deixou emoções de piedade, atrapalhando seus negócios, cobrando cada centavo que seus credores lhe deviam. Caso o credor fugisse, foi atrás da família para os fazer pagar. Ela era uma líder implacável, cheia de audácia, força e poder.

Tive de ver mulheres chorar implorando para poupá-las pelas suas escolhas erradas, em se comprometer com homens ruins. Senti nojo de como elas abaixavam suas cabeças chorando por algo que não seria mudado com lágrimas.

Odeio fracos perto de mim, uma lição dada pela pessoa que mais admirei na vida. Se meu pai não fosse fraco, minha mãe não teria morrido.

Ele não quis agir contra os irmãos que acabaram causando sua morte num acidente de carro.

O caso foi abafado pelos melhores mediadores do meu avô, porém sei da verdade.

Essa mulher não vai se tornar meu espinho, vou garantir isso, nem que seja infernizando cada segundo de sua vida. Obterei minha vingança contra a família que destruiu meus pais.

— Boris. — Chama do outro lado da porta a voz suave de Anabela em preocupação.

— Entre, meu amor.

Seu rosto recusa a olhar o meu, permanecendo perto da porta apreensiva.

— O que houve? Está chateada pelo casamento. — Digo esperando que seja essa a resposta.

— Boris deve ir consumar seu casamento.— Seu rosto está para o lado, mordiscando os lábios em agonia.

Ouvir de sua própria boca para consumar algo que não escolhi, foi verdadeiramente frustrante. Derrubei uma mesa inteira no chão possuído de raiva, então caminhei na sua direção, Anabela se encolheu e passei por ela.

Me dói saber que conhece tão pouco de seu homem.

Parei meu andar na porta que parecia prisão antes de entrar. Precisei respirar um pouco de ar puro, não importa qual tipo de mulher seja, sua presença é repulsiva para mim.

— Está acordada? — Disse do lado de fora do quarto.

Como não respondeu, entrei no quarto, vendo-a encolhida no canto da cama segurando uma faca.

— É inútil lutar, assim que vamos acabar logo com isso. — Acendi meu cigarro, sentado na poltrona à frente.

Fiz sinal para meu homem adentrar das sombras, meu único melhor amigo de infância, em quem poderia confiar essa tarefa.

— O... O quê! O que significa isso? — Sua voz treme em medo.

Fiquei tranquilo virando de costas, ignorando completamente o medo na voz, seus olhos de pânico, às mãos grudadas nos lençóis trêmula.

— Jamais vou tocar em um corpo imundo como o seu. — Falei com ódio.

Benedicto, o jovem acolhido das ruas por meu pai no passado, tirou seu paletó para completar o meu serviço.

— Senhora me perdoe. — Diz Benedicto subindo na cama.

Ela olha no meu rumo cheia de lágrimas em súplicas, aticei as chamas da lareira, ouvindo as lamúrias da mulher que tenta escapar.

Como pode fazer isso comigo?

— Está ficando louco? — Fala Benedicto.

— Jurei jamais tocar nela! — Enfatiza Boris.

— Isso é cruel demais até para você, pedir para mim tomar sua esposa legítima. — mostra indignação.

— Não pediria se não fosse você. É o único em quem confio até a morte.

— Irmão, não faça isso. — Toca no ombro dando pequena sacudida.

— Benedicto! Fez coisas piores! Por que está com pena dela?

— Ela é a mulher com quem passará a vida, não é uma qualquer.

— Eu não escolhi ela! — Bati na parede. — Merda! Se tivesse outra maneira, sabe que tentaria.

— Pode cumprir com seu dever de homem! — Zangado, se exalta.

— Amo Anabela. Por esse amor tivemos que aceitar esse casamento.

— Já lhe disse o que penso sobre essa mulher.

— BENEDICTO! — Exalto a voz repreendendo-o.

— Fique com raiva, o tanto que for, não farei o que me pede. — Afasta com olhar de raiva.

— Se não o fizer, terei de cobrar a dívida de sua irmã. — Lhe ameaço.

— BORIS ESTÁ INDO LONGE DEMAIS, TEM CERTEZA QUE ME QUER COMO INIMIGO? — Furioso ameaça.

— Você não me dá escolha, irmão. — aproximo e toco no ombro. — Perdoe por lhe obrigar a fazer isso, no entanto, é a única maneira deles me deixarem em paz.

— Boris ainda vai se arrepender disso.

— Uma única vez. Depois disso ela não terá de sofrer, nem você, nem eu.

— Se me obrigar a tomar sua esposa, saiba que jamais serei seu amigo novamente.

— VOCÊ NÃO PODE ENTENDER COMO ME SINTO? — Levanto a voz.

— Tenho princípios, Boris, sabe disso melhor do que todos.

Me calei, pois o conheço melhor do que todos, foi pelos seus princípios que deixou de trabalhar para meu tio e agora vai ocorrer o mesmo comigo.

— Sempre será meu amigo, mesmo que não me veja como tal.

Furioso, ele saiu batendo a porta do quarto. Lamento o decepcionar, mas irei cumprir minha palavra com Anabela. Jamais vou tocar em alguém cujo fui forçado a se casar.

No dia do casamento Benedicto quase não olhou para meu rumo, pensei que fosse o fim e tivesse de arrumar outra maneira de lhe forçar.

— Benedicto, você veio!

Vendo-o parado na porta me esperando, senti aliviado. Deixando de lado o rosto sombrio dele para mim.

— Não fique contente, bastardo!

— Um dia vai entender.

— Vai se arrepender!

Benedicto limpou seu corpo enquanto fui verificar se a mulher estava no quarto.

Voltando a cena do final do capítulo 2:

— Por favor, não! — Chora implorando para não ser tocada.

— Eu também não quero fazer isso. — Diz em sofrimento.

— Então não faça, sabe que é errado. — Tenta o persuadir com o olhar cheio de medo.

— Prometo não lhe machucar. — Aproxima para a fazer deitar calmamente, lhe apavorando.

Não esperava que ela tivesse coragem de utilizar a faca em suas mãos para autodefesa. Cortando a pele de Benedicto em ameaças com gritos para se afastar.

— Cuidado com isso.— Voz gentil Benedicto.

— SOLTE ISSO AGORA! — Grito enfurecido.

— NÃO VOU DEIXAR NINGUÉM ME TOCAR! — Segurando com as duas mãos trêmulas e o rosto mais apavorado que vi em toda minha vida.

— NÃO SEJA ESTÚPIDA, MULHER! — Grito em puro ódio.

— Para trás, Boris! — Benedicto grita comigo cheio de raiva.

Ela aproveita da situação erguendo a faca em expressão tranquila para tirar sua vida. Benedicto consegue segurar a ponta cortando sua mão impedindo dela se ferir.

— Não é você quem deve morrer. — Voz gentil, olha para meu rumo cheio de rancor.

— Não vou permitir que me desonre! — chuta a barriga dele, na tentativa de escapar.

Peguei seu corpo no ar jogando de volta para a cama, queimando de ódio pelo que estou fazendo em nome do meu amor.

— Basta! Vai se arrepender! — Levantei a mão para lhe agredir, mas Benedicto lhe protegeu.

— Bastardo! Além de lhe forçar ao limite, quer lhe agredir? Esse é o homem honrado que conheci? — Diz decepcionado comigo.

— Ela o feriu! Por que lhe defende?

— Está cego, Boris! Olhe o que estamos fazendo com uma garota que foi jogada nesse meio!

— Sendo filha de um dos homens mais perigosos do mundo, conhece bem nosso ramo.

— Boris realmente acredita nisso?

Olho para ela encolhida por trás dele, notando algumas coisas estranhas no seu comportamento, mesmo assim ignoro minha visão e a intuição.

— Termine o que começou. — Digo firme.

— Pode pelo menos nos dar privacidade? — Treme em ódio.

— Todos têm que ter a certeza que passei a noite aqui. — Recuso a sair, preocupado com a opinião dos outros.

— Droga, Boris! — Trinca os dentes, contorcendo o rosto em desgosto.

— Ficarei quieto como se não existisse, no canto escuro é tudo que posso lhe dar.

Benedicto virou para a mulher que treme em suas costas, culpada do seu ferimento na mão.

— Não quero que se machuque, sei que está com medo. Seu marido, cujo deveria lhe proteger a entrega para outro homem. Seguramente prefere a morte, mas peço para viver, nunca mais terá de passar por isso.

— Eu imploro, por favor! Não faça isso! Por favor! Não tem que fazer isso, eu não quero! — Entre lágrimas e medo.

— Garanto que será cumprido essa promessa, todavia hoje terei de lhe tocar, vai acabar rápido, só suporte por uma noite.

Ouvi o choro dela assustada caindo em prantos, entre os engasgos de soluços entrando em pânico suplicando para parar.

— Eu não quero. Não quero!

— Shiii! — Ele lhe abraça acarinhando sua cabeça. — Vai ficar tudo bem.

— Me prometeram que isso não iria ocorrer, o casamento é só no papel. Eu tenho alguém que amo, posso derramar meu sangue nos lençóis, farei qualquer coisa! Por favor!

— Por favor, não dificulte. Ficará machucada se resistir, serei o mais gentil que possa ser.

— Não! Não podem fazer isso comigo! Ele quem tem outra pessoa, por que eu devo sofrer? — Se afasta das mãos dele, saindo da cama para perto da janela, balançando a cabeça negativamente.

— Prefere ele lhe tocar? Se for seu desejo, farei que cumpra suas obrigações, mas não garanto que será gentil.

— Não, não quero! Nenhum de vocês! Nenhum! — Aperta as mãos juntas contra o corpo andando para trás com os olhos nele até chegar na parede.

— Me desculpa.

Benedicto foi lhe buscar pegando seu braço, cujos muros e mordidas tentavam se proteger. Por mais que ele tentou pedir para ela não resistir, lutou bravamente contra um homem que jamais ganharia. Seus gritos altos pediram para parar e me arrependo disso. Tive vontade de parar, mantendo a mente ocupada pensando em Anabela. No final ele a cobriu com o cobertor, deixando chorando,encolhida no canto da cama.

— Vou buscar algo para aliviar a dor.

Ao tentar lhe tocar, ela se encolheu fazendo a mão parar no ar.

— Só me deixa sozinha. — A voz chorosa entre engasgo saiu.

Ele levantou com a expressão dolorosa no rosto, fixando seu ódio todo em mim.

— Benedicto eu...

— Está satisfeito? Era isso que queria de nós? Cumpri com o seu dever! Sua esposa está sofrendo, eu estou sofrendo! Está feliz, bastardo?

— Não era isso que queria, sabe que...

— Só está sendo teimoso! E a sua teimosia faz com que todos em sua volta sofram! Saia da minha frente!

Benedicto saiu do quarto em chamas de raiva, continuei no local aproximando da cama, onde a mulher está chorando em silêncio.

— Prometo que nunca mais passará por isso, tive de fazer isso por nós dois.

Ela virou o rosto.

— Está machucada? Precisa de algo? Devo chamar o médico?

— Vai embora, não quero suas falsas preocupações.

As palavras dela entre lágrimas fez meu peito arder em tristeza. Sabia desde o começo que era errado, fui até às últimas consequências, sabendo que isso é cruel. Não pude continuar no local, onde havia cometido um crime terrível, contra duas pessoas que tiveram o azar de entrar na minha vida.

Benedicto voltou com uma caixa de primeiros socorros, cruzamos pelo corredor, mas ele ignorou minha presença.

— Irmão. — O chamei da maneira que sempre nos tratamos.

— NÃO ME CHAMA DE IRMÃO! — Explodiu em tormento.

— Um dia sei que vocês vão agradecer...

Era o que eu queria acreditar para justificar o meu crime.

— Boris, estou me controlando para não lhe socar, portanto, só me dê uma razão para perder a compostura.

Conheço esse olhar. O ódio escorrendo da ponta da língua afiada, cheio de intenso desejo de matar. Tudo o que dizer agora decidirá se vivo ou morro.

— Obrigado por cuidar dela. — lhe provoco esperando a pior das reações.

— Não faço por você, cretino.

— Ainda que me odeie, você salvou minha pele. — Continuo o levando a cometer um ato violento.

Preciso disso para deixar de sentir como um monstro. O kit de primeiros socorros caiu no chão, no segundo que seu punho fechado encontrou com meu rosto. A dor daquele soco nem se compara com a expressão no rosto dele entre decepção com vários sentimentos mistos. Naquele momento deixou de ser meu amigo de infância, a pessoa que mais me defendeu nesse lugar.

— Considere isso, minha demissão.

Não pude sequer implorar para permanecer do meu lado. Benedicto pegou o kit do chão indo para o quarto,saindo várias horas depois. Entrei logo em seguida sentado na poltrona de frente a lareira acessa,ouvindo o choro baixo da minha esposa por toda a noite, quando amanheceu nenhum de nós dois havia dormido.

O médico da família apareceu para lhe examinar, dessa vez tomei à frente impedindo de lhe tocar, já foi o suficiente durante a noite.

— Sabe que as regras...— o médico disse em arrogância, por ter meu avô em suas costas.

— Chame uma médica, não vou deixar tocar nela.— Fiquei à frente do homem protegendo da visão dela.

— São ordens superiores, afaste-se Boris.

— NÃO VAI LHE TOCAR! NÃO NESSE MOMENTO QUE ESTÁ SOFRENDO! FIZ O QUE MANDARAM, AGORA NOS DEIXEM EM PAZ!

Todos os familiares apareceram pelos meus gritos com o médico. Foi quando minha avó pediu calmamente para se afastarem da porta do quarto.

— Irei verificar sozinha. — Passa por mim com olhos de decepção.

Senta na beirada da cama cuja Andreia está encolhida ainda chorosa.

— Querida?— Chama por ela, docemente. — Pode me dizer como está se sentindo?

Ela simplesmente cobriu o rosto para não falar nada. Minha avó olhou para mim como se não me reconhecesse, pedindo para lhes dar privacidade. Tentei argumentar pelo medo dela revelar o que aconteceu na noite anterior, porém os homens do meu avô me puxaram pelo braço retirando do local.

Horas se passaram e nenhuma notícia de dentro do quarto saiu. Algumas mulheres de confiança da minha avó entraram e saíram caladas com o mesmo olhar de fúria. Senti um peso caindo em cima do meu corpo, aflito com a possibilidade de ter estragado tudo.

— Vamos conversar. — Chamou o velho.

Pensei caminhar direto para a sentença de morte, bolando no caminho a defesa pelos meus atos.

— Mandaram eu cumprir meu papel! — Falei antes dele abrir a boca.

Ele volteou com expressão de raiva para mim.

— NÃO MANDAMOS LHE ESTUPRAR! QUERÍAMOS QUE DESSE UMA OPORTUNIDADE PARA CONHECER SUA ESPOSA, COM O TEMPO DESENVOLVESSE SENTIMENTOS. O QUE FEZ PODE DESTRUIR PARA SEMPRE SUA RELAÇÃO!

— POR QUE ESTÁ BRIGANDO COMIGO? QUANDO FOI VOCÊS QUE FORÇARAM ESTE CASAMENTO!

— Você é uma decepção, não entendeu nada.

No meio dessa discussão, para piorar, Benedicto aparece com uma carta de renúncia nas mãos.

— Estou atrapalhando?— Entra no escritório com a expressão fria no rosto.

— Benedicto veio na melhor hora, ajude-me com Boris.

— Receio ter de me negar, mestre. — Aproxima entregando a carta de renúncia. — Agradeço por tudo o que fizeram por mim.

— Renuncia? Agora que mais preciso de você? E o que acontece com suas dívidas?

— As dívidas foram pagas.

O velho olha para mim procurando confirmação.

— A irmã dele parou de consumir drogas, a dívida foi quitada há muito tempo.

— Se as dívidas foram quitadas, por que só agora pede a renúncia?

— Mestre, me deixe ir. Quero ajudar minha irmã, sozinha ela pode sofrer recaídas. Sabe como dependentes químicos caem em desgraças.

Suspiro.

— Não posso te manter aqui para sempre com somente meu desejo. Você é brilhante, queria um terço disso, neste neto que só causa problemas. Será uma grande perda para todos nós.

— Obrigado, mestre.

— Se precisar de qualquer coisa, venha me buscar, farei tudo que estiver ao meu alcance.

Ao sair nem olhou para o meu rumo, o que não passou despercebido pelos olhos aguçados do velho.

— Desembucha! — Diz cheio de autoridade

— Isso é tudo sua culpa!

— Não quero desculpas, Boris! Quero saber o que merda, você fez?

— O que era necessário.

Desviei meu rosto com vergonha.

— Diga que não fez, o que estou pensando?

— VOCÊ É O CULPADO DE TUDO!

— ABRE A BOCA DE UMA VEZ!

— VOCÊ ME FORÇOU A ISSO! TIVE DE USAR OUTROS MEIOS PARA NÃO TRAIR A MULHER QUE AMO!

— SEU BASTARDO! — Ele jogou o cinzeiro em mim. — CRIEI UM ESTÚPIDO? — Gritou tão alto que do lado de fora todos ouviram.

— SABIA DO MEU SENTIMENTO, A ANABELA, MAS IGNOROU! FORÇOU SUA VONTADE!

— Aquela garota de novo envolvida. — Coça a cabeça frustrada começando ter crise de tosse forte.

— Anabela pediu para cumprir às obrigações, foi eu que recusei, ela não sabe do meu plano.

— Filho, como ficou tão cego? A vida vai te cobrar pelo que fez, vai descobrir duramente que a mulher que ama não é o que pensa. — Fala entre os engasgadas com a tosse, passando muito mal.

— TODAS PARA VOCÊ SÃO INDIGNAS! — Grito fora do controle.

— Não, filho. Escolhi sua esposa por crescer fora do nosso rumo, sabia que ela poderia lhe dar uma vida normal. — Diz com a voz dolorosa e a expressão de mágoa.

— Não preciso disso. — Apertei as mãos abaixando minha cabeça.

— Precisa, todos nós precisamos. Anabela cresceu no ramo, conhece tudo sobre traição, a qualquer momento pode lhe trair, foi esse o mesmo ensinamento que lhe dei, mas, parece que esqueceu tudo.

— Ela não fará.

— Qual mulher aceita, o homem que ama, se casar com outra? Pense nisso, abre seus olhos enquanto há tempo e conquiste sua verdadeira esposa.

— Confio em Anabela.

— Não irei pedir para lhe deixar, contudo, espero que tenha bom senso de cuidar da sua esposa.

— Não se preocupe. Jurei jamais a fazer chorar novamente.

— Vou guardar esse segredo de sua avó, não quero a ver se culpar, por não ter lhe educado bem, basta a minha decepção.

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