Mariana
Eu abro os meus olhos a claridade incomoda-me, mas estou com tanto sono e sinto a escuridão tomar-me novamente e caio num sono profundo não sei quanto tempo isso acontece, mas tenho a sensação que isso é recorrente eu não consigo evitar é como se algo estivesse-me a puxar a sensação as vezes é como estar em plena água afundando e por mais eu tente voltar a superfície o meu corpo não contribui e sou novamente levada para o fundo não sinto o sufocar da água somente o afundar e penso que afundo dentro de mim mesma.
Novamente acordo, não sei quanto tempo passou só sei que o meu corpo todo dói parece que levei uma surra ou fui atropelada por algo, dessa vez pareço mais forte, pois a escuridão não volta a tomar-me tento adaptar os meus olhos, a claridade e a minha garganta queima preciso de água desesperadamente olho ao meu redor pelos aparelhos ao meu redor, o soro no meu braço só posso estar num hospital o que aconteceu comigo como vim parar aqui não tenho ideia alguma.
Após ver melhor noto a sua presença um homem perto da minha cama parece ansioso pelo seu olhar deve ser um enfermeiro ou médico, pois não o conheço.
Mariana: — Água por favor.
Eu mesma surpreendo-me com a minha voz que parece mais um sussurro rouco.
Homem: — Vou pegar vou chamar o médico está com dor?
Mariana: — Sim, mas preciso de água.
Ele pega um copo de plástico com canudo e coloca uma quantidade mínima eu observo os seus movimentos, essa quantidade de água não me ajudaria em muita coisa.
Homem: — Acho melhor fazer isso com calma.
Não entendi na hora, o que ele quis dizer, mas assim que ele se aproxima e coloca o canudo na minha boca começo a tossir assim que sinto o líquido na minha garganta.
Ele tem toda a paciência do mundo enquanto me acostumo com a sensação da água entrando em contato com a minha garganta seca, e agora entendo o que ele quis dizer com fazer isso com calma e na mesma hora pergunto-me quanto tempo estou nessa situação que até desacostumei a tomar água.
Quando termino o médico entra, se apresentando como doutor Roger Neurologista isso não é bom por que eu preciso de um, ele examina-me e pede para acompanhar alguns movimentos.
Roger: — Aperte a minha mão.
Ele testa casa reflexo e cada parte dos meus movimentos do meu corpo e consigo fazer o que ele quer claro posso notar que, estou fraca, mas consigo fazer o que ele me pede o que me deixa aliviada isso é bom.
Roger: — Vou-lhe fazer algumas perguntas ok?
Roger: — Qual o seu nome?
Mariana: — Mariana Bettencourt.
Noto que ele me olha intensamente como se não fosse a resposta esperada e noto o homem olhar curioso.
Roger: — Quais os nomes do seu país?
Mariana: — Marta Soares Bettencourt e Júlio Bettencourt.
Roger: — Qual é sua profissão?
A minha profissão eu estou cursando primeiro ano de administração na faculdade ainda não estou formada, mas essa pergunta.
Mariana: — Curso administração.
Roger: — Certo quem é aquele homem?
Ele refere-se ao homem que está no quarto o tempo todo, e pela primeira vez o olho atentamente cada detalhe cabelo muito bem cortado loiro escuro quase um mel, mas está um pouco bagunçado, olhos verdes e grandes de esmeralda, peito largo não é muito alto pouca coisa mais que eu, é um homem realmente bonito mesmo com a aparência de muito cansado pela expressão do seu rosto.
E noto que a sua camisa azul clara e calças de Jens, ele não poderia ser um médico de forma alguma estava informal, mas o que ele fazia no meu quarto não consigo entender será que ele que me encontrou.
Olho dele para o médico sem saber o que responder não tenho ideia de quem é ele eu deveria lembrar estou confusa, o olhar dele deixe-me mais desconfortável esperando por uma resposta que não sei dar.
Roger: — Não sabe não é?
Mariana: — Não eu deveria?
Roger: — Mariana que idade tem?
Mariana: — 21 anos.
Roger: — Certo Mariana temos que conversar, sofreu um acidente a quatro meses atrás ficou em coma devido a uma queda, quando andava de cavalo na sua casa.
Mariana: — Cavalo na minha casa?
Isso parece tão impossível que parece que estou a ouvir alguém falar de outra pessoa eu não ando a cavalo moro na cidade na casa dos meus pais não têm cavalos lá.
Roger: — Mariana preciso que entenda que quando caiu teve uma grande compulsão devido uma pancada na cabeça que causou um coágulo que foi a ceder gradativamente e você entrou em coma, os seus últimos exames não mostraram nenhuma lesão, mas vamos repetir cada um deles.
Roger: — Antes de ter um diagnóstico concreto.
Eu sei que tem algo errado com relação ao homem na sala o médico ainda não quer me dizer, mas não é justo tenho direito de saber sobre o que acontece comigo não sou uma criança.
Mariana: — Doutor Roger quantos anos eu tenho?
Sei que ele tem a resposta no prontuário que traz nas suas mãos.
Ele demora um pouco para responder o que me deixa totalmente insegura.
Roger: — Tem 35 anos, Mariana acredito que está com amnésia.
É como se me faltasse o ar a minha respiração acelera o choro, toma-me completamente e escuto muito longe a voz do médico me dizendo para tentar ficar calma o toque da mão do homem estranho na minha, depois sentindo algo quente entrando pela minha veia do braço que estava o soro a escuridão tomar-me novamente com toda a sua profundidade.
Acordo novamente e pela janela do quarto sei que já é noite e consigo com dificuldade apoiar-me um pouco e consigo ver uma aliança ao lado da mesinha da cama de hospital ela é larga com um pequeno diamante e um anel que parece ser de noivado com um solitário igualmente de diamante muito bonito e delicado, isso faz o meu corpo inteiro se arrepiar será são meus e tenho quase certeza disso quando noto o estranho entrar no meu quarto.
E noto as suas mãos-largas com a aliança do mesmo formato da que está na mesinha ao lado da minha cama isso explicaria a presença dele o tempo todo no meu quarto o que me deixa chocada e com muito medo da resposta, pois não lembro do homem a minha frente não sei nem sequer o nome dele.
Homem: — Os seus pais estão vindo para cá eles chegam amanhã cedo, sei que vai ficar mais confortável na presença deles.
Eu notei o seu rosto angustiado quando eu disse que não o conhecia quando o médico perguntou.
Mariana: — Somos casados você é o meu marido.
Ele evitava olhar nós meus olhos assim que entrou no quarto, mas o meu comentário o fez-me encarar e tinha tristeza neles.
Homem: — Lembrou?
Noto uma esperança nele surgir pela sua voz.
Mariana: — Não me desculpe, mas a aliança, na sua mão eu tenho a marca da minha no meu dedo.
Homem: — Sim, nós somos casados.
Tento absorver essa informação com muita calma não quero ofendê-lo.
Mariana: — Certo.
Mariana: — Qual é o seu nome?
Homem: — Ricardo.
Mariana: — Prazer Ricardo.
Ele dá-me um sorriso fraco penso que não foi a melhor ideia apresentar-me formalmente ao homem que pelo que tudo indica é meu marido e que os meus pais confiam ao ponto de deixar-me num hospital sobre a sua responsabilidade, então ele deveria ser uma pessoa boa e confiável.
Mariana: — Pelo visto Ricardo sabe mais de coisas sobre mim, do que eu agora neste momento estou muito confusa podemos conversar?
Ricardo: — Amor precisa descansar quer dizer Mariana.
Eu levanto a cabeça ao escutar ele chamar-me assim, é tão novo e estranho.
Ricardo: — Desculpa foi por hábito.
Mariana: — Sem problemas.
Mariana: — Não estou com sono agora penso que já dormi bastante nestes últimos dias, estou tão confusa.
Ele senta na pequena poltrona ao lado da cama.
Ricardo: — O que deseja saber?
Mariana: — Qual é a minha profissão?
Ricardo: — É paisagista tem uma loja no centro a maioria dos jardins foi você que projetou e tem uma equipe que trabalha com a manutenção deles você é incrível no que faz.
Isso explicaria muita coisa sempre gostei mais de plantas que números, é difícil não notar pela voz dele o orgulho que tem de mim em relação ao meu trabalho.
Mariana: — Quanto tempo somos casados?
Ricardo: — Cinco anos nós conhecemos na faculdade tinha 22 eu estava com 23 anos na época entre namoro noivado e casamento.
Como posso não me lembrar, é angustiante ouvir outra pessoa falar da sua vida e você não ter ideia a minha última lembrança é estar a namorar o Flávio ele sim, eu tinha lembranças e estava apaixonada, mas não tenho motivos para não acreditar nele, e pelo que ele me relata um ano depois já estávamos a namorar o que aconteceu durante este tempo todo.
Mariana: — É paisagista?
Ricardo: — Não eu sou veterinário, mas sou especializado em cavalos tenho uma veterinária e um haras na nossa casa.
Eu escuto surpresa.
Mariana: — Moramos numa fazenda?
Ele sorri.
Ricardo: — Não me olha assim você ama o lugar ou amava, não é uma fazenda como está a imaginar com porcos, vacas e galinhas é uma propriedade grande só com cavalos uma área é do haras e a outra é só nossa familiar.
Ele realmente conhece-me bem devo admitir imaginei estes bichos todos e uma coisa bem rural.
Mariana: — Tá bom.
Olho para o seu rosto com a aparência muito cansada.
Mariana: — Durante esses quatro meses, passou as noites todas aqui nessa poltrona?
Ele só concordou com a cabeça.
Mariana: — Se quiser passar a noite em casa amanhã para descansar posso ficar sozinha estou bem agora.
Ele respira fundo.
Ricardo: — Eu só vou sair se você não me quiser aqui ao, contrário disso só vou passar as noites em casa quando estiver de alta.
Ele deixa-me tocada, com a sua resposta ele deve realmente se importa comigo.
Mariana: — Claro que você pode ficar.
Tenho que considerar que ele passou estes meses ao meu lado esperando pela minha recuperação, noto que ele abre a boca de sono e sei que ele deve estar muito cansado então mesmo sem sono acho melhor parar com o assunto e deixar ele descansar.
Mariana: — Estou a ficar com sono, pode descansar agora conversamos mais amanhã.
Ricardo: — Claro precisa descansar.
Eu fecho os meus olhos e fico a pensar tem várias coisas está tudo uma confusão na minha cabeça como um novelo cheio de pontas soltas que eu não tenho ideia de como conectar, escuto logo em seguida sua respiração tranquila de um sono pesado eu abro o olho e o observo ele realmente é um homem muito bonito, tento vasculhar a minha mente, mas não sinto nada quando o vejo e fico-me perguntando o que me atraiu nele para chegar ao ponto de casar quais seriam suas qualidades.
Será que ele é o grande amor da minha vida e se ele é como recuperar o que foi perdido, podemos se apaixonar duas vezes pela mesma pessoa só o tempo pode-me dizer e se não puder posso machucar muito esse homem ao meu lado a meses aguardando a minha recuperação e não sei explicar, mas fico realmente triste em pensar na tristeza do homem a minha frente.
Palavras da autora: — Espero que está leitura seja para vocês prazerosa, boa leitura.😘💕
Ricardo
A minha vida perfeita, de um dia para outro passou por uma virada inesperada uma mistura de sentimentos o desespero o medo de quando tudo aconteceu e quase perdi a mulher da minha vida, a espera por meses no hospital o medo dela não voltar a acordar, e como acordaria e quando finalmente esses dias e noites intermináveis pareciam terminar e que ela finalmente voltou para nós, descubro que ela não voltou realmente para mim, pois ela nem sabe quem eu sou isso despedaça o meu coração.
Por outro lado, estou realmente feliz, pois o alívio toma-me ao saber que ela acordou e está bem, eu realmente estou em uma confusão de sentimentos mais ainda prefiro viver num mundo onde ela existe com o seu sorriso encantador e o seu coração enorme, mesmo que eu não faça mais parte dele.
Eu observo ela num sono tranquilo, o seu rosto ainda está bastante pálido, e teve uma perda de peso considerável nestes últimos dias devido à alimentação por sonda que recebia que foi retirado um dia antes dela acordar, mas mesmo assim ainda é a mulher linda que conheci a anos atrás.
Vejo ela abrindo os olhos, e adaptando-se a claridade o que deve ser difícil após passar dias em plena escuridão, ela olha para quarto avaliando onde está até o seu olhar encontrar o meu e noto um suspiro pesado dela penso que, no fundo, esperava que essa situação toda não fosse verdade que foi tudo um pesadelo e ver-me penso que a trouxe a realidade, não era um sonho infelizmente para nós dois.
Ricardo: — Bom dia como, está se sentindo?
Mariana: — Estou bem na medida do possível bastante dor no corpo, mas penso que isso deve ser normal devido à situação toda.
Ricardo: — Posso chamar o médico para lhe dar algo para a dor?
Mariana: — Não precisa posso aguentar não quero agora deixam-me, com muito sono.
Ricardo: — Vou pedir o seu café.
Noto um olhar indeciso passar pelo seu rosto pensando se deveria ou não pedir algo.
Mariana: — Eu queria tomar um banho antes disso parece que estou a algum tempo sem um.
Ricardo: — De chuveiro faz tempo que não acontece, vou chamar uma enfermeira para ajudar.
Mariana: — Não me pode ajudar?
Essa pergunte-me surpreende ela nunca foi uma mulher que ficava desconfortável com a sua nudez, sempre foi segura a isso o que me encantava, pelo visto isso não mudou.
Ricardo: — Não vai se sentir desconfortável?
Mariana: — Uma enfermeira também séria uma estranha.
Ouvir isso doeu, e na mesma hora vejo o vermelho espalha no seu rosto pelo que acabou de falar se referindo que também ocupo um lugar de estranho na sua vida.
Mariana: — Desculpa não te queria magoar.
Ricardo: — Tudo bem eu entendi é uma verdade nesse momento.
Ricardo: — Eu vou-te ajudar.
Eu pego no pequeno roupeiro de canto, que fica no quarto para as roupas dos pacientes uma toalha, pijama limpo e roupa íntima e levo para o banheiro.
Volto para perto da cama, e a ajudo a sentar a apoiando por um tempo, ela fica assim noto a sua expressão de dor a realizar o processo a ajudo a se levantar mesma apoiada no meu braço sinto ela perder o equilíbrio e no mesmo momento a pego nos meus braços a tirando do chão ela não se opõe e descansa o seu rosto no meu peito respirando pesado e evidente o seu cansaço ao mínimo esforço.
Levo ela até o banheiro e coloco sentada na cadeira de banho no boxe do banheiro, sempre esperando alguns minutos para ela se recuperar e a sua respiração voltar ao normal.
Ricardo: — Posso?
Falo-me referindo a suas roupas e recebo a sua autorização com um aceno de cabeça então delicadamente retiro a camisola do hospital e sua roupa íntima não tem como não admirar aquele corpo incrível, mesmo com o peso perdido, nada muda a atração que sinto por ela aquele corpo que conheço cada parte centímetro que me perdia por horas sem pressa era tão meu assim como eu era dela como pode tudo mudar agora eu não tenho mais, essa certeza ela não me olha diretamente a sua curiosidade estava mais sobre o seu próprio corpo que era agora um desconhecido assim como eu afinal ela não lembra do passar dos anos.
Ela passa a mãos por uma cicatriz no, que hoje não está mais tão visível do que a anos atrás, mas não faz nenhuma pergunta em relação a isso.
Ligo o chuveiro, ajustando a água abaixo-me e entrego-lhe o sabonete por um instante o tempo para chego sentir calor da sua respiração no meu rosto eu luto desesperadamente a vontade de beijar a sua boca, era tanta saudade do seu toque na minha, e dou um beijo delicado na sua testa, vejo ela piscar de surpresa com o meu gesto empurro a cadeira para em direção a água e travo as rodinhas da cadeira.
Ricardo: — Acredito que consegue assumir agora vou ficar do lado de fora esperando terminar.
Mariana: — Obrigada.
Ricardo: — Eu volto para te ajudar a se vestir.
Saio do banheiro e fico encostado na porta controlando a respiração e deixando uma lágrima cair sobre o meu rosto e não consigo lutar contra todos os sentimentos que me passam o medo de a perder, temo que a qualquer momento ela me mande embora por não lembrar de mim como vou suportar tudo que ainda estar por vir e como a Mariana vai responder em relação a ela, quando a conhecer.
Meu medo se resume a duas coisas como a Mariana vai reagir a existência dela tenho nado que magoe por não lembrar dela, agora minha vida se resume ao reapresentar as duas pessoas que mas amo na vida...
Ricardo
Depois do banho e comer uma espécie de mingau de café da manhã o que me fez rir pelas caretas disfarçadas, dela enquanto ela comia, pois a Mariana nunca gostou de mingau, ela adormeceu num sono profundo acredito pelo cansaço do esforço para tomar banho quando escuro a batida na porta e logo entrando no quarto os, país dela.
Marta: — O meu querido como está?
Júlio: — Eu sinto muito por ela não lembrar.
Ricardo: — Tá tudo bem eu tenho esperança.
Sinto a Marta abraçar-me eu aceito, e fico agradecido por eles fazerem parte da minha vida sempre me trataram como um filho, eles são a minha família também independente de qualquer coisa.
Ricardo: — Vou pedir para uma enfermeira ficar de olho nela o médico está nós esperando para uma conversa ontem a noite realizaram alguns exames depois que ela se exaltou ao saber que perdeu a memória e sedaram ela.
Ricardo: — Acredito que eles quer falar sobre isso.
Marta: — Então vamos quero estar aqui quando ela acordar novamente.
Ricardo: — Como ela está?
Marta: — Não se preocupe ela está bem e perguntando por você, deixei ela com o Douglas e a Helena.
Dou um suspiro cansado.
Ricardo: — Vou aproveitar que ficaram essa manhã com a Mariana e vou ficar com ela.
Marta: — Faz bem-querido ela vai gostar.
Saímos do quarto e vamos em direção da sala do médico e o Roger nós recebe.
Ricardo: — Bom sabem que não costumo fazer rodeios nos meus diagnósticos então por favor sentem.
Júlio: — Claro e nem esperamos por isso, como ela realmente está.
Roger: — Não temos nenhuma alteração nestes
últimos exames realizados ontem a noite ela não possui nenhuma lesão mais aparente.
Marta: — Mas como explicar essa perda de memória?
Roger: — Como a amnésia é causada ainda não é completamente compreendida.
Roger: — O cérebro ainda é um grande mistério mesmo com toda a nossa tecnologia e estudos as suas terminações são totalmente delicadas.
Roger: — Tudo está ligado ao lobo temporal, lobo frontal o armazenamento e o hipocampo devido à concussão ou traumatismo craniano durante a queda que ela sofreu.
Roger: — O diagnóstico da Mariana é Amnésia retrógrada que se dá quando a pessoa consegue se lembrar dos eventos que ocorreram após o trauma, mas esquece de fatos e informações que eram familiares antes do trauma.
Roger: — Estes casos dizemos serem parciais eles não impedem que novas memórias podem ser criadas e memórias implícitas permaneçam intactas, como processos automáticos como andar de bicicleta ou passar a marcha de um carro e pentear um cabelo isso anda está preservado ela não desaprendeu coisas simples.
Eu escuto tudo em silêncio e, ao mesmo tempo tudo girando dentro da minha cabeça.
Júlio: — E quanto tempo isso tudo pode durar?
Roger: — Dependendo da gravidade da lesão, poderíamos estimar com a sua diminuição, mas não existe mais a lesão talvez o cérebro dela ainda esteja a tentar encontrar uma forma de se recuperar.
Roger: — Eu já tive alguns casos como estes nas minhas mãos e o que posso dizer que tive assim como pacientes que tiveram minutos de perda de memórias horas, dias, meses, anos ou até a longo prazo que não são possíveis de se recuperar.
Roger: — Se não tem mais lesões não temos o que tratar temos que ser pacientes ir com calma dar o tempo devido a sua recuperação.
Eu olho incrédulo nunca pensei que ouviria do melhor médico do país que devemos, cruzar os braços e esperar.
Júlio: — Ela vai ficar difente vai mudar a sua personalidade?
Roger: — Ela continua a mesma pessoa alguns anos foram apagados, mas ela continua, tendo os mesmos valores a mesma criação.
Roger: — O que pode acontecer ela ficar confusa e perdida e até desenvolver uma espécie de depressão, pois não vai ser fácil é como se o mundo dela estivesse dividido em duas partes as pessoas que ela conheceu e ainda lembra e as pessoas que fazem parte da vida dela agora e não vai ter a mínima idéia de quem são.
Roger: — Por isso temos que dar tempo a ela e esperar.
Eu levanto vou até à janela.
Roger: — Está bem Ricardo?
Roger: — Eu sei que não está fácil.
Ricardo: — Não tem ideia do que é olhar nós olhos da mulher que ama, ela não saber quem é ou você pedir-me para ir com calma.
Ricardo: — Ou como explicar para uma menina de três anos que a mãe dela não tenha idéia de quem ela é!
Ricardo: — Ou para uma mulher que acreditava que tem vinte e poucos anos até ontem que já é mãe e não lembra disso.
Ricardo: — Ou melhor que ela fez um transplante de rins pois seu corpo quase não suportou a gravidez, ela não pode ser mãe novamente e talvez nunca se lembre como foi ser.
Ricardo: — Então não venha-me dizer que sabe o que eu estou a passar.
Ricardo: — Ou o medo de ser descartado por ela, pois não me ama mais, estou vivendo com uma bomba relógio prestes a explodir.
Ricardo: — A minha vida tá desmoronando não me fale para ser paciente ou dizer que me entende droga!
Olho ao redor vejo os olhos cheios de lágrimas da minha sogra eu sei que não deveria ter jogado tudo isso para fora, mas foi inevitável eu precisava de um tempo sair de lá respirar e observar a minha menina.
Ricardo: — Desculpa eu preciso de um tempo sozinho e também vou ficar com a Mel cuidem dela por favor eu volto no final da tarde.
Saio da sala antes de ter uma resposta, deixando tudo para trás vou até o quarto da Mariana ela continua a dormir eu aproximo-me com cuidado não quero acordar ela e ver o seu olhar indiferente não agora, dou um beijo na sua testa.
Ricardo: — Eu volto mais tarde meu amor.
Saio na direção do estacionamento e entro no carro eu estou com uma dor e uma raiva enorme e choro enquanto bato com toda força no volante do carro eu estou com raiva da vida, de mim por ensinar ela andar de cavalo de não estar por perto quando tudo aconteceu como se eu pudesse evitar o momento, por que não fiz o que ela me pediu quando ela disse para ir trabalhar mais tarde aquele dia e ficar a manhã com ela, mas eu tinha que atender um fornecedor de medicamentos para os cavalos.
Após recompor-me vou para casa da Helena e Douglas assim que estaciono o carro vejo a Mel andando de balanço sendo embalada, pelo meu melhor amigo e o seu padrinho.
Assim que saio do carro um dos meus maiores amores vem na minha direção toda sorridente com os seus bracinho estendido olho aquele sorriso que tinha tanto da Mariana, eu precisava ter ela nós meus braços sentir o seu cheirinho ela fazia-me acreditar que tudo seria recuperado, a ter esperanças novamente.
Melissa: — Papai!
Ricardo: — Oi meu amor que saudade!
Com a sua pureza e doçura tudo era visto com positividade eu precisava disso recarregar para seguir e lutar pela nossa família.
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