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Lilith & O Dono Do Morro

Liberdade

Os grandes portões foram abertos, e Lilith dá passos lentos, sentindo o vento batendo no seu rosto.

Já do lado de fora, Lilith olha para o Céu, e fechando os olhos, enche os seus pulmões de ar, e solta lentamente. O ar que bater no seus cabelos é um ar diferente. É o ar da LIBERDADE! A liberdade que foi tomada dela, quando ela precisou pagar por um crime, que ela não cometeu.

Assim que ela olha mais a frente, ela vê um homem parado. Ele tem olhos claros, um corte social, e usa um terno preto. Se trata de Eduardo, o advogado contratado e também, mediador entre o acordo entre ela e um homem misterioso, que quis tira-lá de lá, lhe oferecendo uma aliança, que ela ainda não sabe do que se trata.

— Boa tarde, Lilith! — O homem sorri.

— Boa tarde!

— Pronta?

— Para onde nós vamos?

— Vamos para o seu novo lar. Vamos para a favela do Az de Ouro.

Lilith apenas acena em afirmação meio desconfiada. Após alguns minutos, o carro pede autorização para subir a barreira, e assim que o homem se identifica, o carro é autorizado a subir.

Conforme o carro vai avançando o morro, a moça vai observando os homens fortemente armados, e principalmente, como o morro é bem cuidado. Lilith dá um sorriso de lado ao ver algumas crianças brincando de bola na rua, outras, brincando de bolinha de gude, dibicando pipa, brincando de bonecas, os moradores se cumprimentando. Uma realidade diferente do que as pessoas acreditam, já que para uma parte da sociedade, todos os moradores de comunidades são envolvidos no crime.

O carro para em frente a uma barreira, e os dois descem. Automaticamente, a atenção de todo mundo vai para Lilith, que ainda estava com o uniforme do presídio. Porém, o que chamou ainda mais atenção, foi o seu corpo, que parece ter sido esculpido pelos deuses. Mesmo com as roupas largas, é possível notar os seus seios fartos, e quadris largos, desenhando bem o seu bumbum empinado e bem redondinho.

Eduardo e Lilith caminham lado a lado, subindo a barreira, até que chegam na boca. Lilith observa atenta a tudo, e assim que entram na sala, vêem algumas mulheres semi nuas/nuas, alguns traficantes que estão fumando, e transando com as garotas e nesse momento, a atenção de todos se voltam para a porta. Lilith observa a cena, sem esboçar expressão alguma, enquanto Eduardo olha constrangido para ela...

— É... Lilith...

Lilith olha para o homem, e expressando somente um sorriso de lado, ela aponta com a cabeça para a direção em que eles vieram, e voltam para o lado de fora da boca. Assim que estão voltando pelo mesmo caminho que eles vieram, eles dão de cara com um homem alto, que olha para Eduardo, e em seguida, para Lilith, que retribui a encarada. Mesmo com toda a sua marra, não tem como negar: ele é um verdadeiro deus grego!

— Draco, que bom lhe ver. Estava mesmo lhe procurando. — Ele estende a mão.

— E, aí, doutor! Tive que sair para resolver uns problemas aí. — Ele retribui o aperto de mão.

— Tudo bem... essa daqui é a Lilith. Lilith, esse é o Draco.

Draco olha para Lilith, e umedece os lábios, fazendo com que Lilith sentisse o ar faltando, e suas pernas estremecessem. Ele dá um sorriso de lado, e estende a mão para a moça, que logo retribui. Ela olha para a mão do homem, que aperta a sua mão firmemente.

— Satisfação, Lilith. Fico feliz que já tenha saído. Eu sei que ainda não entendeu o que eu quero contigo, mas muito em breve irá entender. Me acompanhem, por favor...

Lilith dá somente um sorriso, e eles acompanham o homem, que vai caminhando em direção a boca novamente.

— É... Draco... eu acho que é melhor nós...

Antes que Lilith termine de falar, as mulheres saem da sala, já se jogando para cima de Draco, que somente as ignora e olha para elas de modo frio, fazendo com que todas saiam apressadamente dali.

— Que putäria foi essa? Eu não posso mais sair, que vocês aprontam? Apertaram a minha mente para que eu deixassem que abrissem a merdå de um cabaré, e eu deixei. Agora, querem comer as putås na minha sala? Porrå! Nem eu que mando nessa porra trago putå pra comer aqui.

Ele diz bravo com os outros homens, que somente afirmam com a cabeça.

— Foi mal, chefe. Não sabíamos que teria visita.

— Vem com essa não, Gazela. Tu só estava pensando com a cabeça de baixo, porque tu sabia sim. Que exemplo de gerente geral.

Todo mundo segura a risada,e Gazela cruza os braços. Todos os outros saem, ficando apenas Draco, Gazela, Lilith e Eduardo.

— Bem... você deve estar se perguntando como eu fiquei sabendo da sua existência, e o o motivo de eu ter te escolhido. E, eu te escolhi, porque nós temos o objetivo de nós vingarmos de uma pessoa em comum...

— Uma pessoa em comum?! Quem?!

— Alessandra Navarro.

Eu aceito!

Ao ouvir o nome da mulher que a fez parar atrás das grades, faz com que Lilith trincar o maxilar.

— Eu há conheci há cinco anos atrás. Ela estava numa mesma festa que eu, veio até mim, começamos a conversar e acabamos tendo um envolvimento. Só que, eu não sabia que ela iria se envolver com o meu coroa ao mesmo tempo, sem que nenhum dois dois soubéssemos o que se passava, até porque, eu não tinha apresentado ela pro meu pai, nem subir aqui no morro, ela subia. Sempre nos víamos no asfalto mesmo, e pelo fato dela ser mais velha, ou pelo menos era isso que ela dizia, ela tinha ciúmes em excesso de mim, querendo manipular cada um dos meus passos, mas na verdade, ela estava monitorando tudo para dar um golpe. Um dia, eu vi uma conversa no celular do meu pai com uma mulher, e ele começa a me contar como ele conheceu essa mulher, como é o relacionamento deles, e ele a chamava de "Sandrinha". Eu fiquei logo desconfiado, e pedi para que ele me mostrasse uma foto dele e foi quando descobrimos a falcatrua dela. Porém, foi tarde demais, porque quando fomos confrontar a desgraçada, ela já sabia que iríamos, porque ela tinha vários X-9 bem pertinho de nós, e acabamos sendo atacados na pista, a caminho da casa dela. O meu pai acabou morrendo na hora, mas eu fui fui baleado, mas ainda sim, consegui arrancar com o carro,e sai dali. O carro capotou, passei algum tempo em coma, e foi quando acordei. Só estou vivo hoje, porque Deus usou o meu primo para que fosse atrás de nós, com medo de que fizéssemos uma besteira, e acabou vendo tudo. O morro estava sendo comandado pelo cúmplice dela, mas consegui tomar o comando. Foi com o dinheiro que recebeu dele que ela pagou a falsificação dos documentos e comprou o juíz. O KK é o dono do morro rival, que tomou o meu morro, mas o filho da putä conseguiu escapar no momento em que eu invadi o meu morro e tomei de volta. Assim que eu assumi o comando, a primeira coisa foi buscar pela desgraçada, e foi quando fiquei sabendo sobre o que ocorreu, que você tinha sido deixada para trás, sozinha, sem defesa, e eu decidi entrar nessa e lhe ajudar. Investigando melhor a vida dela, eu descobri que após ter ganho o dinheiro do KK, ela acabou pagando um juíz, e infelizmente, não descobri provas da sua total inocência, mas nós conseguimos a redução da pena. Eu sei que a sua mãe, a família dela, o seu ex noivo e a Alessandra estão metidos nisso. Mas, quer me contar o motivo?!

— Eu sinto muito tanto por você, quanto pelo seu pai. A Alessandra é uma pessoa muito podre mesmo! Ela não vale nada. Ela foi apresentada a mim, como prima do meu ex noivo, o Fábio. Sabe quando você conhece a pessoa, e algo lhe diz que você deve desconfiar dessa pessoa? Então! Foi assim desde o começo. Eu, sempre desconfiada, mas sempre sendo taxada de louca, de ciumenta, possessiva, doente, até que descobri as traições. Achei que a traição conjugal iria doer, mas a que doeu mesmo, foi a famíliar! O meu pai foi dono de uma grande empresa de porcelanato. Era referência em exportações, e era nacionalmente conhecido. Sou filha única, e portanto, a sua herdeira. O casamento dos meus pais sempre foram marcados por brigas, discussões sem fim, até que um dia, quando eu tinha dezesseis anos, o meu pai foi morto. Todo mundo acredita que ele bebeu demais naquele dia, pegou uma pista num forte dia de chuva e bateu com o carro numa carreta e capotou. Mas, eu sei que não foi. Eu sei que assassinaram o meu pai, somente pelo dinheiro, pelo poder. A minha família materna era basicamente mantida pelo meu pai, e sabiam que se eu assumisse o comando, com toda certeza eu iria acabar com as boa vida deles. Eu sempre odiei a forma como eles eram falsos e só queriam ser mantidos na vida boa. Dois anos se passaram, e foi exatamente no dia do meu aniversário, eu amanheci ao lado de um corpo. Eu nunca vi aquele homem na minha vida. Eu não sabia quem era ele, e só me lembrava de ter descoberto a traição do Fábio com a Alessandra. Chegando lá, parti pra cima dos dois, e nessa briga, me lembro de ter tomado uma pancada na cabeça. Quando eu acordei, eu já estava ao lado do corpo, e eu nem sabia quem era o homem, mas forjaram provas contra mim. Eu fui condenada, e fiquei sozinha. Eu não tive ninguém por mim, e nisso, fui condenada há dezesseis anos de prisão, e foi quando o Eduardo apareceu, e conseguiu reduzir a minha pena. Inclusive, muito obrigada por isso, de verdade.

Lilith intercala o olhar entre os três, e eles automaticamente abrem um sorriso para a moça.

— Eu quero lhe propor uma aliança. Eu lhe ajudei, e o que eu preciso que faça, é que me ajude a me vingar e assim, terá a sua vingança junto comigo. Aceita?

Ele estende a mão, e Lilith olha para a mão do homem, e suspirando fundo, ela dá um sorriso de lado e aperta a mão dele...

— Eu aceito!

Novo lar

Após mais alguns minutos na boca, os três se levantam e Eduardo se despede de todos. Gazela também sai, deixando somente os dois a sós.

— Bom... eu espero que você goste de morar aqui no morro.

— Eu tenho certeza que eu vou gostar. Na verdade, eu já gostei daqui pelo pouco que pude ver.

— Fico feliz. Aqui é um ótimo lugar para morar. Até porque, a comunidade aqui é muito calma, e últimamente quase não estamos tendo tentativas de invasão.

— Deu para notar que aqui é bem calmo. Tem alguma casa disponível?

— Ainda não. Logo vai ter uma, já que a moradora terá que se mudar, porque arrumou um trampo e uma casa lá no asfalto. Por enquanto, poderá ficar na minha casa,se quiser.

— Ah, se eu não for incomodar, por mim, tudo bem então.

— Pode ficar tranquila. Você não vai incomodar em nada.

Ele dá um sorriso de lado, e os dois saem da boca juntos, chamando a atenção de todos. Eles caminham até a Trimpuh Tiger 1200 parada, e com a ajuda de Draco, Lilith sobe na moto, e ele pilota até a casa, que fica no topo do morro.

Por onde eles passam, todos observam a cena.

— É impressão minha, ou estão todos olhando para nós?!

— É... de fato estão sim.

— Por que?

— Um fenômeno nunca visto aconteceu.

— Qual é?!

— Uma mulher na minha garupa.

Lilith dá risada, e a moto para em frente a casa. Assim que descem, eles cumprimentam os vapores que estão na contenção, e entram em casa.

— Pode se sentar, fique a vontade. Aceita uma água? Algo para comer? Um banho?

— Eu vou aceitar o banho! — Ela franze o cenho, e acena em afirmação.

— Tudo bem. — Ele ri. — Vem comigo... vou lhe mostrar o banheiro. Como ainda não temos nenhuma roupa para você, vou pedir algum vapor para comprar uma, e saímos mais tarde para comprarmos todo o restante que quiser. Assim, posso lhe apresentar o morro também.

— Tudo bem... obrigada, Draco! Eu vou amar poder conhecer melhor o morro.

Ela sorri, e acompanha o homem até um dos quartos. Ele pega uma toalha, e alguns itens de higiene pessoal.

— Aqui... pode ficar á vontade. Quando o vapor trouxer a roupa, eu deixo a sacola na porta.

— Tudo bem. Obrigada!

Ela sorri fraco, e sai do quarto. Assim que ele sai do quarto, Lilith tira a sua roupa, e entrando embaixo do chuveiro, ela abraça o seu corpo, e ela começa a relembrar de toda a sua trajetória desde que foi presa, até o presente momento.

Desde que chegou na prisão, Lilith foi estuprada, agredida, humilhada de todas as formas possíveis, até que ela aprendeu a se defender sozinha, aprendendo sozinha a se defender. Como uma loba solitária, ela vivia sozinha, mas sempre muito bem acompanhada por quem a protege, pois há quem diga que ela carrega consigo algo muito maior e muito mais forte do que toda a maldade que tramaram contra ela.

Ali, ela chora. Chora pelo seu pai, e pela Analú, que morreu naquele presídio. A Analú doce, bondosa, sonhadora, que não enxergava a maldade do mundo, deu lugar a Lilith. A mulher forte, determinada, que agora, tem se de vingança. Ali, ela vai se lembrando com saudade dos bons momentos, e se lembrando também, dos maus momentos, que fizeram com que ela jure vingança.

Após um bom tempo ali embaixo do chuveiro, ela sai com um roupão e uma toalha nos cabelos. Depois disso, ela abre cuidadosamente a porta do quarto, onde ela encontra algumas sacolas. Dando um sorriso de lado, ela pega as sacolas, e abre outro sorriso ao ver que ele acertou em cheio o seu estilo.

Assim que ela termina de finalizar o cabelo, ela se veste e desce, fazendo Draco abrir um largo sorriso ao vê-lá.

— Uau!

— Gostou? Você acertou em cheio o meu estilo.

— Eu adorei! Realmente, ficou muito bom. Eu sou ótimo nisso, só de olhar, soube qual era o teu estilo. Vamos?

— Vamos.

Ela sorri e os dois saem de casa. Eles entram no carro, e por onde eles passam, as pessoas tentam identificar quem é a mulher que está no carro com Draco, enquanto os dois se divertem com a situação. Porém, atenção maior eles atraíram, quando eles desceram do carro e entraram em uma loja.

As vendedoras rapidamente vão atende-ló, ignorando totalmente a presença de Lilith. Exceto uma, que vai até a moça com um sorriso no rosto.

— Olá, boa tarde! Tudo bem? Seja bem-vinda! Em que posso lhe ajudar?

— Olá, boa tarde! Tudo ótimo. E você? Obrigada! Você tem calças cargo?

— Tenho sim! Acabou de chegar umas calças muito lindas. Eu amo esse estilo. Finalmente alguém com bom gosto por aqui!

A mulher diz, fazendo Lith dar risada e acompanha-lá até o outro lado da loja, onde ela vai escolhendo algumas peças, montando alguns looks, e quando ela vai para o provador, Draco e a vendedora estavam esperando por ela, enquanto todas as outras estavam de cada feia.

— Nossa! Esse ficou tão lindo! Você certou em cheio ao escolher a calça branca com a blusa azul! — A vendedora diz.

— Eu adorei. Ficou muito lindo.

Draco faz Lilith dar uma voltinha, e ela continua provando os demais looks.

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