A vida de Samantha nunca foi fácil e conforme foi crescendo não melhorou.

Aos 3 anos de idade, sua mãe Anna, faleceu de câncer, seus tios morreram em um acidente de carro e seus avós pela idade, então restou apenas seu pai Rick.

O problema é que seu pai se tornou alcoólatra após as perdas e sua mente começou a ficar avariada. Rick colocou na cabeça que Samantha deveria assumir o papel da esposa falecida aos 8 anos, quando ela começou a ficar muito parecida com a mãe.

Por 4 anos, Samantha suportou os abusos físicos e psicológicos do pai, então resolveu fugir, de orfanato em orfanato, de família em família, ela só encontrava o pior, sua esperança de ter uma vida melhor estava se esvaindo tão rapidamente que sua alma chorava.

Acontece que uma família, os Winters, ficaram fascinados com a beleza da garota de 16 anos e não a deixaram fugir, então mais 2 anos da vida de Samantha se foi com torturas e abusos, até que ela fez 18 anos.

Um dia quando ia se inscrever na faculdade, Samantha resolveu fugir da cidade e ir para uma completamente diferente, lugar onde os religiosos não gostavam de permanecer por muito tempo, já que tem muitas casas noturnas, boates e prostíbulos.

Lá Samantha encontrou um emprego de garçonete em uma boate famosa, não demorou para que ela percebesse que o lugar era frequentado por muitas pessoas envolvidas no crime, mas isso não importa para ela, desde que seja livre.

Essa noite a boate está agitada, muitos clientes entrando, então Samantha pergunta para Ágatha, sua colega de quarto que também é garçonete:

— O que está acontecendo?

— É a festa de boas-vindas do dono da boate. — diz Ágatha quase gritando por causa do som alto.

— Nunca vi ele. — diz Samantha.

— É mesmo, quando você chegou há um ano, ele havia viajado ao exterior a negócios. — diz Ágatha.

— Entendi e como ele é? — pergunta Samantha com medo de perder o emprego caso não agrade em algo.

— Um ótimo chefe, nos trata como família, desde que não roubemos ele. — diz Ágatha.

— Bom, eu não pretendo roubar, só quero viver minha vida em paz. — diz Samantha.

— Isso é bom Sammy. — diz Ágatha sorrindo.

Então o dono da boate chega, Samantha assim como as mulheres no local, fica encantada com o homem moreno, alto, forte, de cabelos emaranhados e lisos, usando um belo terno, atravessar a pista de dança cumprimentando todos com um sorriso predador.

Ele olha para Ágatha que acena para o chefe, ele vai até ela e diz:

— Quanto tempo Ágatha, ficou de olho em tudo para mim não é?

— É claro chefe, afinal, eu sou sua águia. — diz Ágatha.

— Isso mesmo. — ele para e olha Samantha de cima a baixo, aquela mulher de pele clara, cabelos negros como a noite, corpo escultural e sob medida, quase que tirada de um sonho, seus olhos, cor de mel cruzando os dele — Quem é ela? — pergunta o chefe.

— Ah, essa é minha colega de quarto e amiga Samantha, ela trabalha aqui há um ano... O que me lembra que hoje é o aniversário dela. — diz Ágatha abraçando Samantha.

— Brigada amiga. — diz Samantha sorrindo.

— E esse é nosso chefe, Jason. — diz Ágatha.

Samantha o cumprimenta com um aperto de mãos e ele a puxa para um abraço, ele se aproxima de seu ouvido e diz:

— Que sua noite seja especial aniversariante.

— Obrigada Sr. Jason. — diz Samantha tímida.

— Me chame apenas de Jason. — diz ele sorrindo enquanto sente o cheiro doce de Samantha.

— Então me chama de Sammy. — diz Samantha.

Ele se afasta sorrindo e diz:

— Vocês duas estão liberadas para curtir a festa depois que nos servirem na área vip.

Jason se afasta para cumprimentar alguns homens e Ágatha diz:

— Pronto, você é meu pequeno pé de coelho, me trouxe sorte.

— Nunca me chamaram de pé de coelho, sempre me achei azarada. — diz Samantha cabisbaixa.

— Talvez agora sua sorte esteja mudando, então aproveite cada momento, menina. — diz Ágatha pegando os baldes de gelo e as bebidas com Samantha.

Elas seguem para a área vip e começam a servir, então um dos homens que lá estão, começa a chamar Samantha, como ela não responde, ele a pega forte pela bunda e senta em seu colo dizendo:

— Uma gostosa dessas, eu quero umas 3 horas de programa.

— Me solte! Eu não sou garota de programa. — diz Samantha se debatendo.

Jason vê o que está acontecendo e se levanta, quando está prestes a ajudá-la, Samantha se solta e com sua bandeja, acerta cabeça do homem, em seguida ela sai correndo para as escadas, Ágatha vira a bebida dele em cima da cabeça e diz:

— É melhor você esfriar a cabeça e abrir os olhos, ela não é um brinquedo.

Ágatha vai até Jason e diz:

— Sinto muito pelo ocorrido senhor, pobre Sammy, parece que sua sina é ser assediada por todos a sua volta, mas hoje é sacanagem, justo no dia do aniversário dela.

— Eu resolvo. — diz Jason.

Jason coloca o homem para fora da boate quebrando qualquer vínculo que tinha com ele, em seguida ele sobe até o terraço onde Ágatha tenta acalmar Sammy que está chorando na beira do prédio, Jason fica surpreso e corre até elas, puxando Samantha para longe da beira, elas o olham espantadas e ele diz:

— Isso não é motivo para se matar.

— Pensa que sou suicida? — pergunta Samantha chocada.

— Jason, ela vem aqui em cima para pensar sempre que algo assim acontece. — diz Ágatha sorrindo.

— Me desculpe, pensei que faria uma loucura. — diz Jason.

— Já tive todos os motivos do mundo para querer dar fim a minha vida, mas não vou acabar com um dos piores pecado em minhas costas, não morrerei como uma suicida. — Diz Samantha.

— É assim que se fala Sammy, eu preciso descer, com o que rolou, deve estar uma bagunça. — diz Ágatha beijando a testa de Samantha.

— Tudo bem, vai lá Tatah, obrigada por sempre cuidar de mim. — diz Samantha tentando enxugar as lágrimas na blusa.

— Aqui. — diz Jason entregando um lenço que estava em seu terno. — Não que você não fique bonita chorando, mas seu sorriso é muito mais sexy. —

— Como? — pergunta Samantha espantada.

— Uma mulher como você… É raro encontrar, estou curioso a seu respeito. — diz Jason.

— Não tem muito a meu respeito, sou só uma simples mulher que tenta viver em paz. — diz Samantha olhando para o céu.

— Eu continuaria essa conversa, mas não ajudaria já que você está chorando, então, vamos salvar o resto de seu aniversário, venha comigo. — diz Jason estendendo a mão para Samantha.

Samantha encara as grandes mãos de Jason e pensa por um segundo, tentando entender aquele olhar em seu rosto, mas decide não pensar demais e pega a mão dele.

Jason entra e diz para Ágatha que irá sair, então ele leva Samantha até seu Porsche preto e diz:

— Uma noite de rainha.

Samantha entra no carro e Jason a leva a um tipo de parque de diversões abandonado, lá ela fica preocupada e ele diz:

— Espere um pouco.

Então Jason acende as luzes do parque e vai até ela dizendo:

— Hoje é tudo seu, aproveite.

Samantha fica tímida no começo, mas se empolga, então eles andam em vários brinquedos. Após duas horas, eles vão até à roda gigante e Samantha fica encantada, seus olhos brilham observando a vista e Jason diz:

— Você tem olhos lindos, eu não tinha notado os tons de verde neles.

— Ah, só aparece às vezes, não sei o motivo. — diz Samantha.

— Você não gosta de ser tocada não é? — pergunta Jason.

— Não. — diz Samantha cruzando os braços como se sentisse frio de repente.

— Vamos comer algo, esqueça esse assunto. — diz Jason percebendo o desconforto dela.

— Tudo bem, o que quer comer? — pergunta Samantha.

— O aniversário é seu, escolha. — diz Jason.

Algum tempo depois, os dois estão sentados na praia que fica ao lado do parque e Jason diz:

— Eu nunca imaginei que terminaria a noite de hoje, sentado na praia comendo hot dog.

— Desculpe, mas foi você quem disse que eu podia escolher. — diz Samantha mordendo seu hot dog em seguida.

— Eu gosto de lanches de rua, gosto muito, mas fazia tempo que não comia um. — diz Jason.

— Às vezes é bom relembrar os velhos tempos. — diz Samantha sorrindo.

Uma lembrança de seu pai vem a mente e ela diz:

— Talvez nem sempre…

Jason percebe o olhar dela, mas resolve deixar passar, amanhece e quando o sol está nascendo, Samantha corre até a água e diz:

— Venha, vamos nos banhar com os primeiros raios de sol e com o mar.

— Acredita nessas coisas? — pergunta Jason se juntando a ela.

— Não exatamente, mas criei o costume de desejar sempre o melhor, então, que com esses raios de sol e a água do mar, nosso dia seja incrível. — diz Samantha próxima a Jason sorrindo.

Quando saem da água, ele a leva para o apartamento, Samantha dorme no caminho de volta e Jason a leva no colo para dentro. Ágatha é quem recebe eles, mostra o quarto da amiga e ele diz:

— Que quarto mais simples.

— Eu também acho, mas Sammy não é do tipo gananciosa, ela até gosta de se vestir bem e de livros, mas é isso. — diz Ágatha.

— É uma mulher interessante… — diz Jason.

— Nunca o vi dizer algo assim sobre outras pessoas. — diz Ágatha com um sorrisinho na cara.

— Não comece, eu vou indo, preciso de um banho e descansar para de noite. — Diz Jason.

Ele vai embora e as meninas dormem a tarde. Quando Samantha acorda, ela toma um banho e Ágatha se aproxima dizendo:

— Pode contar tudo.

— Tudo o quê? — pergunta Sammy.

— O que fizeram? — pergunta Ágatha como se interrogasse a amiga.

— Fomos a um parque de diversões vazio, depois comemos cachorro-quente e tomamos banho de mar. — diz Samantha.

— Com o Jason?! Difícil de imaginar ele assim. — diz Ágatha chocada.

— Ele foi um amor, até evitou perguntas que me deixam incomodada, eu percebi quando ele exitou. — diz Samantha.

— Só não pense que ele é sempre assim, para não se assustar quando ver como ele realmente é. — diz Ágatha acariciando o cabelo da amiga preocupada.

— Tudo bem. — diz Samantha sorrindo.

As meninas se preparam e vão para a boate às 19h da noite, lá elas e os rapazes começam a organizar tudo, Jason aparece segurando um homem pelo pescoço, ele o joga no chão aos pés de Samantha, ela se assusta e vê que é o homem que passou a mão nela, Jason então diz:

— O que queria dizer a ela?

— Peço perdão, senhorita, eu não devia ter tocado em você, fui um idiota. — diz o homem ajoelhado.

— Tudo bem, levante-se. — pede Samantha.

Ele se levanta e quando vai se virar, Samantha diz:

— Caso encoste a mão em mim de novo, não serei tão gentil batendo só uma bandeja em sua cabeça.

Jason a olha com aquele típico sorriso selvagem, o homem assente com a cabeça e se desculpa mais uma vez, então ela volta ao trabalho, Jason e o homem saem de lá e Ágatha diz:

— Isso foi intenso.

— Devo me sentir mal pelo rapaz? — pergunta Samantha confusa.

— Não, ele tocou em você, não devia sentir pena de um idiota. — diz Ágatha.

— Eu não sei, nunca fizeram justiça por mim, acho que me sinto…

— Grata? — pergunta Ágatha interrompendo a amiga.

— Acho que sim. — diz Samantha pensativa.

Ela resolve ir até Jason para agradecer, ela chega a sua sala e vê pela fresta dois homens com ele, eles colocam as armas na mesa e Jason diz com voz grave e alta:

— Não venham me ameaçar em minha casa! Eu sou o chefe dessa organização, me devem respeito quando vem até mim.

— Senhor entenda, estamos cumprindo ordens. — diz um dos homens com voz trêmula ao sentir a voz de Jason.

Samantha tenta se afastar, mas acaba fazendo barulho, ela se desespera e Jason abre a porta abruptamente, quando ele a vê pergunta:

— O que faz aqui?

— Eu… Queria agradecer, mas ouvi gritos e resolvi deixá-los em paz. — diz Samantha murchando e se sentindo intimidada com a presença dele.

Ela se sente diferente de quando estavam sozinhos, essa presença imponente, forte, é assustador, mas também é excitante e ela se sente envergonhada, Jason se aproxima e diz:

— Podia ter batido na porta, não teria problema em mandar aqueles idiotas embora para recebê-la, é uma companhia melhor que eles.

— Eu não poderia atrapalhar seu trabalho Jason. — diz Samantha se afastando conforme ele se aproxima.

— Não iria atrapalhar, acredite. — diz Jason se aproximando quando Samantha fica contra a parede.

Jason fica a poucos centímetros dela e diz:

— Eu tinha sentido antes, mas agora confirmei, esse cheiro gostoso vem de você.

— É só óleo de banho Jason. — diz Samantha rindo.

— Isso, é desse sorriso que gosto. — diz Jason se afastando.

— Bobo, vou voltar ao trabalho.  — diz Samantha rindo.

Quando começa a se afastar, Samantha vê uma mulher passar por ela sem nem perceber sua presença, pois está de nariz empinado, ela é magra, loira e alta, a mulher corre e pula nos braços de Jason, o abraça e diz:

— Você é ruim, nem me avisou que chegou.

— Rose, eu pedi que não pulasse assim em mim. — diz Jason a afastando quando percebe Samantha olhando.

Samantha se afasta e volta ao trabalho, ela conta a Ágatha o que viu e a amiga diz:

— É Rose, antes de viajar, Jason chegou a ficar noivo dela se não me engano, eu não gosto dessa mulher, é muito nariz empinado.

— Entendi. — diz Samantha.

— Samantha, o Sr. Jason pediu que você vista isso aqui, você vai serví-lo na área vip hoje. — diz um rapaz entregando uma caixa para Samantha.

— Tá bom. — diz Samantha pegando a caixa e indo com Ágatha ao banheiro dos empregados.

Elas ficam chocadas ao ver um lindo vestido tubo vermelho drapeado com costas nuas, caído no decote e um scarpin preto com cordinhas para amarrar, ela se veste e Ágatha passa um batom vermelho nela, com sombra preta nos olhos acompanhando um belo delineado, então a amiga diz:

— Com um corpo desses, generoso em comissão traseira e dianteira, esse vestido glamouroso e essa maquiagem, não tem homem que não se apaixone.

— Será que não está exagerado? — pergunta Samantha.

— Olhe por si mesma, meu amor. — diz Ágatha colocando a amiga de frente para o espelho.

— Nossa! — diz Samantha surpresa ao se ver tão arrumada.

— Está muito uau mesmo. — diz Ágatha rindo.

Quando elas saem do banheiro, a boate já está cheia, todos no lugar param para olhar Samantha de cima a baixo, o DJ a música “Pussycat Dolls – Bottons” para tocar quando a vê e Ágatha a leva até a pista de dança e a gira segurando a mão direita de Samantha, todos aplaudem e alguns rapazes chegam nela, Jason observa aquela cena sentindo uma certa raiva, Rose que está ao seu lado pergunta:

— Conhece ela?

Samantha sobe até o camarote e diz:

— Me chamo Samantha e hoje eu irei serví-los.

— Está um pouco vulgar para uma garçonete. – diz Rose.

— Desculpe senhorita, mas minha roupa é mais comprida que a sua e foi Jason quem escolheu e me mandou vestir. – diz Samantha sorrindo.

Jason morde o lábio num sorriso satisfeito e Samantha quase perde a postura, Rose bufa de raiva e quando vai se sentar no colo de Jason, Samantha coloca a bandeja na frente dela, a impedindo e pergunta:

— O que desejam hoje?

— Nos traga Whisky. – diz Jason a encarando como se fosse um leão observando uma gazela.

Samantha vai buscar a bebida e Ágatha vai até ela dizendo:

— Eu vi aquilo, que ousada, gostei.

— Eu não sei o que deu em mim, ela veio me falar que minha roupa estava vulgar e na raiva só atrapalhei ela. – diz Samantha.

— Aquela dançando para Jason é a Rose? Que mulher insistente. – diz o barman.

As meninas olham e veem ela praticamente se esfregando na grade de segurança do camarote, Ágatha irritada diz:

— Eu quero tanto que uma hora alguém dê uma lição nela.

— Que tal agora? – pergunta Samantha bebendo um copo de whisky para tomar coragem.

— O que quer fazer? – pergunta o barman.

— Pede para o DJ colocar a música Shut up and listen, a partir de 1 minuto e 7 segundos e me aguardem. – diz Samantha.

Ele concorda e enquanto Samantha vai até o pole dance no meio da pista, pergunta:

— O que ela vai fazer? Dançar?

— Sim, eu já vi ela dançar, é sexy, mas pensei que ela era muito tímida para fazer isso em público. – diz Ágatha mais animada.

A música começa e Samantha dança de forma tão sensual que todos a encaram fascinados, Jason vê e fica espantado, sem tirar os olhos dela, seus olhos se encontram e ela passa a dançar encarando ele, terminando no chão empinando para frente, ela desce do pequeno palco em um mortal e vai pegar as bebidas em seguida, Rose fica com muita raiva e quando Samantha sobe com as bebidas, diz:

— Dançou como uma pequena prostituta.

— Me inspirei na senhorita, quando a vi dançar. – diz Samantha sorrindo.

— Garota você sabe chamar a atenção. – diz um senhor que está ao lado de Jason.

— Imagina senhor, quando me viram vestida assim, me pediram para dançar e tentar me divertir, assim o trabalho é mais produtivo. – diz Samantha servindo o senhor.

— Gosto da sua forma de pensar, venha, vamos conversar um pouco mais. – diz o senhor.

E assim, Samantha e o senhor que para ela parecia o poderoso chefão, passam horas conversando, Rose foi embora irritada e Jason apenas observa.

No final da noite o senhor se despede e diz:

— Apareça lá em casa Jason e leve Samantha com você.

— Tá bom pai. – diz Jason.

— Pai?! – pergunta Samantha espantada.

— Sim, me chamo George, fui chefe da organização antes de meu filho. – diz o senhor.

— Pai, não falamos disso em público. – diz Jason revirando os olhos.

— Tá bom, tá bom, vou para casa. – diz George beijando Samantha no rosto e indo embora.

Samantha fica apreensiva pensando que levará uma bronca, Jason então pede que ela o siga até a sala dele, lá ela começa a falar:

— Eu... Sinto muito, não sabia que era seu pai e acabei me distraindo do meu trabalho, perdão Jason.

— Não se preocupe, você me ajudou a tirar meu pai do meu pé, eu só fiquei incomodado por não achar um momento para falar com você e dizer que ficou linda. – diz Jason sorrindo.

— Nossa, então era isso? Quando o vi com o olhar predador, pensei que ia me comer viva. – diz Samantha rindo aliviada.

— Falta de vontade não foi com aquela dança. – diz Jason afrouxando a gravata.

— Oi?! – pergunta Samantha espantada.

— Fez aquilo por provocação? – pergunta Jason.

— Confesso que eu e meus colegas estávamos incomodados com o jeito esnobe da sua noiva e tive a ideia de dançar, mas eu tenho muita vergonha e quase desmaiei depois. – diz Samantha rindo muito.

— Primeiramente, ela não é minha noiva, segundo, estava sexy para caralho. – diz Jason se recostando na mesa.

Samantha fica vermelha e bebe do drink que Jason entrega para ela, então ela diz:

— O Sr. George é um amor, tão gentil e culto, perdi totalmente o medo no meio da conversa.

— Medo? – pergunta Jason.

— Ele parece o poderoso chefão. – diz Samantha rindo.

— Você é bem sincera para quem sabe que somos da máfia. – diz Jason a encarando.

— Então sabe que ouvi a conversa. – diz Samantha abaixando a cabeça.

— Sei, mas a culpa foi minha, deixar a porta entre aberta é convite para a curiosidade. – diz Jason.

— Já que sabe que ouvi, gostaria de perguntar por quê eles ameaçaram você? – pergunta Samantha.

— São homens de um rival de negócios, desde que assumi, expandi meus negócios e isso está incomodando ele. – diz Jason.

— Algo como entrar no território dele? – pergunta Samantha preocupada.

— Não. — Jason ri – Comprei algumas áreas de pessoas que estavam praticamente falidas, eram ex colaboradores do meu pai.

— Entendi, parece perigoso. – diz Samantha pensativa.

— É. – diz Jason decepcionado imaginando que ela está assustada.

— É excitante, me conte mais. – diz Samantha se ajeitando na cadeira e encarando Jason.

— Você não é uma espiã não né? – pergunta Jason.

— Isso existe mesmo? Espiões? Não brinca!!! – diz Samantha mais empolgada ainda.

— Você está empolgada demais. – diz Jason.

— Desculpa, é que eu leio muitos romances com espiões, máfia tipo Yakuza e tal – diz Samantha rindo.

Jason e Samantha conversam por horas, até que Ágatha bate na porta e entra perguntando:

— Querida vamos para casa?

— Eu a levo depois. – diz Jason.

— Nem pense, hoje ela vai me ajudar nas compras para o casamento do meu irmão. – diz Ágatha.

— Você é uma estraga prazeres. – diz Jason irritado.

— Não mais que sua rosa. – diz Ágatha se referindo a Rose.

— Vá embora! – diz Jason jogando a almofada do sofá.

— Estamos indo. – diz Ágatha puxando Samantha rindo.

As meninas se divertem no shopping e entram em uma loja especialista em couro, Ágatha olha para a amiga e diz:

— Quem sabe um estilo social com couro?

— Para casamento? Sério? – pergunta Samantha com uma cara engraçada.

— Não, para você, vai que se torna namorada de mafioso. — diz Ágatha.

— Eu e Jason só estávamos conversando. — diz Samantha envergonhada.

— Eu nem falei dele, muitos mafiosos vão até a boate, está se entregando sozinha. — diz Ágatha rindo.

— Ham… Vamos olhar os vestidos na loja de festa. — diz Samantha corada.

Elas andam pelo shopping e encontram uma loja com lindos vestidos, mas a surpresa não é agradável, Samantha sai para atender o celular, pois Jason está ligando, então ela dá de cara com o pai.

— Eu pensei que nunca mais a encontraria. — diz Rick olhando Samantha de cima a baixo.

— Sai de perto de mim. — diz Samantha se afastando.

— Samantha me obedeça, será pior se tentar fugir. — diz Rick irritado.

— Me deixa em paz! — grita Samantha.

Rick coloca a mão no braço dela para puxá-la, quando ele tenta arrastar Samantha, outra mão desvencilha os dois e Rick dá de cara com Jason protegendo Samantha:

— Se tocar nela de novo, não responderei por mim.

— Saia do caminho, isso é assunto de pai e filha. — diz Rick.

— Pai? Ele é seu pai? — pergunta Jason.

— Sim. — diz Samantha em choque.

— Tira esse homem de perto dela agora!! — grita Ágatha saindo como um dragão.

— Mas o que está acontecendo? — pergunta Jason sem entender.

Ele olha para Samantha e quando lágrimas começam a rolar pelo rosto, ela diz:

— Por favor.

Ao perceber o pavor de Samantha e que ela está tremendo muito, Jason a pega pelo braço e diz:

— Vamos embora daqui.

Jason tira as duas amigas de lá, no carro Ágatha abraça o mais forte que pode a amiga, tentando acalmá-la, Jason as leva para a boate e diz:

— Se ele chegou até o shopping deve estar seguindo vocês, fiquem aqui até amanhã.

— É bom que nos arrumamos aqui mesmo para trabalhar. — diz Ágatha.

Samantha desce do carro em silêncio, mal conseguindo firmar as pernas, Jason compra o almoço para eles e na hora de comer o silêncio se instala de vez, Jason então quebra o silêncio perguntando:

— Aquele homem, é mesmo seu pai?

Samantha começa a tremer novamente, Ágatha sinaliza para que Jason pare e pede:

— Querida, pode pegar um pouco de água com açúcar?

— Tá bom. — diz Samantha se levantando e indo até à cozinha.

— Não pergunte sobre ele por favor. — pede Ágatha.

— Você sabe o que ele fez para deixá-la assim? — pergunta Jason preocupado.

— Sei, mas se eu contar estarei traindo a confiança dela, peço que espere, se ela confia em você como eu imagino, ela vai te contar. — diz Ágatha preocupada.

— Não gostei da atitude dele. — diz Jason pensativo.

— Aquele homem e todos da cidade deles, são uns monstros. — diz Ágatha com um olhar mortal.

— Aqui está a água. — diz Samantha se aproximando.

— Beba por favor. — diz Ágatha.

— Você podia ter pegado para ela. — diz Jason confuso.

— Sammy não gosta desse tipo de coisa. — diz Ágatha.

— Ela me conhece bem. — diz Samantha finalmente sorrindo.

Anoitece e é hora que abrir a boate, as meninas se arrumam e começam a trabalhar, acontece que às 22h da noite, Rick aparece quando Samantha está servindo a sala vip dizendo:

— Se tornou uma prostituta? Saiu de casa para isso?

Rick dá um tapa em Samantha e diz:

— Sua mãe estaria decepcionada se estivesse viva.

Quando Jason vai se levantar, Samantha o segura sentado e diz terminando a frase em um grito:

— Decepcionada? Comigo? E com você? O que acha que ela pensaria de um pai que tira a inocência da própria filha a força tão nova?!!!

— Você é minha filha, tem deveres! — diz Rick

— Eu só tinha 8 anos e você me estuprou! Todos os que me adotaram depois disso abusaram de mim, aquela cidade só tem monstros cruéis, alguns piores que os outros. — diz Samantha chorando.

— Vamos para casa agora! — diz Rick gritando.

— Procure uma prostituta para você satisfazer seus desejos doentios, eu não quero mais ver você! — grita Samantha.

Rick começa a se aproximar, Samantha então olha para Jason e pede:

— Por favor, tira ele de perto de mim.

Jason sinaliza para seus homens e diz:

— Tirem esse idiota daqui.

Rick é arrastado gritando, Jason leva Samantha para sua sala, Ágatha corre até ela e quando a abraça, Samantha desmorona, a amiga começa a acariciar os cabelos dela e diz:

— Você está tremendo muito, vou buscar água, fique aqui com Jason.

Ágatha puxa Jason e diz:

— Não a solte.

Ele então puxa Samantha para seu peito sem saber muito como agir, ao perceber que ela está tremendo muito, ele tira seu terno e coloca nela dizendo:

— Ele não está mais aqui.

— Eu tinha só 8 anos, que crime cometi para merecer isso? — pergunta Samantha ainda chorando.

— Por quê ele fez isso? — pergunta Jason horrorizado.

— Minha mãe morreu, o câncer tomou conta de seu corpo, eu tinha só 3 anos, meus tios ajudavam a gente, meus avós também, mas um tempo depois meus avós morreram e quando eu tinha de 7 para 8 anos, meus tios morreram em um acidente, depois disso meu pai ficou assim, dizia que eu tinha que assumir o papel de minha mãe e o inferno começou. — diz Samantha.

— Por quê você disse que os outros da cidade são monstros? — pergunta Jason.

— Eu fugi de meu pai aos 12 anos, não suportava mais, fui parar em alguns lares adotivos e todos que me adoravam abusavam de mim, todos iguais a meu pai, falsos religiosos. — diz Samantha segurando os braços enquanto as lembranças voltam a sua mente.

— Está decidido, não deixarei que seu pai se aproxime de novo. — diz Jason irritado.

— Obrigada e desculpa pelo escândalo mais cedo. — diz Samantha dando um beijo no rosto de Jason.

Ágatha volta com a água e diz:

— Quando se acalmar, iremos para casa.

— Mas ainda temos trabalho. — diz Samantha.

— Não tem problema, todos estão preocupados e disseram que vão cobrir a gente. — diz Ágatha.

— Eu concordo, melhor descansar. — diz Jason.

As meninas são levadas para casa, Jason pede para elas entrarem e fica do lado de fora dando ordens para dois de seus homens, Samantha toma um banho rápido e se deita, quando está quase adormecendo, seu pai sobe em cima dela, tapando sua boca e dizendo:

— Nem que seja a última vez, isso fará você nunca esquecer quem é seu dono.

Samantha fica em pânico, ela pega o abajur e quebra na cabeça do pai, então com todas as forças, grita:

— Socorro!!

Jason escuta e sente uma agonia imensa, ele pega sua arma e entra correndo, na sala ele vê Ágatha desmaiada no chão e um de seus homens ajuda ela, ele entra correndo no quarto de Samantha e vê seu pai tirando as calças enquanto ela está amarrada a cama, a cena deixa ele e o homem que o acompanha, enojados, então ele joga Rick no chão, Jason dá várias coronhadas na cabeça dele e depois solta a arma para socá-lo com as próprias mãos, o homem que acompanhou ele, tem que tirá-lo de cima para não matar Rick, pois o rosto já está quase deformado.

Alguns minutos depois, Jason desamarra Samantha que o abraça chorando muito, os homens de Jason, levam Rick para o carro e o largam na cidade vizinha, Samantha ao ouvir que a amiga foi atingida pelo pai, corre até Ágatha e cuida dela até que ela acorda e Samantha a abraça dizendo:

— Me perdoe por favor, eu não sabia que ele viria, me perdoa.

— O que ele fez? Me diz o que ele fez! — pergunta Ágatha ao ver a roupa de dormir de Samantha toda rasgada.

— Não teve tempo de fazer nada. — diz Jason sentado no sofá ao lado.

Ágatha olha para as mãos de Jason sangrando e Samantha diz:

— Me ajuda a convencer ele a me deixar cuidar da mão, ele socou tanto meu pai que esfolou os dedos. — diz Samantha preocupada.

— Vá buscar o kit de primeiros socorros no banheiro. — diz Ágatha.

Samantha corre até o banheiro e Ágatha diz:

— Sei que não costuma receber ajuda e se vira sozinho em tudo, mas Sammy sente que a culpa é dela, deixe-a cuidar de você.

— Tá bom. — diz Jason se arrumando no sofá.

Samantha volta e cuida dos machucados de Jason, ele percebe certa habilidade e pergunta:

— Onde aprendeu?

— Eu sempre me virei sozinha, então tive que aprender a me cuidar, quando me machucavam demais, jogavam um kit de primeiros socorros para mim e me trancavam no sótão. — diz Samantha concentrada.

Ágatha segura para não chorar e Jason diz:

— A partir de amanhã vocês irão se mudar e deixarei dois homens na entrada, encontraremos uma casa com saída de emergência.

— Tá bom, mas trate de encontrar algo que podemos pagar — diz Ágatha.

— Eu sei, eu sei, você não gosta de ajuda financeira, lembro de quando chegou aqui. — diz Jason.

— Ainda bem que se lembra, gostamos de nossa independência. — diz Samantha.

— Vocês parecem meu pai falando. — diz Jason.

— Ah e o Sr. George? Ele está bem? — pergunta Samantha.

— Está sim, na verdade, ele quer que almoce com ele amanhã. — diz Jason.

— Sr. George é um amor. — diz Samantha sorrindo.

— Ela está falando do nosso George? Seu pai? – pergunta Ágatha confusa.

— Sim e eu também não entendo como ela gosta tanto dele. — diz Jason tão confuso quanto Ágatha.

Jason encontra uma nova casa para as meninas, elas começam a mudança e recebem a noite de folga para terminar de arrumar tudo, elas aproveitam a folga para dormir cedo.

Na manhã seguinte as meninas se sentem renovadas, elas tomam um bom café da manhã e tomam banho, uma batida na porta interrompe a conversa delas, Samantha abre e vê Jason do lado de fora dizendo:

— Vamos?

— Vamos. — diz Samantha se despedindo da amiga.

Eles entram no carro e Samantha pergunta:

— Como é ser chefe?

— Do nada? Tudo bem, pensando um pouco traz uma sensação de poder, mas também te faz desconfiar de todos a sua volta. — diz Jason.

— Pode me ensinar a lutar? — pergunta Samantha.

— Se quiser mesmo aprender, eu ensino. — diz Jason.

— Eu não quero mais me sentir impotente, colocar quem amo em risco por minha fraqueza. — diz Samantha pensando em Ágatha.

— Ser vítima, não te torna fraca, sobreviver como você sobreviveu, te torna mais forte que meus homens. — diz Jason com certo orgulho dela.

— Não importa se isso não me ajuda a defender quem amo. — diz Samantha se lembrando de Ágatha.

Eles seguem o resto da viagem em silêncio, Jason vê um carro que conhece bem e diz:

— Droga, Rose também está aqui.

— Vai ser um almoço agitado. — diz Samantha rindo.

Eles saem do carro e George os recebe na porta com Rose, ela fica surpresa ao ver Samantha correr para abraçar George dizendo:

— Senti falta de nossa conversa.

— Eu sei, meu filho é péssimo quando precisa ter uma conversa culta. — diz George olhando para Jason.

— Não sei o que há de errado em falar sobre carros e armas. — diz Jason.

— Mulheres não gostam disso Jason. — diz Rose o abraçando.

— Eu gosto, acho fascinante a funcionalidade de uma arma. — diz Samantha sorrindo.

— Você é uma surpresa ambulante Sammy. — diz George.

Eles entram e o almoço está pronto, todos se sentam a mesa, a madrasta de Jason também está presente e diz:

— Você é muito bonita Samantha, estou surpresa com isso.

— Obrigada Srta. Amanda. — diz Samantha.

— Pena que é uma garotinha humilde que foi abusada pelo pai não é? — diz Rose sorrindo.

Samantha deixa o garfo cair e fica em choque, então Rose continua:

— A honra tirada pelo papai, é uma pena, mas esse tipo de coisa não pode atrapalhar o trabalho de Jason, você não tem esse direito.

— Pare Rose, chega. — diz Jason irritado.

— Essa garotinha tem dificuldade para aprender onde é o lugar dela, o pai dela fez um escândalo na sua boate e…

— Rose chega! — diz George em voz alta.

— George?! — diz Rose surpresa.

— Peço que me deem licença. — diz Samantha se levantando e saindo.

— É verdade? Ela foi estuprada pelo pai? Ele veio atrás dela mesmo? — pergunta George.

— Sim, pai, ele também invadiu a casa dela ontem, desmaiou a amiga dela e a amarrou na cama na tentativa de estuprar Samantha. — diz Jason inchando só de se lembrar.

— E foi assim que machucou a mão? — pergunta George.

— Sim, foi Samantha quem fez os curativos. — diz Jason.

— Do que importa? A vira-lata foi abusada, grande coisa, só serviu de diversão para aqueles velhos tarados da cidade dela. — diz Rose com deboche.

— Chega! Eu já disse para parar de falar! — diz George se levantando e batendo na mesa.

— George você nunca falou assim comigo! — diz Rose chocada.

— Você passou dos limites, vá embora e pense nas suas ações. — diz George saindo da mesa.

George encontra Samantha no jardim e se aproxima dizendo:

— Eu sinto muito.

— Tudo bem, ela está certa. — diz Samantha enxugando as lágrimas.

— Não está não, a honra não está na virgindade ou em se casar virgem, se fosse assim, Rose já não teria honra nenhuma e para falar a verdade eu nem sei se tem, a honra é muito maior que algo tão superficial. — diz George.

Jason e Amanda veem eles conversando pela sacada e ela diz:

— Ela é uma mulher forte, minha mãe não suportou quando foi abusada, ela se matou.

— Samantha é uma boa menina, mesmo com um passado tão sombrio. — diz Jason preocupado.

— Ela seria uma esposa interessante. — diz Amanda.

— Amanda, pare de tentar me casar, na última vez que tentou, colocou Rose no meu pé. — diz Jason rindo.

— Tudo bem, assumo que errei com essa aí, mas algo me diz que Samantha trará movimento para sua vida. — diz Amanda sorrindo.

— Está exagerando. — diz Jason rindo.

— Você fica diferente quando está com ela, só tome cuidado para que isso não o faça abaixar a guarda. — diz Amanda com certa preocupação.

George entra com Samantha e diz:

— Vamos tomar sorvete na biblioteca.

— Vamos! Eu amo livros. — diz Samantha segurando o braço de George.

— Você terminou os estudos? — pergunta George.

— Quando cheguei aqui e consegui um trabalho, minha amiga Ágatha me incentivou a fazer supletivo, já que passei a minha vida fugindo. — diz Samantha.

— Entendo. — diz George.

Ela e George passam a tarde conversando e rindo na biblioteca, Amanda e Jason entram às 18h e ela diz:

— Meu marido não fica tão feliz há muito tempo, você precisa nos visitar mais vezes.

— George é muito gentil, me faz pensar se um pai seria assim. — diz Samantha pensando.

— Querida, esqueça seu pai, aquilo não passa de um monstro doente e se eu souber que ele se aproximou de você de novo, eu mando matar ele. — diz George.

— Obrigada George. — diz Samantha dando um abraço em George.

— Vamos para casa? — pergunta Jason.

— Já? — perguntam Samantha e George ao mesmo tempo.

Amanda começa a rir e Jason diz:

— Já são 18h, a boate abre em 1 hora.

— Nossa, já é tão tarde? Nem vi o tempo passar. — diz Samantha surpresa.

— Querida, quero que leve algo com você. — diz George se levantando.

George volta com alguns livros de enfermagem e primeiros socorros dizendo:

— Se planeja um dia ser enfermeira, leve esses livros com você, aprenda o básico e comece por aí.

— Obrigada! — diz Samantha com um grande sorriso.

Samantha e Jason vão até o carro e ela acena antes de entrar, no caminho de volta ela e Jason conversam sobre muitas coisas, quando chegam na boate, Ágatha os recebe dizendo:

— Parece que o passeio te fez bem, está diferente Sammy.

— Foi um passeio adorável, George é realmente um amor. — diz Samantha abraçando os livros.

— E esse colar? — pergunta Ágatha.

— Ele me deu no jardim, disse que era…

— Da minha vó. — diz Jason ao finalmente perceber o colar.

— Se for um problema para você, pode ficar com ele. — diz Samantha ao perceber o olhar de Jason.

— Não é isso, fica lindo em você e deve ficar com ele, eu só não sabia que ele ainda tinha o colar. — diz Jason.

Tudo volta ao normal e duas semanas se passam, o casamento do irmão de Ágatha chega e Jason vai até Samantha dizendo:

— Quero que entre comigo no casamento.

— O quê?! Mas você é padrinho. — diz Samantha surpresa.

— Sim e quero a mais bela mulher ao meu lado. — diz Jason convencido.

Samantha fica envergonhada e aceita, Jason então faz um sinal com a mão e um de seus homens aparece com duas caixas, uma grande e uma pequena nas mãos, ele entrega para Samantha e Jason diz:

— Use isso, tenho certeza que ficará lindo em você.

— Obrigada! — diz Samantha dando um beijo no rosto de Jason.

— Será que o mafioso está ficando mole? Com presentinhos para agradar seu bichinho. — diz Rose se aproximando.

Todos fazem uma cara de desgosto e Jason pergunta:

— O que quer agora?

— Vim me oferecer para entrar com você no casamento, me disseram que você não tinha companhia. — diz Rose.

— Infelizmente chegou um pouco tarde, acabo de aceitar o convite do Jason. — diz Samantha.

— O quê?! Convidou essa coisinha para entrar com você? — pergunta Rose.

— Claro, Samantha é uma amiga muito querida para mim e eu a quero ao meu lado na hora do casamento. — diz Jason.

Rose dá as costas para eles e vai embora resmungando:

“Como se eu fosse acreditar”

Os dias se passam e o tão esperado dia do casamento chega, Ágatha e Samantha se arrumam e chega a hora de vestir a roupa que Jason mandou, Samantha fica encantada ao se olhar no espelho vestindo um vestido vinho longo com Tule da cintura para baixo, lantejoulas na parte de cima, decote V e aberto na lateral da perna e um salto não muito alto preto, Ágatha a ajuda a fazer um coque lindo meio frouxo e uma maquiagem de noite com batom vermelho, um homem as busca em casa e quando chegam ao salão de festa, encontram com Jason que observa quase boquiaberto Samantha indo até ele.

Jason cumprimenta as meninas com um beijo no rosto e diz:

— Vocês estão lindas.

— Pode fazer um comentário separado por favor? Eu fiz um lindo trabalho nela. — diz Ágatha apontando para Samantha.

— Realmente ficou perfeita, está muito linda. — diz Jason sorrindo.

Eles se juntam a seus pares e entram no salão, todos olham para Samantha e Jason, alguns olhares mais curiosos com quem será a moça e outros com uma certa inveja, eles fazem a entrada e quando o casamento é finalizado, eles vão cumprimentar os recém casados, ao abraçar o noivo Samantha diz:

— O homem estranho do chapéu de mafioso.

— Gatinha de rua, não pensei que a encontraria aqui. — diz o noivo.

— Conhece Diogo? — pergunta Jason.

— Foi ele quem me deu o cartão da boate e disse para entregar para a Ágatha. — diz Samantha sorrindo.

— Então você é a moça que tirou o sono do meu marido por uma semana? — pergunta a noiva se aproximando.

— Como assim? — pergunta Samantha.

— O idiota disse que não sabia se só entregar o cartão e ir embora tinha sido o certo e ficou remoendo se você foi até lá, só quando falou com Ágatha se acalmou. — diz a noiva rindo.

— Você pode ser o melhor chefe de segurança que já tive, mas é mais lerdo do que eu quando se trata de pessoas. — diz Jason.

— De qualquer forma, muito obrigada, se não fosse por você, eu não teria conseguido. — diz Samantha com um belo sorriso.

— Eu pensei que você viria com Rose, quando a vi sozinha estranhei, mas agora que vi seu par, entendo o motivo da cara fechada dela, essa moça é realmente linda, quase roubou a atenção. — diz a noiva.

— Eu não sei o que faço com ela Larissa, sinto que vou enlouquecer. — diz Jason.

— Minha irmã pode ser bem insistente mesmo. — diz a noiva rindo.

— Espera, você é irmã da Rose?  — pergunta Samantha espantada.

— Sim, somos filhas de um ex sócio de George, eles eram como irmãos. — diz Larissa.

— Vejo que o lado bom da família ficou todo com você. — diz Samantha.

— Sim, minha irmã é minha mãe inteira. — diz Larissa.

— Bom, vamos deixar que os outros cumprimentem os noivos, foi um prazer. — diz Samantha arrastando Jason para o salão.

Chega a hora de jogar o buquê e todas as moças se juntam, Ágatha busca Samantha na mesa e diz:

— Nós também vamos tentar pegar o buquê, quero desencalhar e você precisa de um empurrão também.

— Ah não Ágatha, sério? — pergunta Samantha desanimada.

Ágatha convence a amiga e ela ficam no fundo, Rose se enfia no meio e diz:

— Vocês não conseguiriam.

Acontece que quando a noiva vai jogar, faz um movimento em falso e as moças pulam para a frente, quando ela joga de verdade, o buquê cai nas mãos de Samantha, todos olham para Jason que está sentado bebendo, Diogo acompanha Samantha até a mesa de Jason e diz para ela enquanto encara Jason:

— Parabéns, você será a próxima a casar.

— Não sou digna de casamento. — diz Samantha rindo.

— Não brinque com isso! — diz Jason.

— Calma, é só piada. — diz Samantha ao ver o incomodo dele.

Jason arrasta Samantha para a pista de dança e Larissa diz para o marido:

— Jason está perdendo o controle.

— Quem diria que ele tem uma Kriptonita. — diz Diogo rindo.

Jason conduz Samantha a segurando pela cintura e diz:

— Você dança muito bem.

— Mamãe amava contos de fadas e nós dançavamos juntas fingindo estar em um baile real, acabei pegando gosto e aprendendo de verdade. — diz Samantha rindo.

Jason sorri e Samantha pergunta:

— Do que está rindo?

— Estou imaginando você quando criança. — diz Jason.

— Eu era bem pequena. — diz Samantha.

— Em compensação hoje em dia, não é assim tão pequena. — diz Jason prensando o peito dela, nele.

Quando Samantha percebe, fica envergonhada e diz:

— Imagino que eu não seja a única.

— Ousada. — diz Jason ao perceber do que ela está falando.

— Desculpe, meio que não dava para não perceber… Ou no caso, sentir. — diz Samantha.

Jason se aproxima da orelha esquerda dela e diz lambendo a ponta do lóbulo:

— Relaxa, você ainda vai sentir muita coisa comigo.

Samantha sente um calor em seu ventre, as mãos de Jason dançam em seu corpo, até que ela sente outra mão na cintura, um homem não muito alto, de pele bem clara e cabelos castanhos, ele pergunta:

— Posso dançar um pouco com a moça que está atraindo os olhos de todos os homens?

Samantha fica desconfortável com a mão do rapaz, Jason como se fosse um lobo territorial, prensa Samantha contra ele e diz:

— Desculpa, mas hoje ela é só minha.

O homem fica claramente irritado e sai, Samantha olha para Jason e diz:

— Obrigada, eu me senti desconfortável, quem era ele?

— Julian, um rival, devo ficar de olho nele. — diz Jason irritado.

— Eu estava bem aqui e ele pediu permissão para você. — diz Samantha se sentindo um objeto.

— Eles me respeitam por minha posição, provavelmente acham que você e eu temos algum tipo de relação. — diz Jason.

— Que antiquado. — diz Samantha.

Não muito longe dali, Julian se senta com alguns homens e diz:

— Eu quero aquela mulher.

— Mas senhor, ela está com Jason.

— Não importa, eu a quero para mim. — diz Julian se mordendo de raiva.

Julian olha para o lado e vê Ágatha, ele percebe que ela ouviu tudo e diz para um de seus homens:

— Dê um jeito nela.

— Sim, senhor. — diz o homem seguindo Ágatha para o lado de fora do salão.

Samantha vê um movimento estranho e diz:

— Tem algo errado.

— O quê? — pergunta Jason vendo Samantha correr para fora.

Samantha segue até um tipo de beco entre o salão e a cozinha externa e vê um homem espancando a amiga, ela sente o sangue ferver e pula no pescoço dele, o puxando para longe da amiga, Jason chega e vê o homem empurrar Samantha e ir para cima de Ágatha novamente, ele tira o homem de cima delas e começa a socá-lo sem parar, então tira a arma do bolso e pergunta:

— Por que está fazendo isso?

— Eu só estou cumprindo ordens. — diz o homem apavorado.

— Quem mandou? — pergunta Jason.

— Julian. — diz o homem.

Jason pega o silenciador e atira na cabeça do homem, em seguida ele arrasta o corpo para trás de uma moita e volta, ele vai até Samantha e pergunta se está bem, então ela diz chorando:

— Estou bem, agora ajuda a Ágatha!

— Tudo bem, chame Nicolae e mande-o trazer o carro, espero aqui. — diz Jason.

Samantha chama o motorista e eles correm para o hospital, enquanto Ágatha está sendo examinada, Samantha tira os saltos e se senta no chão, Jason se aproxima e ela fica encarando ele, até que ele pergunta:

— Está com medo de mim?

— Não, agradeço por vingar minha amiga. — diz Samantha.

— Ela é minha amiga também. — diz Jason.

— Sou uma pessoa ruim por desejar que ele sofresse mais antes de morrer? — pergunta Samantha.

— Na verdade, não, você sofreu muito na vida, me espanta que seja tão alegre hoje em dia. — diz Jason.

— É por causa desse tipo de coisa que desejo aprender a lutar… E atirar também. — diz Samantha

— Atirar? — pergunta Jason espantado.

— Eu não quero ser a vítima para sempre, quero ter força para me defender e defender quem amo. — diz Samantha com uma lágrima descendo por seu rosto.

Jason se aproxima e beija Samantha, ela fica espantada e ele diz:

— Parou de chorar, viu?

— Obrigada. — diz Samantha enxugando o rosto com o lenço que Jason entrega para ela.

— Não me agradeça, eu quis atacá-la a noite inteira. — diz Jason se sentando ao lado dela.

Os dois conversam por alguns minutos e o médico vem até eles, Samantha levanta rapidamente e pergunta:

— Como ela está? Ela vai ficar bem?

— Ela está estável, mas quebrou duas costelas e seu olho está bem inchado, além das várias hematomas pelo corpo, sabem o que aconteceu com ela? — pergunta o médico.

Samantha começa a chorar e diz:

— Eu e ela estávamos em uma festa, um homem a atacou quando ela ficou sozinha e esse homem ajudou a gente a fugir.

— E conhecem o homem que a atacou? — pergunta o médico.

— Não senhor, foi tudo tão rápido, eu tentei ajudar, mas não tenho força para lutar contra um homem… Ele era enorme… Senti tanto medo. — diz Samantha chorando mais.

— Não se preocupe, agora tudo ficará bem, fez bem rapaz em ajudá-las. — diz o médico cumprimentando Jason.

Samantha limpa as lágrimas quando o médico sai de perto e Jason diz:

— Isso foi muito bom.

— Tinha policiais observando, em casos de ataques eles ficam esperando o médico falar com a testemunha para não assustar. — diz Samantha.

— Já esteve no lugar dela não é? — pergunta Jason entendendo.

— Sim, mas não vem ao caso, agora eles não vão fazer perguntas sobre você. — diz Samantha.