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Luz Do Império

O Nascimento dos Príncipes

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Em uma terra distante, erguia-se o imponente Império Quátez, conhecido tanto por sua grandiosidade quanto por sua reputação como o Império das Guerras.

Governado por uma sucessão de imperadores notáveis, o Império Quátez testemunhou uma mistura intrigante de inteligência, força e graciosidade em seus líderes, embora também fosse marcado pela ambição desmedida que impeliu os seus primeiros governantes.

Quátez, o primeiro imperador homem e filho bastardo da grande fundadora do Império, Cellestya, encarnava essa dualidade em sua essência. Fascinado pelo poder, riqueza e fama, a sua sede insaciável de conquista moldou o curso do Império.

 Nos seus últimos anos, incentivou o seu herdeiro a buscar ainda mais poder, expandindo o Império com riqueza, sabedoria e um crescente número de súditos. Ao longo dos séculos, essa busca por poder se tornou um legado, moldando o Império Quátez no maior deste mundo.

Após um milênio de história, o Império foi abençoado com o nascimento de dois príncipes da imperatriz consorte Ana Beatriz com o líder do Império, o imperador Louys III. Os rumores sobre o primogênito circularam pelo gigantesco castelo, descrevendo-o como o "menino mais lindo nascido em séculos", com olhos azuis que refletiam o oceano, cabelos loiros que pareciam raios de sol e uma boca cor de rosa que lembrava uma flor de cerejeira. 

Nomeado príncipe herdeiro Gilbert Quátez, conquistou os corações do imperador e da imperatriz desde o primeiro instante.

O segundo bebê, com cabelos ruivos e olhos verdes que lembravam os da imperatriz, foi nomeado segundo príncipe do Império, Danyel Quátez. 

Após o nascimento dos príncipes, o Império celebrou por um ano inteiro, marcando o evento com o maior festival já realizado no século. Nobres e plebeus uniram-se para comemorar os novos membros da família imperial.

Dois meses após o grandioso festival, a esposa do Duque Sentiny deu à luz uma menina. Sua beleza era tão notável que rapidamente se tornou um tema de admiração e encantamento por todo o Império. Todos que a viam ficavam fascinados pela sua aparência encantadora, que parecia ser um presságio de um futuro brilhante.

Os rumores sobre a recém-nascida se espalharam como fogo, não tardando a chegar aos ouvidos do imperador. Intrigado e curioso, o imperador imediatamente quis saber mais sobre essa criança que tanto fascinava a todos.

— O Duque Sentiny é um nobre de grande estatura, conhecido por suas habilidades políticas incomparáveis — comentou o imperador, refletindo profundamente após ouvir as notícias por meio de seu conselheiro. — Certamente, ele transmitirá essas habilidades aos seus descendentes. Creio que encontrei a futura imperatriz.

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 Em um dia comum, o imperador decidiu partir para as terras do Duque Sentiny sem aviso prévio, determinado a propor algo que não poderia ser recusado. Após alguns dias, chegou à terra de seu grande amigo, surpreendendo-o com sua visita inesperada. 

 O Duque Sentiny, inicialmente desconcertado, logo recebeu o imperador com toda a hospitalidade da sua amizade.

— Sua majestade imperial, a que devo a honra de recebê-lo assim, sem aviso prévio? — indagou o Duque Sentiny, perplexo.

— Sabe que, em nossa amizade, não precisamos de tais formalidades, Denarius — respondeu o imperador, com um sorriso astuto. — Vim aqui para abençoar sua linda e magnífica filha, conforme os rumores indicam, e também para propor um grande acordo contigo.

Mais tarde naquela noite, durante o jantar, o imperador juntou-se ao Duque e à Duquesa Sentiny para uma refeição suntuosa. A mesa estava coberta com iguarias exóticas e pratos elaborados, cuja apresentação e aroma enchiam o salão de um ar de sofisticação e opulência.

Enquanto saboreavam os pratos finamente preparados, a conversa fluiu inicialmente em torno de questões de estado e planos futuros. O imperador, com um ar pensativo, pousou os talheres com cuidado, o brilho das velas refletindo em seus olhos atentos. Ele se inclinou ligeiramente para frente, olhando diretamente para o Duque com um olhar inquisitivo.

— Meu caro amigo, onde está a preciosidade da sua filha? — perguntou, sua voz carregada de curiosidade. — Não a vi desde que entrei em seu castelo.

A Duquesa Sentiny, cujo semblante mantinha uma expressão de altivez, respondeu rapidamente antes que o Duque pudesse intervir. Seus olhos, frios e calculistas, brilhavam à luz das velas.

— Vossa majestade imperial, ela está, neste momento, entregue aos braços do sono, como todo recém-nascido após essa hora da noite, não é mesmo?

O imperador, ignorando a nota de censura na voz da Duquesa, manteve seu olhar fixo no Duque. Havia uma determinação implacável em seus olhos.

— Entendo... Perdoe-me, Duquesa, por esse descuido de um velho — disse ele, com uma leve inclinação da cabeça. — Mas já que ela está descansando, planejo abençoá-la no templo do sul em uma semana, com toda a honra que merece. Quero que ela se torne a minha nora e futura imperatriz consorte deste Império!

As palavras do imperador pairaram no ar como um trovão. O Duque, pego de surpresa, engasgou com o vinho em seu cálice. Ele se inclinou para frente, limpando a boca com o guardanapo, claramente atordoado pela audácia da proposta. A sala, por um momento, pareceu prender a respiração, aguardando a resposta à inesperada revelação do imperador.

— Perdão, amigo? Poderia repetir o que acabou de dizer? — balbuciou o Duque, ainda atônito com a revelação.

O imperador, cheio de confiança, reiterou sua proposta com convicção:

— Sim, exatamente isso. Quero que a sua filha se torne a minha nora e futura imperatriz, Karoll Quátez. Vim até aqui para fazer essa proposta.

Apesar da surpresa inicial, o Duque rapidamente recuperou a compostura. Ele sabia das vantagens e oportunidades que essa aliança traria para sua família e seu ducado. Com um leve sorriso de concordância, ele assentiu, demonstrando sua aceitação. O brilho de ambição em seus olhos não passou despercebido.

A Duquesa, por outro lado, manteve uma expressão de preocupação, seus olhos estreitando-se enquanto ponderava sobre as implicações. Finalmente, ela não conseguiu conter suas dúvidas e questionou, sua voz carregada de apreensão:

— Mas e se a minha filha se apaixonar por outra pessoa no futuro? E se o príncipe também se apaixonar por outra?

O imperador, seguro de sua decisão e com uma expressão resoluta, respondeu com firmeza. Seus olhos cintilaram com uma convicção inabalável enquanto falava:

— É impossível que a sua filha não se apaixone pelo meu filho. Eles são perfeitos um para o outro, como qualquer um pode ver. E, se por acaso não se gostarem, sempre haverá a opção de terem os seus próprios concubinos.

As palavras do imperador fizeram a Duquesa estremecer de desgosto. A tensão em seu rosto era evidente enquanto ela se levantava da mesa com um movimento brusco, os olhos cheios de desaprovação. Com passos decididos, ela se dirigiu à saída da sala de jantar, mas não antes de lançar um olhar preocupado ao Duque. Ela sabia que ele não teria outra escolha senão aceitar a proposta do imperador, e essa percepção aumentava sua inquietação.

Enquanto a porta se fechava atrás dela, o Duque permaneceu sentado, seus pensamentos agora mergulhados nas complexas consequências da decisão que acabara de tomar.

Quando a Duquesa partiu, o imperador dirigiu-se novamente ao Duque:

— Então, vai recusar?

Com um olhar triste e duvidoso, o Duque Sentiny resignou-se e respondeu:

— Eu aceito a sua proposta, vossa majestade imperial.

Com isso, o imperador pulou da mesa e envolveu o seu amigo Duque em um abraço reconfortante, celebrando a aliança que selaria o destino dos seus filhos e do Império.

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Uma semana se passou desde a declaração do imperador. No majestoso templo, decorado com ricos ornamentos e envolto em uma atmosfera de solenidade, Karoll Sentiny recebeu a bênção do imperador. Em uma cerimônia marcada pela grandiosidade, ele a nomeou oficialmente como "Karoll Quátez Sentiny, a futura princesa herdeira".

Alguns dias após a cerimônia, o imperador retornou à capital. No entanto, a notícia sobre Karoll, agora designada como a futura esposa do príncipe herdeiro, espalhou-se rapidamente. De boca em boca, os rumores viajaram desde os confins do Império Ocidental até as terras distantes do Império do Tynes e do Reino Escarlate, capturando a imaginação de todos.

Convites para bailes nobres começaram a inundar a residência do Duque e da Duquesa Sentiny. Cada envelope selado trazia promessas de celebrações luxuosas, enquanto a nobreza, ansiosa e curiosa, desejava conhecer a jovem que estava destinada a ser a futura imperatriz.

Quando a Duquesa Karoll completou três anos, o imperador enviou os melhores professores do Império para instruí-la em todas as artes necessárias para uma futura imperatriz. Desde etiqueta refinada até administração do Palácio Imperial e terras, línguas estrangeiras de impérios aliados e contabilidade avançada, Karoll absorvia o conhecimento com uma inteligência além da sua idade. 

Mesmo aos quatro anos, ela demonstrava interesse em assuntos como esgrima, estratégias de conquista de territórios e política, solicitando ao pai que a ensinasse.

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Seis anos se passaram...

O momento tão aguardado estava finalmente à porta: o primeiro baile imperial do príncipe herdeiro Gilbert, onde ele encontraria pela primeira vez sua futura esposa, Karoll. A expectativa permeava o ar do castelo imperial, com cada detalhe minuciosamente preparado para garantir que a ocasião fosse impecável.

A ansiedade era palpável entre os nobres e servos, todos desejando que o encontro ocorresse sem contratempos. A imperatriz, em particular, dedicara-se incansavelmente aos preparativos do jantar. Ela havia supervisionado pessoalmente cada aspecto, desde a escolha dos ingredientes mais finos até a disposição meticulosa das mesas. Sua dedicação era tão intensa que suas olheiras, testemunhas de noites mal dormidas, eram claramente visíveis à luz do dia, refletindo o peso de sua responsabilidade e o desejo de perfeição para a noite memorável.

Assim que todos os convidados chegaram, anunciaram a entrada do príncipe herdeiro:

— Vossa majestade imperial, príncipe herdeiro Gilbert Quátez!

Gilbert estava deslumbrante, deixando todos os presentes encantados.

No entanto, ele era uma criança tímida e apreensiva, quase à beira das lágrimas de nervosismo. Em sua mente, ele sabia que precisava agir de maneira impecável, como os professores o ensinaram, e também queria encher os seus pais de orgulho em seu primeiro baile. Gilbert mal podia esperar para conhecer a sua futura noiva, e não conseguia deixar de se perguntar se estava suficientemente apresentável para Karoll.

Chegou então o momento tão esperado de anunciar a entrada da "princesa herdeira".

A sala estava mergulhada em um silêncio ansioso, com todos os olhares fixos na grande entrada, onde Karoll faria sua estreia na alta sociedade pela primeira vez. A expectativa pairava no ar, densa e quase palpável.

O mestre de cerimônias, com uma voz clara e ressonante, declarou:

— Lady Karoll Sentiny, herdeira do ducado e futura princesa herdeira!

No instante em que Karoll entrou, a sala inteira pareceu prender a respiração. Ela era deslumbrante. Seus cabelos castanhos cacheados caíam em cascatas suaves sobre seus ombros, complementando perfeitamente seus olhos violeta – uma característica rara e há muito venerada, símbolo da linhagem imperial. Sua pele bronzeada brilhava sob as luzes do salão, destacando-se ainda mais com o vestido dourado que ela usava, adornado com finos bordados que refletiam a luz como estrelas.

Cada movimento de Karoll era gracioso e delicado, como se estivesse flutuando. Ela parecia uma verdadeira boneca de porcelana, sua presença irradiando uma elegância quase etérea. Os murmúrios de admiração se espalharam pela sala, mas um em particular ficou em completo silêncio.

O príncipe herdeiro Gilbert, postado no centro do salão, ficou completamente encantado. Seus olhos não conseguiam desviar-se dela, e ele permaneceu paralisado, absorvendo cada detalhe de sua beleza. O mundo ao redor parecia desaparecer, deixando apenas a imagem de Karoll gravada em sua mente, como uma visão de perfeição.

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Primeira impressão

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Gilbert recuperou a sua postura, endireitando-se ao máximo, e seguiu diretamente para o final da escada do salão, ansioso para receber a sua noiva e compartilhar com ela a primeira dança como casal.

Enquanto isso, Karoll desceu a escada com uma graça e delicadeza que encantavam a todos os presentes. O seu semblante não denotava nervosismo, mas sim uma confiança digna de uma verdadeira princesa.

— É um prazer conhecê-lo, vossa majestade imperial, príncipe herdeiro Gilbert Quátez. — curvou-se levemente diante do príncipe, mantendo uma postura impecável.

Gilbert, tomado por uma ansiedade quase sufocante, gaguejou ao tentar responder:

— S-sim! O prazer é... é todo me-eu, Duquesa Karoll Sentiny. — a sua voz falhou em meio às hesitações, enquanto ele estendia a mão trêmula em direção à dela. — Go-gostaria de me conceder... uma dança?

Karoll, por sua vez, teve uma primeira impressão equivocada do príncipe, julgando-o de forma precipitada.

— Eu adoraria, vossa majestade imperial. — respondeu com um sorriso gentil, aceitando o convite.

Gilbert, aliviado por sua proposta ter sido aceita, soltou um sorriso tímido, acreditando ter causado uma boa impressão. Juntos, eles dirigiram-se ao centro do salão para realizar a sua primeira dança como noivos.

Apesar do nervosismo que ainda o consumia, o príncipe movia-se com graciosidade ao lado da sua futura esposa, demonstrando habilidade e elegância. Não houve erro em nenhum passo, e a dança transcorreu de forma fluida e harmoniosa, deixando os presentes encantados. 

Ao final, foram agraciados com uma salva de palmas e uma série de elogios.

O imperador e a imperatriz também se aproximaram para parabenizá-los, irradiando orgulho.

— Vocês dançaram tão perfeitamente, parecia que já dançavam juntos desde que nasceram, ha ha. — elogiou a imperatriz, com um sorriso radiante.

— Muito obrigado, mamãe. — o príncipe alegre respondeu.

Mas a felicidade do momento foi abruptamente interrompida pela repreensão áspera da imperatriz.

— Meu Deus! Olha os modos, menino! Não me chame de mamãe na frente de tantas pessoas. Eu nem estava falando com você para começo de conversa. Não fez nada além de gaguejar na frente da sua noiva! — exclamou, com uma expressão de desaprovação clara em seu rosto.

Gilbert, envergonhado e magoado, abaixou a cabeça e não conteve as lágrimas, pedindo desculpas por seus “modos inadequados” diante de todos. 

 Em seguida, despediu-se apressadamente de Karoll e partiu correndo em direção à sala das crianças nobres, buscando refúgio.

Diante da cena desconfortável, a imperatriz lamentou o comportamento do príncipe.

— Meu Deus... Peço desculpas por presenciar esse tipo de comportamento do príncipe, Lady Karoll. Ele é difícil de ensinar boas maneiras. — disse, com um suspiro de frustração.

Karoll, embora chocada com a situação, manteve-se serena, controlando as suas emoções e mantendo um sorriso polido no rosto.

— Fico muito grata pelo elogio à minha dança, imperatriz. Mas agora, com sua permissão, gostaria de conhecer meus futuros amigos nobres. — disse, educadamente, solicitando permissão para se retirar.

— Ah, sim. Você é tão elegante que esqueço às vezes que é apenas uma criança. Tem a minha permissão para se retirar.

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Em outra sala, quando Karoll adentrou o ambiente, deparou-se com várias crianças devorando os quitutes dispostos na mesa, enquanto outras brincavam animadamente, imitando cachorrinhos.

O seu olhar percorreu a sala até avistar o príncipe, encolhido num canto, soluçando baixinho.

— O que você está fazendo, vossa majestade? — questionou, os braços cruzados em reprovação.

Gilbert tentou articular uma resposta, mas as palavras travaram em sua garganta, e ele voltou a chorar, envergonhado da sua própria fraqueza.

— Então, tudo o que o príncipe herdeiro pode fazer é chorar após ser humilhado diante de todos? — Karoll provocou, mantendo um olhar firme. — Você, o príncipe herdeiro, futuro imperador do maior Império já existente, não vai ficar aí chorando só porque aquela mulher insensível, que você chama de mãe, o humilhou diante de tantas pessoas arrogantes, né? Não quero casar-me com alguém que não sabe nem se defender de uma mulherzinha que pensa que pode humilhar o próprio filho, herdeiro do Império, apenas para alimentar o próprio ego. Ela praticamente não é nada, apenas uma velha que está próxima de perder o poder.

Karoll proferiu essas palavras com a intenção de incitar uma reação no príncipe, de encorajá-lo a se fortalecer. No entanto, aos olhos de Gilbert…

— Você quer morrer!? Se alguém ouvir isso, pode considerá-la uma traidora. Além disso, ela é minha mãe e esposa do imperador, não posso fazer isso.

— E daí? Não acredito que ela o considere como um filho pela maneira como o tratou. Como uma mãe pode tratar seu próprio filho dessa forma diante de tantas pessoas!? — retrucou Karoll, indignada.

— Ela pode não me considerar um filho, mas mesmo assim eu a considero como minha mãe... — Gilbert murmurou, com a cabeça baixa, as lágrimas brotando novamente.

— Ah, então faça o que quiser, mas pelo menos ouça meus conselhos. — Karoll virou-se, dirigindo-se ao jardim interno imperial, deixando Gilbert para trás, imerso em seus próprios conflitos emocionais.

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O jardim imperial interno revelava-se um refúgio tranquilo para relaxar e acalmar a mente, pensou Karoll ao adentrá-lo. 

 Sentou-se nas escadas, observando as rosas vibrantes e as borboletas que dançavam ao redor com uma calma reconfortante.

— É bem relaxante, não? — uma voz ecoou do outro lado do jardim.

Karoll virou-se, cautelosa, para encontrar um jovem se aproximando.

— Quem é você? — indagou, observando-o com curiosidade.

O rapaz aproximou-se, parando diante dela e fazendo uma reverência antes de beijar-lhe a mão.

— Prazer, chamo-me Gustav Elenorv, filho do Barão Elenorv. — apresentou-se com cortesia.

Karoll sentiu um rubor surgir em suas bochechas ao vê-lo mais de perto, desviando o olhar timidamente.

— O prazer é todo meu, senhor Gustav Elenorv. Eu sou Lady Karo-

— Eu sei quem és tu, futura imperatriz Karoll Quátez Sentiny. — Gustav interrompeu, demonstrando conhecimento.

Karoll sentiu-se envergonhada sem motivo aparente.

— Bem, posso me juntar à futura imperatriz?

— Claro que pode. E não precisa me chamar assim, não tenho certeza se me casarei com o príncipe herdeiro. — corrigiu-se Karoll, tentando disfarçar seu desconforto.

— Me perdoe por isso, fui muito lento em perceber minhas palavras, mas pensei que todas as damas deste Império gostariam de ser chamadas assim. — explicou-se Gustav.

— É que eu não sei se quero me casar com o príncipe, ha ha ha...

Gustav percebeu o desconforto em suas palavras e muda rapidamente de assunto.

— Eu gosto deste jardim, parece trazer uma sensação de paz indescritível.

— Parece que você frequenta muito este lugar, senhor Gustav.

— Na verdade, é a primeira vez que venho a este castelo.

— Ha ha, mesmo assim, compartilhamos a mesma opinião. Parece que aqui podemos esquecer todos os problemas e nos sentir relaxados. — disse Karoll, sentindo-se mais à vontade.

— Que bom que concordamos em algo. Sendo sincero, nem sabia o que dizer. — admitiu Gustav, rindo.

Os dois continuaram conversando animadamente por um tempo, até que Karoll questionou por que Gustav estava no jardim.

— Meu pai não para de pressionar-me em relação à sucessão do título de Barão, e minha mãe insiste em encontrar uma nobre rica para que eu me case e salve nossa família da pobreza. Eu só tenho 12 anos, sou apenas uma criança, mas parece que ninguém se importa.

— Então somos semelhantes nesse aspecto, ha ha ha! Neste Império, as crianças muitas vezes precisam ser mais maduras do que os adultos. Às vezes, isso até parece engraçado! — Karoll sorriu, compartilhando um momento de compreensão com Gustav.

Um silêncio se instalou entre eles, e durante esse momento, trocaram olhares, admirando-se mutuamente, até que...

— Karoll, o que estás fazendo aqui com Gustav Elenorv? — a Duquesa Sentiny apareceu, surpreendendo-os.

— Estávamos apenas nos conhecendo, mamãe...

A Duquesa lançou um olhar suspeito em direção ao jovem Barão por alguns momentos.

— É uma honra conhecê-la, Duquesa. — Gustav levantou-se rapidamente, envergonhado sem motivo aparente.

— Prazer, Gustav. Gostaria de ter mais tempo para conversar, mas agora estou com pressa. Nos vemos em outra ocasião. Parece que seu pai também está à sua procura.

A Duquesa puxou a mão de Karoll, apressando-se para sair do jardim. Karoll lançou um último olhar para Gustav antes de deixar o local, acenando-lhe com um sorriso esperançoso, ansiosa para encontrá-lo novamente em outro momento.

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No salão do baile...

— O que a mocinha estava fazendo com o Barão Gustav? — Duquesa cochichou no ouvido de Karoll.

— Só estávamos nos conhecendo, somos duas crianças normais! Agora não posso nem fazer mais amigos também?

— Minha filha, é claro que eu quero que você faça vários amigos, mas você sabe como é esta capital. Se alguém te ver com um nobre cavaleiro, vão pensar coisas erradas, e isso pode chegar ao imperador ou à imperatriz, prejudicando nossa família e principalmente sua autoridade, mesmo você sendo uma criança ou não.

— Ok, me desculpe mãe... Gustav é o meu primeiro amigo desde que vim para a capital. Neste breve momento que conversamos, percebi que ele é engraçado e me entende bem, sabe. — Karoll falou, desviando o olhar para o chão.

A Duquesa vislumbrou o futuro daquela relação e como terminaria, mas seu amor de mãe falou mais alto.

— Tudo bem então, você pode conversar ou mandar cartas para seus amigos, mas sem que seu pai ou mais ninguém saiba, ouviu?

Dito aquilo, Karoll colocou um sorriso no rosto e beijou a bochecha de sua mãe com amor.

— Obrigada mesmo, mamãe. Mas por que saímos correndo daquele jeito? E por que todos no salão estão com uma expressão preocupada? Aconteceu algo com o príncipe Gilbert!?

— Ah, esqueci de te contar... O imperador desmaiou no meio do salão. Servos e médicos entraram para ajudar, e seu pai foi junto para ver o que aconteceu. Ele está nos esperando na carruagem neste momento. Não precisa se despedir do príncipe, pois ele já se retirou.

Karoll ficou assustada com o que acabara de ouvir, então ela e sua mãe foram rapidamente para a carruagem.

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Laços e Despedidas

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 Na carruagem...

O pai de Karoll olha para ela com um sorriso radiante, seus olhos brilhando de orgulho. 

— Minha querida filha, você estava tão magnífica hoje!— ele comenta, com um leve tremor na voz. — Estava quase chorando ao perceber que a minha bebezinha cresceu tão rápido…

Ao encontrar o olhar afetuoso do pai, Karoll sente um calor reconfortante se espalhar por seu peito, mas também uma pontada de tristeza ao perceber como o tempo passa rápido.

— Obrigada, pai, mas sabe que não gosto quando me chama assim, é meio infantil — ela diz, tentando esconder a emoção que ameaça transbordar.

— Mas você apenas tem um décimo de vida, então é uma criança, não? — comenta a Duquesa enquanto ajeita o vestido.

Karoll engole em seco, sentindo um aperto no peito ao ser confrontada com a realidade da sua juventude. 

— Tem razão… — murmura, seu sorriso desaparecendo aos poucos.

— Então, papai, estou preocupada com o imperador. Não cheguei a vê-lo, mas mamãe falou que ele desmaiou no meio do baile. Ele está melhor agora?

As palavras de preocupação escapam dos lábios de Karoll antes que ela possa contê-las, sua voz trêmula revelando o medo que ela tenta esconder.

— Como sabe, o imperador já está um pouco 'velho'. A idade é cruel até mesmo para ele — responde o Duque com um suspiro pesaroso. — Quando fui para o quarto junto da imperatriz, o imperador estava tossindo sangue e gritando de dor em seu peito. Ele só gritava de dor e o nome da sua concubina. Aquela visão era aterrorizante.

 O Duque olha nos olhos de Karoll com seriedade, compartilhando o peso da preocupação.

Ao ouvir aquilo, Karoll sente um frio na espinha, seu coração apertando com a angústia do desconhecido. Não sabe como lidar com a possibilidade de perder o imperador, nem com as consequências que isso poderia trazer.

— Você está dizendo que o imperador está morrendo e eu vou ter que me casar com um príncipe chorão? — Karoll responde, sua voz tremendo, as lágrimas ameaçando transbordar. — Não posso só herdar o seu título, papai?

— Me desculpe, filha, mas fiz esse acordo desde que nasceu. Não posso voltar atrás. É o imperador, meu melhor amigo.

Ao ouvir a resposta do pai, um misto de raiva e tristeza se mistura dentro de Karoll, sua mente girando com a injustiça da situação.

— Então está insinuando que o seu amigo é mais importante que a sua única filha?!

— Caso esse amigo for o imperador, a resposta é sim! — responde o Duque com uma tristeza resignada.

As palavras do pai caem sobre Karoll como uma tonelada de pedras, sua mente girando com a sensação de abandono e desamparo. Não sabe como reagir, apenas concorda com um aceno de cabeça, a dor silenciosa ecoando dentro dela.

A carruagem continua em um silêncio absoluto até a mansão do Duque, mas o peso das palavras não deixa espaço para mais nada.

 No dia seguinte, Karoll é acordada pelos seus empregados para se arrumar para o novo dia.

Sua babá, a qual é muito próxima, entrega uma carta a ela, sussurrando em seu ouvido:

— Minha senhora, esta manhã chegou uma carta confidencial do Barão Gustav Elenorv. Achei estranho e logo vim aqui entregar a vossa alteza.

O coração de Karoll dispara com a perspectiva de uma distração da sua tristeza, mas também com o medo do desconhecido que ela representa.

 Ela pega a carta com mãos trêmulas, a esperança lutando para se abrir caminho através da escuridão que a envolve.

"Minha cara amiga Lady Karoll Sentiny, não deu para nos despedir apropriadamente ontem do baile imperial, então queria que aceitasse as minhas humildes desculpas. Conhecer-te ontem foi a única coisa boa que aconteceu comigo durante o dia inteiro. Adorei também conhecer o outro lado da 'futura imperatriz', séria e forte, um lado fofo, engraçado e bondoso. Adoraria que nos encontrássemos novamente, mas acho que isso manchará sua reputação. Espero realmente que no futuro nos veremos novamente.

De seu belo amigo, Gustav Elenorv.”

Terminando de ler a carta, Karoll dá um pequeno sorriso no canto de sua boca, um lampejo de alegria surgindo em meio à tempestade emocional que a assola. Ela se senta em sua mesa para escrever uma resposta, a caneta tremendo em suas mãos enquanto ela luta para encontrar as palavras certas.

"Fiquei muito feliz em receber uma carta sua, meu 'belo' amigo Gustav. Suponho que é muito novo para ter um ego assim. Adoraria também saber mais de você, mas como mencionou, vai ser difícil nos encontrarmos novamente. Podemos combinar isso no próximo baile que acontecerá, se você puder comparecer.

De sua bela amiga, Karoll."

Depois de envelopar a sua carta, Karoll chama sua babá, pedindo para entregar a carta ao Barão sem que ninguém saiba.

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Alguns meses depois...

Na mansão do Barão, as coisas eram um pouco diferentes. Gustav não tinha permissão para sair e aproveitar o dia, restringido apenas a bailes ou à academia imperial. Por vezes, ele se aventurava em saídas secretas para receber e entregar cartas a Karoll.

Depois da primeira troca de cartas, vieram várias outras, cada dia com uma pergunta e resposta diferente. Também se passaram vários bailes, nos quais os dois combinavam encontros secretos para conversas íntimas ou brincadeiras divertidas.

Em um desses encontros escondidos, decidiram explorar o centro da capital em um dia de festival.

 A cidade pulsava com energia, e Karoll e Gustav, vestidos de forma discreta para não serem reconhecidos como nobres, se maravilhavam com as novidades.

Gustav estava particularmente animado, nunca tendo presenciado um festival ou explorado o centro da capital. Karoll notou sua excitação e, com uma risada suave, comentou: 

— Nossa, qual é o motivo de toda essa animação? Parece que nunca viu um festival, ha ha…

A expressão de Gustav se suavizou com a vergonha, e Karoll rapidamente mudou de assunto, apontando para uma apresentação próxima. 

—Uau, você viu aquilo? O cara soprou fogo do nada! Vamos ver! — ela disse, agarrando a manga da blusa de Gustav e o puxando para o centro da multidão.

Passaram a tarde inteira mergulhados na atmosfera festiva, experimentando comidas e admirando as atrações.

 À medida que a noite caía, dirigiram-se à praça para observar as pessoas dançando.

Gustav olhou para Karoll e a convidou para dançar. Com um sorriso contido, ela aceitou. 

Ele colocou a mão em sua cintura e a puxou para mais perto, seus rostos a pouca distância um do outro, as bochechas coradas revelando a proximidade.

Dançaram ao som de várias músicas, compartilhando risos e conversas enquanto se moviam no ritmo da música. Após a última dança, se separaram e se cumprimentaram.

— Uau, você até que é um bom dançarino, vossa graça — comentou Karoll, impressionada.

Naquela instante, o céu se iluminou com uma explosão de cores e luzes, os fogos de artifício dançando em um espetáculo magnífico. Gustav, com os olhos brilhando de admiração, não conseguia desviar o olhar do espetáculo que se desenrolava diante de seus olhos.

A cada explosão, ele sentia uma emoção renovada, maravilhando-se com a beleza efêmera que se desdobrava no céu noturno. Mas quando seus olhos se encontraram com os de Karoll, sua admiração cresceu ainda mais.

 O brilho radiante em seu rosto, a expressão de fascínio em seus olhos violetas, tudo isso mexeu com algo dentro de Gustav.

Um calor se espalhou por seu peito enquanto ele observava Karoll, percebendo que compartilhavam aquele momento especial juntos. Por um instante, eles se perderam um no olhar do outro, uma conexão silenciosa que os envolveu na magia da noite.

No entanto, logo se desviaram, suas faces coradas de vergonha diante da intensidade daquele momento. Gustav sentiu seu coração bater mais rápido, uma sensação estranha de excitação misturada com nervosismo. Aquele breve instante de conexão deixou uma marca indelével em sua mente, alimentando uma esperança tímida de algo mais entre eles.

— É... acho que já está tarde, temos que voltar para casa — disse Gustav, quebrando o silêncio.

— Está certo, tenho que estar em casa antes das luzes vermelhas se acenderem… — concordou Karoll.

Com um aceno de despedida, seguiram caminhos separados, mas o brilho daquela noite permaneceria vivo em suas memórias por muito tempo.

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Na mansão do Barão na capital...

Gustav entrou pela entrada dos empregados, seus passos ecoando pelos corredores vazios da grande residência. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, sua mente atormentada pelo pressentimento de que algo estava errado.

Ao chegar ao seu quarto e abrir a porta, um nó se formou em sua garganta ao ver a figura imponente de seu pai sentado em sua cama. Os braços cruzados sobre o peito denotavam uma postura séria, e ao lado dele estavam as cartas que Gustav recebia de Karoll.

— Você pensou mesmo que poderia esconder os seus encontros secretos com a noiva do príncipe herdeiro? — a voz do Barão ecoou na sala, carregada de desapontamento.

Gustav imediatamente se ajoelhou diante do pai, as lágrimas começando a escorrer por seu rosto.

— Por favor, perdoe-me, pai, perdoe-me por esconder isso de você! Eu nunca mais vou fazer isso de novo! Pode punir-me da forma que quiser, mas por favor, não conte nada ao imperador ou à imperatriz. Não quero que a reputação de Karoll seja arruinada. — Gustav soluçava, suas palavras mal conseguindo escapar entre os soluços enquanto ele implorava pelo perdão do pai.

O Barão observou seu filho com uma expressão pensativa antes de finalmente responder.

— Uau, pelo visto vocês dois se importam um com o outro. Desde quando estão se encontrando?

— Desde o primeiro baile do príncipe herdeiro.

Um sorriso malicioso apareceu nos lábios do Barão enquanto ele cruzava os braços.

— Hahahaha! Então são meio que amantes. Vejo que puxou o seu pai…

— Pai, pelo amor de Deus! Somos apenas crianças. Não temos esse tipo de relação. Somos apenas amigos. Posso ter treze anos, mas nunca ousei pensar nela dessa forma. Isso seria o mesmo que trair o Império.

O Barão levantou uma sobrancelha, ponderando as palavras do filho.

— Então ainda pensa na honra dela mesmo se encontrando "escondido" com ela. Se bem que a sua relação com ela pode beneficiar a nossa família no futuro… — ele murmurou, seu tom indicando um plano ardiloso em gestação. — Já sei! Você pode fazê-la se apaixonar por você e, depois, ela poderá elogiá-lo ao imperador, fazendo com que nossa família ganhe o respeito merecido na sociedade. No futuro, você poderá até mesmo se tornar o braço direito do Império! Sim, isso é uma grande oportunidade!

As palavras do pai caíram sobre Gustav como um balde de água fria, fazendo-o sentir como se o chão estivesse se abrindo sob seus pés. Ele se levantou abruptamente, uma mistura de raiva e indignação borbulhando dentro dele.

— Você é realmente um idiota!? — Gustav explodiu, sua voz carregada de fúria contida. — Eu nunca me aproveitaria da amizade de Karoll para me beneficiar ou ajudar nossa família. Eu preferiria apodrecer na pobreza extrema do que traí-la!

O Barão arregalou os olhos, surpreso com a fúria repentina de Gustav. Antes que pudesse reagir, Gustav avançou e agarrou o pescoço do pai com um ódio feroz brilhando em seus olhos.

— De onde veio essa força? — o Barão respondeu, entre a surpresa e a incredulidade. — Parece que o meu querido filho se apaixonou e está ficando louco.

Gustav percebeu o que fez e largou seu pai, sua raiva diminuindo à medida que a gravidade do que acabara de acontecer se instaurava em sua mente. 

Segundos depois, o pai de Gustav desferiu um soco na barriga do filho, derrubando-o no chão com um golpe duro e impiedoso.

O Barão continuou a golpeá-lo, sua raiva se manifestando em cada golpe desferido. O ar fugiu dos pulmões de Gustav enquanto ele se encolhia no chão, incapaz de se defender diante da fúria do pai.

— Espero que você aprenda a se dirigir ao seu pai daqui para frente!

— Me perdoe, pai. Eu não me controlei. Nunca mais irei fazer isso de novo. — Gustav falou, olhando para o chão com um misto de vergonha e desprezo.

— Tanto faz! A sua punição será ir para guerra que ocorrerá daqui a um mês, ficando ao lado do príncipe herdeiro. Você irá protegê-lo e, nesse tempo, tentará conquistar a confiança dele e arriscará a sua vida pela dele. Seu treinamento ficará mais pesado a partir de amanhã! Não me decepcione!

Depois que o Barão saiu, Gustav estava tomado por uma mistura avassaladora de emoções. 

Sentimentos de raiva, frustração e tristeza se agitavam dentro dele, clamando por uma liberação. Sem pensar duas vezes, ele começou a quebrar tudo em seu quarto, cada objeto se tornando alvo de sua fúria contida. 

 Cada som de vidro se partindo e móveis se quebrando era como um grito de desespero ecoando no vazio do quarto.

Quando finalmente não restava mais nada para destruir, Gustav sentou-se ao lado da janela, seu peito ainda apertado pela dor que o consumia por dentro.

Ele olhou para a lua, sua luz fria e distante refletindo a solidão que o envolvia. Mas, ao olhar para ela, sua mente involuntariamente voltou-se para Karoll e seu sorriso encantador.

As lembranças da jovem lady trouxeram à tona uma dor ainda mais profunda, uma sensação de perda iminente que o sufocava. As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, silenciosas testemunhas de sua angústia e desespero. 

Gustav chorou por toda a madrugada, lamentando a possibilidade de nunca mais vê-la novamente, seu coração partido pela incerteza do futuro.

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Um mês depois...

Karoll ficou preocupada por não receber mais cartas de Gustav. Ela temia que alguém tivesse descoberto seus encontros e decidido pôr um fim a eles. Preocupada, optou por não enviar mais cartas também, temendo o pior.

Chegou o dia da partida do príncipe para sua primeira guerra, e, como tradição, Karoll tinha que se despedir de seu noivo.

— Filha, você pegou o lenço? — perguntou o pai de Karoll.

— Peguei, pai. Afinal, estou indo só por ele, não é mesmo? — respondeu Karoll, com um toque de sarcasmo em sua voz.

— Hoje você tem que agir como se gostasse do príncipe. Ninguém pode perceber que temos uma relação não muito boa…

— Eu sei, pai. Só queria voltar logo para casa, para o sul... Após terminarmos as coisas aqui na capital, podemos voltar para casa?

O Duque sentiu pena de sua filha. Tudo o que desejava era que ela encontrasse a felicidade.

— Eu prometo, Karoll! Vamos voltar para casa ainda nesta primavera!

Chegando ao castelo imperial, uma multidão se reunia, cavaleiros se despedindo de suas famílias, esposas com suas crianças chorando, entre outros. Karoll odiava aquela atmosfera triste que pairava sobre o lugar.

Ela desceu da carruagem e entrou no castelo para se despedir do príncipe.

No momento em que entrou no salão, uma multidão de nobres estava reunida, ávida para observar a dinâmica entre ela e Gilbert. Karoll achou aquilo completamente desnecessário.

Ela desceu as escadas com um pouco de vergonha até chegar ao portão principal do castelo para se despedir de Gilbert.

Lá estava ele, esperando-a no portão, com sua armadura dourada e detalhes prateados, parecendo um pouco engraçado devido ao seu físico pequeno, já que tinha apenas doze anos.

— Saudações, príncipe herdeiro do Império Gilbert Quátez. Estou bastante triste com a sua partida — disse Karoll, tentando manter a compostura.

Com um olhar radiante, Gilbert respondeu:

— A honra é minha, Duquesa Karoll. Também estou triste por não ter passado mais tempo com você desde o dia em que nos conhecemos. Mas prometo que, quando voltar da guerra, farei questão de marcar vários encontros para nós nos conhecermos melhor.

Karoll deu um leve sorriso para o príncipe, entregando-lhe o lenço com o símbolo imperial.

— Fiz este lenço para você sempre levá-lo em algum lugar nesta armadura, para não me esquecer jamais.

Gilbert aceitou o lenço e guardou em seu bolso.

— Muito obrigado. Nunca esquecerei da beleza e bondade da minha noiva.

Então, o príncipe se aproximou e deu um beijo na bochecha de Karoll, surpreendendo-a. Karoll e toda a multidão ao redor ficaram chocados com o gesto.

Depois de um momento, Karoll se afastou um pouco e falou timidamente para Gilbert:

— Espero que volte em segurança, Vossa Alteza Imperial.

Gilbert sorriu e subiu em seu cavalo, partindo enquanto olhava para trás. Karoll observou os nobres gritando suas despedidas e, ao virar-se novamente para frente, viu Gustav ao lado do príncipe, partindo para uma guerra que poderia durar oito longos anos.

Percebendo a presença de Gustav ali, Karoll compreendeu que algo havia acontecido e que só saberia se Gustav voltasse vivo. 

Ela passou todos os dias na esperança de que ele retornasse em segurança…

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