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A Oficina

O Pacto

Era recente que Sandro tinha encontrado um momento de paz, depois de ter quase perdido seu grande amor por um monstro, decidiu deixar a adrenalina de lado, tomou outro rumo, investiu na sua oficina de bairro que se tornou a referência da cidade, passou a ter uma vida tranquila.

Depois de um sábado trabalhado, se despediu dos seus parceiros, fechou a oficina, foi para casa, tomou seu banho santo, fez barba, vestiu seu jeans rasgado, colocou sua regata preta e calçou seu tênis e saiu com sua moto em direção ao que aquecia seu coração nos últimos tempos.

Entrou no velho bar de jazz de Denis, de luz escura, sentou no bar, pediu sua vodca, era o momento perfeito que pegava seu caderno de planos para seu futuro e suas contas, distraído não notou que o diabo sentou ao seu lado e pediu para o velho dono do bar:

— Denis, me vê duas vodcas.

— Eu não curto encontro com homens – avisou Sandro levando o olhar para Renan.

— São negócios.

— Todos sabem que negócios não me importam mais.

— 190 mil.

Sandro assoviou, deu um sorriso de lado, abaixou a cabeça balançado em negação e voltou a olhar para seu caderno, Renan bebeu um pouco da vodca e perguntou:

— Não será fácil, não é?

— Me diz o que precisa e eu te indico alguém — respondeu Sandro ficando levemente irritado e fechou seu caderno.

— Só você pode fazer o serviço — Renan disse misterioso com um sorriso perverso.

— Esqueça Renan, eu estou fora e nunca trabalhamos juntos.

— Você ainda cuida dos carros e motos da minha gangue.

— Eu não tenho restrição quanto a clientes.

— 290 mil, tenho certeza que conseguirá abrir uma nova oficina.

— Conseguiria, mas minha alma não vale isso — disse Sandro virando o copo de vodca e estava prestes a ficar de pé.

— 500 mil.

— Caralho, que porra de trabalho é esse? — Sandro desistiu de sair daquele banco.

— Eu preciso de um piloto de fuma, sei que é o melhor.

— Vai assaltar um novo banco?

— E se fecharmos 600 mil e não fazer perguntas?

— Tem coisas que não valem o dinheiro.

— Eu só vou entregar um recado, será uma conversa rápida.

— Quando? — Sandro já não se importava mais, era muito dinheiro, o dinheiro que precisa para colocar sua vida onde queria.

— Amanhã no ponto cego da igreja abandonada a meia noite.

Sandro assentiu, a presença de Renan o incomodava, por isso do bar foi para balada, mas não para curtir, sentou em um dos sofás e ficou olhando as pessoas dançarem, enquanto pensava em sua vida.

Domingo, era o dia sagrado para Sandro, ele nunca abria a oficina, exceto se fosse algum trabalho que desse muito lucro, como o trabalho para o diabo, discreto saiu vestido de preto, era sua roupa de guerra, encontrou Renan encostado em um carro esportivo, era um Aston Martin DBS cor de jumbo, encarou o diabo nos olhos, pegou a chave e entrou no carro ao mesmo tempo que Renan, ajeitando o retrovisor Sandro pediu:

— Sinto de segurança, senhor.

— Está de palhaçada?

— Você quem sabe, eu não brinco em serviço — avisou Sandro acelerando sem piedade, ele conhecia a cidade como a palma de sua mão, sabia cada ponto cego, qual ponto poderia ir veloz e não levantar alarde.

Renan sabia que Sandro queria o provocar, seu corpo ia para frente para e para trás, não teve escolhas a não ser colocar o cinto. O destino estava no GPS, Renan só tinha que ser levado.

Era uma mansão, com seguranças, o portão foi aberto ao reconhecerem Renan, Sandro dirigiu para dentro escutando seu cliente pedir:

— Não desligue o carro.

— Do que vamos fugir? — Sandro questionou desconfiado.

— De nada que precise se preocupar — respondeu Renan descendo do carro.

Cinco seguranças seguiram Renan, ele ajeitou seu terno, desfilou poderoso pelo jardim, até a entrada da casa, foi recebido pela adorável governanta:

— Senhor, me acompanhe.

— Com prazer — ele disse a olhando dos pés à cabeça.

Renan chegou à sala de visita, encarou o anfitrião, Domenico, o homem grande, gordo, com o olhar intimidador, fumava seu charuto favorito, encarou Renan e com um sorriso nervoso o recebeu:

— Amigo!

— Você tem o que me deve? — perguntou Renan ficando com fisionomia indecifrável.

— Tenho quase tudo.

— Quase tudo, não é tudo — afirmou Renan erguendo sua sobrancelha esquerda com reprovação — E o seu tempo esgotou.

Domenico somente teve tempo de arregalar os olhos, Renan sacou uma pistola com silenciador do seu terno, atirou em sua cabeça, na sequência, atirou na cabeça da governança, certamente ela tentaria ligar para a polícia primeiro, nesse momento os seguranças tinham acabado de sacar suas armas, Renan atirou em um, precisou se esconder atrás do sofá escapando de dois tiros. Ele era um ótimo atirador, sua mira impecável, antes que viessem as duas outras balas, ele já tinha atirado no coração do segundo segurança e na perna do terceiro, ganhou tempo com o terceiro, pode atirar na cabeça do quarto, rolar pelo chão, virar a mesa de centro como escudo e atirar no coração do quinto segurança. Ainda restou o terceiro e quarto, o terceiro que tentou fugir alastrando sangue pela casa, levou um tiro pelas costas, deu um tiro de raspão em Renan que revidou em sua testa.

Renan acabou com os seguranças da casa, correu para cabine de segurança, deletou todos os vídeos e deixou o programa de segurança desativado, correu para o carro e mandou:

— Vai!

— Eu ouvi tiros, o que aconteceu lá dentro? — perguntou Sandro que não acreditava no que tinha ouvido, ele nunca se colocou em situações de assassinato.

— Nada que tenha que se preocupar e você não é o único que ouviu os tiros, os vizinhos já devem ter chamado a polícia faz tempo, por isso, voe com esse carro agora!

— Desgraçado! — Sandro se enfureceu, nunca quis ter envolvimento com assassinato.

— Cale a merda da boca, não está fazendo isso de graça garoto!

— Onde te deixo?

— Você me deixa no meu império garoto — ele disse com um sorriso de canto.

Sandro entendo o que Renan queria, aquele era somente um primeiro encontro entre eles, ir para o domínio das ruas de Renan, era como uma parceria, a parceira com o diabo que Sandro por anos lutou contra.

Ao chegar em frente a uma casa modesta, mas muito bela, Renan avisou:

— O dinheiro já está na conta da oficina, fique com o carro de gorjeta.

— O quê?

Renan não respondeu, somente saiu do carro e foi para sua casa, e Sandro, foi para sua oficina, ficou um tempo olhando para o volante pesando em qual merda tinha se metido e mandou mensagem para seu melhor amigo:

“Pode vir para a oficina?”

“20 min” — respondeu Ted.

Ted estava na balada, afastou a morena que estava beijando seu pescoço e pediu:

— Foi mal gata, a chefia me chama.

— San vai vir pra cá? — perguntou Veronica uma velha amiga e uma garota que Sandro ficava.

— Se eu conseguir fazer ele vir, será um milagre — respondeu Ted piscando.

Ted pegou sua moto, chegou na oficina, se espantou ao ver o carro, assoviou e perguntou:

— Está saindo com alguma velha rica?

— Pior.

— Um velho rico?

— Não seu idiota, eu preciso me livrar desse carro — disse Sandro sorrindo de nervoso.

— Foi um roubo?

— Se nada der certo já pode virar coxinha — Sandro foi sarcástico quanto aos questionamentos do seu amigo.

— Vai se foder.

— Digamos que Renan me deu muita grana para ser seu piloto de fuga, e não foi bem assim, ele executou algumas pessoas e assim eu fui levado para a merda.

— É regra da vida, não se meter com aquele velho do cacete.

— Vamos focar em vender essa porra.

— Relaxa, isso eu cuido — ele disse tirando fotos do carro — Faço isso desde sempre.

— Quanto tempo para termos um comprador?

— Talvez duas horas — respondeu Ted olhando para o aplicativo — Vamos esperar no bar?

— Prefiro esperar aqui.

— Quando foi que ficou tão sério?

— Acho que nunca, ainda sou burro para cair em brincadeiras.

— Desde quando Catherine foi para Portugal, você mudou — observou Ted se referindo que nunca mais havia visto Sandro fazer um roubo ou aposta em rachadinha.

— Não diga o nome dela, o passado, precisa se manter no passado.

— Certo, eu vou comprar um engradado enquanto esperamos, pode ser?

— Eu já dei bandeira com esse carro, quando eu for vender, acho melhor não estar alcoolizado, pega uma água pra mim.

— Depois da água, vamos para o culto nos arrepender dos nossos pecados?

— Anda logo Ted – pediu Sandro passando a mão no seu cabelo fino o jogando para trás, se encostou na parede e escorregou até sentar ao chão.

Ted foi para a venda da frente, comprou uma garrafa de água e uma cerveja de garrafa, voltou para a oficina com o sorriso largo, já estava com a cerveja aberta, jogou a garrafa d’água na direção de Sandro se gabando:

— Eu sou foda!

— Desembucha — mandou abrindo a garrafa.

— Já temos o comprador, ele acabou de depositar metade do valor na sua conta fantasma, papai Noel chegou adiantado.

— Você tá zoando? — perguntou Sandro levantando do chão todo alegre.

— E te dá todo resto na hora, ele quer se encontrar agora à 1h, atrás do shopping.

— Puta que pariu, vamos? — disse Sandro animado ignorando seus instintos que lhe diziam que estava fácil demais.

— Bora — respondeu Ted girando a chave da sua moto.

— Espera — pediu Sandro tirando detrás da cintura uma arma — É melhor prevenir que remediar.

— Vai acabar assustando o comprador — brincou Ted.

— Só quero que fique seguro e se precisar fugir, fuja — avisou Sandro que por algum motivo tinha um péssimo pressentimento.

— Relaxa irmão — mandou Ted com um largo sorriso — Nós vamos fazer uma festa daquelas para comemorar.

O sorriso Ted tirou a tensão de Sandro, relutando contra os seus sentidos foi para o carro e Ted o seguiu dirigindo a moto. Os dois dirigiram em alta velocidade, ao chegarem perto da parte detrás do shopping Sandro mandou:

— Fique aí.

— Mas, por quê? — questionou Ted parando a moto.

— Eu estou vendo que é só um cara, qualquer coisa você me dá cobertura — respondeu Sandro abaixando a luz do farol do carro.

— Tá bom — concordou Ted balançando a cabeça levemente, pensava que Sandro estava preocupado atoa.

Sandro se aproximou do homem dirigindo devagar, o homem se aproximou, saindo da sombra do poste e perguntou:

— Então esse é o meu novo brinquedo?

— Todo seu — respondeu Sandro descendo do carro.

Ele era da altura do homem que deveria ter em torno de quarenta anos, ele assoviou ao ver o interior do carro e disse entregando a maleta:

— Está tudo aí.

— Só vou conferir — avisou Sandro abrindo a maleta sobre o capo do carro.

Sandro havia visto um brilho prateado da jaqueta de couro do cara, encarando ele assoviou alto com dois tons diferentes, Ted sentiu seu coração disparar, ligou a moto, pensou em tentar ajudar Sandro, mas aquele era o comando de fuga e assim fez. O careca sacou a arma e perguntou encarando o ladrão:

— Como descobriu?

— Devia guardar melhor o distintivo — respondeu Sandro levantando as mãos sem ter a opção de pegar a arma em sua cintura.

Atrás o policial, no final da rua, haviam três carros de polícia que ligaram as sirenes, enquanto o policial careca dava voz de prisão:

— Coloque os braços para trás.

Sandro assim fez, foi desarmado e levado até a viatura, a policial que estava no banco da frente avisou:

— Perdemos o cumplice, a sexta viatura acabou de reportar, senhor.

— Puxa a ficha desse cara — mandou o policial jogando a identidade de Sandro em sua mão e o levou para o camburão.

Ao chegar à delegacia Sandro foi colocado em uma sala de interrogatório, a policial que tinha o cabelo castanho bem cacheado preso em um perfeito coque, colocou a sua frente uma garrafa de água junto com um lanche natural de peito de peru e avisou:

— Eu vou soltar seus pulsos, para caso queira comer.

— Sim, madame — ele disse um sorriso sarcástico para aliviar a tensão dos ombros e notou que ela tinha bastante beleza.

O policial careca, entrou na sala, fechou a porta, jogou a pasta sobre a mesa e contou:

— Teve duas prisões, uma por rachadinha e outra por roubo de carro.

— Pode ser coroa — disse Sandro abrindo a garrafa de plástico.

— Garoto, estou tentando ser legal com você, é melhor se comportar.

— Eu quero fazer uma ligação.

— Você vai fazer depois de me dizer onde está Renan — avisou o policial careca.

— Não sei de quem está falando — mentiu Sandro com um sorriso sarcástico.

— Eu sei que ele estava com esse carro, quero saber porque ele se livrou.

Sentença

Sandro de um sorriso debochado e balançou os ombros. A policial se debruçou sobre a mesa para olhar bem para seus olhos e aconselhou:

— Tentarei primeiro ser legal com você, me chamo Odete, sou detetive do distrito de forças especiais — ela se apresentou erguendo uma sobrancelha — Isso quer dizer que você deixou de ser um bandidinho, e não vamos pegar leve com você, então ou você fala por bem ou por mal.

— Mal? — riu Sandro — Gracinha, nem se fodesse comigo — e piscou sedutor.

— Não nego que é charmoso, mas garanto que não vai mais ficar tão lindinho se o delegado Vicente destruir sua cara.

— Bandidinho, lindinho – riu Sandro, ficou um pouco sem graça, não gostou do título de desprezo.

— Não gosta de ser tratado no diminutivo — observou Vicente o encarando — Isso quer dizer que é mais que um rato, atualmente é dono de uma oficina, se eu mandar uma invasão imediata, vou achar algo?

— Sou um fantasma, pode me revirar de cabeça para baixo e nada vai achar, além desse carro.

— Não nega o roubo?

— A merda já está feita, chefia.

— Muito confiante, quem era o homem que fugiu? — perguntou Odete batendo na mesa para o intimidar.

— Que homem? Não havia nenhum homem comigo — respondeu Sandro mantendo o sarcasmo e devorou o lanche.

— Já apanhou de barriga cheia? — perguntou Vicente o encarando.

— Sei que é só ameaça, não podem fazer nada.

— E eu sei que Renan é o Manda-Chuva, se você o entregar vão matar você, e dependendo da pessoa que deixou fugir, também, caguetas morrem.

— Não sei de nada, não conheço ninguém chamado Renan.

— Só precisamos encontrar ele, sabemos de muitos podres, se colaborar, a pena de cinco anos, faço cair para dois.

— Cinco anos passam rápido.

— Não seja burro, daremos um jeito de proteger você — mandou Odete.

— Tem mais um lanche?

— Levem ele — mandou Vicente encarando Sandro.

— Me levar? E a minha ligação? — ele perguntou olhando para dois policiais entrarem, um negro e um branco, cada um o segurou por um lado — Eu não estou resistindo a prisão, não precisam me arrastar!

— Tem o direito de mudar de ideia a qualquer momento, filho — avisou Vicente seguindo seus detetives para a parte de baixo da delegacia.

Era ao lado da garagem coberta, os dois policiais o colocaram dentro de uma sala pequena, prenderam seus braços nas algemas que eram presas a correntes que vinham do teto. Sandro entendeu que seria torturado e comentou:

— Isso é um crime.

— É mesmo? — perguntou Vicente sarcástico — Será como o seu parceiro, será como quem te deu o carro, ninguém existe, isso aqui não existe.

Sandro sentiu Odete levantar sua camisa, mesmo com medo brincou:

— Mãos de fada, princesa.

— Flertar não é uma saída, mas falar sim — ela disse o encarando nos olhos.

— Pode subir Odete —mandou Vicente fitando com seus olhos os dois agentes na sala.

Sandro pensou que poderia tentar o chutar, mas preferiu não fazer nada, Vicente deu o primeiro soco no seu estomago e mandou esbravejando:

— Quem era a pessoa que está com você?

— Não tinha ninguém comigo, senhor — respondeu Sandro gritando.

Vicente o socou mais duas vezes e perguntou:

— Onde está Renan?

— Não conheço ninguém com esse nome, senhor!

— Garoto, isso vai ficar feio se não abrir a boca.

Vicente o socou mais cinco vezes, repetiu as perguntas, passou o chutar para que seus socos não causassem sangramento interno, fazia perguntas cada vez mais diferentes e nada saia da boca de Sandro, socou seu rosto de um lado e depois do outro, Sandro cuspiu o dente do fundo no rosto de Vicente e avisou:

— Não tem o que tirar de mim, senhor!

— Garoto, para de brincar comigo — mandou Vicente saindo da sala.

Ao fechar a porta, Sandro notou que não podia ouvir nada de fora, provavelmente a sala era aprova de som deduziu. Nilton olhou para o delegado e comentou:

— Já quebrou uma costela, ele é durão não vai abrir a boca, acho melhor desistir.

— Não, não... — negou Vicente, bebeu um gole de água gelada da garrafa — Eu vou voltar.

Vicente chutou o saco de Sandro, lhe deu náusea e vomitou, ele virou a boca, limpou na manga da camiseta, Vicente o encarou e pediu:

— Só uma pista!

— Rua Machado de Aurora.

Vicente reconheceu a rua, não sabia do assassinato, mas era uma pista, abriu a porta e mandou:

— Alison, leve ele para Odete e Nilton, providencie a ligação.

— Sim senhor — disse Alison entrando na sala.

Sandro saiu bambo da sala, foi levado para a sala de enfermagem, Odete nunca tinha visto Vicente ter passado tanto do limite, Alison o colocou na maca e avisou:

— Em uma hora Nilton te deixa fazer a ligação.

Sandro assentiu, a dor de cabeça quase não o deixou abrir os olhos, Odete deu dois pontos na sobrancelha dele, cuidou dos seus ferimentos, pediu para que ele colocasse a roupa de condenado, não demorou para Nilton voltar para a sala e avisar:

— São 7 horas da manhã, tem o direito para a sua ligação.

— A ligação é internacional.

— Não tem problema.

Sandro sabia do número de cor, fazia um ano que não se falavam, mas nunca deixou de pensar nela:

— Cath...

— Sam? Que número é esse? — perguntou Catherine olhando desacreditada para o celular.

— Eu preciso de ajuda, preciso de um advogado e provavelmente fiança.

— O que você fez?

— Carro de novo.

— Não se preocupe, Kaio vai te atender, se cuide.

— Me desculpe, por isso.

— Vai ficar tudo bem.

— Eu preciso ir — disse Sandro notando que Nilton prestava atenção.

— Namoradas sempre salvam — brincou Nilton o algemando com cuidado.

Natanael e Catherine estavam passando por desentendimentos desde quando ela iniciou o segundo ano na faculdade, ela tinha mudado, estava saindo bastante com amigos universitários e Natanael pouco estava lhe dando atenção por estar abrindo uma nova filial, trabalhava constantemente focando nos lucros, estava exausto e quando conversam, ele sempre a alfinetava a chamando de irresponsável igual ao seu sogro.

Uma semana antes do ocorrido com Sandro.

Catherine estava passando mal com frequência, faltou na faculdade, preferiu ficar em casa, ficou na cama, até Natanael acordar. Infelizmente ele não acordou contente em vê-la, ao sentir seu toque, ele virou para o criado-mudo, pegou seus óculos e perguntou a encarando:

— Por que ainda está em casa?

— Eu quero conversar com você.

— Temos o jantar com a sua mãe sexta-feira, podemos conversar lá — ele disse saltando da cama.

— Natanael! — ela disse saindo da cama — Você precisa parar de me ignorar.

— Eu não te ignoro, eu vejo você gastando dinheiro com coisas banais, suas notas quase baixas e suas saídas até tarde!

— Eu preciso de mais tempo com você.

— Viemos para cá para eu focar nos meus negócios e você estudar, temos as férias para passarmos juntos, só escolher para onde quer ir.

— Me escuta! — ela pediu enfurecida.

— Eu não consigo lidar com isso agora — pediu Natanael que um tempo pensava que ela estava o traindo.

— Eu sinto que não me ama mais — Catherine disse o vendo tirar a bermuda.

— Não diga besteiras, deveria pagar um psicólogo de verdade, e menos bebidas — ele batendo a porta do banheiro.

— Só dez minutos — ela pediu encostando a cabeça na porta do banheiro.

— Cath vai para a sua aula! — ele mandou ligando o chuveiro.

Ela segurou o choro, se arrumou, saiu do quarto, olhou para Lucia que tinha acabado de chegar e a cumprimentou:

— Bom dia.

— Bom dia, senhora — desejou Lucia a encarando de cima abaixo — Pensei que já estaria na faculdade, alguma ocasião especial?

— Ele te paga muito para bancar a minha babá? — perguntou Catherine encarando a mulher que teria aproximadamente trinta e cinco anos.

— Me desculpe, fiquei preocupada, mas volta para o almoço?

— Não me espere, até depois Lucia — respondeu Catherine irritada.

Pouco depois que ela saiu, Natanael apareceu já arrumado para trabalhar, usava seu terno impecável, sentou no balcão da cozinha, Lucia entregou a xícara para o café e por ser intrometida comentou:

— A senhora, Catherine, saiu bem arrumada.

— O que ela usava?

— Saia e uma blusinha, os dois eram bem curtinhos, estranhei que ela não estava usando saltos.

— Eu não deveria te pedir isso, mas você pode mexer nas coisas dela hoje?

— Claro, mas sinceramente, só acho que ela tenta chamar a sua atenção, não tem outro homem.

— Anda festeira demais... Só me avise se achar logo — ele pediu terminando o café, estava com medo do termino do relacionamento.

Catherine foi até uma clínica de abordo, fez consulta com um médico e ele a orientou:

— Está com quase um mês, uma decisão que precisa ser tomada o quanto antes.

— Eu só queria saber como era o procedimento.

— O pai já sabe?

— Não queremos filhos, preferi não falar.

— É importante compartilhar para ter certeza da decisão.

— Claro, me desculpe te importunar.

— É um prazer, me ligue se precisar — ele pediu entregando o cartão.

— Claro, doutor Ismael — ela aceitou guardando o cartão junto aos exames.

Catherine não notou que alguém familiar estava do outro lado da rua, era sua irmã, Clarice, ela entrou na clínica, na recepção perguntou:

— A moça loira, de saia, passou com quem?

— Ismael — respondeu a recepcionista preenchendo um formulário.

Clarice entrou na sala do médico, fechou a porta, beijou seu rosto e perguntou:

— O que Catherine fazia aqui?

— Como sabe o nome da paciente?

— Ela é a minha irmã, pelo amor de Deus, Ismael abre o jogo!

— Só foi uma consulta de curiosidade, não sei se ela vai levar a fundo. Ela tá bem com o pai da criança, você sabe?

— Oh... Eu não sei de nada, mas os dois se amam bastante até as férias passadas pelo menos, foi quando os vi.

— Eu não sei o que pode fazer, só não quebre a regra de sigilo médico, por favor.

— Você é o meu melhor amigo, eu só vim te contar que vou dar uma palestra, mas vamos jantar? Acho que agora preciso ver a minha irmã.

— Claro, até depois Clari.

Clarice saiu da clínica, tentou contato com Catherine e com Natanael, mas sem sucesso.

Natanael, foi para casa, perto do anoitecer, no seu celular tinha mensagem da Lucia e de Clarice, ele ligou para a cunhada primeiro e perguntou:

— Clari, o que foi?

— Cath já te contou?

— Me contou o que?

— Não é bom falar por telefone, onde posso te encontrar?

— Você está em Portugal?

— Estou.

— Eu acabei de chegar em casa.

— Eu chego em vinte.

— Até depois — ele desligou preocupado, tentou ligar para Catherine, mas o celular dela deu desligado.

Natanael, deixou a pasta do trabalho perto sofá e perguntou:

— Lucia, o que encontrou?

— Um teste de gravidez, foi no banheiro de visitas, quase não limpo o lixo de lá.

— Deve ser exatamente por isso que ela não fez no nosso banheiro para ninguém ver — ele disse olhando para o teste — O resultado é?

— Positivo.

— Meu Deus!

O interfone tocou, era Clarice e Lucia avisou:

— Sua cunhada está aqui.

— A deixe subir e pode ir descansar — ele pediu tirando os sapatos e o terno.

— Sim senhor.

Clarice ao subir, notou que Natanael estava pálido e perguntou:

— Aconteceu alguma coisa?

— Me diz você, o que veio fazer? — ele perguntou sentindo tanto calor que abriu alguns botões da camisa social.

— Eu vi Cath em uma clínica de aborto, fiquei preocupada.

— Aborto? — Natanael se espantou — Sabe onde ela está?

— Não, mas para não estar surpreso, sabe que ela tá grávida?

— Acabei de saber — ele respondeu apontado para o teste de gravidez sobre a mesa de centro — Acha que ela quis fazer tudo no silencio, por que o filho não é meu? Como você fez?

— Cath é diferente de mim! Ela não te trairia! — Clarice disse magoada por lembrar da sua cicatriz.

— Por que ela não me contou?

— Eu me lembro que uma vez você disse que odiaria ser pai, foi no natal.

— Clari, desculpe, mas eu e Cath estamos em um momento bem complicado.

Os dois pararam de falar quando ouviram a porta abrir, era Catherine entrando com sua nova melhor amiga, Tatiane, que Natanael odiava. Surpresa por ver a irmã perguntou:

— Meu Deus! O que faz aqui? Por que não me ligou?

— Na verdade eu te liguei, mas você não atendeu — respondeu Clarice indo a abraçar.

— Tati, será que você pode ir embora, agora? — perguntou Natanael direto.

— Que grosseria é essa Natanael? — perguntou Catherine colocando suas coisas sobre o tapete.

— Ei, fica frio, eu vou embora, Cath devo te esperar na recepção? — perguntou Tatiane que também não gostava de Natanael.

— Não me espera, e desculpe a forma dele — pediu Catherine vermelha de raiva.

— Estou acostumada com ele ser tão chato, não sei como pode ainda ficar com ele — Tatiane alfinetou e se retirou.

Parabéns Papai

Natanael estava desacreditado, andando de um lado para o outro perguntou:

— É sério que você a deixou falar dessa forma?

— Foi você que começou.

— Não brigue com ela, não agora — disse Clarice tocando no braço dele — Ela deve estar passando por um momento difícil.

— Momento difícil, do que você está falando?

— Sua irmã te viu sair da clínica de aborto e Lucia achou o seu teste — Natanael jogou a toalha sobre a mesa.

— Bom, como já sabem, eu estou grávida, parabéns para a tia intrometida — disse Catherine empurrando levemente Clarice para que ela sentasse no sofá e saísse do seu caminho para a cozinha.

— Eu sou o pai? — perguntou Natanael que não aguentava mais o suspense.

Catherine andou até ele, bateu em seu rosto e mandou:

— Clarice, vai embora!

Clarice rebateria em outro momento, mas preferiu se retirar. Catherine pegou suas sacolas de compras e as jogou sobre ele enquanto dizia:

— Quando nascer tem o direito de fazer o teste de DNA.

Natanael olhou para as roupas amarelas de bebes, no meio havia uma camisa preta escrita “Natanael, pai do ano”, naquele momento soube que Catherine jamais teria mandado fazer aquilo se tivesse o traído. Arrependido, foi até a cozinha, a viu tomar refrigerante e comer um salgadinho, se apoiou no balcão e confessou:

— Eu tive medo quando Clarice me contou que te viu na clínica de aborto.

— Eu sei que não quer ser pai, e sinceramente, não é o meu sonho.

— Não aborte.

— De repente acha que o filho é seu agora?

— Você não me trai, eu só sou maluco.

— Maluco? Você tem sido horrível, eu não sei como te aguentei até agora, mas eu vou embora, acho melhor, não morarmos mais juntos e terminarmos aqui.

— Não, não, não — ele implorou a impedido de sair da cozinha — Eu amo você.

— Eu não posso mais ficar nesse apartamento sozinha Natanael, e não tenho medo de criar um filho, é melhor me deixar ir.

— Eu vou diminuir o trabalho se ficar, por favor, fique, eu só estava pensando no nosso futuro.

— E o presente? Sabe que não transamos desde quando você fez esse bebê? Você mal me olha, mal conversa, só sabe dizer que gasto demais, que saio demais e eu sei que fica controlando minhas redes sociais.

— Me perdoe, as coisas foram acontecendo rápido demais, e você se distanciou.

— Eu só fiz o que você fez.

— Me dê uma única chance.

— Vou pensar.

— Tome um banho, vamos jantar fora, tem que se alimentar direito.

— Natan, sei que agora não está mais desconfiado da minha fidelidade ou algo assim, mas não é porque descobriu que estou gravida que as coisas vão se concertar.

— Só quero jantar e parar de ser chato.

Catherine, se calou e foi para o quarto. Natanael não a compreendeu, na dúvida ficou sentado no sofá e a esperou.

Ela tinha ido para o quarto para se arrumar, colocou um vestido curto romântico, branco com grandes flores roxas, as alças eram caídas, estava bem maquiada e dessa vez não usou salto alto, optou por uma sapatilha branca delicada, bela saiu do quarto. Natanael sorriu e perguntou:

— Posso ir com a roupa do trabalho?

— Sim, você sempre tem ótimos ternos — ela respondeu se mantendo séria.

— Claro... — ele disse ficando de pé, chamou o elevador e os dois foram para o subsolo.

Catherine não deu uma palavra ao longo do caminho, Natanael estava tão tenso em saber do risco de terminarem que não tinha ideia do que conversar, ao estacionar o carro no restaurante, abriu a porta para ela, seus olhos se encontraram, ainda eram atraídos um pelo o outro, tímida, Catherine desviou o olhar e o deixou o guiar.

O gerente Benito, era quem sempre atendia Natanael, nas últimas vezes só o via para almoço ou jantares do trabalho, fazia praticamente dois meses que ele não aparecia com a namorada. Benito os acompanhou até a mesa e brincou:

— Senhorita Cath, o que vai querer para beber? Chegou uma nova linha de vinhos.

— Eu não posso beber, mas aceito um suco de laranja com amora.

— Não pode beber? — perguntou Benito que dessa vez desviou o olhar para Natanael buscando a resposta.

— Ela está gravida.

— Puxa vida! Meus parabéns! — Benito desejou alegre, com um largo sorriso que quase dava para ver todos os dentes.

— Obrigada... — agradeceu Catherine ficava com as bochechas coradas.

— Continuando, o que mais vão querer?

— Eu quero um refrigerante e costela ao molho da casa.

— Eu quero... — Catherine não sabia o que queria — Frango com salada fria — decidiu olhando para o cardápio.

— Logo voltarei com os pedidos, possuem prioridade agora — disse Benito com uma piscadinha e se retirou.

— Laranja com amora, é bem incomum — comentou Natanael decidido que precisavam começar uma conversa.

— Loucura.

— Desejos de gravida.

— Ou pode ser só vontade.

— Está com quase um mês? — perguntou Natanael se retornando da última vez que fizeram sexo.

— Isso.

— Quando vai marcar os exames, eu posso ir com você?

— Tira essa semana de férias? — ela perguntou séria, queria saber se o podia ter de volta.

— Cath, a filial é nova... — ele pensou em recusar pensando na quantidade de coisas que precisa aprovar e as reuniões marcadas, mas o olhar de decepção de Catherine o fez se calar e repensar — Mas, nada é mais importante nesse mundo que você.

— Isso é um sim?

— Sim, sim — ele respondeu a vendo sorrir — Eu só vou precisar falar com o meu secretário — avisou tirando o celular para mandar mensagem.

Seu secretário, era muito dedicado, já estava em casa naquele horário, mas nunca ficava sem ver as mensagens do chefe, quando viu que ele se ausentaria até sexta-feira, o coração dele parecia que explodiria, principalmente porque detestava os diretores que eram bem arrogantes, para passar credibilidade para seu chefe, decidiu mandar uma mensagem tranquilizadora, dizendo que daria conta.

Natanael sabia que seu secretário era um pouco inseguro, mas precisou dar aquele voto de confiança, olhando para Catherine guardou o celular e perguntou:

— Já pensou em nomes?

— Eu estava pensando em não ter o bebê há algumas horas, não tive tempo para pensar em nada.

— Eu sinto muito que tenha chegado a considerar essa hipótese.

Durante o jantar, eles trocaram algumas conversas, mas ainda nada tão profundo. No dia seguinte, Catherine ainda tinha aula, Natanael a levou, marcou os médicos para ela e a buscou na faculdade.

Eles passaram a tarde toda no hospital, no ultrassom, Natanael ficou emocionado, o que fez Catherine acreditar que eles mereciam uma chance. Na hora de dormir, Catherine usou uma camisola vermelha quase transparente, Natanael sorriu ao vê-la tão sensual, não a esperou deitar na cama, se levantou, a beijou, com cuidado a deitou, com tantas semanas quase sem se tocarem, os dois fizeram amor.

Tatiane não estava gostando do distanciamento de Catherine, no intervalo sentadas juntas no banco do lado esterno perguntou:

— Vamos para a casa do meu ficante número três?

— Não dá.

— Como não dá? Você está gravida, mas ainda pode ficar com os seus amigos.

— Natan vem me buscar, eu pedi para ele pegar uma semana de férias.

— Ele já te controla em tudo, agora de férias só vai faltar te colocar uma coleira.

— Isso foi grosseiro Tati!

— Esqueceu que estava pensando em terminar? Você que me disse que ele só sabe trabalhar, isso é muito coisa de homem que fica tempo demais com amante!

— Natanael não tem amante, só foi um tempo ruim, isso acontece com alguns casais.

— Eu não vou te estressar, mas se precisar de alguma coisa estarei aqui, não só para as festinhas.

— Eu estou bem Tati.

A semana estava sendo ótima, mas na sexta-feira, às 11:00 de Portugal, Catherine recebeu uma ligação em seu celular, era um número estranho do Brasil e pelo início a lembrou da prisão. Catherine estava com a intuição certa, era da delegacia e o seu ex-namorado precisava de ajuda. Ela não percebeu que Natanael havia escutado tudo, assim que desligou, estava procurando o número de Kaio, mas seu namorado sentou do seu lado e perguntou:

— Eu ouvi certo? Era o seu ex-namorado pedindo ajuda?

— Ele está com problemas.

— Você está em outro continente e ele pede ajuda exatamente para você? — perguntou Natanael não conseguindo controlar a raiva.

— Ele está preso, eu só quero ajudar!

— Ajudar um criminoso com o meu dinheiro?

— Nosso dinheiro! E não se faça de santo que você cometeu alguns crimes de invasão de privacidade, ou se esqueceu?

— Foi para salvar Clarice! E não porque eu sou um idiota brincando de Robin Hood.

— Eu não viro as costas para meus amigos, só me dê um minuto — pediu Catherine indo para o escritório.

— Um minuto? — perguntou Natanael a seguindo — Catherine, isso não é virar as costas, é ser trouxa, seu ex-namorado estrala os dedos e você faz tudo por ele.

Catherine bateu à porta antes que ele entrasse e a trancou, sentou na cadeira confortável macia, ligou para Kaio e ele perguntou ao atender:

— Oi Cath, tudo bem?

— Eu tenho um caso para você.

— Interessante.

— Sandro está preso, precisa de defesa.

— Só me dá um momento — disse Kaio acessando seu sistema que identificava as prisões e o seu motivo, ele achou a condenação de Sandro e contou — Algo me diz que ele está bem encrencado, mas eu vou ver o que faço.

— Eu vou pagar por seus serviços e pago a fiança dele.

— Quem me dera ter ex-namorada tão atenciosa, as minhas só querem me dar tapa na cara.

— Eu duvido, você é um bom moço.

— Vou te atualizando.

— Obrigada.

Catherine abriu a porta, Natanael estava apoiado na parede, encarou sua amada e perguntou:

— Por que está tomando essa decisão sozinha?

— Eu acho que não tenho muito tempo... Natan... Eu amo você.

Natanael desarmou, fazia tempo que ela não falava que o amava, ele acariciou seu rosto, vendo seus olhos chateados e falou mantendo o tom de voz calmo:

— Eu não quero que faça nada por Sandro, eu sei que tiveram um longo relacionamento, mas está no passado.

— Está no passado o que tivemos, não a nossa amizade.

— É difícil acreditar que ele queira uma amizade com você.

— Não confia em mim?

— Cath, eu também amo você, mas não esqueço que cogitou terminar comigo, inclusive até agora não falou sobre o que pensou em me dar uma chance.

— Eu não preciso dizer Natanael, está bem claro que desde aquele jantar está tendo sua chance e eu não vou embora, eu não vou terminar, não precisamos dessa discussão.

— Qual é o seu plano com isso Cath?

— Não tenho plano, Kaio vai resolver, eu vou pagar a fiança e por favor, eu quero estar lá quando ele sair da cadeia.

— Você o que?

— Eu acredito que você somente ame a mim, e eu só amo você, podemos ter nossos amigos.

— É fácil para você falar, eu não tenho ex-namorada.

— Seu primeiro amor foi minha irmã, você a amou, foi a primeira vez que fez sexo, correu todos os riscos para a salvar e sabe que o que eu penso sobre isso? Nada! Eu não sinto nada!

— Uau... Eu não sinto mais nada por Clarice, desde a primeira vez que te vi pessoalmente.

— Ótimo, eu terminei com Sandro bem antes de te conhecer, de me enfiar na maluquice do desaparecimento de Clarice!

— Depois da fase que tivemos não acha que é normal que eu fique inseguro?

— Sim, então vem comigo, vamos juntos para São Paulo.

— Meu trabalho...

— Achei que me amasse mais que sua filial...

— Eu consigo pegar mais dois, três dias de férias para quando o idiota for solto.

— Claro que consegue, você é o dono da porra toda.

Natanael a abraçou, a beijou, acariciou sua barriga e disse:

— Domingo fará um mês.

— É...

— Hoje vai contar oficialmente para sua mãe no jantar?

— Vou sim, não tenho que esconder minha gravidez, e já que vamos para o Brasil podemos contar para o meu pai e para os seus pais...

Kaio vestiu seu terno cinza, entrou em seu carro e foi até a delegacia, Vicente o reconheceu assim que o viu e comentou:

— Não sabia que defendia criminosos.

— Nem tudo é o que parece ser, senhor — disse Kaio que já havia cruzado com o delegado algumas vezes.

— Seu cliente vai ser transferido para a prisão amanhã cedo.

— A fiança dele será paga.

— Audiência foi marcada para daqui uma semana, enquanto isso é xilindró.

— Não pode o manter na delegacia?

— Não, seu amigo fez bem mais que roubar um carro, ele só não quer abrir o bico.

— Delegado Vicente, tudo que tem é que ele roubou um carro.

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