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Um Contrato Com O ASTRO

1. Proposta incomum parte 1

O som ritmado de pingos grossos e constantes se derramando sob o teto da casa é uma sinfonia natural e relaxante. Mesmo assim não sou capaz de me acalmar, uma chuva torrencial se iniciou lá fora há algumas horas atrás, e essa noite em particular o sono resolveu escapar antes de me mandar em segurança para os braços de Morfeu.

Permito que um suspiro escape por entre os meus lábios frustrados. Tem tantas mudanças acontecendo na minha vida ao mesmo tempo que é impossível dormir tão tranquilamente. Pateticamente, aos 31 anos, fui obrigada a vir morar de favor na casa do meu velho e compreensivo pai.

Ele ainda fez questão de se mudar para Santa Mônica, apenas porque fica mais perto do restaurante que trabalho atualmente, e que fica bem no centro da cidade de Los Angeles. Tudo isso depois do término do meu noivado longo e problemático com Nick.

Agora é janeiro, o restaurante no qual eu trabalho, e que por sinal sou a única representante administrativa, está indo de mal a pior há quase três meses. E se nem mesmo a magia do natal e todas essas vibrações de fim de ano não foram capazes de levantar as vendas, eu não acredito que o início de um novo ano vá conseguir esse feito milagroso.

Entre meus dentes, prendo o meu lábio inferior. Ainda não consigo entender o motivo das vendas começarem a despencar misteriosamente, já que a fama da comida que servimos era muito boa em toda a região e até nos arredores, há pouco tempo atrás recebíamos gente importante no restaurante, e as vezes até gente famosa.

Um gemido cansado escapa por meus lábios só em pensar na possibilidade de ficar sem um emprego fixo, mais do nunca eu preciso de grana. Estou debaixo do teto do meu pai, um piloto aposentado da força aérea dos Estados Unidos, depois de terminar um relacionamento de anos que ele nunca aprovou.

Além disso, minha mãe precisa operar a coluna como parte de um tratamento, ela só não fez ainda por falta de recursos. Recursos esses que eu gostaria muito de poder oferecer. Papai ajudaria se ela pedisse, ele não negaria apesar de serem divorciados, mas ela é orgulhosa demais para isso e sei que nunca irá pedir. Ela nem sequer contou para mim, se seu médico não me dissesse eu jamais saberia.

Pego o travesseiro mais próximo e afundo o rosto no tecido, berrando de raiva e frustração. Como pude ser tão burra de me envolver com Nick e deixar que ele dominasse totalmente a minha vida, a ponto de não ter mais nada, nem mesmo um teto, depois que terminamos?

Um barulho curto e seco de algo batendo contra a minha janela me faz tirar o rosto do travesseiro. Franzi o espaço entre as sobrancelhas, parecem pequenas pedras batendo no vidro. Ok, é possível que o vento de uma tempestade traga pequenas pedras na direção da minha janela, certo?

Faço silêncio, esperando para saber se é só uma das minhas maluquices ou se o som é mesmo real. Menos de dez segundos depois e lá está o som, soando de novo e de novo. Me levanto da cama e corro para abrir a minha janela.

Apoiando o joelho em um pequeno banco que fica bem abaixo da janela, consigo levantar o vidro e olhar para baixo. Um automóvel brilha majestosamente mesmo no meio da chuva intensa, os faróis traseiros estão bem acesos e iluminam boa parte da rua.

Que diabos uma limousine está fazendo parada na minha porta a essa hora da noite?

Me Inclino um pouco mais, vejo que tem alguém parado na porta da frente. Não dá para saber se é homem ou mulher,  não dá para saber nada, já que quem quer que seja, tem um enorme guarda-chuva bem em cima da cabeça, bloqueando minha visão.

Resolvo descer, visto um hobby e pantufas e vou correndo na direção da porta da frente antes que toquem a campainha e acordem meu pai. Abro a porta tão apressada quanto um piloto de  fórmula 1, e quando me deparo com um homem me arrependo da pressa. Se for algum tipo de sequestrador eu acabo de apressar meu fim, mentalmente me repreendendo por ser tão curiosa.

O homem a minha frente é alto, de pele clara e olhos escuros, está bem vestido em um terno caríssimo, e parece que acabou de sair da tela de alguma TV.  Tenho certeza que já o vi antes, só não lembro de onde.

— Boa noite, srta Bailey. – Ergo as sobrancelhas para sua voz de locutor. Sério? Eu abro a porta no meio da noite para um cara aleatório e ele sabe meu nome? Pondero se devo fechar a porta e sair correndo daqui, mas o homem não me dá tempo o bastante para chegar a nenhuma conclusão.

Meus olhos o analisam com cuidado.

— Boa noite. – Respondo simples. Por instinto acabo tentando fechar mais o hobby que estou usando. Ele permanece impecável e ridiculamente elegante no meio de uma tempestade, e eu pareço um espantalho de milharal, mesmo tendo um teto e cabelos despenteados em cima da minha cabeça.

— O senhor LeBlanc deseja vê-la.

Meus olhos quase saltam para fora das orbes, meu queixo vai parar no chão e eu preciso de um minuto inteiro para racionar. Não. Ele não pode estar falando do...

— LeBlanc? – Ergo as sobrancelhas. — Desculpa, eu... eu entendi errado? Estamos falando do...

— Johan LeBlanc. – O homem completou. Pronunciando o nome dele devagar e firme, para deixar claro que é mesmo quem estou pensando. — o Sr. LeBlanc pediu que eu viesse buscá-la.

Minha primeira reação foi rir discretamente comigo mesma, neguei com a cabeça, sem acreditar no que estou ouvindo. Johan LeBlanc é uma lenda. Um mito. Um ídolo. O ator de quem sempre fui fã desde adolescente e meu primeiro crush de Hollywood.

Johan tem uma filmografia extensa, com muitos filmes e séries aclamadas no currículo. Ele já foi vencedor do Oscar uma vez e ganhou muitos outros prêmios. Um verdadeiro galã capaz de enlouquecer desde as mulheres mais velhas até as mais novas.

Não é tão difícil avistar estrelas da música ou do cinema quando se está em Los Angeles, mas aquele homem era mais do que uma estrela. Um céu inteiro não seria suficiente para ele e todo o seu talento. Os filmes de Johan marcaram toda uma geração, e qualquer projeto que ele se envolvia nunca passava desapercebido.

Por que ele queria me ver?

2. Proposta incomum parte 2

(Madelyn Bailey)

Estiloso e versátil, Johan foi a razão para várias loucuras que eu tinha feito quando adolescente na tentativa de vê-lo. Consegui uma vez em uma premiere, Johan se aproximou da barreira de segurança e autografou meu poster. Mas eu fiquei em choque e não consegui me mexer, me senti uma tremenda idiota, mas pelo menos consegui a assinatura. Natasha quase me matou por não ter pedido um autógrafo para ela também.

Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, e eu já estava certa de que nunca mais o veria pessoalmente de novo. Quando eu fui convidada para uma festa de fim de ano de uma amiga em comum que tinha com Nick, resisti a idéia de ir no primeiro momento, achando que poderia encontrá-lo. Afinal meu ex é um agente de publicidade e tem amizades importantes, onde há um evento ou pessoa importante, lá estaria ele.

Ivy é modelo, ela insistiu para que eu fosse a festa. Eu esperava ver qualquer um ali, menos Johan. Ele estava lindo e me observava enquanto bebia vinho sentado em uma mesa.

Não me atrevi a me aproximar, minhas pernas viraram gelatina só de saber que estávamos no mesmo ambiente. Ele tinha olhado para mim. E não apenas olhado rapidinho, ele me observou com atenção, o que quase me fez desmaiar.

Naquela noite eu fui embora sem nem sequer me aproximar dele, segui a vida normalmente nas últimas semanas até esse cara bater na minha porta dizendo que Johan deseja me ver. Uma pessoa normal iria agradecer gentilmente e voltar a dormir, mas eu nunca fui normal, então voltei para dentro e tentei me arrumar descentemente.

Penteio os fios longos dos meus cabelos e visto uma blusa justa de mangas longas e gola alta antes de sair no meio da noite para um lugar que eu não sei qual, na esperança de vê-lo. Minha única reação diante dele era paralisar, e agora que eu tinha a chance esperava mudar isso.

O trajeto foi feito em silêncio, o homem foi ao meu lado sem dizer uma palavra. Eu estava nervosa, massageava meus próprios dedos no caminho e tentava olhar o caminho do lado de fora para saber se era alguma enrascada. Mas logo entramos em uma área luxuosa da cidade, cheia de mansões e casarões que nem pareciam reais.

Quando paramos em frente a uma delas, o homem desceu primeiro e abriu um enorme guarda-chuva para mim. Fui conduzida para dentro da mansão, assim que o homem fecha o guarda-chuva uma mulher uniformizada aparece para tirar o objeto de sua mão.

— Obrigado, Sandra. – O ouço dizer, não reparo na feição da mulher, estou ocupada demais reparando no quanto a casa é grande e cheia de glamour. Naquele primeiro cômodo há um lugar para pendurar bolsas e casacos, a sala de estar é ridiculamente grande. Tem um lustre de cristal pendurado no teto e cada detalhe parece caro.

— Me acompanhe, por favor. – O homem me indica o caminho.

Caminhamos até uma grande e larga escadaria. Eu o sigo ainda receosa até pararmos em frente a uma porta de madeira escura.

O homem bate na porta, os segundos de silêncio que se seguem parecem os mais longos da minha vida.

— Entre. – Aquela voz. Eu reconhecia aquela voz em qualquer lugar. Meu coração bate mais forte e minhas mãos começam a suar. Johan estava mesmo dentro daquele cômodo, a única coisa que nos separava era uma porta de madeira.

Encarei o homem, ainda meio sem saber o que fazer. Ele parece achar graça da minha reação porque tenta esconder um sorriso. Quando não faço nada ele mesmo gira a maçaneta e deixa a porta entreaberta para que eu possa entrar.

Me sinto estranha quando o homem faz menção de se afastar.

— Espera. – Peço, fazendo-o se virar para mim. — O que eu faço agora?

Dessa vez ele não esconde o sorriso.

— O que achar apropriado fazer, senhorita.

Engulo seco, enrugando o espaço entre as sobrancelhas e assentindo, ainda não muito segura.

— Obrigada por... por me trazer até aqui. Foi tudo tão inesperado que eu nem perguntei o seu nome.

— Hugh. Hugh Backer.

— Agradeço, Sr Backer.

— Disponha. – É a última coisa que ele diz antes de sair. Eu não sei se ele é segurança ou algo do tipo, mas parece tão chique quanto qualquer um pareceria ali naquela casa.

Respiro fundo, ao longe ouço apenas o som da chuva caindo forte lá fora.

“Vai, Madelyn. Abre logo essa porta e vê se não paralisa feito uma estátua de cera bem na frente do seu ídolo. Você consegue, não pode ser tão difícil assim.”

Eu tento encorajar a mim mesma um milhão de vezes, ameaço tocar a maçaneta, mas minha garganta parece secar e eu recuo. O ciclo se repete por várias vezes, até eu me obrigar a entrar de uma só vez. Para minha sorte, não dou de cara com Johan de primeira. Para falar a verdade o cômodo até parece estar vazio.

Ando cautelosamente para dentro do cômodo que mais parece um tipo de escritório.

Tem quadros, pôsteres e uma prateleira cheia prêmios que ele tinha ganhado durante toda sua carreira bem sucedida. Johan não é nem um menino, ele já tinha completado 47 anos há alguns meses e mesmo assim continua sendo um dos homens mais bonitos do mundo, segundo inúmeros sites e revistas.

Reparo que tem uma varanda, e ao erguer os olhos para ela eu tenho uma visão que parece ter sido criada pelos anjos. As cortinas estão abertas e Johan observa a tempestade, de costas para mim. As mangas de sua camisa social escura estão dobradas até os cotovelos, ele está todo de preto, social e irresistível. E eu ainda nem vi seu rosto.

Eu reconheço suas costas largas e porte atlético. Johan tem uma tatuagem em um dos braços, o desenho começa um pouco acima da mão e se espalha pelo antebraço até terminar no bíceps. Aquela casa é tão surreal que levo um tempo para entender o motivo de Johan não estar completamente molhado estando do lado de fora da varanda. Há um aquário, a varanda está protegida por paredes de vidro.

O cheiro dele domina todo o lugar, é o melhor perfume que eu já senti minha vida. Eu sou uma apreciadora de perfumes, e me deliciando silenciosamente, posso identificar os toques suaves de menta e alecrim, além do sândalo como nota amadeirada de fundo.

Me aproximo de sua mesa, sem me atrever a tocar em nada, Johan parece não ter me visto ali ainda e as palmas das minhas mãos estão suando frio. Não sabia qual seria minha reação quando ele finalmente olhasse nos meus olhos.

Johan virou somente o rosto, olhando para trás por cima do ombro. Ele acomodou uma das mãos no bolso da calça, enquanto a outra segurava um copo com algum bebida que parecia alcoólica.

— Esperava que fosse recusar o convite.

Aquela voz. Cada célula do meu corpo reage ao timbre aveludado de sua voz firme. Minhas pernas imploram para ceder, mas eu me obrigo a me manter firme.

3. Proposta incomum parte 3

Johan virou somente o rosto, olhando para trás por cima do ombro. Ele acomodou uma das mãos no bolso da calça, enquanto a outra segurava um copo com algum bebida que parecia alcoólica.

— Esperava que fosse recusar o convite.

Aquela voz. Cada célula do meu corpo reage ao timbre aveludado de sua voz firme. Minhas pernas imploram para ceder, mas eu me obrigo a me manter firme. Sou boa em disfarçar coisas, qualquer um que me olhasse de fora diria que estou inabalável, espero que Johan pensasse assim também. Johan finalmente se vira para mim, a sua camisa tem os três primeiros botões abertos, e a beleza dele é imensurável, exatamente como na última vez que eu me lembrava de tê-lo visto.

Mas mesmo assim, qualquer um é capaz de ver uma grande tristeza estampada em seu rosto. Eu devia respondê-lo, droga, sei que tenho que responder, mas as palavras fogem e eu levo alguns segundos para pensar direito.

— Hugh disse que você desejava me ver. Estou aqui. – Olha só, que linda! Eu, Madelyn Bailey, tentando ser convincente a ponto de fazer parecer que não estou gritando por dentro ou tendo um ataque histérico. Johan ganhou o Óscar há muitos anos atrás, mas talvez quem merecesse o prêmio esse ano fosse eu.

Johan se aproxima com passos lentos, mas firmes. Ele para bem na minha frente e me encara tão forte que eu quero sair correndo, só não sei se é para os braços dele ou para a saída mais próxima. Eu estou sozinha com um homem que não tenho qualquer intimidade, um que atualmente está envolvido bem no centro de um escândalo, sendo acusado de vazar fotos íntimas de sua ex-mulher. E que, por isso, está atualmente com a carreira em declínio.

É uma pena, e mesmo com todo o escândalo acontecendo e com toda incerteza se Johan é mesmo inocente ou não, é difícil deixar de ser fã de um ator que acompanhei desde adolescente quando ainda não havia nenhuma prova contra ele divulgada. Palavras podem ser jogadas ao vento.

Seus olhos azuis acinzentados me acertam em cheio. Johan pousa seu copo já vazio em cima da mesa, ele anda até um aparador e pega mais um copo, voltando até a mesa em seguida e colocando mais uísque nos dois recipientes.

— Aceita uma bebida? – Me pergunta depois de tomar um gole no seu próprio copo. — Tenho gelo, se preferir.

— Eu não bebo. – Minha voz sai tão firme que eu até estranho.

Eu estou completamente hipnotizada, meus olhos não conseguem deixá-lo nem por um segundo sequer, estou diante de um homem que tem a beleza dos anjos. Ao mesmo tempo que me sinto maravilhada, sinto que preciso desesperadamente manter a seriedade e a firmeza. Ele é um homem muito bonito, um mestre da sedução, seu talento não é a única que pela qual ele é conhecido.

Johan tem vários casos e alguns casamentos na conta, eu não sei o motivo dele ter me chamado até ali, para dizer a verdade, acho improvável que uma mulher comum como eu, uma simples mortal em comparação com as mulheres que ele já ficou ou namorou em Hollywood, pudesse despertar nele qualquer tipo de interesse.

Mas eu estou consciente de que devo ter cuidado, eu vivi coisas ruins demais no meu relacionamento com Nick e o medo, inconscientemente, me faz agir sempre com um pé atrás. Ainda mais quando o assunto são os homens e suas supostas gentilezas com as mulheres.

Johan me encara, a surpresa no rosto dele quando eu digo que não bebo é evidente. Mas ele não parece decepcionado, para dizer a verdade, eu juro que até vi um brilho de determinação nos olhos dele.

Imediatamente ele desiste de seu copo, o deixando em cima da mesa antes de me indicar a cadeira confortável do outro lado de sua mesa.

— Sente-se, por favor. – Johan espera que eu me sente para só depois fazer o mesmo. Depois de se sentar ele relaxa as costas no encosto. Johan parece estranho, reflexivo e hesitante, ele junta as mãos enquanto as apóia em cima da mesa, como um homem de negócios. — Eu te trouxe até mim esta noite por um motivo, Madelyn. Um motivo forte e incomum.

Os pêlos de suas sobrancelhas são de um tom de castanho dourado. Uma delas se ergueu analiticamente.

É claro que Johan sabe meu nome, não sei por que fico surpresa em perceber a informação. Ele o pronuncia como pronuncia qualquer palavra, de forma suave, pausada e aveludada. A voz dele poderia facilmente ser uma melodia relaxante e viciante. Ele mandou alguém me buscar de limousine na porta da minha casa, descobriu meu endereço e sabe-se lá quantas coisas mais sobre a minha vida.

— Sabe, Madelyn... Eu já não vivo tempos de paz e alegria há alguns anos. Tomei uma decisão recentemente, acredito que uma das maiores que um homem pode tomar na vida. Mas não posso fazer isso sozinho. Por isso, quero que você seja mãe do meu filho.

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