Querido Diário
Olho em volta e penso
"Estou ferrada".
Esse lugar é assustador, causa-me arrepios. Como alguém moraria nesse fim de mundo.
Bem essa mansão agora é minha e o tempo passa rápido. São só 365 dias....longos 365 dias.
Desço para almoçar a sala de jantar é imensa.
Uma mesa de madeira maciça com uma pedra enorme de mármore preto.
As cadeiras de madeira entalhadas e estofado vermelho.
Na janela uma cortina bege, um aparador igual às cadeiras e um espelho enorme com uma moldura que combinava com todo o restante.
A cozinheira Sra. Meire traz o meu almoço, arroz, batata assada, feijão, salada e frango.
O cheiro era delicioso, a tempos não comia uma refeição tão bem preparada. Um suco de uva (meu favorito) e de sobremesa torta de maçã.
Se todos os dias forem assim ganhei na loteria.
Sra. Meire era uma mulher na faixa dos 60 anos. Branca, de altura média, usava um vestido azul marinho, um avental branco por cima do vestido, e um chapeuzinho de amarrar, azul como o vestido e um sapato preto. Ela era muito simpática e atenciosa.
Após o almoço vou dar uma volta pela mansão.
Ela é bem feia e assustadora por fora.
Mas por dentro está bem conservada.
"Vai ser fácil vender." Eu penso
Em frente a porta de entrada há uma escada de madeira bem larga onde subimos para o segundo andar. A escada segue reta, depois os degraus terminam em um pavimento. E ela continua, mas agora uma em cada lado. Na parede de frente onde acaba os primeiros degraus. Existe um quadro gigantes, uma pintura, da Sra. Bloide sentada em uma poltrana vermelha com detalhes em madeira escura. E com dois cães pretos da raça "Dobermann" sentados um em cada lado da poltrona. Em sua mão é possivel ver uma anel de ouro quadrado (enorme) na mão esquerda com algo escrito. Mas não reconheço o idioma. Uma bengala dourada na mão direita. Um colar de ouro com uma pedra de esmeralda e brincos que pareciam ser um conjunto.
Seu olhar era de orgulho, semblante de poder.
Não sei quem pintou. Mas parecia uma fotografia e não uma pintura. Trabalho impecável.
Mas tinha algo sombrio naquele quadro. Sem falar que quando andamos os seus olhos parecia nos acompanhar.
Resolvo voltar para o meu quarto, ele ficava ao fim do corredor do lado direito. A janela tinha visão para a parte de trás da mansão. Havia um jardim abandonado, com uma fonte. E o mato estava bem alto, não consiga ver o restante. Mas existia uma trilha que seguia em direção da floresta que ficava lá na frente.
Decido organizar meu quarto.
Tinha uma penteadeira de madeira. Com um espelho enorme. Uma cama de casal de madeira escura de cor "Imbiuia"
Aliás tudo que havia na casa que fosse produzido em madeira era nessa cor.
Sra. Bloide parecia amar madeira e tecido vermelho estava presente em diversos ambiente do piso aos enfeites.
No meu quarto havia também uma poltrona bege, uma cortina bege, criados ao lado da cama com um abajur dourado com a cúpula em tecido na cor creme, um em cada lado da cama.
A porta do armário que era imbutido e a porta do banheiro.
O banheiro era pequeno. Todo branco, com uma banheira e o chuveiro em cima da banheira e uma cortina plástica azul.
As coisas não eram do meu agrado. Mas pelo menos não era mais aquele "cortiço" onde eu morava.
Não vejo o tempo passar quando Sra. Meire me chama para jantar.
Desço e meu prato já está servido.
Quando Sr. Augusto aparece.
Um homem que aparentava ter uns 75 anos. Moreno, rosto marcado pelo tempo, cabelo branquinho, alto, mas um pouco curvado para frente. Vestia uma calça social preta, uma camisa branca, gravata preta e um sueter azul marinho.
- Srta. Smith.
- Sim.
- Quero avisa - la que está se aproximando uma tempestade. Aqui na Mansão as portas são fechadas as 21hs.
Ninguém pode sair e nem entrar até amanhecer.
Então não saia após esse horário ou ficará para fora. As portas são abertas novamente as 6hs.
- Mas porque trancar as portas?
- Aqui é muito perigoso! Coisas estranhas acontecem. Por segurança fazemos isso. E seguimos as ordens da Sra Bloide.
Retormo para o meu quarto. E já que sou prisioneira nessa mansão. Melhor ir dormir.
Pego no sono mas tenho um pesado.
"Estou andando pelo caminho que há atrás da mansão em direção a floresta. Ouço gritos, o tempo está nublado não consigo ver direito até alguém aparecer a minha frente.
E correr em minha direção, eu corro desesperada, mas a porta de entrada está fechada. E eu acordo."
Pego o celular para ver a hora. São 3hs em ponto.
Acendo a luz do abajur.
O tempo está bem frio e o vento canta na minha janela.
A poltrona fica de frente da janela,
Resolvo me sentar, coloco o fone de ouvido e vou ouvir um pouco de música.Fico observando pela janela, coberta com meu cobertor.
Sinto como se alguém me observasse, e próximo a fonte havia alguém olhando para a janela onde eu estava sentada. Quando abro a cortina para ver melhor, vejo a pessoa se afastar.
Me levanto para ver se consigo ver mais longe, mas é impossivel.
"nossa quem será que era", penso.
Bom acho melhor eu me deitar novamente.
Me deito, me cubro e quando estou quase dormindo ouços passos no corredor.
Como se alguém estivesse correndo. As madeiras velhas e gastas fazem barulho conforme andavamos.
Me viro para o lado, os passos novamente.
"Quem é o mal educado, olha a hora. Isso não é hora de incomodar." eu penso.
Acendo o abajur e me levanto para ir ver quem corria no corredor.
Mas não havia ninguém ali. Só havia silêncio e um corredor escuro.
Retorno para cama e acabo adormecendo outra vez.
Querido diário.
Acordei com o o cheiro de café que vinha da cozinha.
Sra. Meire havia preparado um bolo quentinho e pão caseiro.
Ela serve-me e após alimentar-me resolvo olhar mais a mansão.
A parede de baixo da escada fazia com um "C"
Haviam algumas fotos e fui dar uma olhada. Eram fotos de alguns lugares que a Sra. Bloider visitou.
Quando olho atrás da escada, bem abaixo de onde ficavam os degraus, havia uma porta.
Eu abro a porta e havia uma escada que levava para baixo. O lugar era escuro, não era possível ver o que havia ali.
Percebo um interruptor. Eu toco-o e acende uma luz que clareava a escada.
Parecia ser um porão, mas não tinha certeza.
Devagar vou descendo as escadas.
E o lugar parecia ainda mais escuro. No fim da escada havia outro interruptor. Eu aperto-o e as luzes vão acendendo, uma a uma, até iluminar todo aquele lugar.
Era um porão, de um lado tinha as máquinas de lavar e do outro um monte de móveis e itens empilhados.
"A Sra. Bloider não gostava de se desfazer das coisas", eu penso.
Tento olhar o que havia ali. E encontro uma caixinha de música bem antiga e bonita. Mas toda empoeirada.
Passo a mão e afasto a poeira e havia duas iniciais.
"K.B" Quem seria essa pessoa? Pergunto-me.
Dou corda e uma bailarina aparece a rodar e a uma música suave instrumental toca.
Tinha o formato meio oval com uma gaveta na frente e a parte da tampa que levantava. Onde ficava a bailarina e um espaço para guardar brincos.
Abro a gaveta e tinha um pingente de ouro com as mesmas iniciais.
Pego a caixinha e levo para meu quarto.
Tudo aqui era muito louco.
Um dia antes eu estava naquele "cortiço" e agora sou herdeira de uma velha rica.
Fecho os olhos e lembro-me daquele momento.
Eu estava no meu apartamento de um cômodo (com um banheiro) do cortiço que eu pagava os caros $500 quinhentos dólares.
Era alto para mim, pois trabalhava como garçonete em uma lanchonete na estrada e ganhava míseros $1.000 mil dólares. Mas era o lugar mais barato que encontrei na cidade. Ainda mais, que eu havia sido expulsa do meu dormitório no Campus da Universidade.
Só utilizava o dormitório quem pagava as mensalidades em dia. E eu devia o financiamento estudantil. E toda a vez que eu tentava quitar a dívida, os juros estavam mais altos e eu nunca conseguia pagar.
Os meus pais já haviam falecidos. O meu pai morreu de tuberculose e a minha mãe morreu um ano depois de um enfarto fulminante.
E eu não conhecia nenhum parente ou familiar.
Estava sozinha.
Até que, pela manhã alguém bate a porta. Vou atender e deparo-me com um homem elegante, de terno preto e um sapato preto brilhoso que doía os olhos.
— Srta. Keroline?
— Sim.
— Sou o Gregory, advogado e amigo da Sra. Bloider. E vim conversar com você.
— Sra. Quem?
— Sra. Bloide.
— Não sei quem ela é. E não estou interessada.
Eu ia a fechar a porta. Quando ele coloca o pé.
— Srta. Apenas me ouça. Se após me ouvir não tiver interesse eu vou embora e nunca mais me verá.
— Eu abro a porta e o convido para entrar.
Nos sentamos no único sofá velho que eu tenho.
— Tem 5 minutos.
— Só preciso de 3!
Ele abre a pasta de couro que carregava e começa a dizer:
— A Sra. Bloide é sua avó e deixou esse testamento, onde deixa toda a sua fortuna e bens para a única neta a Srta. Keroline Smith.
Ele mostra algumas fotos e o testamento enquanto continua a falar:
- É você certo?
— Sim. Eu respondo.
— Mas agora é tudo meu?
Sim. Ela deixou para a Sra., Mas tem uma condição para receber a herança.
— Qual?
— Terá de viver durante 1 ano na Mansão que pertenceu a ela.
— Só isso?
— Sim.
— E onde seria isso?
— Na França.
— Bom é que eu estudo aqui, não posso me mudar e também eu não falo francês.
— Não se preocupe. Já tranquei o seu curso aqui. Pode retomá — lo quando voltar. E já paguei a sua dívida estudantil. Quanto ao idioma terá aulas particulares para aprender o francês, terá aulas de etiqueta, aulas de piano e poderá cursar o que desejar na universidade da França.
São decisões da Sra. Bloide.
— E vou aprender tudo isso em um ano? Pergunto rindo
— Em 4 meses no máximo. Ela escolheu os melhores professores.
- Olha isso é muito interessante. Mas parece-me um golpe.
— Compreendo! Tenho toda a documentação aqui. E a Sra. Bloide sabia que diria isso, então deixou a ordem de transferir para sua conta o valor de um milhão de dólares. Pode conferir o extrato.
Eu pego o celular e confiro. Estava lá
SALDO: $1.000.000,00
Um milhão de dólares.
Fico de boca aberta.
— Srta. Esse valor já é seu. Assim como a quitação do seu curso e da sua dívida estudantil.
Mesmo se, não quiser cumprir o que pede o testamento.
Mas preciso avisar, que esse valor não chega nem perto do que lhe pertence por direito.
— E qual o valor estimado da herança?
— 500 bilhões de euros. Sem contar os imóveis, automóveis e jóias.
Eu quase desmaio. Nem faço ideia de quanto é isso.
E quem é essa velha maluca que arquitetou tudo isso e ainda deixou ordens tão específica?
Estou eu. Sentada na cama, olhando para essa caixinha de música que pertenceu a alguém.
Tentando compreender afinal quem é essa Sra. Bloide.
Querido diário,
Ao andar pela casa passo novamente na frente daquele quadro pavoroso.
Eu odiava ele.
Eu paro em frente. Olho nos olhos da Sra. Bloide.
- É querida vovó. A Sra. é ardilosa.
Digo sorrindo
Eu ainda tinha um mistério para resolver.
Na verdade, dois.
Um como eu era sua herdeira? O advogado não me explicou a minha genealogia. E outro porque o quarto da Bruxa era trancado?
Mas eu iria descobrir.
Resolvi dar uma volta pelo jardim que ficava atrás da casa.
Os matos estão alto. O chafariz que existia ali era muito bonito. Mas precisava de manutenção.
Sigo andando em direção a floresta. Havia um portão de ferro que cercava toda a propriedade. E um portão de acesso a floresta (fora da propriedade), que estava aberto com um vão pequeno. O restante estava emperrado.
Sinto como se estivesse sendo observada.
E vejo alguém na janela, ao me ver a pessoa some do campo de visão.
Vejo que é a janela do quarto da Sra. Bloider.
Entro correndo, subo as escadas e vou até o quarto.
Me abaixo no chão e olho por baixo da porta. E vejo a sombra de alguém passando.
Me levanto e tento abrir a porta.
Está trancada.
Bato na porta.
"toc, toc,toc".
- Quem está ai?
- Abra! Eu te vi pela janela.
- Anda....abre a porta.
- Srta. o que está fazendo?
Levo um susto.
- Qual é a sua Sr. Augusto? Vindo em silêncio?
- Desculpe. Mas já disse que a Sra. não pode entrar nesse quarto.
- Tem alguém ai dentro.
- Impossivel Srta. Está fechado desde que a Sra. Bloide faleceu.
- Sem essa, Sr. Augusto. Eu vi alguém ai.
Levo a mão novamente na maçaneta.
- Srta. Se entrar neste quarto sabe que...
Eu o interrompo.
- Blá, blá, blá, perco essa maldita herança.
Sr. Augusto eu já sei.
- O que eu quero saber ninguém conta. Como essa Sra. Maluca é minha avó. Mãe de quem? Eu conheci as minhas avós. Isso não ficou claro?
- Sra isso não sei lhe dizer.
- Aaaaaahhhhhh! Maldita hora que eu fui ouvir aquele advogado sem noção. Eu saiu gritando em direção ao meu quarto.
Porque não pensei direito. Devia ter aceitado apenas o um milhão. As dividas estavam pagas. A faculdade também. Era só seguir a vida. Mas eu tinha que ser gananciosa.
Agora sou obrigada a viver aqui. Com esse Senhor que parece um morto vivo. A governanda que vive sorrindo, parece drogada. E essa velha louca, psicopata que mesmo depois de morta ainda controla a vida de todos. Inclisive a minha.
Me deito para dormir um pouco, mas não consigo. Pego o cartão de visita do advogado e ligo para ele.
- Alô.
- Oi! Eu gostaria de falar com o Sr. Gregory.
O silêncio paira no ar.
- Alô, alô. Está me ouvindo. Eu digo.
- Sim. A pessoa responde.
- Por favor o Dr. Gregory
- Desculpe, faz tempo que não fala com o Dr?
- Não! Dois ou 3 dias no máximo.
- Impossível!
- Sim, nos falamos porquê?
- O Dr Gregory faleceu já faz 3 anos. Não sei que brincadeira de mal gosto é essa. Mas não tem graça.
Fico em silêncio.
Que merda está a acontecer.
- Desculpe.
Desligo o telefone.
Isso deixa-me com medo.
"Trim, trim"
O telefone toca.
Me assusto.
"Trim, trim, trim"
Continua a tocar.
"Melhor atender" eu penso.
- Alô!
- Srta. Keroline?
- Sim.
- Ha ha ha. Desculpe sou eu Dr. Gregory. Você caiu direitinho na minha pegadinha.
- Qual o seu problema. Que bobo.
Ele ria de gargalhar
- Não se zangue. Eu sou brincalhão. Mas me diga o que queria? Precisa de algo?
- Sim. Queria tirar algumas dúvidas..Poderia vir aqui pessoalmente.
- Claro. Só consigo ir daqui 3 dias. Hoje é domingo...na quarta feira estarei ai.
- Ok. Obrigada.
Vai demorar. Mas quem sabe ele me responde algumas coisas.
Desço para a cozinha, estou com fome.
Encontro Sr. Augusto e Sra. Meire conversando.
- Sr. Augusto não temos um jardineiro.
- Temos sim. O Pablo é nosso jardineiro.
- Por favor. Peça que ele limpe o jardim. Está horrível.
- Sim, Sra. Vou avisa - lo.
Preparo um sanduíche e sento-me na sala para assistir Tv.
Acabo adormecendo no sofá.
"blom, blom"
O som do sino, no relógio antigo, que havia na sala, me faz despertar.
0 hs marcava o relógio.
Acho melhor ir para o quarto.
Está tudo escuro, só havia uma luz bem fraca nas lamparinas das paredes.
Subo as escadas e passo pelo quadro da Sra. Bloide.
"Eu odeio esse quadro, eu penso"
Sigo sem pressa pelo corredor enorme da mansão em direção ao quarto.
Ouço uma risada vindo do quarto da bruxa Bloider.
No fim do outro corredor.
"Ah não! Tem alguém naquele quarto". Eu penso
Me aproximo bem devagar tentando fazer o máximo de silêncio possivel.
Havia uma luz fraca vindo do quarto.
Quando estou me aproximando da porta.
"Nhec", a madeira do piso range.
A risada para. E a luz se apaga.
"Toc, toc"
Eu bato na porta.
- Vamos sei que tem alguém ai!
- Abra! Eu digo
O silêncio permanece.
- Eu odeio essa casa. Eu grito indo para meu quarto.
Essa casa não é normal. E algo me diz que a bruxa (Sra. Bloide) tem algo a ver com isso.
Ou essa velha é um fantasma, ou ela não morreu coisa nenhuma.
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