Elisa Calmon
Não posso aceitar que aos 24 anos, ainda moro com meus pais, na realidade meu sonho é morar sozinha, em uma casa espaçosa com gatos, cachorro, uma ave, peixinhos talvez! Sempre fui muito extravagante e você sabe disso.
As pessoas costumam achar que sou louca, que estou falando sozinha mas tento convencer-las que é meu subconsciente, quem nunca falou consigo mesmo pelas ruas?
Falo isso ao atravessar a pista e o carro quase me atropela, o motorista para o carro e começa a reclamar. Vai começar tudo outra vez.
--- Desculpa moço minha mãe não me ensinou a atravessar a pista, mas prometo não fazer isso de novo.
Falo e saio correndo. Na verdade, estou com muita vergonha, mas preciso disfarçar.
Chego a empresa para uma entrevista de trabalho, fui em muitas esse mês, todas frustradas, a última cheguei a ser pré-selecionada, mas o gerente apaixonou-se pela outra candidata a primeira vista, e o amor me derruba de novo, você sabe como é. Sou atendida pela recepcionista que me direciona ao local.
Que legal a entrevista vai ser numa área aberta muito chique, todos os candidatos estão sentados corretamente na primeira fileira, enquanto outros tentam mostrar proatividade.
— Nossa, meu amigo! Falo ao observar o outro lado do patio. Não quero fazer amizade com a concorrência mas tem um rapaz que parece um pouco tímido, talvez nervoso, sentado em uma cadeira vestido com um terno cinza, ele observa todos na área, ao ver que estava lhe olhando abaixa a cabeça, sem exitar me aproximo, e ele continua de cabeça baixa.
— Olá!
Acho que falei muito alto porque de repente todos olham, ele levanta a cabeça, tão bonito.
Ele é alto, apesar de sentado ficava quase na minha altura, cabelos negros, usa um óculos que parece combinar perfeitamente, olhos castanhos e um rosto indescritível
— Ai meu subconsciente!
Falei sem perceber, em voz alta novamente.
— Olá.
Respondeu com voz calma, porém muito fina para um homem daquele tamanho.
— Eu sou Elisa, você também veio por causa da vaga? Você está nervoso? É normal eu também estou, sabe tem tanta gente. Eu já fui a várias entrevistas, mas eles não gostam de pessoas sem graça ou que fala muito ou muito tímido, sabia?
Ele olha-me profundamente, e eu percebo que falei demais outra vez.
— Algum problema chefe?
Falou um homem baixo, moreno, que se aproximou enquanto eu ainda estava falando.
— Não! Podemos começar, e leve Elisa até a minha sala, e o demais candidatos escolha apenas três.
Ele fala e se retira, me deixando, boque aberta, dessa vez eu perdi a única oportunidade que restava para ter um emprego digno, meu futuro, minha independência, não posso desistir rápido assim, vou até à sala dele e terei que provar que apesar de tudo...
--- Eu sou uma ótima garota você não acha?
— Infelizmente ainda não conheço a bem senhorita, mas se é amiga de meu chefe confirmo que é.
Disse o homem de meia idade que me acompanha, eu não estava falando com ele, mas não vou explicar isso agora, estou com muitos problemas.
Seguir pelo corredor até encontrar uma sala que parecia mais um laboratório, tinha uma divisória de vidro que separava entre duas mesas, uma grande, com uma poltrona e um laptop, enquanto do outro lado havia uma mesa menor com um computador e uma cadeira provavelmente para um auxiliar, nas paredes alguns quadros nada chamativo, havia janelas de vidro com moldura de madeira, jarros com plantas distribuídos pela sala, dava um ar mais leve ao local.
Para chegar até a mesa principal eu teria que passar por uma passagem grande de madeira. Estava tão nervosa, fiquei em pé mesmo com a porta aberta, avistei aquele homem já sem o terno, o cabelo meio desarrumado, e eu que achava que ele não podia ficar mais bonito, isso não importa agora, pensei na crítica de minha mãe, meu pai como sempre tentando me consolar, e meus sonhos criando asas, não, eu preciso ser forte preciso ser irredutível.
Dei um passo para dentro da sala, logo depois me arrependi ao ver que a porta foi trancada pelo assistente, ele se aproximou de me e eu não sabia o que falar pela primeira vez em toda minha vida, cadê aquele homem tímido que estava lá fora? O que está em minha frente é muito sexy, o que eu estou pensando?
Tinha a impressão que ele era familiar, mas se eu conhecesse um homem desses com certeza eu lembraria.
Ele me, observou vagarosamente e sinto um arrepio ao ser observada por seu olhar, talvez pelo fato de saber que ele irá me repreender por confundi-lo com um candidato ao invés de dono ou gerente da empresa.
ou talvez seja timidez por ele ser completamente o meu tipo.
Ele limpou a garganta e falou muito perto.
--- Obrigado Elisa.
--- Eu...é quero dizer, porquê? Porquê você esta me agradecendo?
--- Eu estive te procurando.
Elisa Calmon
— Na verdade, digo, eu estava procurando alguém igual a você. Fala e se afasta subitamente.
Enquanto eu tento voltar a ter batimentos cardíacos normais.
---Desculpa minhas maneiras, eu sou Guilherme Vilar, acionista dessa empresa, e como você percebeu logo no nosso primeiro encontro sou muito tímido.
— Nossa que fofo!
Falei já me arrependendo, eu estou em uma antevista de emprego, -Elisa se controle.
Ele sorriu e meu mundo derreteu.
— Eu gostaria que você fosse minha secretaria?
— Não posso!
— Mas você não está aqui para a entrevista?
— Não é que eu não queira ou não possa, é que queria saber, porque eu?
— Porque eu estava observando os candidatos com o intuito de encontrar alguém que fosse atencioso, carismático e tão observador quanto eu, e você me encantou.
— Sério?
Mas uma vez fiquei sem palavras, ele voltou a olhar-me, e será que é só eu que estou sentindo essas ondas de atração do universo?
Ele fala quebrando a tensão do momento:
-- Você começa a trabalhar próximo mês.
Ouço e fico surpresa.
— Promete que até lá não vai procurar outro emprego, e não vai ser secretaria de mais ninguém Elisa?
Ele pergunta de forma estranha.
— Eu juro ser só sua, secretaria.
Digo.
Ele quebrou o contato visual voltando para sua mesa.
— Pois bem! vou pedir ao Sandro para recolher o seu currículo e a documentação, deixe comigo as suas informações para contato. É isso Elisa, espero que tenhamos uma boa cooperação.
Sair da sala já com vontade de ver ele mais uma vez e com aquela sensação que o conhecia a vida toda, parecia que tudo aconteceu em questão de segundos.
Assinei um contrato que Sandro me entregou e fui para casa, contei a novidade e papai ficou tão feliz quanto eu.
Os dias foram passando e pelo visto foi só eu que me empolguei demais, não vou ficar triste até porque nuca fui a mocinha sempre coadjuvante nessa história chamada vida. Eu sinceramente tinha esperanças que ele iria me ligar ou mandar uma mensagem, mas com tantas mulheres no mundo ele não iria lembrar de me.
Sair da empresa tem duas semanas e não recebi nenhuma mensagem ou ligação, a minha mãe disse que fui enganada, que preciso me acostumar com a ideia de morar com ela e papai para sempre.
último dia do mês e passei o dia deitada diante do celular, seis horas da tarde sair com minha amiga do tempo de faculdade Priscila, ela me ligou e insistiu que eu precisava me distrair, porquê eu estava muito triste, fomos a churrascaria de sua família, era por volta das sete horas quando meu celular tocou, ela atendeu, reconheci a voz na ligação e meu coração saiu de orbita.
— Não, ela esta indisponível, você pensa que ela ia ficar esperando você procurar por uma opção melhor e depois de não encontrar ligar para ela.
--- Senhora! Temos um contrato e estou dentro do prazo estipulado. Falou outra voz que reconheci sendo o Sandro.
Peguei o celular da mão de Pry.
--- Oi Sandro, não liga para o que minha amiga falou, então me diz quando eu começo a trabalhar?
--- Oi Elisa peço que não faça esse tipo de piada com meu chefe, você começa amanhã, as 8:00, esteja no escritório não aceito atraso. Então desligou.
--- Mi mimi, meu chefe isso, o meu chefe aquilo, cara insuportável.
Disse Priscila.
--- Você quase estragava minha oportunidade Pry, agora tenho quer ir, amanhã acordo cedo pra começar um nova etapa de minha vida, beijo miga te amo.
Falei e sair correndo sem da tempo dela responder.
Ao chegar em casa pedi a minha mãe, que é cabeleireira, para mudar um pouco o meu cabelo nada extravagante, como se eu não gostasse. Ela não deixou o meu cabelo como eu pedi, mas ficou sensacional, abaixo do ombro com luzes e fez uma franja lateral. Guilherme que me aguarde se até então ele não prestou atenção em me, amanhã ele vai ficar louco.
O meu subconsciente chama-me para realidade novamente e me pergunto:
-- Qual dos seus quase relacionamentos deram certo Elisa? Para com isso, e dê seu melhor no trabalho, até porque você nunca foi secretaria antes, e além disso fez faculdade para ser Designer de marketing e não secretaria.
--- Mesmo, não tinha pensando nisso o que eu vou fazer agora?
Guilherme vilar
— Eu nunca estive tão nervoso antes, tudo ocorreu como planejado, mas mesmo assim, será que eu fiz a escolha correta? Será que valeu a pena? Não sei o que deu na minha mente ao pedir para Sandro redigir aquele contrato de última hora, ainda bem que ela não leu antes de assinar, se ela descobrir vai pensar que eu sou louco, ainda pior quem em sã consciência faria isso? Na realidade eu sou louco.
Ela entrou na sala interrompendo os meus pensamentos, todo e qualquer pensamento, estava vestida com um conjunto vermelho, à nossa eu amo vermelho, o seu cabelo estava solto parecia menor do que quando eu a observei na última vez, já não estava cacheado, ela é morena, pequena e com um corpo bem desenhado, apesar de ser mais cheiinha que a maioria não é gorda, e dai se fosse, ela é minha secretaria e nem é tão bonita assim, e não faz o meu tipo.
Ela olhou-me com o rosto corado então sorriu, cara que deusa, eu só posso estar ficando louco, a minha avó tem razão um homem da minha idade que assiste mangá, odeia sair e não tem uma namorada, começa a ter problemas comportamentais, e nesse exato momento meu problema é me controlar.
— Bom dia! Guilherme quer dizer chefe, senhor.
— Na verdade, pode me chamar apenas de Guilherme.
— Certo por onde devo começar?
— Você pode, ver a agenda do dia e numerar a ordem dos eventos, e selecionar o que vamos dar prioridade.
— Ok ! Ouvir falar que Glam and Excellence é a maior empresa no ramo de eventos do país.
— Vejo que fez o seu dever de casa, breve estremos abrindo uma filial em Verona, falei tentando um sotaque italiano mal sucedido. Ela deixou escapar outro sorriso, e eu alcancei os seus olhos, eram tão lindos, num tom de preto surreal.
Uma loira alta entra na sala, desfazendo o momento, não lembro bem o nome dela mas sei que é assessora de Lindy Goveia uma escritora muito exigente que estará dando uma festa em sua cobertura com ilustres convidados famosos.
— Apenas consigo falar com o seu assistente, você tem noção do tamanho desse evento Guilherme? fala dando a anteder que somos muito íntimos.
— A senhorita marcou uma reunião?
--- Não.
--- Peço que vá até à mesa da minha secretaria e agende um horário, ressaltando que tudo está saindo como planejado, entrei em contato com a senhora Goveia e ela disse que confia nas decisões tomadas pela empresa.
--- Agora Elisa acompanhe a senhorita...
— Bruna Maia.
Ela quase rosnou mim, interrompendo.
--- Acompanhe a senhorita Maia, por favor.
Eu não costumo ser arrogante, tão pouco falar muito, não sei o que deu em mim preciso ficar sozinho. Elas saíram, e me pergunto.
--- Será que ela ficou assustada comigo?
— Claro que a senhorita Bruna ia ficar assustada.
Sandro interrompe.
--- Não, eu me referia a Elisa.
Ele me olha como se eu tivesse com chifres ou fosse alguém sobrenatural.
--- É o primeiro dia dela Sandro não quero que se sinta descofrável e desista, como você sabe eu preciso dela, será que ela chegou a pensar em se demitir? Veja se ela está precisando de alguma coisa e não deixa ninguém incomoda-la.
— Sinceramente, ela é só uma secretaria.
Fala e sai da sala sorrindo.
Talvez eu seja um pouco exagerado mas tenho medo que ela desista, iria ser difícil para mim encontar alguém igual a ela. Não penso na possibilidade, meu avô sempre foi duro comigo e me teve em linha curta, tudo que eu queria precisava de um motivo razoável. Ele diz que me criou para ser seu sucessor então tenho que ser alguém forte e determinado.
Derrepente vejo Sandro sair de sua mesa o que é bem incomum, provavelmente alguma coisa aconteceu, me levanto para ver se há algum problema no evento que está sendo programado. Pois se tem uma coisa que meu avô não tolera é incompetência.
...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...
Elisa Clamon
Eu estava perplexa com a masculinidade do meu chefinho, nunca pensei que ele tivesse esse lado, eu estava sorrindo feito boba enquanto a tal da Bruna oferecida.
— Posso saber o motivo da graça.
— Que graça?
--- Qual o motivo de você esta sorrindo sua sínica?
--- Fique tranquila, o motivo não é você?
--- Olha bem, eu conheço o seu tipo e vou logo lhe avisando que o lugar de senhora dessa empresa é meu.
--- Não sabia que o cargo estava disponível, eu entrei como secretária é uma pena, eu com certeza teria me candidatado.
— você sabe com quem você esta falando?
— Me fale o dia e hora que deseja marcar a reunião e vejo se está disponível.
Disse a ignorando.
Ela avança em mim e Sandro entra na frente.
— Causando confusão no seu primeiro dia Elisa, a senhorita sabe que esta falando com alguém muito importante para o andamento do projeto?
Eu dei um passo para trás, que falta de sorte vou ser demitida logo no meu primeiro dia penso, enquanto tropeço em meu pé, Sandro me pega em seus braços e me levanta, quando me recomponho ainda estou nos braços dele e encaro um chefe furioso com os olhos vidados em mim.
— Agora na minha sala Elisa.
Fala curto e grosso me fazendo arrepiar.
Sigo-o já sabendo minha sina, ao entrar ele encosta na mesa ainda me encarado.
— C**omece a se explicar.
Sem esperar a minha resposta prossegue.
— Por que você estava abraçando outro funcionário em pleno expediente, quer acabar com a imagem da empresa?
— Não foi o que parecia, na verdade, ele estava defendendo ela, após ela tentar me agredir, e me encheu de insultos e para piorar a minha humilhação eu ainda cair, eles estão certos eu preciso procurar o meu lugar eu só sou uma secretária desajeitada, que estraga tudo no primeiro dia, nem sirvo mesmo para isso.
Falei sem pensar, com uma voz frustrada, ele não vai acreditar em mim mesmo pensei.
Mas do nada ele se aproxima e me abraça, um abraço caloroso afetivo, eu não sabia como reagir então fiquei ali desejando que aquele abraço durasse para sempre, e sem saber o motivo meus olhos lacrimejaram, talvez fosse o alívio por não ser demitida ou o fato de alguém me levar a sério ou se importar comigo, sempre eu era a culpada quando acontecia algum incidente, eu o abracei forte e chorei como uma criança mimada, até molhar a blusa dele, e agora sim eu tenho mais um motivo para ser demitida.
Me afasto e os nossos olhos se encontram, ele me fez algumas perguntas, mas eu estava tão atordoada que eu não intendi.
--- Você é incrível nunca deixe alguém te fazer duvidar disso.
--- Desculpa chefe o que o senhor falou?
--- Nada importante, pode voltar para seu trabalho, e se alguém lhe intimidar fale comigo.
Eu assentir, só posso estar sonhando, esse é o chefe que toda garota sonha ter.
--- Só mais uma coisa, sua camisa chefe?
— Não se preocupe tenho um closet aqui para cada evento diferente, estou de saída, então quando terminar poderia passar as minhas roupas Elisa?
— Claro.
Falei.
Retiro o que eu disse nenhuma garota gosta de passar roupa, você não concorda comigo**?
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