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Inocente - Livro 1 Série A Maior Máfia

Um mundo de restrições

Primeiro livro da série 'A Maior Máfia'.

Nascer na máfia não é para qualquer um!

Comandar, apenas homens implacáveis tem pulso para isso. Matar sem piedade, todo e qualquer inimigo, é sem duvida algo que satisfaz um inflexível chefe. Sei disso, porque sou assim. Meu nome é Domenico Pappalardo Coppola, Capo da única máfia da Sicília. Comando sem compaixão, minha vontade é a lei, a Itália não ousa intervir ou bater de frente comigo, sabe das consequências. O peso do meu sobrenome me arrastou desde que nasci para um mundo sombrio. Feliz as pessoas que caem na minha graça, aos demais, não há saída. Ao longo dos dez anos á frente dos negócios, venho acabando com todos os meus inimigos, um por um. Os que ainda estão vivos se tornaram meus parceiros de negócios, me temem. Meu lema é mandar e matar!

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Viver escondida das maldades do mundo é um erro ou salvação?

Meu nome é Michela Grasso, tenho 15 anos, não sei nada da vida, nem do mundo, tudo o que aprendi foi entre as paredes da minha casa. Não consigo calcular o tamanho da minha ingenuidade, devido a super proteção que recebi dos meus pais. Tenho um irmão de 10 anos, mas, que teve sua infância totalmente diferente da minha. Clamei pela morte como uma forma rápida de acabar com toda a dor que senti, não adiantou. Não sei me defender, nem fui criada para ser independente. Sobressair! Vou precisar de muita força para começar a aprender tardiamente, na minha própria pele, a crueldade dos homens. Meu lema é obedecer sem questionar.

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Dois mundos, um restrito a regras, outro a dor. Seus caminhos se cruzam inesperadamente.

O que vai acontecer?

1

Michela Grasso

Estou passando os piores dias da minha vida, tem exatamente uma semana que perdi meus pais num acidente de carro.

Não consigo comer direito, nem dormir, ontem foi meu aniversário de 15 anos, nunca mais vou comemorar essa data porque sempre me lembrarei do falecimento deles.

Hoje é domingo, são 9 horas da manhã, estou no meu quarto, deitada na cama desde ontem.

Há sete dias atrás, os dois saíram para ir à missa, como faziam todas as noites do sábado. Porém, dessa última vez não voltaram.

Sofreram um acidente antes de chegar na igreja, morreram na hora. Meu irmão, Giacomo, me contou como tudo aconteceu.

Ele foi o único a ir no enterro, não pude comparecer. É estranho isso, eu sei, mas não saio de casa desde que nasci.

Minha história inteira não é comum. Moro no bairro Librino em Catania, na Sicília. Esse lugar é perigosíssimo e controlado pela maior máfia que já existiu aqui, a Famiglia Pappalardo. São incontáveis membros, comandam a Sicília inteira, tanto nos comércios, quanto na polícia e no governo.

A origem dessa Famiglia Pappalardo é na Italia, tendo suas raízes na região da Sicília, precisamente aqui na cidade de Catania que atualmente faz parte da Itália. Pesquisei sobre eles, descobri que sua historia vem do seculo XV, o homem mais antigo dela começou a fazer fortuna usando meios ilegais. Escolheu essa cidade para montar sua organização.

Ao longo dos anos, a Famiglia Pappalardo se consolidou como uma mafia influente na região, comandando diversos políticos, empresas e a polícia. Muitos dos membros da sua família imigraram para outros países, ajudando assim, para que a organizacao crescesse mais.

Eles mantem ligação direta especialmente com os Estados Unidos e o Brasil.

Hoje em dia, a Famiglia Pappalardo está espalhada por diversos lugares do mundo, mantendo uma trilha de sangue e covardia por onde passam. Ninguém nesse mundo ousa ir contra eles porque sabem do que são capazes.

Eles fazem as próprias leis, mandam e desmandam aqui na Catania, cidade onde tudo começou.

Ela está localizada na costa oriental da Sicília, no sopé do Monte Etna, o maior vulcão da Europa.

É a segunda maior cidade da ilha, com a área metropolitana atingindo um milhão de habitantes, tem um importante centro de transporte, é uma cidade universitária.

Seu centro é movimentado possui uma vida noturna agitada. Só sei disso porque vivo de pesquisas para aprender o máximo de conhecimento que posso dentro das paredes da minha casa. O local mais seguro que conheço.

Meu nome é Michela Grasso, meus pais me criaram presa justamente pelo alto índice de criminalidade da maior mafia que existe nessa cidade, Famiglia Pappalardo. Odeio esse nome!

Essa mafia comanda minha regiao, um lugar inóspito, não aceitam que os moradores saiam para outro lugar. Os que tentaram, estão mortos. A maioria das mulheres do meu bairro são violentadas, vendidas ou obrigadas a virar garotas de programa. Ninguém liga para proteger essas garotas, muitas são levadas de suas familias ainda criança. Por esse motivo, quando nasci meus pais me esconderam, para todos os efeitos, eu não existo, tenho documentos, mas nunca fui a uma escola.

Minha mãe conseguiu me matricular online, me formei dessa maneira, estudando a distância com professores voluntários.

Moro no bairro Librino, que é altamente perigoso e sem lei. Mulher aqui é tratada como lixo se não estiverem casadas.

O maior medo dos meus pais era que as pessoas da máfia colocassem as mãos em mim. Eles estavam fazendo planos para mudarmos daqui, mas não é uma tarefa fácil, porque a máfia controla tudo, investigariam o motivo e poderiam descobrir minha a existência. Acabariam com a gente num piscar de olhos.

Que saudades dos meus pais!

Choro por saber que nunca mais os verei novamente, pego minha garrafinha de água no criado ao lado. Bebo quase toda, ultimamente é só o que tenho feito.

Meu irmão me falou que os homens do Paolo Falzone, integrante da Famiglia Pappalardo, fizeram o enterro deles, arcaram com tudo.

Tenho pavor desse homem porque ele não tem misericórdia de ninguém, faz atrocidades desumanas com todos a seu bel prazer. Ele é chefe da gangue do nosso bairro.

Coloca terror nos moradores, nossa casa é dele ou da máfia, sei lá. Meus pais pagavam o aluguel, agora sem eles não sei como vão ficar as coisas.

E tem o Giocomo, meu irmao de dez anos, ele está pior do que eu. Desconsolado, com medo.

Sua vida, desde o início, foi oposta à minha. Estudou em escola normal, saía com os meus pais para alguns lugares, como mercados, padarias, lojas.

Tenho medo por ele, com toda certeza Paolo Falzone vai levá-lo para fazer parte do seu grupo, mesmo que ainda seja uma criança.

Meu rosto está inchado de tanto chorar, preciso decidir que caminho vou seguir. Fugir com meu irmão o mais rápido possível, antes que essas pessoas me encontrem.

Mas, não vai ser fácil, nossa casa fica nos fundos de um prostíbulo, difícil sairmos sem que nos vejam.

O terreno é grande, são cinco imóveis ao todo, o nosso é o terceiro. Sei disso porque já olhei em volta as escondidas dos meus pais.

Escuto vozes alteradas dentro de casa, parece que meu irmão está gritando.

Sem pensar em mais nada corro para ver, quando chego na sala, tem dois homens, que não conheço, batendo nele.

_ Parem com isso! _ Grito, puxo Giocomo pelo braço, ficando na sua frente, quero protege-lo. Os dois me encaram rindo, são cheios de tatuagens, cada uma mais feia que a outra.

_ Que bom ver você _ o mais alto fala, agarra meu braço. _ Vem com a gente _ Me arrasta, descalça, para fora de casa.

_ Solta minha irmã _ Giacomo brada feroz, o outro homem lhe da um murro, ele cai desmaiado. Quero ir até ele, ver se está bem, eles não deixam, começo a chorar descontrolada.

Eles riem de mim, sinto muito medo, o que eu mais temia está acontecendo.

_ Me soltem _ grito alto para os dois capangas musculosos que agora, agarram um em cada braço meu. Não me escutam, choro desesperada.

_ Me larga! _ Peço, apavorada, o homem mais alto nem mesmo me olha, continua me levando sei lá para onde. _ Me soltem! Socorro! _ Berro, ele vira, me encara com raiva.

_ Cala a boca vadia! _ Rosna, estremeço, sem escolha abaixo a cabeça. _ Assim é melhor.

Vou andando junto com eles, estou irremediavelmente perdida. Como sabiam que existo?

Claro, é a maior máfia, sabem de tudo. Até que demorou para virem atrás de mim.

Me arrastam, pelos becos, não faço ideia para onde vão me levar.

Me colocam dentro de um carro que está estacionado na rua em frente, o puteiro está fechado, é cedo, ele abre a noite.

Olho pelos arredores, esse bairro é deprimente, bem pior do que as fotos que vi na internet.

Ele trava a porta, os dois sentam na frente, o mais baixo está na direção, liga o carro, acelera e sai rápido cantando os pneus.

São da gangue, isso é óbvio, mas desde quando sabiam sobre mim? Não faço a mínima ideia. É muita coincidência me buscarem depois de poucos dias da morte dos meus pais.

Meu irmão, está sozinho nesse momento, me entristeço por não poder fazer nada para ajudá-lo. Não posso livrar nem a mim mesma.

Rodamos por cerca de 20 minutos, encosta o carro na calçada de uma casa grande de dois andares. A construção tem a tinta verde desgastada pelo tempo, muitas ervas daninhas e sujeira no chão a sua frente.

O mais alto abre a porta para mim, desço sentindo vontade de chorar. O que vão fazer comigo? Pergunta retórica.

Não sou ingênua, sei que para eles, não passo de um pedaço de carne nova. Olho envolta, percebo que continuamos no meu bairro. Nunca saí nessa região, por isso mesmo, fiz questão de pesquisar bairros e ruas aqui de Catania para quando fosse necessário andar por aí. Decorei todas as ruas de Librino. Nesse momento me preparo para correr, não tenho escolha, sei o que me aguarda se ficar parada, prefiro a morte.

Saio em disparada pela rua de pouco movimento, os dois vem no meu encalço, sinto meu coração acelerado. Não olho para trás, uso todas as forças que tenho para tentar escapar, não funciona. Eles são mais ágeis, estão acostumados com perseguição, devem fazer isso todos os dias.

O mais baixo me empurra sem dó alguma para o lado, vou com tudo no chão. Minha testa bate forte no piso duro, não vejo mais nada.

Abro os olhos, minha cabeça dói muito, analiso ao redor, estou deitada na cama de um quarto desconhecido, tem duas portas fechadas. Tento me levantar, meus braços e pés estão amarrados.

Procuro um jeito para me soltar, caio da cama.

_ Aí _ gemo de dor, escuto a porta se abrir.

_ Então, você acordou bebê? _ Ouço uma voz desconhecida dizer, fico calada, não consigo ver quem é porque estou de costas para a entrada.

Ele me carrega facilmente, me põe de volta na cama, nos encaramos, estremeço.

Tenho a visão do inferno, o homem não é muito alto, mas, musculoso ao extremo, cheio de tatuagens, tem uma cicatriz horrível no lado direito do rosto. Sinto náuseas de medo, ele é horroroso. Seus olhos são verdes, vazios, fundos, parecem deformados. Pela sua aparência, não consigo identificar se é velho ou jovem.

_ Você é realmente linda bebê _ diz, sorri de lado, meu estômago embrulha pelos seus dentes podres. Não desvio meus olhos, ele me cobiça para aumentar meu estado de pânico.

_ Que...quem é......você? _ Minha voz sai indecisa, arrastada, fraca.

_ Sou Paolo Falzone bebê _ apruma o corpo, estufa o peito, seu tom denota orgulho. Fecho os olhos, lágrimas descem pelo meu rosto. Eles me pegaram, penso. Assim, como fez com tantas outras, algumas mais novas do que eu. _ Eu trouxe você aqui porque vai ser minha esposa a partir de agora _ escutar isso é mais do que posso suportar, tombo meu corpo para o lado, o vômito vem forte, pura água, pois não comi nada hoje.

_ Escuta aqui bebê _ seu tom é gelado, me pega pelo pescoço, aperta, segura ao ponto de eu achar que vai me matar, não tira seus olhos raivosos dos meus. _ Não me interessa sua opinião sobre esse assunto. Vai ser minha de um jeito ou de outro, não tem escolha. Então, é melhor se comportar bem bebê ou vai dormir com o cadáver do seu querido irmão ao seu lado _ ameaça, procuro ar. _ Está entendendo bebê _ concordo com a cabeça, ele me joga para trás, bato minha nuca no encosto da cama, engulo um gemido de dor.

Passa uns segundos de silêncio, ele não tira os olhos de mim, deixa claro que vai abusar do meu corpo apenas pelo jeito de me fitar. Estou de calça, blusa comprida larga, descalça, diante do comportamento dele, me sinto nua, me encolho como posso.

_ Como você sabia de mim? _ Junto coragem. para perguntar, ele solta uma gargalhada medonha.

_ Bebê esse bairro inteiro é meu. Acha mesmo que os seus pais me enganariam por muito mais tempo? Aqueles otários tiveram o que mereceram _ cospe essas palavras na minha cara.

Entendo que matou meus pais, choro silenciosamente. Como pôde fazer uma coisa dessas? Ele é um monstro!

_ Você os matou? _ Preciso ouvir da sua boca nojenta a confirmação.

_ Sim. Ninguém mente para mim e sai vivo. Fiz questão de atirar na cabeça dos dois. Você só não vai ter o mesmo fim porque é bonita demais para acabar numa vala qualquer _ passa seus dedos ásperos no meu rosto, me arrepio de pavor.

Não vou deixar que me toque, afasto minha cabeça, não gosta. Ele matou as pessoas que eu mais amava, tirou vidas de inocentes por puro capricho.

_ Não vou me casar com o assassino dos meus pais _ decreto sem me importar com o que vai me acontecer.

_ Isso não depende de você bebê _ fala alto, fecha a cara para mim.

_ Eu prefiro a morte! _ Sentencio audaciosa.

_ Veremos! _ Me corta, se aproxima, me preparo para gritar, não vai adiantar, mas é só o que posso fazer. Estou amarrada.

Ele se abaixa, solta meus pés, arregalo meus olhos pensando que vai abusar do meu corpo.

_ Sai de perto de mim! _ Grito chorando, ele me olha sorrindo, pega nos meus braços, desfaz os nós. Fico livre, pulo da cama para correr para fora dali, não chego nem na porta. Ele enlaça minha cintura, me pega no colo, joga na cama novamente.

_ Não abusa da sorte bebê _ ameaça bravo._ Vai permanecer aqui enquanto eu quiser.

_ Não pode fazer isso _ reclamo assustada porque ele está com o rosto muito próximo do meu.

_ Posso fazer tudo o que eu quiser bebê _ sua voz é mansa, parece um leão rodando a presa.

Me deito de costas, viro meu rosto para o lado, estou desorientada. O que vou fazer?

Cometer um suicídio?

Talvez.

Ele sai, escuto girar a chave, me levanto, testo a fechadura, está trancada. Vou a outra porta, é um espaçoso banheiro, volto chego a frente da janela, afasto as cortinas. Posso me jogar daqui, acabar com tudo de uma vez.

Não! Tem grades super reforçadas.

Me sento na cama, começo a rezar.

2

Michela Grasso

Tem duas semanas que estou presa dentro desse quarto. Não vi Paolo Falzone mais, agradeço a Deus por isso.

O homem alto que me sequestrou para cá, disse se chamar Ferrara, traz minhas refeições, não tive uma única oportunidade de fugir. Estou enlouquecendo pensando no que vou ter que passar, as vezes, tenho vontade de avançar nesse capanga, bater nele para que me mate de uma vez. Só assim, terei paz!

Estou distraída olhando pela janela, as casas do bairro, não sei que horas são nem como está meu irmão.

Uso um vestido simples, chega abaixo dos meus joelhos. O tal do Ferrara me trouxe muitas coisas, roupas, sapatos, produtos de higiene. Comentou que estava seguindo as ordens do chefe Paolo Falzone.

Esse homem asqueroso, não gosto de lembrar do seu rosto, tive pesadelos horríveis com ele me tocando. Que nojo!

Meus pensamentos atraem ele, que entra no quarto e se aproxima de mim.

_ Sentiu minha falta bebê? _ Me apavora com sua voz de monstro próxima ao meu ouvido. Dou um passo para trás, ele me pega pela cintura com força, me encara cheio de cobiça. Está mais feio que antes, se é que seja possível.

Percebo que tem mais dois homens desconhecidos no quarto, me desespero pelo que podem fazer comigo.

_ Quero você para mim _ ele segura meu rosto apertando com força, me machuca _ O que me diz Michela? Quer ser minha mulher?

Cheia de ódio cuspo na sua cara, ouço sons de espanto dos outros que estão ao nosso lado.

Paolo Falzone me dá um murro no rosto, caio no chão, sou chutada várias vezes, meu nariz sangra. Todo meu corpo dói, mas prefiro isso a me entregar a alguém como ele.

_ Você vai se arrepender por isso bebê _ fala, limpo o rosto com as costas da mão _ Levem ela para o cativeiro.

Os dois dinossauros asqueroso agarram os meus braços, me arrastam para fora.

_ Não! Me soltem. Vocês não podem fazer isso _ não escutam nada do que falo. Entro em surto, grito por socorro, eles gargalham na minha cara.

_ Não resolve gritar menina, você é do bairro, conhece as regras e quem manda aqui. Foi enfezar o chefe agora aquenta! _Começo a chorar sem controle.

Sou jogada no chão de um porão úmido, escuro. Meu nariz parou de sangrar, limpo o resto do líquido vermelho no vestido. Permaneço imóvel, apenas sentindo pena de mim mesma.

Tinha uma vida que considerava perfeita com meus pais, eles me amavam, protegiam. Não vou aguentar o que me aguarda, soluço.

Maldita máfia Famiglia Pappalardo, faz o que quer, manda e desmanda sem punição alguma.

Nesse lugar não existe justiça, as autoridades são omissas, escondem o que realmente acontece.

Catania é a segunda cidade mais populosa da Sicília, perde apenas para Palermo. Está sempre cheia de turistas que não fazem a menor ideia do alto índice da criminalidade desse lugar.

Eles gostam de visitar muitas cidades da ilha porque é uma regiao linda. É comum ver nas varandas das casas vasos em formato de cabeça.

Tem uma lenda que diz que durante o domínio mouro na Sicília, havia uma moça que vivia no bairro de Kalsa, em Palermo, ela cuidava todo dia das plantas em sua varanda. Um jovem mouro passou, a viu cuidando das flores, se apaixonou por ela.

Alguns dias depois, se declarou e eles começaram a viver um romance. Depois de alguns meses, ela descobriu que ele era casado, tinha filhos.

Como vingança, ela esperou anoitecer, o decapitou. Sem saber o que fazer com a cabeça, ela transformou em vaso. No vaso ela plantou temperos que cresceram vigorosamente.

A população gostou dessa lenda, começou a fazer vasos de argila e cerâmica em formato de cabeça de mouro.

Acho essa história bem triste, penso em como é fácil para um homem enganar uma mulher. Como a paixão cega as pessoas.

Nunca me apaixonei, pessoalmente, agora só vi os homens da máfia, eles não servem de base.

Não entendo muito de relacionamento amoroso, porém, fui testemunha do amor dos meus pais. Se amavam completamente, dedicavam ao outro confiança e respeito.

Choro pelo final horrível que tiveram.

Agora, meu destino está selado, nasci como peça de um jogo cruel e macabro.

Tenho 15 anos, estou órfã, com meu irmão desaparecido e um marginal da pior espécie me mantém presa. Quer me obrigar a aceitar um casamento absurdo.

Não tenho a quem recorrer, faço a única coisa que posso, rezar.

Passo dois dias presa, estou fraca por que me recuso a comer ou beber qualquer coisa. Decidi que é preferível morrer do que viver na vida a que fui condenada.

Não me assusta ficar no porão, sempre vivi como uma prisioneira muito antes do Paolo Falzone me sequestrar.

Dificil é a noite, quando escuto muitos gritos de outras meninas sendo brutalmente espancadas e violentadas sexualmente.

Esse bairro é de grande violência, Paolo Falzone é quem comanda tudo por aqui, ouvi escondido meus pais falando dele muitas vezes. Sua fama é a pior possivel, não vale nada, faz da vida dos moradores de Librino um inferno.

Meus pais me mantinham presa dentro de casa justamente para não despertar a atenção dele. As garotas novas do bairro são sequestradas desde cedo para servir ao chefe e seus homens, estupradas, mortas, vendidas.

Estudei apenas dentro de casa, meus pais falavam com todos que eu tinha morrido ainda criança, me proporcionavam tudo desde que eu não saísse nas ruas. Nunca me revoltei porque sabia bem dos perigos que enfrentaria ao me rebelar.

Eu e meu irmãozinho vivíamos bem, não sei o que aconteceu com ele, penso se ainda está vivo.

Já fazem oito dias que estou nas mãos deles, na primeira semana me trataram como uma rainha, a mando de Paolo Falzone que me queria como sua esposa. Não aceitei, ele me trancou nesse cativeiro, um cômodo grande, com apenas um colchão no chão e um minúsculo banheiro.

Ferrara me trouxe algumas roupas, mesmo sem vontade tomo banho todos os dias, troco minhas vestimentas. Lamento que continuo viva. Estou com hematomas escuros no meu corpo todo e no rosto, prova da selvageria do Paolo Falzone.

A porta se abre, ele entra com três capangas. Os dois que me jogaram aqui e o mais baixo que me buscou na minha casa.

Estou sentada no colchão, não choro, isso nem resolve nada, minhas lágrimas estão secas de tanto que as derramei nesses dois dias.

Paolo Falzone olha para os prato,s de comidas, frutas, sucos e água no chão, estão intactos. Não é fácil resistir quando meu estômago dói de fome, mas, fico firme no meu propósito de morrer, mesmo que lentamente.

_ Não quer comer Michela? _ Não respondo, o ódio dele aparece _ Não importa, para onde você vai terá pouco tempo para comer mesmo _ lanço para ele um olhar mortal. Queria ter força para lutar contra ele, pelo que diz, calculo que me vendeu.

Um silêncio tenso cai sobre nós.

_ Não quer saber para onde você vai? _ Me pergunta, permaneço calada _ Te vendi para um sheik governante da máfia árabe, Khan Al-Abadi _ solta uma cruel gargalhada.

Como esse monstro pode vender pessoas como se fosse dono delas? Penso nos meus pais, meus olhos se enchem d'água.

_ Isso mesmo, chora Michela Grasso _ diz com rancor. _ Eu queria você para minha mulher, teve a audácia de me rejeitar. Agora consegui 1 milhão de euros por você. Viajei essa semana só para encontrá-lo. Ele está pagando bem por que eu disse que é virgem. O velhote faltou babar quando soube.

Não acredito que esse será o meu fim. Morro, mas não vou me entregar a um homem que compra mulheres. Ainda mais um idoso.

_ Você poderia ter tudo comigo Michela. Simplesmente tudo _ se aproxima, me levanto rápido, ele toca meu rosto, me obrigando a olha-lo, sua cara além de feia, é horrivel _ Você é tão linda, porque não me quis? Porque, sua vadiazinha de merda?

Me preparo para cuspir nele, como se adivinhasse, aperta meu pescoço. Sinto falta de ar, penso que vou desmaiar, ele me joga de costas no colchão, boa parte das minhas pernas ficam a mostra.

_ É uma pena que não vou poder transar com você antes de te entregar _ comenta, sinto nojo dele e de mim mesma por me ver obrigada a viver uma vida que nunca quis. _ Mas, não tem problema, o sheik Khan Al-Abadi vai se vingar de você por mim.

Todos gargalham alto, indiferentes a minha dor, ao contrário, se alegram por ela.

Apenas Deus pode me salvar agora!

Fecho meus olhos, foco minha mente em todos os momentos bons que vivi.

Nesse instante, acontece tudo muito rápido.

_ Chefe, temos um problema. _ outro homem desconhecido entra, fala com desespero. _ Precisamos sair daqui depressa.

_ Mas, o que está acontecendo? _ Paolo Falzone pergunta, os capangas tomam posição para protegê-lo.

Me aproveitando da distração deles tento correr e sair desse lugar, ele agarra meu braço.

_ Onde pensa que vai? Você me renderá uma fortuna, não te deixarei fugir _ rosna, me aperta brutalmente, dói pra caramba.

Às lágrimas que tentei segurar descem abundantes pela minha face.

_ Rápido chefe, temos que sair agora _ eles saem, sou arrastada junto.

Ao chegar do lado de fora, no beco, um carro nos espera. Agindo sem pensar, chuto a canela de Paolo Falzone, com um solavanco me solto e saio correndo. Escuto um tiro.

_ Não atira seu idiota, ela vale uma fortuna. Tragam ela viva _ ainda o escuto dizer, não olho para trás, corro sem rumo ouvindo eles no meu rastro. As ruas estão uma confusão, não sei o que está acontecendo, pessoas correm desesperadas.

Parece cena de filme, crianças choram, mulheres gritam, tem alguns corpos pelas vielas.

Tento continuar, dois dias sem comer me deixaram fraca, quando vou virar uma esquina, sou capturada.

_ Você não vai a lugar algum _ um dos capangas fala ameaçadoramente, esta acompanhado de outro, começa a me arrastar de volta.

_ Solta ela ou atiro _ ouvimos alguém dizer as nossas costas, viramos. Tem um policial na frente com arma em punho e muitos outros ao seu lado.

_ Droga _ O homem que me segura xinga, sem alternativa me solta.

Eu corro para atrás dos policiais, eles prendem os dois homens que me perseguiram.

Ainda existe lei nessa cidade, uma raridade, mas que me salvou.

Um carro passa correndo por nós.

_ São eles, vamos lá _ um policial grita, entra numa viatura com mais três deles, seguem na perseguição.

Dois guiam os capangas para dentro de outra viatura.

_ Você está bem? _ O policial em que me escondi atrás dele pergunta.

_ Sim _ Minha voz sai trêmula, choro aliviada.

_ Precisa me acompanhar até a delegacia, vai ser interrogada.

_ Tudo bem _ assinto, reuno forças para segui-lo.

Entro numa viatura com dois policiais, um outro carro leva os bandidos. O automóvel segue pelas ruas desviando de pessoas que correm assustadas, sem rumo. Passamos por muitos outros carros de polícia, tudo semelhante a um cenário de guerra.

_ O que está acontecendo? _ Pergunto a eles.

_ O chefão da Europol, Dario Basile, quer fazer uma limpa nas gangues da cidade. Deu ordem para pegar pesado _ me sinto feliz com essa noticia. Graças a Deus apareceu alguém importante o suficiente para bater de frente com a máfia.

Uso os próximos minutos durante o trajeto, para descansar, estou faminta, exausta.

Na delegacia conto minha triste história para o delegado e os dois policiais que me acompanharam. Eles me dão um farto lanche com, pães, frutas e café, agradeço emocionada. Achei que morreria de fome.

Fico revoltada quando o delegado me avisa de que vai me enviar a um orfanato para menores órfãos.

Tento de tudo para conhecê-lo de que não ficarei segura num lugar assim. Paolo Falzone irá me achar facilmente num ambiente como esse. Não adianta, ele insiste que tive muita sorte pelo Dario Basile começar uma caçada contra aquela gangue. Do contrário, não escaparia, seria vendida sem dó nem piedade, estremeço de medo ao me lembrar do tal sheik Khan Al-Abadi.

Parece que esse Dario Basile tem um problema pessoal contra a máfia, declarou briga com todos os integrantes da Sicília e os que estão em outros países.

Não quero ir para o orfanato, lá Paolo Falzone vai me capturar de novo e entregar ao velho sheik.

Nesse momento, mais de dez pessoas invadem a delegacia, querem denunciar crimes que a gangue do meu bairro cometeu. Uma confusão se instala na sala, me aproveito disso para sair escondida.

Percorro as ruas sem saber para onde ir, queria poder encontrar meu irmão, mas, é perigoso, nem sei onde ele está.

Vou para o centro, aqui estou mais protegida porque é área comercial, tem muitos turistas, câmeras. Difícil me pegarem nesse lugar sem que alguém filme tudo pelo celular e coloca na internet. Isso não pegaria bem para a imagem da cidade, uma repercussão de um sequestro vai atrair a atenção para a Famiglia Pappalardo. Podem iniciar muitas investigações, atrair mais inimigos.

Em pouco tempo olhando as lojas percebo que tem homens me seguindo. Aproveito o grande movimento das pessoas para correr, preciso escapar deles.

Ao atravessar a rua de maneira descuidada, sou atropelada, não vejo mais nada.

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