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Inocente Pesadelo

PUNIÇÃO

...CAPITULO 1 – PUNIÇÃO...

 

...Belle...

 

EU ESTAVA no Player Club. Meus joelhos tremiam e meu coração estava disparado dentro do meu peito. Me lembrei de todos os avisos que eles me deram, mas minha cabeça girava sem parar, eu não conseguia pensar em nada.

Eu estava assustada e petrificada.

Meu irmão sabia para onde eu estava indo. No entanto, ele nunca se importava muito comigo. Tudo que ele queria era ser um grande astro do rock e eu acabaria atrapalhando ele. Eu gostaria que meus pais ainda estivessem vivos para me ajudar, mas eles estavam mortos e eu estava sozinha como no dia em que me adotaram.

“Assim como seus pais biológicos, todos vão embora.”

Eu balancei minha cabeça para afastar esses pensamentos. Eu era fisicamente inocente demais para isso, por que meu irmão não se importava comigo?

"VOCÊ MATOU MEUS PAIS!"

Eu cambaleei com a memória dele gritando na minha cabeça, eu sabia porque ele não me amava e porque ele não se importava comigo. Eu sabia porque ele me obrigou a morar aqui: ele queria me punir.

Tentando espantar meu nervosismo, bati na porta e esperei por uma resposta. Minha bagagem estava atrás de mim enquanto eu tentava não entrar em pânico. A porta abriu e eu senti minhas bochechas ficarem vermelhas como um pimentão quando vi que o garoto que tinha aberto a porta na minha frente, estava apenas de cueca boxer.

Ele tinha cabelos escuros e olhos cor de amêndoa brilhantes. Eu senti meu rosto todo vermelho enquanto evitava olhar para qualquer coisa que não fosse seu rosto.

"Quem diabos é você?" ele rugiu, quase como um dragão.

"B...B-elle." respondi tremendo, minha gagueira aparecendo.

"Oh, a nova colega de quarto. Não pensei que você fosse aparecer." Ele respondeu sarcasticamente.

Seus olhos mostravam raiva dentro deles, imaginei que ele não gostava de mim. Senti a ansiedade crescer dentro do meu peito quando ele empurrou a porta, deixando-a aberta para eu entrar. Minha cara ainda estava vermelha brilhante por conta do seu corpo musculoso e seminu. Eu nunca tinha visto um homem só de cueca boxer antes na minha vida, eu não sabia o que fazer.

"Seu quarto é aquele com a porta rosa." ele murmurou bebendo uma caixa de leite.

"OK..." eu falei baixinho, me encolhendo, entrando no dormitório. Rapidamente desviei meus olhos quando ele olhou para mim. Com raiva, ele esmaga a caixa de leite no balcão.

"O que diabos há de errado com você!? Nunca viu um cara de cueca antes?" ele esbravejou.

Eu senti meu corpo recuar para trás sozinho, tamanho o susto que eu levei. Aquele cara me dava medo.

"N.. Não..." respondi, me sentindo envergonhada e apavorada.

"Pff. Você tem que ter todo tipo de problema para vir morar com um monte de jogadores." ele riu de forma sombria, enquanto caminhava até mim, ficando extremamente perto do meu corpo. Eu senti lágrimas brotando em meus olhos.

"D-deixe-me ir..." eu gaguejava, meu rosto estava da cor de um tomate e meu corpo tremia todo.

"Se vestir assim, em um lugar como este? Pobre garota ingênua." ele riu, levantando a mão para colocar um fio de cabelo atrás da minha orelha suavemente.

"Não, e-eu quero ir..." eu sussurrei com medo, sem força, sentindo as lágrimas escorrerem dos meus olhos.

"Garota inocente", disse ele, olhando-me profundamente nos olhos.

Eu senti algo estranho em seu profundo olhar escuro e olhos julgadores, uma piscina infinita de emoções escondidas por trás de sua raiva atual. Senti medo, imaginando no que provavelmente tinha me metido. Sabendo que não tinha para onde ir, tudo em que conseguia pensar eram pensamentos negativos.

"Por favor, deixe-me ir." eu choraminguei, tremendo, tudo aquilo era assustador demais para mim.

Ele apenas olhou para mim, enquanto sua mão permanecia no meu cabelo. Meu espaço pessoal estava sendo violado e eu me sentia desconfortável. Sua mão arrastou meu queixo e meu lábio inferior, enquanto seus olhos questionadores me analisavam, eu não entendi o que ele estava fazendo.

"Você vai se tornar uma vagabunda eventualmente. Todas elas se tornam." ele falou, mas não soou como um insulto, mais como um rótulo que ele colocou em todos. Mesmo assim, eu não conseguia me mexer, meu corpo estava congelado.

"Não! Eu n... não vou!" eu respondi querendo que ele parasse com aquilo, eu estava confusa e desconfortável.

"Richard! Pare com isso!" uma voz gritou, de repente. Eu olhei para cima e vi outro cara tão bonito quanto o que estava me encurralando.

Mas Richard o ignorou e continuou tocando meus lábios, causando um pequeno arrepio em meu corpo.

"Você é uma pr0stituta." ele disse e me soltou, fazendo-me quase cair no chão de ansiedade.

Peguei minha mala e corri para a porta rosa fechando-a com uma batida e trancando com força. Me sentei na minha cama e senti as lágrimas caírem pelo meu rosto como uma cachoeira. Como pude ficar parada ali como uma idiota?

Ele não fez nada de mais, mas ainda tinha me deixado extremamente desconfortável. Meus lábios estavam inchados pela pressão que ele tinha usado em seus dedos fortes. Estremeci enquanto os lambia. Por que ele agiu assim? Por que ele assumiu que eu sou uma "prostituta" se eu ainda sou virgem?

Fiquei chorando por mais alguns minutos e quando comecei a me sentir melhor, me levantei da cama.

Suspirei de alívio quando percebi que tinha meu próprio banheiro anexo ao quarto. Não tinha como eu pensar em dividir o banheiro com os outros meninos sem ficar apavorada. Será que todos eles eram como aquele Richard?

Foi assim que ele conseguiu seu nome como jogador? Encurralando as garotas contra a parede e fazendo o que queria com elas só porque é gostoso? Ou ele é assim com qualquer mulher que passa pelos seus olhos? Ele realmente tem problemas com as mulheres, eu não fiz nada para ele.

Eu tinha noção de como aconteciam esses tipos de coisas, s3xo, m@sturbação, outras coisas que vi online ou li em livros, mas nunca me senti confortável com isso. Os meninos não me achavam atraente e eu nunca tentei chamar a atenção deles. Nunca nem tive um namoradinho de infância. Eu era diferente.

Mesmo assim, ainda agia como qualquer outra garota por aí, apenas me vestia de maneira diferente.

Eu gostava de usar vestidos rosa e laços fofos, mas isso não significava que eu não pudesse me vestir sexy e parecer como a maioria das outras garotas hoje em dia, mas acontece que eu nunca tive o desejo de fazer isso.

Eu gostava de quem eu era, mas agora estava cercada por jogadores rebeldes que transavam com garotas e as jogavam fora, sem remorso por seus sentimentos.

Eu era uma virgem em uma toca cheia de predadores s3xualmente ativos, prontos para atacar no momento em que minhas pernas estivessem abertas.

Peguei algo para vestir antes de ir para a cama. Sempre adorei coisas fofas e na hora de dormir não era diferente.

Entrei no banheiro e rapidamente olhei em todos os cantos, pois fiquei com medo de que eles tivessem colocado uma câmera ou algo assim. No entanto, não encontrei mais nada além do chuveiro, que abri assim que fechei o box de vidro.

Dei um pulo e soltei um gritinho quando a água gelada atingiu minha pele. Tentei ligar o aquecedor, mas ao invés de ficar quente, ficou frio, não entendi, porém, não podia ficar sem tomar banho, então continuei a me lavar, tremendo de frio.

Eu terminei rapidamente e pulei para fora do chuveiro. Meu corpo estava congelando enquanto eu vestia meu pijama e colocava um suéter grosso para me manter aquecida.

Corri para olhar minha conta bancária para ver se meu irmão havia depositado o meu dinheiro como deveria e um soluço saiu da minha garganta quando olhei para os míseros R$400 com os quais deveria viver a partir dali.

Enxuguei uma lágrima e decidi que deveria perguntar a alguém sobre o problema da água. Estremeci de medo quando abri a porta do meu quarto. Caminhei devagar até a sala e reprimi um gritinho de terror quando vi 4 caras extremamente sensuais me penetrando com olhares intensos e julgadores. Fiquei com vergonha, pois parecia que eu tinha interrompido a conversa deles e agora, eu era o centro da atenção, tudo o que eu menos queria.

Minhas bochechas começaram a queimar imediatamente e eu fiquei com vontade de chorar.

"Sim?" perguntou a voz profunda e misteriosa. Eu olhei para o dono da voz, mas fiquei com medo de falar.

"O... q-quais são as regras?" eu gaguejei, só queria me esconder e chorar.

"Seu irmão não te contou?" a mesma voz perguntou e eu apenas balancei a cabeça, em sinal de “não”.

"Foda-se, fala alguma coisa, garota estúpida!" Richard rugiu e eu dei um passo para trás - um dos rapazes, o que parecia ser o mais sério, lançou um olhar de desaprovação a Richard.

"D-desculpe." eu disse mordendo o lábio, tentando não chorar.

"Aqui." Outra voz masculina falou, eu olhei para cima e vi um rapaz atlético de camisa verde, estendendo um pedaço de papel pra mim, com as regras do dormitório.

"Obrigado." Eu respondi, pegando o papel. Nesse momento, notei Richard se levantando do sofá com uma raiva indescritível em seus olhos brilhantes.

"Pare de gaguejar, isso me dá nos nervos!." ele rosnou, fazendo as lagrimas escorrerem pelo meu rosto.

"Richard! Comporte-se! Não tá vendo que a garota está com medo de você?" o cara de camisa verde disse a Richard, enquanto eu tentava engolir meu choro. Porém, eu já estava farta daquele Richard e não conseguir controlar minha reação.

"Você é assustador! Não posso esconder meu medo de você!" eu gritei com ele, com todas as forças que eu tinha.

Ele pareceu surpreso. Seu rosto ficou com uma expressão estranha, mas logo voltou a ficar com o ódio de sempre. Ele se levantou em minha direção, mas antes que algo assustador acontecesse comigo, eu corri.

Cheguei no meu quarto e me tranquei dentro. Dentro do meu quarto, eu não aguentei e desabei. Por que esse Richard é tão mau comigo, o que eu fiz de errado? Eu não consigo parar de gaguejar perto dele, ele me deixa nervosa e sem reação, o que eu posso fazer? Eu não consigo ficar normal perto dele e ele implica comigo por isso. Eu chorei enquanto olhava para o papel e comecei a chorar ainda mais quando vi as regras.

... ...

...REGRAS DE COLEGA DE QUARTO...

...- 100R$ para o aluguel...

...-50R$ para o uso de água quente...

...-Compre sua própria comida (NÃO TOQUE NA NOSSA)...

...-Qualquer bagunça que você fizer, limpe....

...-50R$ por mês para uso da internet...

...-50R$ por mês para acesso à lavanderia...

...-50R$ para manter o seu lugar de estacionamento...

...*Foi com isso que seu irmão concordou quando veio morar com a gente, as regras se aplicam a você da mesma forma....

Minhas lágrimas não paravam, nunca me senti tão sozinha. Eu me agarrei com o travesseiro e desejei que tudo me consumisse por dentro. Meu irmão conhecia as regras antes de se mudar para aquele dormitório, ele sabia que eu teria que depender dele para ter dinheiro até que pudesse me sustentar.

Então, ele resolveu me castigar mal me dando o suficiente para viver. Aqueles R$400 que ele tinha depositado mal davam para pagar as despesas do dormitório, como eu ia conseguir comprar meus materiais da escola?

Me sentei no chão olhando para a parede. Senti meu corpo esfriar e não gostei para onde minha mente estava indo. Me lembrei do rosto da minha mãe quando ela me encontrou quando me c0rtei pela primeira vez, as lágrimas escorrendo por seu rosto, o seu olhar de pena e angustia, enquanto me via derramada na banheira, com os pulsos sangrando.

De repente, minhas pernas se moveram por conta própria, eu não conseguia mais me controlar enquanto segurava a pequena caixa contendo o monstro que me destruiu. Naquele dia que minha mãe me encontrou, eu estava doente, eu não queria morrer de verdade, mas agora, não tinha ninguém para me salvar da escuridão.

Levantei meu suéter e olhei com profunda dor para meu rosto inchado no espelho.

Abri a caixinha que carregava e tirei de dentro uma lamina prateada afiada, a mesma que quase tirou minha vida há três anos atrás. Deslizei a l@mina pela minha pele, estremeci quando ela se prendeu e o sangue começou a escorrer pelo meu braço.

"Sinto muito, mãe e pai." eu sussurrei enquanto me enroscava em sangue e lagrimas.

“Eu gostaria que vocês dois ainda estivessem vivos”, falei, enquanto um pequeno sorriso, de que tudo ia ficar bem, se formava nos meus lábios. O sangue começou a pingar no carpete, mas eu não me importava. A lamina continuava fazendo o seu trabalho, arrancando minha dor. Será que essa é a sensação quando se está prestes a morrer?

MÁS PALAVRAS

...CAPITULO 2 – MÁS PALAVRAS...

... ...

...Belle...

 

MEUS OLHOS ardiam quando abri. Demorou alguns segundos para eu perceber que estava deitada no chão do banheiro.

Eu gemi um pouco quando me levantei, pois minhas costas doíam. Me olhei no espelho e meus olhos vermelhos me assustaram um pouco. Lavei meu rosto e sai do banheiro.

Os acontecimentos da noite anterior estavam embaçados na minha mente, acho que devo ter caído no sono depois de todo aquele pesadelo. Olhei o relógio e eram apenas 6 da manhã. Dei um suspiro de cansaço.

Infelizmente, ainda era fim de semana, as aulas só começariam na semana seguinte, o que me daria tempo para procurar um emprego.

Lembrei que tinha material escolar para comprar e fiquei arrepiada só de pensar no pouco dinheiro que eu tinha. Você provavelmente está se perguntando por que eu tenho 18 anos e estou no último ano.

Acontece que eu repeti de ano na escola pública por causa de uma dificuldade de aprendizado, mas eu consegui me recuperar e agora estou muito melhor.

Ainda tenho muita dificuldade em matemática e essa foi a matéria que passei com a nota mínima, depois de me esforçar ao máximo para entender o que os professores falavam.

Eu estava terminando de me arrumar, quando ouço alguém bater na minha porta fazendo eu cair para trás de susto. Meu corpo inteiro estremeceu e com cuidado caminhei até a porta, temendo que fosse aquele tal de Richard querendo implicar comigo de novo.

Mas, quando abri a porta vi que não era Richard e sim, o rapaz da noite passada que me passou o papel com as regras do dormitório. Mesmo assim, eu ainda estava nervosa e abri a porta só um pouco para ele me ver.

"S-sim?" eu gaguejei, ele revirou os olhos.

"Meu nome é Kevin e preciso do seu pagamento hoje." ele respondeu como se não fosse nada, me deixando ainda mais nervosa.

"O-ok, dinheiro ou d-débito?" eu perguntei, não conseguindo esconder meu nervosismo. Ele revirou os olhos e se encostou na coluna da porta.

"Qual o seu número? Posso te passar os dados para você transferir para a minha conta.” ele disse calmamente. Eu balancei a cabeça em sinal positivo e disse “só um minutinho.”

Fechei a porta, quase tropeçando no meu próprio pé. Peguei meu celular, entrei no aplicativo do meu banco e fui entregar a ele. Tentei não imaginar que ele poderia roubar todo o meu dinheiro naquele momento.

"P-pronto?" eu perguntei, ele só acenou com a cabeça sem dizer nada.

Ele me passou o celular e eu olhei meu saldo restante de 100R$. Suspirei como uma condenada, sabendo que teria de procurar um emprego para me sustentar.

"Você só tinha 400R$." Kevin falou. Eu dei de ombros, sem realmente saber o que dizer.

"E-eu vou procurar um emprego..." eu falei, envergonhada. Ele confirmou com a cabeça, com um olhar indiferente.

"OK." Kevin respondeu, antes de ir embora.

Suspirei cansada e voltei para o meu quarto. Eu estava indecisa se devia sair naquele momento ou não. Eu precisava muito de material escolar, mas também precisava comprar comida para mim. Meus olhos lacrimejaram, mas ignorei a leve dor em meu peito.

Eu sabia que não tinha escolha a não ser comprar meu material escolar. Crow High era uma escola implacável e os professores eram maus. Se você não tinha todo o material que precisava, geralmente eles te reprovavam sem dó nem piedade.

Fui até o chuveiro só para ver se o aquecedor tinha ligado e recuei quando a água extremamente fria atingiu minha mão. Eu fui uma idiota em pensar que eles iriam colocar água quente assim que eu desse o dinheiro. Suspirei e desliguei.

Me vesti rapidamente. Verifiquei a previsão do tempo e pelo que dizia, estava extremamente quente lá fora. Dei um suspiro triste, porque odiava calor. Mas, como não podia fazer nada quanto a isso, o jeito era sair mesmo assim.

Para vestir, escolhi uma roupa fofa, confortável e rosa, porque é minha cor favorita. Eu realmente gostei da roupa que escolhi. A camisa dizia “push my buttons”, que significa “puxe meus botões” em português e os shorts eram curtos e rosa.

Eu simplesmente amei, só porque eu amo rosa não significa que eu não possa me vestir como alguém da minha idade. Muitas pessoas diziam que eu me vestia como uma criança, e talvez elas tenham razão, já que muitas vezes eu me visto de maneira mais infantil, mas não é sempre. Eu não tive uma infância boa e por isso, eu amo rosa e coisas fofas, isso me faz sentir acolhida e confortável.

Me olhei no espelho, e só nesse momento, notei a bandagem em volta do meu pulso e tudo aquilo da noite passada voltou a minha mente.

Rapidamente, coloquei uma pulseira grossa esportiva em volta dela, do mesmo jeito que fiz da última vez, para que ninguém visse o machucado. Eu me odeio por quebrar uma promessa, eu me odeio por voltar ao mesmo lugar.

Nunca se corte, uma vez que você começa, é difícil parar e você pode realmente se arruinar emocionalmente por causa disso. As cicatrizes pelo meu braço não fazem eu me sentir bonita, mas fazem parte de mim. Se você parar, então pare para sempre porque eu sei que você vai se curar. Eu ficava repetindo tudo isso a mim mesma, mas nunca adiantava.

Peguei minha mochilinha que parecia um coelho de pelúcia e arrumei meu cabelo com tranças embutidas e coloquei uns lacinhos rosa em cima - me senti adorável e bonita.

 

Sorri para o meu reflexo no espelho, peguei as chaves do carro e sai do meu quarto. Continuei caminhando sorrindo pelo corredor, mas meu sorriso caiu assim que vi os 4 caras na sala.

Eu fiquei tímida de repente, minhas bochechas ficaram em chamas e meu corpo tremeu levemente. Até agora conheci 2 e não gostei muito deles, eles eram como belas rochas assustadoras e eu não estava preparada mentalmente ou emocionalmente para homens frios e experientes que sabiam o que estavam fazendo, enquanto eu era como uma garotinha inocente.

Suspirei e entrei na sala. De repente, todos os olhares estavam em mim. Minhas bochechas pegavam fogo, enquanto sentia cada um deles me observar atentamente ao seu próprio modo.

Richard me olhou de cima a baixo com a mandíbula apertada, como se estivesse controlando uma raiva interna. 

Kevin ficou boquiaberto enquanto me olhava dos pés a cabeça, como se tivesse acabado de ver um fantasma, e os outros 2 caras que eu não tinha ideia quem eram ou como se chamavam, estavam com os olhos presos na minha bunda.

"Onde diabos você pensa que está indo?" Richard rosnou, me deixando tensa.

"Para fora" eu respondi baixinho, tentando ao máximo não gaguejar.

"Você parece uma criança perdida!" ele gritou de forma áspera, e eu estremeci tentando não chorar.

"Estou saindo." eu disse novamente e fui em direção a porta.

"Tanto faz, você tá feia pra caralho." Richard murmurou e eu me controlei para não chorar ali mesmo.

"Que p0rra é essa, Richard?" um dos outros rapazes gritou, enquanto outro disse "Mentiroso!"

Outro cara também gritou outra coisa repreendendo Richard, mas eu saí pela porta antes que pudesse ouvir.

Eu respirei aliviada quando entrei no meu carro. Era como se finalmente estivesse segura e em paz. Eu estava orgulhosa de mim mesma por ter olhado o caminho do shopping pelo GPS antes de sair.

Eu sabia que teria pelo menos 20R$ e tempo de sombra para comprar alguma coisa para comer, e também descobrir se tinha algum lugar onde poderia trabalhar nessa cidade, o mais rápido possível.

Comecei a dirigir e depois de 20 minutos finalmente descobri onde ficava o shopping, o GPS não é totalmente confiável, mas descobri assim mesmo. Saí do carro e instantaneamente todos estavam olhando para mim, minhas bochechas ficaram vermelhas e percebi que talvez Richard estivesse certo, eu devia estar parecendo uma criança perdida.

Mesmo me sentindo mal com todos aqueles olhares sobre mim, suspirei e dei de ombros. Eu tinha que comprar meu material da escola, então não podia voltar agora. Eu rapidamente entrei e andei por aí, encontrei um monte de lojas que eu estava morrendo de vontade de entrar, mas me mantive sob controle sabendo que não tinha dinheiro para gastar.

Encontrei uma loja que vendia material escolar e comecei a verificar minha lista enquanto pegava as coisas mais baratas e jogava no carrinho. Fiquei feliz em saber que a maioria das coisas de que precisava estava na promoção, então acabaria economizando algum dinheiro para mim ou pelo menos, foi isso que achei.

Depois de cerca de 2 horas consegui pegar tudo da minha lista. Só peguei as coisas mais baratinhas, não importava se eram de má qualidade, eu estava desesperada. Paguei rapidamente no caixa e quase chorei quando chegou a 90R$. Achava que ia sobrar mais do que 10R$, mas infelizmente eu não podia fazer nada. Saí da loja, derrotada.

Encontrei um mercadinho e comprei dois pacotinhos de biscoito de chocolate com os 10R$, para me fazer me sentir melhor. Aquilo tinha que servir, não é a primeira vez que passo fome na minha vida.

Antes dos meus pais morrerem, meu irmão odiava ser minha babá. Ele me via como uma perda de tempo, sim, ele demonstrava me amar às vezes, mas em outras ele era um absoluto idiota e ficava rindo de mim quando eu dizia que estava morrendo de fome, só porque eu era uma criança gordinha.

Enquanto dirigia de volta para o dormitório, comecei a não me sentir muito bem. Sabia que devia ter tomado meus suplementos vitamínicos, mas estava com pressa e tudo tinha sido uma loucura desde o dia anterior. Por isso, não fui atrás de emprego, resolvi voltar direto para o dormitório.

Saí do carro e peguei todas as minhas sacolas, apressada. Estremeci com a forma como as sacolas pesaram em meus braços. Eu realmente não estava me sentindo bem, minha visão estava girando um pouco e meu corpo estava fraco.

Abri a porta e quando entrei, vi que os rapazes ainda estavam na sala. Assim que entrei, os olhos de Richard me encararam com o mesmo brilho violento que me deu vontade de chorar.

"Periguete." Richard murmurou, eu fiquei chocada.

"E-eu só fui comprar m-material escolar." eu gaguejei me esforçando para falar normalmente. Ele revirou os olhos e virou a cara para o lado.

"Ahamm." ele respondeu. Eu olhei para Kevin, com esperanças.

"O-onde eu c-coloco minha comida?" perguntei tentando falar mais devagar, mas era difícil pois todos eles me deixavam muito nervosa.  

"Seu nome está no armário, mas acho melhor você comprar uma mini geladeira depois, é mais eficiente. Porém, por enquanto, toda vez que você for colocar alguma coisa na geladeira, basta colocar um papel rosa com seu nome." Kevin explicou, eu confirmei com a cabeça e coloquei meu material escolar no chão.

Rapidamente, corri para o carro e peguei os pacotes de biscoito. Voltei e caminhei até a cozinha. Coloquei eles no meu armário e o fechei, e voltei para a sala sabendo que todos estavam de olho em mim.

"Isso é tudo que você comprou?" Kevin perguntou, eu confirmei com a cabeça.

"A e-escola é m-muito rigorosa sobre ter suprimentos." falei devagar.

Ele acenou com a cabeça. Rapidamente, sem querer mais demorar nenhum minuto ali, peguei meu material e corri para o meu quarto.

Quando tranquei a porta, meu coração estava disparado. Richard estava literalmente me secando com um olhar extremamente estranho e ameaçador, enquanto os outros 2 garotos dos quais eu ainda não sabia os nomes apenas me observavam de cima a baixo, de uma maneira estranha.

Até agora, tudo que eu sabia era que Richard tinha raiva de mim e Kevin era misterioso, mas parecia controlar a casa.

Comecei a desfazer minhas malas e a arrumar meu quarto. Eu odiava a cor cinza das paredes, mas sabia que tinha que me conformar com o que tinha, por enquanto.

Consegui guardar tudo e, pelo rastreio do meu aplicativo de mudança, os moveis e a decoração do meu antigo quarto, chegariam amanhã. Eu me perguntei o quanto eles vão me odiar quando perceberem o tanto que eu amo rosa... Eu ri e fui assistir alguns vídeos no YouTube e antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa, eu estava dormindo.

MUITO ROSA

...CAPITULO 3 – MUITO ROSA...

... ...

...Belle...

... ...

EU ESTAVA dormindo, quando uma batida forte na porta quase fez eu cair da cama. Eu soltei um gemido sonolento e fiz força para abrir os olhos. As batidas não paravam.

Olhei para o meu telefone debaixo do meu travesseiro e fiquei chocada ao ver que eram 11h, já perto da hora do almoço.

Porque eu tinha dormido tanto? Estremeci quando escutei de novo as batidas na porta. Até que me levantei quando ouvi uma voz forte e violenta do outro lado.

"Acorda!!!!" gritou Richard, enquanto quase quebrava a porta com os seus socos. Eu gemi de sono e cansaço. A última coisa que eu queria era ser acordada pelos gritos de Richard.

Abri minha porta e lá estava Richard com o rosto vermelho olhando para mim. Estremeci imediatamente e abri mais um pouco a porta.

"S-s-sim?" Eu perguntei confusa. Eu fiz algo errado?, pensei.

"Sala de estar. Agora." ele sussurrou para mim, me deixando confusa.

Ele saiu furioso pelo corredor e eu o segui, curiosa e com medo ao mesmo tempo. Eu estava tão apressada que nem troquei de roupa e só coloquei um suéter por cima do meu corpo seminu. Meu cabelo ainda estava todo bagunçado e eu mal tinha me acordado direito.

Quando entrei na sala meus olhos se arregalaram quando vi todas aquelas caixas com moveis e outros acessórios rosas, tomando conta de todo o cômodo cinza.

Os entregadores devem ter chegado enquanto eu estava dormindo, porque toda a sala estava cheia das minhas coisas rosas, claro.

"Droga." eu disse e imediatamente cobri minha boca.

"Sim, eu preciso descolorir meus olhos." Kevin disse com os olhos arregalados, me fazendo rir.

"Como você pode ter tanta coisa rosa?" Um cara loiro e de camisa azul que eu não sabia quem era, disse.

"Eu amo rosa." eu respondi, sem saber se alguém me escutou. Minhas bochechas ficaram vermelhas e eu olhei para baixo.

"Bem, tudo isso pode ficar na porcaria do seu quarto e não aqui." rosnou Richard ainda na minha frente, me dando arrepios e fazendo eu me afastar dele. O que eu não sabia era que o pior ainda estava por vir.

Todos os olhos de repente estavam em mim, os olhos de Richard se arregalaram quando eu fiquei diante dele. Eu estava atrás de uma cômoda quando o segui para fora do meu quarto e por isso, quando me afastei dele, todos os rapazes olharam na direção do meu corpo, quase ao mesmo tempo.

Só então eu olhei para baixo sem entender nada e quase morri de vergonha.

O suéter que eu tinha colocado por cima de mim para me cobrir, tinha se aberto revelando meu corpo só de sutiã e calcinha, agora meus peitos e minha calcinha estavam em exibição para um bando de homens com tesão.

*ruídos inteligíveis*

Mais vermelha que um pimentão, me virei para trás e fechei meu suéter, amarrando-o com força e me certificando de que não saísse do lugar.

Eu olhei com vergonha para os rapazes e me virei com mais vergonha ainda porque eles ainda estavam olhando para mim. Fiz o meu melhor para me recompor.

"Você acabou de gemer?" Um cara de camisa amarela perguntou.

"Uh, t-t-t-talvez." Eu respondi, confusa. Minhas bochechas estavam literalmente queimando.

"Meu nome é Austin." Austin respondeu, ele era o homem de camisa amarela.

"Oh, Oi..." Eu respondi sem jeito, ele sorriu. Era um sorriso simpático e sensual.

"Você pode simplesmente se livrar dessas coisas logo e sair daqui!?” Richard perguntou mais estressado que o normal. Eu fiz uma careta e concordei.

Tentando esquecer o que tinha acontecido há pouco, fui até o meu quarto e coloquei um short e uma camiseta. Não queria que mais ninguém me visse pelada de novo.

Quando terminei, comecei a empurrar a cômoda em direção ao meu quarto. Me choquei quando percebi que ninguém iria me ajudar e Richard estava sentado lá olhando para mim com o olhar mais frio. O suor escorria pelo meu rosto, eu estava muito fraca e parecia que eu não tinha nenhuma força.

Após cerca de 20 minutos empurrando a cômoda eu não tinha feito nenhum progresso, eu ainda estava muito longe do meu quarto e a cômoda não se movia mais.

Eu tentei de tudo, mas parecia que eu estava empurrando um prédio.

Eu estava muito fraca e meus ombros doíam, quase chorei quando olhei para baixo e notei que meus braços estavam vermelhos e machucados.

"Ainda não terminou!? Que lesma!” Richard gritou da sala. Aquilo foi a gota d’água para mim, eu estava acabada, então, não aguentei mais e explodi.  

"EU NÃO POSSO FAZER ISSO!!” Eu gritei com todas as minhas forças, e então comecei a chorar muito alto.

Richard literalmente se encolheu, seus olhos se arregalaram quando eu desabei no chão e chorei. Ele ficou congelado no lugar enquanto eu apenas chorava, ele não disse uma palavra.

"Que diabos tá acontecendo aqui?" Uma voz feminina falou de repente, captando minha atenção. Mesmo chorando, olhei para cima e vi quem tinha chegado. Era uma garota, ela era absolutamente linda. Ela parecia rebelde e tinha cabelos cor de vinho. Ela usava roupas pretas bem rock e maquiagem pesada.

Ela olhou para mim absolutamente surpresa, eu estava sentada no chão chorando, com os hematomas nos braços.

"Que porra você está fazendo aqui!?" Richard perguntou, a mulher revirou os olhos, mas se virou para ele, desafiadora. 

"Mamãe continua me ligando, atenda o telefone pelo menos uma única vez!" A garota gritou e Richard revirou os olhos.

"Porque ela está chorando?" Austin perguntou, entrando na sala junto com Kevin e outro menino.

Eles tinham saído depois que Richard me disse para arrumar tudo. Basicamente, eu não tinha feito nenhum progresso e agora estava chorando como uma criança.

Sei que esse não foi um momento com o qual devia me orgulhar, mas honestamente, eu já estava farta de Richard ser mau comigo, então não consegui me controlar e desabei.

"Porque diabos eu deveria saber?" Richard gritou, a garota revirou os olhos.

"Querida, o que há de errado?" A garota se ajoelhou ao meu lado, eu solucei.

"Ele é um grande malvado!" Eu chorei apontando para Richard, que estremeceu.

"Porque meu irmão é mau?" Ela perguntou, com um sorriso nos lábios.

"Ele me disse para *snif*arrumar todos esses moveis e então sentou lá em seu sofá e... *soluça* não ajudou! *snif* Agora, eu estou fraca, machucada e suada!*soluça*" Eu chorei e solucei enquanto falava isso quase gritando, todo mundo estava olhando para mim.

"Calma, está tudo bem." A garota me abraçou, eu me senti bem mais calma perto dela.

"Vocês todos saíram sabendo que ela tinha que mover tudo isso sozinha?"

A garota fervia de raiva, os meninos só escutavam calados. De repente, estava um clima tenso na sala.

"Todos nós pensamos que Richard ia ajudar ela!" Austin respondeu em tom defensivo, eu acreditei nele.

"O que você tem a dizer!?" A garota falou para Richard, que parecia zangado.

"Ah, cala a boca Roxy, ela é uma menina grande!" Richard se defendeu, eu estava realmente brava.

"Por que meu irmão me deixou aqui!? Por que ele me odeia tanto!?" Eu chorei e corri para o meu quarto. Eu não queria mais saber de nada. Me joguei na minha cama e chorei, eu odiava minha vida e odiava estar ali.

Depois de alguns minutos ouvindo a garota chamada Roxy gritar com os meninos na sala, minha porta se abriu de repente, fazendo eu me levantar supresa. Eram os meninos, eles estavam carregando minhas coisas até o meu quarto.

"Lamentamos por Richard." Kevin disse gentilmente olhando para mim, eu funguei.

"Tudo bem." Eu disse.

"Aquele é Kaleb, ele não fala." Kevin apontou para o cara que eu vi antes em uma camisa azul.

"Código de cores?" Eu perguntei, eles pareciam confusos.

"Huh?" Kevin perguntou.

"Richard veste preto, Kevin veste verde, Austin veste amarelo e

Kaleb veste azul e a irmã de Richard é bordô." Eu disse e todos eles pareciam chocados.

"Você notou isso?" Austin perguntou, eu confirmei com a cabeça.

"Eu uso rosa."

Eu ri baixinho e Kevin sorriu.

Eles ajudaram a colocar tudo. Como o trabalho foi em grupo, não demorou mais que 30 minutos para acabar.

Logo meu quarto estava com todos os móveis suficientes para eu poder desempacotar minhas roupas e arrumar as coisas. Tudo ficou mais com a minha cara, eu amei.

"Não odeie tanto Richard, ele gosta de você." Kevin disse, eu me arrepiei um pouco.

"Duvido, ninguém gosta de mim." Eu respondi em um tom triste, olhei para a foto dos meus pais em cima da minha cama.

"Nós gostamos, apenas não confiamos facilmente." Austin falou suavemente antes de sair do quarto.

Quando todos eles saíram eu suspirei e cai na minha cama. Fiquei olhando para o teto, enquanto as palavras de Austin continuavam martelando em mim. “Não confiamos facilmente”, eu tentei entender o que ele tinha dito, mas no final, eu sabia que não entendia nenhum desses meninos.

Richard foi tão mal comigo, mas até agora 2 dos meninos disseram que ele gostava de mim, o que isso significa? Desde o primeiro minuto que eu cheguei naquele dormitório, ele era rude comigo, zombava de mim, me chamava de feia e constantemente me fazia chorar. Se ele gostava de mim, então, porque me tratava tão mal?

De repente minha porta se abriu. Eu me encolhi na cama e lá estava Richard. Ele entrou e eu estremeci quando seus olhos pousaram em mim. Porque ele não bateu na porta? Me perguntei.

Eu achei que ele ia dizer alguma coisa, mas tudo que ele fez foi colocar algo em cima da minha cômoda, que parecia uma bolsa e então saiu sem dizer uma única palavra e fechou a porta.

Eu me senti extremamente confusa com aquilo. Ele passou o dia todo sendo mal comigo e gritando comigo e agora ele simplesmente entra no meu quarto e deixa algo em cima da minha cômoda, sem falar nada.

Me levantei e lentamente fui até a bolsa, achando que ela iria explodir na minha cara. Com cuidado abri a bolsa, mas quando vi o que tinha dentro, não aguentei e comecei a rir.

Que idiota.

 

Era um coelhinho de pelúcia, uma cartela de band-aids da hello kitty e um baby-doll rosa. Como ele sabia que eu amava Hello Kitty?

Eu sorri, coloquei meu pijama, e deitei com meus novos presentes e um sorriso no rosto, principalmente depois de ler o bilhete que ele deixou junto. Talvez ele não seja tão ruim, afinal.

"Me desculpe, eu sou um idiota, aqui está um presente."

-Richard

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