Estava entediada, minha vida era uma droga e isso estava me matando e cada vez mais tirando o meu sono, minhas amigas diziam que aos vinte, tudo na vida ia acontecendo quase que instantaneamente.
Então eu queria saber em que parte da minha existência as coisas simplesmente deram errado.
Eu era boa na escola, mais não o suficiente para tirar notas altíssimas na opinião da minha mãe. Eu era boa com as pessoas, mais não era boa o suficiente para arrumar um emprego que meu pai aprovasse. Eu também não era a melhor irmã do mundo como pretendia ser, então eu simplesmente liguei o foda-se, mas isso também parece que não foi o suficiente.
Na volta para casa depois de um dia extremamente puxado de uma quinta-feira, eu queria ser recebida com um "boa tarde" pelo menos, ou que alguém perguntasse como foi meu dia ㅡ por pior que tivesse sido ㅡ ou como eu me sinto em relação a minha situação, seja física ou mental.
Eu me sentiria bem, mesmo tendo um ano péssimo, eu me sentiria importante para minha família, se ao menos eles se descem o trabalho de se importarem.
Voltar sem ter arrumado um emprego era simplesmente frustante e com certeza me traria dor de cabeça quando contasse para meus pais sobre o fracasso que foi o meu dia.
Saí de casa para arranjar um trabalho, qualquer um que fosse, mais como sempre, não conseguir nada.
O sol queimava minha pele e sentia que se quebrasse um ovo na cabeça, ele torraria de tão quente que aquele dia estava, mesmo que agora, às 5 da tarde não estivesse tão quente como antes.
Quando cheguei na frente de casa, já comecei a escutar a gritaria, era minha mãe brigando com minha irmã caçula, com certeza era o hobby favorito dela, brigar com as filhas por qualquer assunto ou motivos que fosse.
A casa era "pequena". Três quartos, um banheiro, uma cozinha separada da sala apenas por um sofá velho. Apenas meu pai e irmão mais velho trabalhavam fixamente, então era o que dava para manter.
Porém era o suficiente para abrigar uma família de 6 pessoas contando comigo. Eu, minha irmã caçula, meu irmão mais velho, pais e o irmão caçula da minha mãe.
Meu pai a pouco tempo arranjou um trabalho de meio período como faz-tudo em um prédio na zona leste da cidade, meu tio começou a trabalhar como fotógrafo em uma pequena empresa que acabou de abrir então não tinham condições de o pagar muito bem, meu irmão era o que trabalhava a mais tempo, como ajudante em um estúdio de música no centro da cidade, ele era o mais bem pago em casa e por isso muito bajulado pela minha mãe. Coisa que ele odiava.
Suspirei pesadamente juntando todas as minhas forças e sanidade mental para não surtar naquele mesmo momento, então abrir a porta, logo em seguida entrei e a fechei atrás de mim.
Tirei a sapatilha velha que usava, deixei minhas chaves no gancho perto da porta e seguir em direção a cozinha para tomar um copo d'água.
A primeira coisa que vi foi meu pai deitado no sofá e com um cigarro entre os dedos assistindo TV como se a casa não estivesse prestes a cair com toda aquela gritaria e pisadera no andar de cima.
Na cozinha meu tio se escondia atrás de uma das portas do armário enquanto olhava para o microondas como se o eletrodomésticos a qualquer momento fosse explodir.
Ele olhou para mim constrangido e com um sorriso mínimo no rosto.
ㅡ Ah, oi Nah. ㅡ disse ele ainda se escondendo enquanto o microondas funcionava. ㅡ Como foi? Conseguiu? ㅡ ele veio na minha direção quando o aparelho que deveria está funcionando estralou e saíu fumaça. ㅡ Não foi culpa minha. ㅡ ele levantou as mãos com os olhos arregalados e cheios de culpa. Ele mais parecia uma criança que tinha sido pega fazendo algo errado.
Porém realmente não tinha sido ele o responsável por quebrar o microondas.
ㅡ Ele já está assim à algumas semanas, Leon. Não foi culpa sua. ㅡ peguei o copo d'água, tomei e meu tio me olhava com alívio por não ser o culpado pela perda do aparelho e com atenção esperando minha resposta. ㅡ Não, eu não conseguir emprego. ㅡ Leon deixou transparecer sua tristeza, ele sabia como era importante para mim conseguir esse emprego logo.
ㅡ Não sei porque isso não me surpreende. ㅡ disse meu pai entrando na cozinha.
Ele foi até a geladeira, abriu e depois fechou, somente olhou para dentro sem tirar nada de lá.
Depois esse velho reclama da conta de energia.
ㅡ Fran, não seja tão duro com ela, Nah passou o dia inteiro fora em busca de trabalho, a última coisa que ela precisa agora é de julgamentos. ㅡ meu tio me defendeu.
Entretanto, dúvido que meu pai, seu Francisco, lhe dê ouvidos. Afinal esse velho é mais teimoso que uma mula.
ㅡ Isso é o que ela diz, mais quem garante que é isso mesmo? Quem passa o dia inteiro de baixo do sol quente atrás de emprego? Nathalia se eu souber que você está se encontrando com alguém-
ㅡ Mesmo que eu quisesse estar me encontrando com alguém pai, eu não poderia, afinal vocês sugam minhas energias ao ponto de não ter tempo nem para cogitar a ideia de pensar em relacionamentosㅡ cortei meu pai irritada, eu não precisava me explicar para ninguém, mais meu pai era um pé no saco quando queria.
Fui saindo da cozinha quando minha mãe passou por mim me olhando por completo, de cima a baixo.
ㅡ Céus, você precisa de um banho. ㅡ disse o óbvio.
Não dei resposta e subir as escadas, entrei no quarto que dividia com minha irmã caçula, Renata.
Renata era do meu tamanho, mesmo sendo três anos mais nova, era magra e de cabelos ondulados até a metade das costas. E diferente de mim era inteligente e bem mais bonita.
ㅡ Ela estava brigando com você, de novo. ㅡ afirmei vendo ela deitada de barriga para baixo na cama, com o rosto afundado no travesseiro.
ㅡ E o pai com você. ㅡ ela estava certa.
Se eu tivesse ficado na cozinha, meu pai ia fazer questão de estourar a 3° guerra mundial.
Fui ao banheiro e tomei um banho, sai ainda com a toalha em volta do meu corpo. Escolhi uma blusa grande que peguei no guarda-roupa do meu irmão à umas semanas atrás, quando ele soubesse que estava comigo provavelmente faria um escândalo, mais eu não me importava, vestir uma calcinha e penteei o cabelo.
Quando deixei a toalha estendida no box do banheiro e voltei para o quarto, minha irmã ainda estava do mesmo jeito. Fui até a cama dela e deitei do seu lado.
Ela se virou para mim e ficamos nos encarando, ela começou a chorar e eu a abracei, minha irmã não era de ficar cabisbaixa, muito menos de chorar.
Renata chorava desesperada nos meus braços, eu nunca a tinha visto daquele jeito, nem nos piores dias, quando perdeu a melhor amiga em um tiroteio ou quando o seu ex-namorado à traiu com uma prima nossa. Ela simplesmente não chorava, nunca ou pelo menos não na frente de ninguém.
ㅡ Renata, o que aconteceu? ㅡ quando ela se acalmou continuou abraçada comigo.ㅡ Você não chora com facilidade, então alguma coisa bem séria aconteceu. ㅡ ela se sentou na cama e eu a acompanhei.
ㅡ Eu estou muito ferrada Nah, você não faz ideia do quão ferrada estou. ㅡ ela pôs as mãos no rosto e os cotovelos nas coxas.
ㅡ Tá, eu não vou poder te ajuda se você não me contar o que aconteceu. ㅡ disse começando a realmente ficar preocupada.
Eu sempre apoiava minha irmã, mesmo ela tendo o péssimo hábito de não me contar as coisas até que a merda estivesse completamente feita.
ㅡ Eu estou grávida Nathalia. ㅡ disse ela, sua voz saindo rouca.
Arregalei os olhos, eu não estava esperando por nada parecido com aquela revelação, tudo bem que eu não achava que era o suficiente para nossa mãe ficar gritando com ela, era uma gravidez, não um atestado de óbito.
ㅡ Ok, isso não era o que eu estava esperando, mais e daí? Uma gravidez não é o fim do mundo, Renata. Foi por causa disso que nossa mãe estava brigando com você? ㅡ talvez nossa mãe tenha dito algo que a magoou e ela sabia fazer isso como ninguém.
Renata estremeceu e soluçou, voltando a chorar.
ㅡ Nossa mãe disse algo que deixou você desconfortável? ㅡ meu coração acelerou e minha voz parecia não querer saír. Estava começando a ficar estressada com toda aquele situação. Principalmente o pensamento dela ter machucado minha irmã.
ㅡ Ela está certa, sobre tudo. Eu sou uma vad-
ㅡ Nunca mais fale assim, você não é nada do que ela disse. ㅡ eu conversaria com minha mãe e ia fazer isso da maneira mais dura possível, eu até aguentava que falassem de mim, mais ninguém falaria de um dos meus irmãos, principalmente da minha caçula.
ㅡ Natha-
ㅡ Eu vou conversar com ela e-
ㅡ EU NÃO SEI QUEM É O PAI! ㅡ ela gritou, me olhou com os olhos vermelhos por conta das lágrimas. ㅡ Eu não sei quem é o pai da criança, Nah. Por isso ela gritou comigo e disse que eu era o pior tipo de mulher que existia, que eu era uma puta. ㅡ Renata se ajoelhou no chão a minha frente. ㅡ Ela disse que se eu não encontrar o pai do bebê ela vai me expulsar de casa.
Eu segurei seu rosto e olhei nos olhos dela, nunca tinha visto minha irmã tão perdida, desesperada como naquele momento.
ㅡ Vamos dá um jeito, vamos encontrar uma solução. Confia em mim. ㅡ minha irmã caíu no meu colo e eu fiquei acariciando os cabelos dela.
Vamos dá um jeito em tudo. Dizia a mim mesma tentando me convencer a acreditar nas minhas próprias palavras.
Isso é uma merd@! É tudo uma maldita merd@!
Essa é nossa protagonista 👇
Essa é a Renata
Por enquanto é apenas isso
Continuei ao lado da minha irmã até que ela dormiu, minha cabeça estava a ponto de explodir, eu tinha garantido que daríamos um jeito, mas agora que parei para pensar.
Como eu vou fazer isso? Eu não tenho cuidado nem de mim mesma ultimamente, como vou cuidar da minha irmã e da criança? Porque eu tenho certeza que nossos pais não moverão uma palha por ela.
Já havia se passado algumas horas desde que minha irmã me contou sobre a gravidez e estava começando a me dar fome.
Fui ao banheiro, coloquei e um sutiã. Saí do banheiro e vi Renata se mexendo bastante na cama, fui até ela e a balancei, talvez ela estivesse tendo um pesadelo.
ㅡ Ei, acorda. ㅡ continuei balançando até que ela se acordou assustada. ㅡ Tá tudo bem, eu tô aqui com você. ㅡ me sentei na cama e ela fez o mesmo.
ㅡ Eu estava tendo um pesadelo. ㅡ disse ela me olhando.
ㅡ Quer conversar? ㅡ mesmo estando morrendo de fome, eu nunca deixaria minha irmã sozinha, Renata era forte, mais eu nunca tinha a visto tão fragilizada como naquele dia.
ㅡ Eu quero saber se você pode ligar para a sua melhor amiga, a Fernanda. ㅡ eu não entendi, talvez isso ficou muito evidente no meu rosto, então ela continuou. ㅡ Ela estava na mesma festa que eu, ela pode ter visto com quem eu saí aquela noite, irmã eu juro para você que não fiquei com mais ninguém depois dele e eu tenho certeza que a injeção do anticoncepcional ainda estava fazendo efeito antes desse dia, eu juro. Só pode ser ele, acredita em mim. ㅡ eu via a sinceridade nos olhos dela, Renata também não era de mentir, se ela fizesse algo, por mais errado que fosse, ela assumia.
ㅡ Eu acredito em você. Acredito mesmo. ㅡ me levantei e fui até a cômoda, peguei meu celular e voltei para a cama.
^^^• Amiga, eu preciso muito falar com você, algo importante. •^^^
^^^• Oh rapariga sem futuro, me responde. •^^^
^^^• Fernanda tenho uma fofoca das boas, tu não vai acreditar. •^^^
ㅡ Agora é só esperar ela responder, ou vim bater aqui em casa do jeito que é fofoqueira. ㅡ sorrir para aliviar a tenção que nos duas estávamos sentindo.
ㅡ Será que ela vai poder ajudar? ㅡ Renata mexia as mãos nervosa.
ㅡ Se conheço bem aquela garota, ela vai ser a primeira a querer ser dinda, tenho certeza que ela vai querer ajudar de qualquer forma. ㅡ e realmente era a verdade, Fernanda era louca e ao mesmo tempo sensata, se ela estava na mesma festa que Renata, com certeza estava de olho na minha irmã, ou pelo menos viu com quem ela saíu.
Renata pareceu mais aliviada e quando me levantei para vê se comia alguma coisa, a porta é aberta com brutalidade, por ela passa meu pai, meu tio e logo atrás minha mãe.
Não tenho tempo nem de pisca, e meu pai deu um tapa em Renata que a fez deitar na cama.
ㅡ EU QUERO VOCÊ FORA DAQUI! ㅡ meu pai gritou no rosto da minha irmã então segurava o cabelo dela puxando-a para cima, para perto de seu rosto, Leon puxou ele para longe de Renata e eu fui até ela que já chorava novamente.
Meu pai sempre brigava e ameaçava nós duas, mais nunca tinha sequer levantado a mão para nenhuma.
ㅡ Você está louco? ㅡ perguntei abraçando minha irmã que se agarrou a mim.
ㅡ EU QUERO ESSA VAGABUNDA FORA DA MINHA CASA! ㅡ ele gritou novamente. ㅡ EU QUERO ELA FORA AGORA! ㅡ ele olhava fixamente para minha irmã como se quisesse matá-la.
ㅡ Fran para com isso. Não é o fim do mundo. ㅡ meu tio soltou meu pai e veio até próximo a cama. Impedindo que se aproximasse novamente.
ㅡ NÃO É O FIM DO MUNDO? ㅡ ele pareceu não acreditar nas palavras do meu tio. ㅡ Você tem noção do que está falando, Leon? ㅡ ele passou a mão no rosto enquanto andou de um lado para o outro no quarto.
Minha mãe estava no canto com as mãos sobre a boca, provavelmente estava arrependida de contar para ele sobre a gravidez de Renata, com certeza ela deve ter contado e aquilo foi um erro enorme.
ㅡ Me perdoa. ㅡ Renata disse entre soluços, sem olhar para ele, se agarrando ainda mais a mim e colocando o rosto no meu pescoço.
Eu não sabia para quem exatamente ela estava dirigido a palavra. Porém meu coração apertou ao vê-la naquele estado, eu queria voar no pescoço do homem que chamávamos de pai e esganá-lo
ㅡ EU QUERO VOCÊ FORA! ㅡ ele gritou e andou em nossa direção.
ㅡ O que é isso? ㅡ olhei para porta junta de todos.
Felipe acabou de chegar em casa, provavelmente ouviu os gritos e veio vê o que aconteceu dessa vez.
Ele olhou ao redor esperando uma resposta que não foi dada de imediato.
Ninguém arriscava sequer se mexer e respirar mais alto do que o necessário.
ㅡ Renata está grávida. ㅡ minha mãe falou, sua voz carregada de algo que me pareceu ser arrependimento e culpa.
Felipe olhou para ela e depois para Renata no meu colo, ele demorou alguns segundos para processar a informação.
Vi quando suas pálpebras se abriram e fecharam diversas vezes até entender o que acabou de escutar.
Então veio praticamente correndo até nos duas se jogando de joelhos perto de mim.
Como sempre ele tocou meu rosto me cumprimentando e logo depois fez Renata olhar para ele. Quando meu irmão parecia ter a intenção de falar, ele viu o vermelho e a marca da mão do nosso pai no rosto da nossa irmã.
ㅡ Você bateu na Renata? ㅡ ele perguntou sem tirar os olhos do rosto da nossa irmã. Quase como uma pergunta para ele mesmo.
Um silêncio absoluto me fez arrepiar por inteira, meu irmão a qualquer momento poderia fazer uma besteira muito grande.
ㅡ Você bateu nela? ㅡ dessa vez ele se virou e fez a pergunta olhando para o nosso pai. ㅡ Você bateu na minha irmã? ㅡ seus olhos e voz demonstravam sua raiva que estava prestes a ser liberada brutalmente.
ㅡ E não me arrependo. ㅡ respondeu ele.
Felipe se levantou do chão em uma velocidade que para mim deveria ser humanamente impossível e foi para cima do nosso pai, porém foi impedido de fazer qualquer coisa por Leon que o segurou.
ㅡ Felipe não faça nada que possa prejudicar você, sabe que se for pego novamente vai parar na cadeia. ㅡ eu tio praticamente deu um mata leão nele para poder o segurar.
A última parte me fez ter um mini infarto, o que ta acontecendo aqui?
ㅡ Eu quero ela longe da minha casa. ㅡ continuou nosso pai.
ㅡ Sem problemas. ㅡ Felipe se soltou do nosso tio e se virou para mim e Renata. ㅡ Arrumem as coisas de vocês, vamos embora, eu que não vou deixar minhas irmãs passarem nem mais um minuto dentro dessa maldita casa. ㅡ ele olhou para nosso pai e com desprezo total o segurou pela gola da camisa. ㅡ Não contêm comigo para mais nada, vocês não existem para mim. ㅡ ele terminou e passou por nosso pai fazendo questão de esbarrar no ombro do mais velho.
Meu pai pareceu abalado de todas as formas possíveis e como uma pessoa que odeia perder as discussões, foi atrás de Felipe, gritando para que ele esperasse.
ㅡ Eu fiz isso, Nah. Eu arruinei nossa família. ㅡ minha irmã chorou e Leon se virou para nos duas.
ㅡ Nós já estávamos arruinados a muito tempo baixinha. Fê queria ir embora a bastante tempo, só não fez porque não queria deixar vocês duas, então não se culpe por algo que aconteceria de qualquer forma. ㅡ ele se aproximou e beijou a testa dela. ㅡ Arrumem as coisas de vocês, já eu venho buscar. ㅡ dito isso ele saíu.
Eu me levantei ajudando minha irmã a fazer o mesmo, nossa mãe não disse nada e saíu.
Comecei a colocar algumas coisas em umas bolsas que usava no tempo da escola.
ㅡ O que será que vai acontecer?. ㅡ escutei a voz da minha irmã em um sussurro.
ㅡ Eu não sei. ㅡ respondi com sinceridade.
Espero que tudo fique bem, apenas isso.
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Felipe 👇
...
...
Terminei de arrumar minhas coisas e ajudei minha irmã a arrumar as dela, mesmo que não tivéssemos muito a arrumar.
Eu conseguia escutar a gritaria na sala, meu pai xingando Felipe de tudo quanto era nome, meu irmão porém ficou calado o tempo todo, muito provavelmente nem ligando para o que dizia.
Então um xingamento foi lançado para Renata e Felipe me pareceu ter enlouquecido. Virando outra pessoa e até mesmo ameaçando nosso pai de o matar se voltasse a repetir tais insultos.
Eu e Renata nos asustamos por nunca termos visto Felipe sequer brigando e agora estava ameaçando de matar alguém.
Minha irmã ficou calada o tempo todo me deixando extremamente preocupada. Foi quando Felipe passou pela por porta e veio em nossa direção, seu rosto estava vermelho e sua expressão era de quem realmente ia matar alguém.
Ele olhou para nossa irmã caçula, respirou fundo e logo em seguida a puxou para um abraço.
ㅡ Vai ficar tudo bem, nunca mais, eu prometo, nunca mais ninguém vai encostar um dedo sequer em nenhuma das duas. ㅡ ele deu um longo beijo no topo da cabeça da nossa irmã a apertando ainda mais contra ele.
ㅡ Me desculpa Fhe. ㅡ Renata pareceu encolher no abraço dele.
ㅡ Não tem o que desculpar, você não tem culpa. ㅡ Felipe olhou para mim, seus olhos buscando alguma orientação.
Eu apenas neguei com a cabeça para ele, tocar no assunto agora só a deixaria pior, depois nós dois conversaríamos mas só nós dois. E ele pareceu entender.
ㅡ Preciso fazer uma ligação. ㅡ ele se soltou de Renata e caçou o celular no bolso.
Felipe digitou alguma coisa e levou o aparelho a orelha. Em poucos segundos alguma pareceu ter atendido.
ㅡ Iaê, tô precisando de um favor... Não, não foi isso... Tem como mandar alguém me buscar no endereço que vou te mandar?... Valeu mesmo mano... Beleza vou tá esperando... Isso quando chegar te explico tudo. ㅡ meu irmão estava tenso como se seu segredo mais obscuro estivesse preste a ser revelado.
Felipe guardou o celular no bolso e passou a mão nos cabelos. Olhou para nós duas e suspirou outra vez.
ㅡ Olha, vão acontecer muitas coisas a partir de agora e eu preciso que confiem em mim. ㅡ eu não estava gostando nem um pouco do rumo daquela conversa. ㅡ Posso contar com vocês?
ㅡ Pode. ㅡ eu e Renata respondemos juntas, mesmo que eu não estivesse tão certa disso, Felipe era tudo que tínhamos, o único que verdadeiramente sempre estava lá para mim e Renata.
Ele foi o que mais próximo tivemos de amor paterno, era isso que ele significava, era como um pai. O mínimo que podíamos fazer era confiar nele, afinal ele sempre soube o certo a se fazer.
ㅡ Eu amo vocês. ㅡ disse ele tocando minha bochecha e a de nossa irmã também. ㅡ Acima de tudo. ㅡ deixou claro.
Um ronco de motor muito alto foi ouvido por nós três e vi um pequeno sorriso se abrir no rosto de Felipe.
ㅡ Vamos, nossa carona chegou. ㅡ dito isso ele pegou nossas bolsas e foi na frente.
Renata foi logo atrás e eu os seguir, passando pela sala vi meus pais e Leon, que deu um pequeno aceno com a mão, como se nunca mais fosse nos vê novamente.
Já do lado de fora vi um caro de luxo e atrás estava escrito Range Rover. O vidro do motorista desceu e pude ver um homem muito bonito, moreno, o cabelo tinha luzes, seu pescoço coberto por tatuagens até onde podia vê.
Meu irmão foi cumprimentá-lo e os dois sorriram.
ㅡ Sempre se metendo em encrenca e temos que livra sua bunda. ㅡ o homem brincou e meu irmão deu um leve empurrão no braço do mesmo.
ㅡ Qual é idiota, você sabe bem quem sempre livra a bunda de quem aqui. ㅡ meu irmão provocou com um sorriso, sua personalidade mudando completamente.
ㅡ O que tá rolando? ㅡ Renata me cutucou e sussurrou.
ㅡ Não faço ideia. ㅡ respondi tão confusa quanto ela.
ㅡ Meninas esse é o Theo, mais conhecido como menor. Menor essas são minhas irmãs, Renata a caçula e Nathalia a do meio. ㅡ eu e minha irmã acenamos para ele e ele apenas sorriu.
ㅡ Uma grande satisfação conhecer vocês. ㅡ seu sorriso aumentou e eu pude perceber, o típico cafajeste, seu sorriso dizia tudo.
ㅡ Ambas estão fora dos limites para você e os outros. ㅡ meu irmão deixou claro e o sorriso do moreno pareceu nunca ter existido.
ㅡ Mais você é chato viu, nem sei como o chefe é seu melhor amigo. ㅡ ele resmungou.
ㅡ Vamos. ㅡ Felipe se referiu a nós duas e fomos até o carro.
Entramos e nosso irmão fez o mesmo depois de colocar nossas coisas no porta-malas.
Eu não fazia ideia do que nos aguardava, ainda mais com uma certa incerteza rondando minha cabeça.
Como meu irmão conhecia aquele tipo de pessoa? E será que ele trabalha de verdade em um estúdio de música?
Não tinha importância naquele momento, mas me deixava com o pé atrás em relação ao meu irmão.
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