NovelToon NovelToon

Boris: Ilhas & Aventuras

Aviso!

A obra a seguir contêm citações e referências religiosas, contudo, esta informação, assim como o livro em si, é usada para ENTRETENIMENTO.

A obra também pode conter palavras de baixo calão ( Palavrões ) em certos momentos. Ademais, existem temas sensíveis para alguns leitores, como alguns problemas de saúde, ansiedade, solidão, outras coisas. saiba que a intenção deste livro com isso é demonstrar que isso existe e o que pode ser feito para ajudar.

o autor estuda os temas antes de inseri-los na história, para que nenhum erro aconteça. além disso, está autorizado os comentários que possam corrigir os erros do mesmo, já que como humano, também sou imperfeito e cometo falhas.

Toda a mitologia e histórias em torno desta obra sofreram da Liberdade criativa, onde o autor pode se aproveitar do conteúdo original e fazer uma releitura dela, o que acontece por aqui com as histórias e contos.

Tudo é apenas uma obra fictícia. Não leve nada daqui para seu cerne.

Capítulos com aspas ("X") normalmente são para eventos especiais, não entrando diretamente na cronologia do livro. Isso, pois podem tomar partido de visões do futuro em formato de teatro para certos personagens, eventos que ocorreram há muito tempo ou que acontecem num futuro distante.

Também terão os capítulos EXTRA, que são postados após a conclusão de um arco, trazendo coisas que aconteceram Offscreen (fora de cena) dos acontecimentos principais ou que foram pulados. Exemplo: uma conversa de dois personagens que se isolaram e foi cortada.

Podem ocorrer erros ortográficos, coesão ou erros em determinadas personas. Sinta-se a vontade de relatar ao autor, eu agradeço.

Caso se sinta ofendido, saiba que essa não foi a intenção.

Dado o Aviso, Aproveite!

...— O Autor, P. Rodrigo....

Caminhar

O sol acabava de raiar, demonstrando todo seu esplendor num céu aberto á mil maravilhas, fazendo com que a flora reagisse e a fauna começasse seu ciclo diário. Em meio ao caminho que sigo, de pés descalços, escuto as risadas de pequenos seres que se escondem em meio as árvores, debochando de minha aparência. Pouco me importa, apenas prossigo meu caminho, indo até o começo daquela enorme montanha da qual vi nas fotos que achei no diário da última pessoa que me deparei. Observando melhor, vejo os galhos e alguns ótimos pontos para escalar. Seria um problema e tanto ficar preso em algum lugar no meio dessa escalada, entretanto, possuo algumas habilidades físicas impressionantes, logo, não me é um problema essa pequena aventura.

Um salto para começar uma disparada até o topo, fazendo a matéria que é meu corpo se modificar, transformando-me em outro ser, um animal que pode facilmente passar da dificuldade de subir essa montanha, até chegar ao topo dela. No pico, onde um frio intenso aguardava, volto a ser humano. Fico encantado com a belíssima vista do sol se erguendo em meio aos céus, além do gramado que de forma bela e divina se estabelecia num ambiente tão gélido. Chego perto da ponta da montanha, tiro de meu armazém mágico um pequeno saco com cinzas dentro, o abro com pouco esforço e por fim jogo as cinzas de um velho amigo aos ventos daquele pico.

— Espero que no fim tenha gostado, ou juro que na próxima vida irei lhe esganar por ter me feito andar tanto, Samuel.

Fico mais um tempo naquelas condições, observando as cinzas lentamente serem consumidas pelo mundo enquanto vagavam sem rumo pelas linhas do vento. Sento-me em meio ao gramado e puxo um pequeno bloco de notas, onde risco a última das minhas promessas com esse amigo, assim ficando livre para poder seguir meu caminho sem nenhuma dor de cabeça.

Começo a descer a montanha de pouco em pouco, ajudando alguns seres naturais dali a reencontrarem seu caminho ou colocando os pássaros de volta em seus ninhos, até chegar em uma altura razoável para pular e cair em meio as árvores, escorregando até o solo, onde posso mais uma vez fazer minha caminhada.

Mesmo sem um objetivo em mente ou algum lugar para ir, apenas prossigo com minha jornada, querendo entender melhor o que desejo ou o que preciso fazer pra ser relevante neste mundo. Seria eu uma peça do destino, ou algo a mais? É exatamente isso que quero entender, e que jeito melhor se não andar sem rumo e descobrir os prazeres da vida apenas se deparando com eles ao acaso?

Passo um tempo na floresta, sentindo o ar puro passar por mim, enquanto criaturas seguem seu ciclo instintivo. Vez ou outra, consigo ver ao longe alguns seres pensantes em tribos, como centauros ou gigantes, mas decido não chegar perto deles. Da última vez que tentei me atribuir a uma sociedade, os resultados não foram agradáveis. Logo, é quase que obrigatório que eu fique sozinho, para não ter problemas.

Passo por uma ponte de madeira, vendo o rio que percorre seu fluxo, levando consigo outras vidas, como peixes ou o povo axolote. Adentrando um campo mais inóspito, vejo ruinas do que poderia ser um grande castelo. Minha curiosidade é maior que meu bom senso, então, decido que irei investigar um pouco desse lugar e tentar entender sua história.

Os constructos dessa arquitetura antiga são feitos, principalmente, de tijolos e argila mágica, contidos em pequenas formulas de grandes arquitetos, principalmente do império romano. É estranho, pois a ilha que abriga tal império é, ao menos, um oceano de distância. Quem quer que foi o detentor de tal posse, era alguém de grande importância e poderoso, um rei, talvez?

Adentro mais profundamente as ruinas, achando uma entrada que estava escondida pelos destroços, os quais tirei transformando meus braços em grandes e musculosos braços de primatas gigantes. Dentro da parte subterrânea, existe um laboratório abandonado, com alguns fetos caídos, provavelmente advindos de experiencias que foram paradas nos últimos tempos desse castelo. Acho alguns livros com anotações de uma doutora “Tepes”. O mesmo sobrenome do Conde Drácula, não? Vladmir Von Tepes, ou Vlad Dracul III. Faz sentido toda a arquitetura romena e o grande poder, acertei, como sempre.

— Largue esse livro e vire-se lentamente.

Uma voz jovem, um tanto ameaçadora, vem detrás. Viro-me lentamente, como pedido, e vejo a face de um vampiro. Cabelos na faixa do pescoço, ruivos, combinando com os olhos vinho. Sua armadura, branca com detalhes em preto, realçava a cor negra de sua espada e sua pele pálida.

Conforme chegava perto, ficava menos tenso, pegando e tirando meu capuz, para poder ver minhas características físicas. Meus cabelos cacheados caiam na frente dos meus olhos, então tive que me guiar por outros sentidos, e foi uma ótima escolha, pois escutei o embanhar da espada.

— Oh, é somente um moleque. Qual seu nome, rapaz?

— Boris. E tu, quem serias?

— Mordred. — Abria um grande sorriso. — O que faz aqui, neste lugar de ninguém?

— Apenas passeando, fiquei curioso com a estranha tecnologia desse lugar e quis investigar. Quanto a ti...

— Vim pegar algumas coisas que pertenciam a minha mãe. Um destes pertences está em sua mão.

Lhe entrego o livro de bom grado, além de aproveitar e prender meu cabelo, podendo voltar a ver normalmente. Apesar de ter quinze anos, ainda sou um mero pirralho comparado com os séculos de existência que esse vampiro deve ter, por isso “moleque”.

Um mero segundo, estava em seu ombro no meio do ar, fora daquele laboratório. Caindo suavemente até o solo, o vampiro me colocava ao chão, enquanto ficava olhando de um lado para o outro, tentando pressentir algo. Uso de minhas capacidades físicas melhoradas para identificar onde está esse perigo do qual ele está tão alerta. Ao perceber um pouco de Konte, a energia demoníaca, me preparo para um impacto, antes de ser protegido pelo vampiro, que sai voando e bate as costas numa pilastra, caindo no chão com um buraco em sua armadura. A súbita defesa de um desconhecido havia me dado um pequeno choque de realidade.

— HAHAHA! DO JEITO QUE EU PLANEJEI!

Ouço os passos de uma bota de couro chegando mais próximo. Ao olhar para frente, um demônio ígneo, com traços de um velho oeste que nunca veio a esse mundo, chega abruptamente e passa por mim, indo diretamente a Mordred e mirando suas pistolas em sua cabeça.

— ADIOS, MUCHACHO!

Antes que possa disparar, transformo minha mão em diversos selos, que ao encostar no demônio, o deixa enfraquecido. Puxo-o com força e lhe soco para longe, ficando à frente daquele estranho que me protegeu, apenas para devolver o favor. Fico em posição de combate, me preparando para o que vier a seguir.

— Desgraça, sabia que deveria ter te matado primeiro, pivete. Que seja, mato os dois e depois pego minha recompensa, o caos nessa ilha! HAHAHA!

— Saia daqui garoto!

— Se tem energia para falar, presumo que ainda possa lutar. Não me parece o tipo de pessoa que cai facilmente. Então que tal levantar e me ajudar a exorcizar esse demônio?

No mesmo instante, dois disparos vêm em minha direção, os quais consigo desviar com as mãos nuas, mas fica uma pequena queimadura, a qual regenero sem problema. Depois, revido contra aquele demônio, formando água através do “nada”, e assim fazendo dois projeteis de alta velocidade que acertam e fazem a chama do capeta abalar. Um pouco depois, perdendo a paciência, o cabrunco lança duas enormes bolas de fogo, que são cortadas ao meio pela espada negra do morcegão, que está de pé e pronto para a luta que está prestes a iniciar.

— Para um moleque, tem uma língua afiada como a de um velhote de setenta anos.

— Para um vampiro, possui bom controle. Pensei que iria me atacar para se curar, até perceber que estava se curando com hemomancia.

— E para alvos, vocês falam demais!

Nos separamos quando somos alvejados por rajadas de fogo e energia demoníaca. Utilizo de minha agilidade para ficar pulando, até mesmo com as mãos, e dando algumas piruetas para poder se reposicionar. Por outro lado, meu companheiro começou a voar para poder ganhar mais velocidade. É verdade, vampiros são mais rápidos em ar do que em terra. 

Conforme aquele esquentadinho foca em se afastar de nós, combatentes corpo-a-corpo, enquanto atira sem se preocupar com a própria mana, consigo identificar seus ataques, me adaptar a eles, ganhando mais vantagem e conseguindo chegar próximo o suficiente para poder socar. Consigo dar alguns socos, misturados com a força de outros seres vivos, para amplificar a minha própria, e causar efeitos adicionais, como o dilaceramento das garras de um tigre ou o envenenamento das presas de uma serpente. Apesar disso, o demônio não cai, e me afasta com uma grande barreira de fogo. 

Enquanto limpo meu sangue, vejo o Morcego pegar o demônio e o arrastar no chão, o jogando para longe enquanto faz uma magia forte, criando vários cortes em formato de lua minguante que destroem tudo em seu caminho. De pouco em pouco, conseguimos sobrepujar o nosso oponente, ao ponto de atacarmos juntos e chegar ao ponto de conseguir finalizar a luta.

Entretanto...

Uma explosão de chamas vinda de seu corpo nos joga para longe, junto de uma grande energia demoníaca crescente vindo dele. Com uma nova forma, suas chamas tomam uma cor negra com relapsos vermelhos, tendo quatro olhos e um grande sorriso depravado. Além das pistolas, agora possuía facões e um braço para poder conjurar magias. 

— O QUE FOI, PIVETES? NUNCA VIRAM A FORMA REAL DE UM DEMÔNIO?! HAHAHAHA! — Um único disparo destrói completamente a pilastra ao seu lado. — Contra mim, Fuegoso, vocês não são nada!

Percebo o quão fracos somos nesse momento, e para piorar, o quão desgastado está meu companheiro de luta. Nesse caso, terei de tomar decisões drásticas, e para isso, nada melhor que usar minhas próprias magias...

Mesmo que não possa usar o Mana, posso usar outras fontes para a magia, e quando as uso...

Uma gravidade acima do normal faz com que tudo ao redor comece a desabar, fazendo destroços caírem em cima do demônio, que também é forçado a deitar no chão devido a grande pressão do controle gravitacional. Seguro Mordred por sua capa e nos deixo leves como se estivéssemos na lua, como os Lunae, e então fujo para muito longe, ganhando tempo para que meu plano dê certo. E para isso, precisarei usar esse moleque em prol de nossa sobrevivência.

— Não achei que você tinha essa variedade de poder! Controle elemental máximo, controle gravitacional, o que mais você tem?

— Se essa batalha se prolongar, você verá, meu caro Dracula pirateado.

— Ei!

— Haha, você é engraçado. Venha, rápido, até aquela caverna!

Ao chegar dentro da caverna a qual tinha visto na minha caminhada até o pico da montanha, fecho a entrada com uma enorme pedra que crio e a fortaleço, assim a transformando em metal. Vou até o vampiro, que está com algumas marcas de queimadura em seu corpo, essas que trato a partir de uma técnica divina, o restaurando quase totalmente. Olho para suas pupilas, e sinto um chamado, algo que apenas eu, como um oráculo sem Deus, posso sentir. E parte do meu plano é completada no momento em que senti esse chamado. Toco nas mãos do ruivo, e num instante, ambas nossas consciências são transportadas para um lugar não material, onde um jardim com todas as flores e uma enorme estrutura que leva para inúmeros destinos fica. A minha realidade alternativa, meu cerne como ser, alguém livre. Lá dentro, uma energia divina, o Ether, se manifesta numa linda mulher com roupas celtas, carregando consigo um cajado e uma caveira, com um corvo pousado em seus ombros. Cumprimento a Deusa a minha frente, volto para meu corpo material, onde posso visualizar o vampiro com as pupilas contemplando o infinito, ou seja, completamente estreladas. Escuto os tiros na pedra e vejo o demônio chegando perto, fazendo um cântico enquanto dispara um tornado de chamas, as quais seguro com meu corpo e uma barreira feita em improviso. Minhas roupas são completamente queimadas, sobrando apenas uma pequena parte da calça para não ficar do jeito que vim ao mundo.

— Bem que eu estranhei ter um pivete tão forte que aguentasse meus ataques. — Gargalhava enquanto recarregava a arma. — Você é o Oráculo da Destruição, não é?

— Que apelido ridículo. Quem foi o jegue que te falou isso? — Me preparo para aguentar mais um tempo. — Eu sou Boris, o Polimorfo, ou o Rei. Apenas isso que você precisa saber, Fuegoso.

— Entendido, senhor Polimorfo. Agora, queime no inferno!

Antes que mais rajadas efervescentes pudessem me atingir, um manto da noite me protege, cegando o oponente e abrindo um leque de possibilidades para contar ataques, as quais acontecem em segundos graças ao manejo da espada do Vampiro. Uma mecha prateada em seu cabelo confirmava o seu trato com a Deusa. Queria disfarçar minha felicidade ao ver que meu plano deu certo, mas não consegui, pois um enorme sorriso cresceu em meus lábios antes que pudesse perceber. 

— Hora da retribuição, esquentadinho! 

— Você vai pro inferno, Morcego! 

E no final, eu ainda saio vivo, pois ambos podem morrer e eu conseguirei sair desse lugar antes que isso ocorra. Mas, sinceramente, eu quero muito ver como aquela deusa ajudou o Mordred a se fortalecer. Logo, irei participar dessa luta, pelo meu próprio prazer. 

Isso vai ser divertido. 

Em meio ao caos que é a luta entre esses dois, fico observando o quão rápido está o morcego, que parece alcançar uma velocidade comparada a de um raio. Fico apenas vendo os fortes rápidos do Alucard feito no Paraguai e o Demônio Gaúcho, até que um resultado aparente acontece. Após inúmeros cortes, o demônio chega ao seu limite, e o vampiro corta sua cabeça. Com a vitória em suas mãos, ele faz um joinha pra mim, que estou bem longe, a qual cumprimento da mesma forma. Estava prestes a prosseguir caminho, querendo anotar esse fato incomum que aconteceu no meu diário, quando uma luz seguida de uma enorme explosão acontece. Consigo me proteger, sacrificando um espírito invocável no processo. 

Eu poderia ter ido embora, mas minha preocupação com aquele morcego foi muita, então voltei e o achei cheio de ferimentos e desacordado. Usei o resto de força que tinha para o curar, mas ele não acordava não importava o quanto batia em seu rosto. Para que eu sentisse que minha dívida estava paga, o peguei e coloquei nas minhas costas, modificando meu corpo para ficar mais resistente. 

— Bussoulo! 

Uma pequena criatura, parecido com um gato esquelético com asas aparece. Coloco uma gota de sangue do vampiro e falo "casa", dessa forma, ativando o meu Shikigami que lentamente prossegue caminho até a casa do moleque. Dessa forma, meu dia iria durar um pouco mais, de uma fOrma bem divertida. 

No final, não parei de caminhar… 

Recrutamento

Estava andando há alguns minutos com aquele peso todo nas costas, quando achei uma enorme mansão, misturada com castelo. Ainda bem que tenho uma estatura alta, ou estaria bem desgastado, mais do que já estou. Ao chegar mais perto, bati na porta, e uma elfa negra me atendeu com os olhos arregalados. 

— SENHOR JOANN! 

Quase instantaneamente, um enorme senhor de fina aparência e alguns fios brancos de cabelo parou na porta e pegou Mordred das minhas costas, correndo para dentro enquanto chamava outra pessoa. Com menos uma coisa pra me preocupar, estava prestes a ir embora, quando fui puxado para dentro por aquela elfa, que possuía uma massa muscular imensa. 

— Pode me falar o que aconteceu? 

— Um demônio nos atacou, então a gente se ajudou. — Fico sem jeito enquanto sou levado contra minha vontade. — Desculpa, mas qual seu nome? 

— Miriam Waller, e o seu? 

— Boris. Pode me deixar no chão, por favor? 

Ela me larga num sofá, e começa a analisar os meus ferimentos, que não são muito profundos, mas são preocupantes se lembrarmos que sou apenas um adolescente. Em um instante, ela vai e volta numa velocidade que me deixa abismado. Não só o Morcego, mas todo mundo nessa casa é extremamente forte? Isso é preocupante, preciso sair daqui o quanto antes! 

A elfa passa uma pomada medicinal, que fecha minhas feridas e cura um pouco das minhas queimaduras. Não era necessário, pois minha regeneração é muito alta, mas é uma ajuda muito bem-vinda. 

— Obrigado. 

— É o mínimo que posso fazer por quem trouxe meu amigo até aqui. — Ela me analisa de cima para baixo. — Acho melhor você ficar no jardim enquanto não preparo um banho, converse com o Luke lá, ele pode ensinar algo sobre flores. 

— Está tudo bem, eu posso… 

Antes que percebesse, já tinha sido jogado lá dentro do jardim e a porta estava trancada. Eu me sequestrei para um cativeiro, aparentemente. 

Vejo um lindo jardim, um detentor de romãs e outros frutos de grande importância de várias regiões. Ando tomando cuidado, até o jardineiro que estava no centro. Era um forte loiro de olhos verdes, que estava usando vestes de jardineiro normal. Mas era possível sentir sua aura assustadora e imponente, aquele ser não era nada menos que um dragão, tenho certeza disso. 

— Quem te mandou aqui, pirralho? 

— Uma elfa negra chamada Miriam, contra minha vontade. Pode me falar por onde saio daqui? 

— Primeiro, me ajuda a regar as plantas. — Me entregava um regador. — Comece pelas pontas, eu faço as do meio. 

Bem, não tem como ficar muito pior, e vai ser um bom jeito de passar o tempo. Rego as plantas, como já fiz com muitas outras, e observo o dom da natureza que as faz crescer de forma mágica. Uma Romã cai depois de amadurecer, e a levo até o dragão, que a pega e coloca numa cesta. Depois de algum tempo ali, o trabalho termina, e o dragão troca de roupas num cantinho, apenas tirando suas vestes de trabalho e ficando com uma roupa mais larga, camisa regata e calça moletom. Ele pega uma lança que estava no meio e, ao retira-la, o jardim some, deixando apenas uma grande área aberta. Uma realidade aumentada feita por uma arma celestial, incrível! 

— Para sair daqui garoto, você terá de me derrotar. Então escolha uma arma, e venha me enfrentar! 

Sabia que tinha caroço nesse angu.

— Não quero brigar, apenas quero prosseguir meu caminho. Já ajudei seu amigo, e não tenho nenhuma intenção de me aproveitar disso. 

— Não perguntei, só mandei me enfrentar. 

Eita lapada seca da mísera… 

Tiro de meu armazém magico duas soqueiras que contém minha força, e fazem barulhinhos quando acerta. Coloco nas minhas mãos, notando no desenho de Leão fofinho no meio, amei. 

— Não quero te machucar, então só vou te neutralizar, e depois saio daqui. 

Sou pego por vinhas abaixo de mim, e logo depois sou atingido na face por um soco sem contenção, sendo jogado para trás para depois ser quase perfurado pela lança de meu oponente. Estou lidando com alguém com muita experiência de combate, mais que a de Mordred, então devo responder à altura. Hora do show. 

— Segura o grosso! 

Acerto bem no centro do peitoral do dragão, onde suas escamas o protegem, mas o forço a recuar e vou pra cima. 

— Um ataque de frente não vai funcionar, garoto! 

Ele se prepara para me atacar, quando recebe um eco do meu soco, o desequilibrando e me fazendo acertar bem em sua cara, com o barulho da soqueira amortecedora confirmando meu ataque. Ou melhor, meu acerto crítico, pois tinha acabo de definir um ponto fraco para meu oponente, assim podendo me aproveitar daquela pequena fração de segundo para maximizar meu dano. 

Apesar de não o fazer sangrar, acabei desnorteando-o, e isso é o suficiente. Agora, posso me fortalecer pro próximo acerto, e formular um jeito de nocautear ou o forçar a ficar no chão por mais de alguns segundos, igual agora. 

— Mandou bem. Vamos ver o que pode fazer quando pego pesado. 

Vejo um pequeno brilho sair de dentro de seu peito, e sua forma muda, tornando—se metade dragão e metade humanoide. A forma misturada é algo da qual preciso me preocupar, pois mistura as melhores partes da forma dragão e da forma humanoide para atacar. Além disso, ele me parece um dragão de jade, então sua dádiva deve ser algo como controlar a água ou fortalecer seu corpo à beira do indestrutível… 

— Avanço de sete partes: Ato um… 

Em poucos segundos, uma pressão enorme me para no lugar, apenas para o dragão vir com tudo e me atacar, causando um rombo no chão, pois me jogo para trás para não morrer no processo. Acho que ele se perdeu no personagem. 

— Ato dois… 

Enormes vinhas vêm em minha direção, enquanto água começa a surgir em meus pés. Quando me novo corretamente e consigo acertar um soco no Dragão, sua pele está dura como um diamante. Ele tem uma dádiva especial, controle de água e invulnerabilidade. Que cara incrível, pena que tem a paciência de uma galinha sem cabeça. 

Pelo que percebi, a cada ato, ele vai ficando mais forte e com mais métodos de me atrapalhar na esquiva. Nesse caso, é melhor que eu termine antes de chegar no quinto ato, ou vai ser impossível de fazer qualquer coisa. 

— Manipulação gravitacional… 

— Ato três! 

No momento em que seria preso no chão, pulo para quase o teto, impressionando o dragão que vem pra cima. Transformo um dos meus braços em uma grande massa que ataca individualmente, com cabeças de vários predadores, mas nenhum deles acerta Luke, que vem para cima. Corto meu braço e o regenero, assim transformando—me numa ave e indo para cima, ainda sendo caçado, até poder voltar a ser humano e acertando um outro golpe crítico no momento em que ele tenta me acertar com a lança. Ao bater as costas no chão, ganho uma enorme vantagem, a qual gasto me transformando numa jubarte e caindo em cima de Luke, que é afundado no chão com o peso, e neutralizado no processo com o terceiro golpe crítico. 

Volto a minha forma humana e sento ao seu lado, apenas vendo seu sorriso e escutando seus risos. 

— Você é forte. Mas afinal, que poderes são esses? Polimorfia, gravidade, socos fortes… 

— É a minha restrição. Ela impede usar coisas comuns, mas posso ter essas coisas estranhas.

Estendo um soquinho para o meu oponente, que devolve o cumprimento, completamente ileso de meus ataques.

— Luke, já terminou aí? 

Escuto a voz da elfa, que entra e dá um beijo em sua bochecha, o corando na hora. Depois de ajuda-lo a sair da pequena cratera, ela nos leva para fora, onde nos separa. Antes de subir com a elfa, ganho um cafuné na cabeça daquele cara alto, que fala:

— Você é o primeiro que me vence numa luta assim, garoto. 

— Se tivesse vindo com tudo, eu não teria nenhuma chance. 

— É verdade, mas não posso fazer isso com alguém que tem pouca experiência em combate. Talvez depois de alguns treinos. 

Treinos? 

— Venha cá, Boris! 

Sou chamado, então, acompanho a garota até um banheiro, do qual continha uma banheira cheia de bolhas de sabão, e água quente. Fico maravilhado com a vista, e sou deixado sozinho para tomar o banho por quanto tempo quisesse. E de novo, não tinha nenhuma saída, então apenas aproveito a banheira e me lavo, tirando minhas impurezas e ficando cheiroso no processo. 

— Tchau preguiça, tchau sujeira, adeus cheirinho de suor!

Fico apenas o tempo para me lavar e saio, vendo que tem algumas roupas na pia, junto de um bilhete com uma monografia de dar inveja:

"Peguei algumas roupas antigas, pois eram as únicas que ficariam boas em você. Não se preocupe, nada é muito feminino, é mais unisex. É que os homens da casa são brutamontes ou possuem um senso de moda bem estranho. Espero que goste!

Assinado, Harlot."

Harlot? Quem seria essa? De qualquer forma, possui bom gosto para roupas e sabe muito sobre como disfarçar o tom feminino. Já gostei bastante dela. 

Coloco as calças moletom pretas com a corrente de lado, o chinelo de madeira encantada, que me deixa com livre movimento, e uma blusinha com capuz verde. Saio do banheiro depois de o deixar bem limpo, e então me deparo com uma bela dama.

— Eu sou Harlot, um prazer te conhecer, humaninho. 

— O prazer é todo meu, senhorita Harlot. 

Ela parece se comover com minha educação, pegando em minha mão e me arrastando até outro lugar. As mulheres daqui, além de fortes, tem alguma inclinação pra dominação? 

Sou levado até o lugar onde Mordred já está acordado. O mesmo, ao me ver, acaba me abraçando e falando:

— Ah carinha, você me trouxe até em casa! Muito obrigado. 

— De nada. Foi só uma troca de favores, afinal, tu meio que salvou minha vida, né? 

— Bem, você me ajudou primeiro, então acho que estamos quites! 

— Bem, se for assim… 

— MAS! 

SABIA! ESSA PALAVRA SEMPRE VEM NO MOMENTO EM QUE ACHO QUE ESTÁ TUDO BEM! Entretanto, estou curioso, o que esse morcego quer comigo? 

— Você tem um potencial de outro mundo, Boris. Mais do que isso, se demonstrou super empático, ou melhor, sabia o que tinha de fazer e não hesitou nisso. — Segurava minhas mãos bem juntas. — Nós precisamos de pessoas como você para os trabalhos que fazemos. 

— E o que vocês fazem? — Pergunto, tentando pegar alguma dica do local. 

— É melhor eu me apresentar melhor. 

Levantando do sofá, trocando rapidamente suas roupas para uma mais casual e luxuosa ao mesmo tempo, quase como a de um príncipe, o ruivo pronuncia:

— Sou Mordred Unelure, líder do esquadrão de soluções e apoio às ilhas. Viajamos o mundo inteiro para resolver problemas que pessoas normais ou heróis treinados não conseguem, e também vivemos nossas próprias vidas enquanto isso não acontece. — Vai rapidamente até Luke, o dragão Esmeralda. — Ele, por exemplo, é um jardineiro e possui uma loja de flores lindíssima! 

— Para com isso… 

— E ela é uma bibliotecária e professora de artes marciais. Não acha isso divertido? 

— Está se empenhando bastante, ein? — A elfa cruzava os braços e ria. 

— Esse grandalhão é só o melhor mordomo do mundo, e a senhorita aqui é uma atriz do mais alto escalão! 

— Haha, o lorde está um pouco animado hoje! – Diz Joann, com uma poderosa voz.

— Ao menos, sabe como apresentar uma estrela.  – Harlot completa.

— Por fim, eu faço meu trabalho de contador e algumas outras coisas, como ser chefe de guilda. — Dando um grande sorriso, ele chega bem perto de mim. — E então, você aceita participar com a gente? 

Fico um pouco incomodado com tamanha proximidade, algo que acaba sendo revelado através de meus olhos. Por ter uma habilidade tão única quanto a metamorfose universal, alguns de meus sentimentos acabam alterando partes básicas do meu corpo, como meus olhos, que ficam como rabiscos na íris quando me sinto muito pressionado. Vendo isso, o vampiro solta minha mão e fica um pouco mais afastado. Reparo em cada um deles cochichando, e logo consigo identificar suas dúvidas a respeito da minha escolha pela audição combinada. 

Gosto de viver de uma forma livre, fazendo apenas o que eu desejo e nada mais. Entretanto, essa família ou clã acabou me cativando com suas maneiras estranhas e poderes absurdos. E por isso, talvez, seja hora de ficar um pouco mais a mercê dos desejos alheios, apenas para me deleitar com as experiências, boas ou ruins, que podem vir com esses estranhos superpoderosos.

— Tudo bem, eu aceito sua proposta.

Mordred e os demais estavam prontos para pular de alegria, no entanto...

— MAS... — é minha vez de utilizar de tal artificio. — Eu quero que me deixe com o máximo de liberdade possível, tanto em pensamentos quanto em ações. Até eu me acostumar com suas éticas, pois isso vai ser difícil.

— Wow, não Sabia que pequenos seres poderiam ser tão rebeldes. Bem, por mim tanto faz, desde que fique com a gente eu aceito!

Sou apertado como um boneco, quase expulsando meus olhos e língua para fora do corpo, antes de ser bem recepcionado por todos que se apresentam de forma mais formal.

— Eu sou Luke, Luke Galivam, A Criatura mais forte dos céus. 

Luke é um homem alto, entre seus 1,89 e 1,91 centímetros de altura, com belos olhos verdes e cabelos loiros presos num rabo de cavalo com algumas mechas para frente de seu rosto. Suas roupas casuais eram um moletom preto e uma camisa regata branca que destacava seu belo físico.

— E eu sou a namorada dele, Miriam Waller, a General mais nova de Roma.

Miriam, uma bela elfa negra de porte físico invejável, possuía cabelos lisos longos soltos e olhos roxos como beterraba, roupas semelhantes as de Luke, com exceção da pequena blusa aberta cinza, e cicatrizes de batalha. Sem contar sua altura, que não ficava muito atrás de seu namorado, chuto uns 1,85.

— E eu sou o pai dele, Joann Galivam, o Dragão dos Desastres!

Joann era um senhor de meia-idade, com cabelos cortados na altura do pescoço, já com mechas brancas, e uma barba e bigode bem feitos no estilo francês. Ademais, utilizava-se de um terno branco com camisa social azul, além de luvas pretas e uma charmosa gravata-borboleta avermelhada.

— Harlot III, ou Madame Harlot. Não tenho nenhuma relação com eles, a não ser a amizade. 

Harlot, uma quimera de belíssima aparência, com olhos azuis opal, cabelos de cobras vermelhas e azuis, com um lindo vestido branco e luvas de meio fio vermelhas. Era realmente um porte de uma atriz de sucesso, além de ter um rosto muito mais maduro que o de Miriam, demonstrando sua idade um pouco mais avançada.

— Acho que não preciso de apresentações, hahaha!

Mordred era um vampiro de cabelos ruivos cortados na altura dos ombros, junto de olhos vinho e uma pequena presa para fora. Possui uma pinta de galã, com um belo corpo e bom senso de moda, vestindo como suas roupas casuais uma camisa de manga longa com estampa do Yon Bardo, e um moletom chique de cor branca. Mesmo sendo um vampiro, sua pele era vislumbrante, e não pálida como o de costume.

Por fim, restava-me apresentar como os outros. Contudo, minha desconfiança neles me impede de contar exatamente quem sou, principalmente por causa daquela família...

— Eu sou Boris, um oráculo “selvagem”, um polimorfo e por fim, um humano. Espero que nós nos demos bem daqui em diante!

— Miriam, me lembre de ensiná-lo a falar como uma pessoa normal daqui em diante.

— Anotado, apesar que gostei do tom educado, só vejo isso em livros de época e olha lá!

Antes de poder recorrer a alguns métodos para sair de fininho daquela enrascada, sou novamente abraçado por todos ali, sentindo o peso de alguns, mas principalmente, o calor de uma família deles. 

Daqui pra frente, espero boas experiências familiares, diferente do que um dia já vivi...

...----------------...

「Guia de vivência em Odisseia:

Dádiva: Uma benção dada no nascimento, uma técnica única para cada ser.

Metamorfose: Técnica de trocar de forma.

Polimorfia/Metamorfose Universal: Técnica única de trocar de forma entre todos os seres existentes, desde plantas à [omitido].

Acerto Crítico: Uma habilidade única da Dádiva da Restrição Vital, utilizada por Boris. Performa uma análise imediata e define um ponto como “ponto fraco” do oponente. Ao acertar, causa duas vezes e meia o dano que causaria. Caso for acertado três vezes por essa habilidade, seu efeito “Crítico” fortalece, assim diminuindo as forças vitais do oponente em cinquenta por cento, retirando sua energia de seu corpo.

Arma Celestial: Uma arma criada por um ser divino, ou feita através de uma fonte divina.

Realidade Aumentada: Uma versão imaginária do mundo feita pela mente do usuário, que se manifesta através da grande quantidade de determinação e controle de Ether (mana divina) sobrepondo a realidade comum.

O nome da floricultura de Luke é “Roses de jade draconiques”.」

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!