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Uma Mãe Para Meu Filho

capítulo 1

Capítulo 1

Layla

- Desculpe senhor Alexander Grandman, mas acho que houve um engano - falei quase engasgando com as palavras.

Não esperava falar diretamente com ele e sim com alguma assistente sua ou quem sabe alguém do RH.

- Não, a senhorita não se enganou em nada Layla Bianchi! - falou Alexander, tranquilamente em sua cadeira. Uma forte luz iluminava todo o cômodo, devido a grande janela de vidro  atrás dele, que cobria toda aquela parede. A vista era linda. Não só da paisagem atrás, o senhor Grandman também era um homem incrivelmente bonito e charmoso.

- Eu fui informada na agência de que eu deveria ser babá e não... - as palavras engasgaram mais uma vez em minha garganta primeiro pela proposta e segundo que a bela aparência dele deixaria qualquer mulher sem fôlego - e não... mãe de uma criança! - terminei a frase zonza com todos aqueles pensamentos me atingindo de uma só vez.

- É basicamente a mesma coisa! - ele disse como se não fosse nada - Vai cuidar com todo seu afeto do meu filho Nick. A diferença é que irá morar na minha casa! E além do seu salário fixo que estou mais que disposto a discutir, até dobrar! -  mais uma vez, ele disse como se isso também não fosse nada -  Terá também um cartão de crédito com saldo ilimitado para qualquer gasto seu ou do meu filho enquanto permanecer como mãe do Nick!

- Mas... mas... isso não faz sentido algum! - disse com a voz alterada, completamente desacreditada do que estava ouvindo - Por que faria tal coisa?

- Por que quero que seja a mãe do meu filho, como já disse antes! - seu tom era condescendente -  E nem ele e nem ninguém deverá saber que você não é de fato a mãe de Nick!

- Eu... eu... não sei o que dizer! - pisquei diversas vezes, pensando em tudo que tinha acabado de ouvir.

- Não precisa responder agora! - Alexander falou e me tranquilizou um pouco - pode responder no fim do dia, após analisar com cuidado todos os seus deveres para com meu filho.

Alexander estendeu uma pasta de couro preta na minha direção e eu hesitei por alguns segundos, mas a peguei.

Se ele fosse realmente dobrar meu salário... isso daria... oito mil dólares mensais. Era algo que eu devia pensar antes de recusar. Por um segundo pensei estar maluca por sequer cogitar aceitar, mas era muito dinheiro.

- Ok! - falei apenas isso.

- Tem até às dezessete horas para me dar sua resposta, caso contrário, pedirei à agência que mande outra pessoa para que eu possa conversar.

- Eu entrarei em contato, nem que seja para negar a proposta! - falei.

- Ótimo, obrigado por ter vindo, esperarei ansioso sua resposta! - disse ele e soou um pouco estranho seu tom, mas eu não disse mais nada, apenas levantei da cadeira a sua frente, apertei sua mão e me retirei.

Saí daquele prédio gigante, todo espelhado, passando por uma porta giratória enorme onde haviam dois seguranças mal encarados observando todos que entravam e saiam daquelas portas.

Me tornar... “Mãe de aluguel”? Esse era o título da pasta.

Onde a vida tinha me levado? Eu que sempre amei crianças, porém não podia ser mãe, agora... recebendo a proposta para ser mãe de um menino de apenas dois anos.

Quem era a mãe dele? Alexander Grandman era um homem famoso e muito conhecido, mas nunca ouvi falar que ele tinha uma esposa ou namorada...

Será que a criança provinha de uma barriga de aluguel? E agora eu seria a mãe de aluguel por um tempo? Mas e depois? Como ficaria a cabeça desta criança quando o pai achasse outra para continuar a cumprir a tarefa de mãe? Porque eu não poderia ser a mãe para o resto de nossas vidas! Ou poderia?

Será que essa era a intenção do senhor Grandman?

*

Voltei para o meu apartamento ainda atônita com o que tinha acabado de ouvir. Não podia fazer isso.

Ou será que podia?

Seriam oito mil dólares se ele decidisse dobrar o salário. Poderia guardar esse dinheiro para minha aposentadoria.

Fiquei sentada no meu sofá por horas lendo a papelada e em alguns momentos fitando a parede a minha frente, imaginando mil coisas diferentes.

As horas desse dia pareceram voar, eu mal comi algumas bolachas e bebi um copo de leite e quando percebi, já era quatro horas da tarde.

Suspirei, peguei minha bolsa e chamei um uber.

Assim que cheguei fui encaminhada a sala do senhor Grandman, mas ele não estava. Às dezessete e quinze ele passou pela porta.

Ainda estava com o mesmo terno preto e camisa social branca que pela manhã. Mas seus cabelos já não estavam tão bem alinhados e seus olhos verdes pareciam cansados.

- Confesso que achei que nunca mais a veria! - ele disse caminhando lentamente até sua cadeira.

- Eu disse que lhe daria uma resposta, nem que fosse apenas um não.

- Sim, você disse. Mas a sua cara quando saiu, deixou bem clara sua resposta! - Alexander falou olhando nos meus olhos e sentou.

- Bom, saiba que avaliei cada letra do contrato! - falei séria e coloquei a pasta preta em cima de sua mesa.

- Fico muito feliz com isso! - ele disse sério.

- E se eu for aceitar, quero realmente que dobre o salário que a agência paga, mas por fora. Porque eles já cobram muitas taxas da gente.

- Ok, quanto é o salário que eles pagam a vocês?

- Com os descontos, quatro mil!

- Quatro mil? - ele fez uma careta - Deus, isso é um absurdo... Pagarei dez mil, se aceitar!

- De... dez mil... dólares? - perguntei com a voz falhando.

- Sim, o que mais seriam? Pesos? Moedas de ouro? - ele brincou sorrindo e meu Deus do céu, que sorriso alinhado e branco era aquele?

- Desculpe, é claro - falei suspirando.

- Leu mesmo tudo? Sabe seus deveres e tarefas? Sem contar o amor incondicional que terá que mostrar, com ou sem minha supervisão? Entregarei a vida do meu filho a você, quero que tenha certeza absoluta porque não posso fazer meu filho passar de mão em mão. Se leu bem o contrato, sabe que vão ser anos e se desistir a multa será bem alta!

- É, eu li isso! E sei bem os danos que o abandono pode causar a uma criança. Se eu aceitar, será para valer senhor Grandman.

- Ok! Então o que me diz? Está ciente de tudo e vai aceitar? - ele perguntou estendendo sua mão para que eu apertasse.

Meu coração deu cambalhotas no peito, senti vontade de correr e sumir dali. Era muita responsabilidade. Eu seria... mãe!

Meu Deus, eu não estava pronta para isso.

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capítulo 2

Capítulo

Layla

- Meu braço está começando a doer de ficar estendido por tanto tempo, senhorita Bianchi! - ele disse em tom brincalhão.

- É... - pisquei diversas vezes assustada e ansiosa, bom eu faria essa loucura, poderia juntar dinheiro e me aposentar, isso sem contar que realizaria o sonho de ser mãe, já que não poderia gerar um filho - Sim, senhor Grandman, eu aceito!

Estendi a mão e apertei a sua. Ele sorriu e ficou de pé.

- Não precisa mais me chamar de senhor Grandman! Seremos marido e esposa agora!

- Acho... que isso não estava nos papéis! - falei de olhos arregalados, será que estava e eu não vi.

- Fique calma, será apenas para as pessoas e para nosso filho - ele falou como se eu já fosse a mãe do menino - em casa seremos apenas amigos!

- Ainda sim, fingir ser sua esposa não estava nos papéis! - falei brava.

- Estão nestes aqui! - ele disse estendendo outra pasta e a colocou por cima da que eu tinha posto na mesa.

- Não, não! Isso já é demais! - falei.

- Fique calma, não é como se fossemos ter algo físico. Você nem faz meu tipo! - ele disse com indiferença e fez um gesto com a mão balançando.

- Seu idiota! - murmurei ultrajada.

- Eu ouvi! - ele disse e apoiou suas mãos em cima da mesa, se inclinando um pouco na minha direção.

- Era para ouvir mesmo e não estou nem aí também! - disse e cruzei os braços. - Você também não faz meu tipo!

- Ótimo, que relacionamento seria melhor que este? - ele perguntou e vi um brilho estranho em seu olhar - só precisamos ser extremamente discretos com nossos affairs e tudo será perfeito!

- Ah, por favor! Esse tipo de conversa é totalmente inapropriada senhor Grandman!

- Leia os papéis! A proposta é boa! Espero você aqui amanhã de manhã às oito horas em ponto. Não se atrase, não gosto de atrasos! - ele disse claramente me dispensando.

Saí do prédio muito irritada. Ser mãe/babá era uma coisa, mas mãe e esposa? Eu teria que ler muito bem esses papéis. Não queria nenhuma surpresa futura. O que estava envolvido nisso? Seria apenas para a criança e para as pessoas? Se houvesse qualquer insinuação de romance, ou algo do tipo, eu rasgaria tudo e nunca mais apareceria na frente de Alexander Grandman.

Ao chegar no meu apartamento, eu só conseguia me sentir ultrajada com o “você não faz meu tipo” que o Alexander soltou assim do nada. E eu ainda o chamei de idiota. E para piorar, quando eu disse isso, achei ter visto algo em seu olhar. Ele havia gostado do insulto? Meu Deus, onde eu estava me metendo?

Às onze horas da noite, eu tinha terminado de ler a pasta de papéis. A princípio, realmente parecia apenas isso. Eu seria a mãe do Nick e esposa dele. Apareceria muito pouco na mídia. A desculpa era boa, eu teria depressão e problemas sociais. Alexander tinha pensado em tudo.

Exceto numa coisa. Se pesquisassem meu passado, saberiam que eu não era mãe e muito menos esposa do senhor Grandman.

Às três horas da manhã, eu terminei de ler pela segunda vez o documento. Não havia achado nada novamente. Apenas afastei os papéis para o outro lado da cama, espichei meu corpo nos lençóis macios e limpos e apaguei o abajur. Um segundo depois eu dormi.

Para o meu desespero, acordei sete e trinta e três. Dei um pulo da cama, fazendo com que todos os papéis caíssem no chão e corri para o banho, me sentia fedida e muito suada. Entrei de um lado e saí do outro do chuveiro. Não lavei meus cabelos, pois não havia tempo.

Vesti uma calça preta bem justa e uma camisa branca de botões e nos pés coloquei um tênis branco. Chamei um uber, que chegou bem rápido e fui até o escritório dele novamente.

Por que ele não havia me dado as duas pastas juntas? Agora eu precisava me desdobrar e gastar de locomoção, porque o senhor inteligência achou que seria melhor assim.

As manhãs nunca eram agradáveis, principalmente quando eu mal tinha dormido.

Quando cheguei no seu escritório, sua assistente me mandou entrar. Passei as mãos nos meus cabelos, para abaixar os fios rebeldes e ajustei minha bolsa e a pasta em minhas mãos.

- Bom dia! - falei ao entrar e fechei a porta atrás de mim.

- Oito e sete! - Alexander disso e recostado em sua cadeira, com as mãos enlaçadas uma na outra. - Bom dia Bianchi! Sente-se!

- Aqui está sua pasta! - falei a colocando em cima de sua mesa.

Hoje ele estava usando um terno grafite, assim como a camisa. Sua gravata era de um preto levemente brilhante. Seus cabelos estavam bem penteados e parecia estar com gel neles, pois estavam muito bem moldados e parados. Seus olhos verdes cintilavam na luz da manhã.

- Diga-me, leu tudo com atenção? Achou alguma pegadinha?

- Não, não achei nada! E sim, li duas vezes. Cada letra e palavra do documento! - falei.

- Isso explica suas olheiras! - ele disse e minhas sobrancelhas arquearam no mesmo segundo.

- O senhor é muito cruel! - falei brava.

- Sou apenas sincero. Olheiras não querem dizer que a chamei de feia ou mal arrumada, embora, eu não diria que a senhora tem muita vaidade!

Meus olhos saíram das órbitas de tanto que os arregalei.

- Escute aqui senhor Grandman, não vou tolerar insultos! E se você for esse tipo de homem que está me parecendo, pode ter certeza que vou recusar tudo! - fiquei de pé ao dizer e prendi minha bolsa no meu ombro.

- Sente-se! - ele pediu em tom frio, porém com um toque de gentileza - Sinto muito, passei dos limites e não deveria ter dito essas coisas! Não irá se repetir!

- Ok! - falei baixo e me sentei devagar na cadeira a sua frente.

- Então, o que me diz, irá aceitar minhas propostas? - ele perguntou remexendo levemente suas mãos uma na outra.

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capítulo 3

Capítulo 3

Layla

- Sobre ser a mãe/ babá do seu filho, tudo certo! Irei aceitar de bom grado. Agora sobre ser sua esposa, quero que acrescente no documento uma cláusula destacando o fato de que não teremos nenhum envolvimento romântico. E depois do que ouvi agora, quero que acrescente outra cláusula, se comprometendo a ser gentil comigo, prometendo que não irá de forma alguma me insultar, sobre nada!

- Feito! - ele disse sem pensar um segundo sequer.

- E quero que coloque também o valor a ser pago. Meu salário é de cinco mil que com os descontos da agência viram quatro e mais o bônus de seis mil, que fechará os dez mil que falamos ontem!

- Ok! Mas não haverá nenhum desconto da agência, terá que se desligar dela, para que as coisas funcionem! Nosso contrato será de anos a fio! Não precisa da segurança da agência!

- Não havia pensado nisso! - falei sacudindo a cabeça devagar, me sentia tonta, toda a vez que conversávamos era uma coisa diferente.

- Não há como fazer de outra forma. Farei assim que possível um novo contrato para que você leia, sobre como as coisas devem prosseguir caso algo aconteça comigo! Espero sinceramente que tudo corra como o planejado mesmo na minha ausência! E quero que a senhora se mude hoje à noite para a minha casa!

- Somente depois que assinarmos os contratos! - disse decidida, embora sentisse meu estomago se revirar com tantos pensamentos me atingindo. Eu só podia estar maluca de aceitar uma coisa dessas!

- Faremos isso imediatamente. Meu advogado já nos espera na sala de reuniões! - Alexander ficou de pé e se encaminhou para a porta.

Alexander pediu que seu advogado redigisse as coisas que exigi e então assinamos os contratos. De imediato, ele disse que eu usasse seu motorista, que estaria à minha espera no saguão de entrada e fosse arrumar minhas coisas.

Assim que cheguei em minha casa, sentia meu coração disparado no peito, as mãos estavam suadas e uma leve tontura me abatia. Eu provavelmente estava começando a ter uma crise de ansiedade.

- Que susto Luana! - falei ao entrar pela porta e ver minha amiga sentada no meu sofá atracada no meu sorvete com os pés em cima da minha mesa de centro. - O que faz aqui? - perguntei e fechei a porta.

- Nossa, é assim que me recebe? Achei que tinha me dado a chave daqui para que eu pudesse vir quando quiser! - falou ela me olhando com carinha de cachorro pidão e enfiou uma colherada de sorvete derretido na boca.

- Sim, pode vir quando quiser! - disse me aproximando e beijei seu rosto - só fiquei assustada!

- Ok, perdoo você! - ela disse brincando e roubei um pouco do meu sorvete com meu dedo indicador. - Onde você estava? Como foi aquela entrevista de ontem? Teve outra hoje?

- A entrevista de ontem foi... - fiz uma pausa pensando no que deveria dizer - ótima! Arranjei o emprego!

- Ah meu Deus! E por que não me contou ontem? - ela disse parecendo feliz por mim.

- Só assinei os papéis agora e vim fazer as malas! - me sentei ao seu lado e logo me dei por conta que havia falado demais.

- Malas? - Luana perguntou se virando para me olhar - que história é essa amiga?

- Aí... - falei fechando os olhos - vou ter que morar na casa do meu chefe, vou cuidar do filho dele como se fosse... meu.

- Ah, isso é legal! Vai economizar em comida e água durante a semana! E como vão funcionar as folgas?

- É... bom... por enquanto as folgas serão bem esporádicas, nos dias que surgir ... bom... - meu coração parecia que ia explodir no peito de tão rápido que batia.

- O que você tem? Parece prestes a vomitar ou desmaiar? Ou os dois... - ela falou acariciando meu ombro.

- Acho que cometi uma loucura! - falei cutucando minhas unhas e olhando para baixo.

- O que houve? Me conte! - Luana disse com a voz suave.

Contei tudo a ela, desde o começo. Luana me ouviu atentamente e não esboçou nenhuma cara de julgamento, o que me fez conseguir terminar de falar sem medo.

- Acha que estou cometendo um grande erro? - perguntei a olhando.

- Bom, dez mil... isso é muita grana! Você pode juntar todo o dinheiro praticamente se ele vai sustentar você! Isso é perfeito! Eu no seu lugar, não pensaria duas vezes! Ainda mais se ele é esse gato aqui! - Luana disse pegando seu celular e virando para mim. Ela estava no site da empresa dele com a foto estampada do Alexander.

- Não vai rolar nada, pedi que ele colocasse uma cláusula que não teríamos nenhum tipo de envolvimento físico, seria tudo muito profissional!

- Você é tão sem graça amiga! Eu se fosse você tinha ficado quieta e na primeira oportunidade, pularia na cama com ele, daria um bom chá para o homem nunca mais esquecer e fisgaria o coração do senhor Grandman! - ela disse o sobrenome dele com uma voz sensual e brincou com as sobrancelhas.

- Sabe que depois do que eu passei... não quero outro homem na minha vida! - falei séria.

- Sim, eu sei! Mas não quer dizer que não pode transar e ser feliz! Amiga, relaxa e goza! - ela disse e deu uma gargalhada - olha esse homem é uma perdição, se você não transar com ele, eu vou!

- Fique à vontade! - falei ficando de pé.

- Você é uma chata! - Luana ficou de pé e pegou meu braço e foi comigo até o quarto - vamos arrumar suas coisas para que fique presa na masmorra desse homem tirano e cruel!

- Pare de bobagens amiga! Ele só é um pai querendo o melhor para o filho!

- Não lhe passou pela cabeça ele ser algum louco pervertido que vai trancafiar você e a usar das formas mais sórdidas possíveis? - ela perguntou com um tom de brincadeira - eu não iria reclamar, adoraria ficar presa com o senhor Grandman numa cama!

- Dizer esse tipo de coisa, não ajuda em nada na minha ansiedade! Obrigada de nada! - falei brava.

- Desculpe! - ela falou com aquela cara de cão sem dono que Luana sabia fazer muito bem.

Minha amiga me ajudou a fazer as malas e encaixotar coisas que achei necessária e no fim do dia mandei uma mensagem para o motorista vir me buscar.

Diferente do carro sedan que tinha me trazido de volta para meu apartamento, agora uma caminhonete preta quatro por quatro, estacionou na minha frente, onde eu esperava com duas malas e três caixas. Luana estava comigo de braço dado.

- Se precisar de qualquer coisa me ligue ou mande uma mensagem! Vou correndo até você, sozinha ou com a polícia! - ela disse no meu ouvido e depois beijou minha bochecha.

O motorista desceu e me ajudou a colocar as coisas todas no porta malas gigantesco. Deu um abraço super apertado em minha amiga e ela abriu a porta de trás da caminhonete para que eu entrasse.

- Se cuide! Eu te amo! - ela disse ao fechar a porta.

- Também te amo! - murmurei.

O trajeto até a casa durou meia hora. Era num condomínio fechado, que eu nunca tinha ouvido falar. Cheio de mansões e alguns parquinhos super modernos para as crianças.

A caminhonete parou em frente uma casa que ocupava uma quadra inteira, os muros eram de tamanho normal o que me acalmou, o portão se abriu para que entrássemos. Já era noite agora e a casa estava toda iluminada, cheia de janelas quadradinhas na andar de baixo e no de cima, parecia uma casa de filme. Meus olhos brilharam com a beleza e leveza que ela trazia.

- Venha senhora Grandman! - o motorista disse ao abrir a porta e meu coração voltou a bater acelerado.

Eu precisava me acostumar com isso. Todos me chamariam assim agora.

A porta da frente se abriu e lá estava ele, Alexander Grandman, com um menino em seus braços. Seu rosto estava sério, seus cabelos desgrenhados e ele estava usando apenas uma camiseta branca aberta no colarinho, uma calça folgada e pés descalços no chão. Seus olhos verdes cintilavam na luz amarelada que estava os iluminando.

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Façam suas apostas?

Tudo que reluz é ouro?

Como é mesmo aquele ditado... Quando a esmola demais o santo desconfia?

Estão preparadas para entrar comigo nessa loucura meninas???

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