Dentro de um complexo psiquiátrico em Bangladesh Estevan Leblanc olhava insistentemente para o relógio de parede do refeitório.
— Hora de ir grandão.
Jardel, um dos guardas se aproximou segurando nas mãos a arma de porte pesado apontada contra Estevan.
— Juro que pensei que se livraria dessa, que o poder e o dinheiro de seus pais o tirariam daqui, jogada de mestre a do juiz em trazê-lo para cá, já que em Roma de certo já teriam arrancado você da prisão.
Estevan permaneceu em silêncio enquanto o homem o algemava.
— Vai ser transferido para um presidio de segurança máxima agora e dúvido que te tirem de lá.
O jogou na parte de trás do carro o olhando por uma última vez.
— Espero que apodreça atrás das grandes psicopata de merda.
— Vou estourar sua cabeça e comer seu coração Jardelzinho .
Estevan Debochou, o olhar vazio e o semblante psicótico era capaz de provocar arrepios, o policial cuspiu contra ele, bateu a porta se sentando no banco da frente.
— Não deveria brincar assim com um louco Jardel, está sempre provocando esse prisioneiro e sabe bem do que ele é capaz.
O outro policial disse com a voz embargada, pelo retrovisor do carro observava com completo pavor a expressão no rosto de Estevan.
— Esse homem tem 100 homicídios nas costas, todos eles cometidos com requintes de crueldade, Ele está preso e provavelmente será executado em breve mais eu não desejaria uma família igual a dele como inimigos.
— O que eles poderiam fazer em um fim de mundo como esse?
Jardel gargalhou já dirigindo em direção ao presidio, não muito longe dali na direção de um carro esportivo preto sem placas estava Átila Leblanc,o rapaz inconsequente que enlouquecia a polícia.
— Átila, pode ir devagar?
Olivia gritava do banco do passageiro.
— Átila, planejamos uma fuga, não um velório pra hoje.
A moça se segurava com força no cinto de segurança.
— Tem certeza que estamos na estrada certa?
Nico falava pelo rádio em um carro logo atrás, ao seu lado Kiara olhava o GPS com atenção.
— A Rayca consegue mesmo pilotar aquele helicóptero? Sabe que vão atirar contra a aeronave.
Kiara Sorriu para ele.
— Se ela não der conta ninguém dá, garanto.
Não demorou para avistarem de longe o carro blindado da polícia cercada de batedores, a escolta já atirava contra os carros da facção criminosa conhecida como " Dinastia" . Formada por Leblancs e Cesarinis eram intocados e invencíveis.
— Se segura.
Nicolay acelerou enquanto do banco do carona Kiara atirava contra os carros.
— Átila.
Olivia gritou posicionando da janela a submetralhadora carregada que tinha as mãos.
— Mais perto.
A moça de porte pequeno tinha uma mira impecável mesmo com o tranco da arma que lhe jogava para trás a cada tiro que dava,quando os carros tombaram contra o asfalto quente ambos correram até a viatura, Estevan abriu um enorme sorriso para os primos, Nico foi quem abriu as portas e algemas, o rapaz inteligente como nenhum outro ainda não havia encontrado uma fechadura ou tranca que não pudesse abrir.
— Senti saudades princesa.
Estevan puxou Olivia para seus braços.
— Não via a hora de beijar essa boquinha de novo.
A jovem sorriu retribuindo o gesto.
— Aí casal, podemos deixar esse melodrama para mais tarde? Não vai demorar para isso aqui encher de polícia Átila acendia um cigarro escorado ao carro.
— Minha gata tá área.
Apontou para o helicóptero que já sobrevoava baixo, Todos se dividiram em carros.
— Vamos?
Olivia segurou na mão de Estevan que piscou para ela.
— Vá na frente amor.
Ele sorriu para ela andando até o carro de polícia abatido no chão.
— Tenho contas a acertar com um amigo.
Olivia já havia desistido de lutar contra o lado cruel e frio de Estevam, preferia não olhar já que a cena não seria bonita ou fácil de ser assistida, entrou no helicóptero ao lado de Rayca.
— Onde está o Estevan?
Ela perguntou a prima, antes de ter a resposta ele pulou para dentro da aeronave, a roupa e as mãos cobertas de sangue vivo, mastigava algo enquanto passava o cinto e colocava os fones.
— Devo perguntar o que ele está comendo?
Rayca sorriu, Olivia beijou os lábios de Estevan.
— A boca tem gosto de sangue Ray.
A olhou com tristeza
— Pergunte quando estiverem longe de mim.
Um ano antes.
Olívia Petrov 24 anos
Em um dos mais luxuosos Teatros da Rússia Olivia Petrov terminava sua apresentação, a jovem mulher de corpo esguio esculpido pelos anos de exercícios e treinos árduos de ballet clássico era de uma delicadeza e leveza invejáveis, reconhecida mundialmente por seu trabalho nos mais renomados estúdios de dança do mundo havia ganhado não só a fama mais incontáveis títulos em competições das quais participou em diversos países, as luzes se acenderam apontando o fim do espetáculo, Olivia caminhou até o centro do palco sendo ovacionada por todos os presentes, uma salva de palmas demorada estendida a ela com as mais belas flores entregues pessoalmente pelo fundador da companhia que integrava, Olivia se despediu das pessoas com quem praticamente viveu durante os anos que morou na Rússia com o peito apertado, ela não queira se mudar dali morava no país desde os 14 anos, a princípio a mãe foi quem lhe fez companhia mais ao ver a tristeza em se separar de Zayan foi de Olívia a ideia de contratarem uma acompanhante, a mulher de nome Adelia foi sua confidente e amiga até que tivesse idade para morar sozinha, Olívia fazia isso muito bem, sabia se cuidar, apesar de amar a família não pretendia deixar para trás tudo aquilo pelo qual batalhou e voltar para Itália mais noites em claro e o sono perdido a vinham obrigando, Olivia havia decidido se afastar por um algum tempo dos holofotes depois de várias ameaças que vinha sofrendo de um Stalking, um perseguidor psicótico e louco que a vinha aterrorizando, no início não passavam de bilhetes indiscretos no estúdio em que praticava, de flores recebidas de forma inocente em seu apartamento, o estopim para enxergar a realidade e iniciar seu desespero foi chegar em seu camarim e encontrar todo o lugar revirado, seus figurinos e roupas rasgados e um gato enforcado com suas meias calças pendurado em um dos cabides de roupa, Olívia havia aceitado um convite para jantar naquela noite, um convite gentil, nada sério nunca se permitiu ter tempo para romances já que era o trabalho seu maior e único interesse, não demorou para que ela percebesse que estava correndo perigo, sempre em pânico, com uma sensação agoniante de estar sendo seguida e observada todo o tempo, preferiu inventar uma desculpa descabida de estar exausta que confessar a família seus temores, Olívia conhecia o pai, conhecia os tios e a família a qual pertencia, Zayan era um homem ciumento, completamente possessivo com sua esposa e filha e não havia sido fácil convencê-lo a deixá-la morar sozinha em Moscou, a verdade é que Olivia tinha medo, sabia bem a confusão que a família faria se soubesse o que estava acontecendo, vinha tentando resolver sozinha o problema e achava que se afastar por um tempo seria o suficiente, a família estava dividida desde sua partida, haviam decidido se separar, formar suas próprias cúpulas e se desvincular, Alexandre seu tio mais velho havia se mudado com a esposa Camilla para o castelo em que moravam ao lado do filho Átila, o rapaz era problemático, um bad Boy inconsequente e atrevido, estava sempre envolvido em serias desavenças com a polícia o que estava deixando os pais de cabelos em pé, Nico era o nerde da família, o tipo galã que nem de longe demonstrava toda a esperteza que carregava, adorava se fazer de bobo já que achava graça daqueles que subestimavam sua inteligência, havia acabado de ser aprovado em uma das maiores faculdades do mundo e se preparava para mudar de país, Estevan era o mais velho e diferente dos primos, nunca foi igual aos demais, sempre isolado, calado e frio, frio como um cubo de gelo em plena nevasca, Olivia se lembrava dele com ternura, ainda guardava na mente a forma com que ele a olhou no dia em que se despediram, enquanto todos a abraçaram em lágrimas Estevan a fitou em completo silêncio, não tinha em sua mente uma única lembrança de vê-lo chorar, por muito tempo a família acreditou que ele sequer podia, quando deixou Roma rumo a Rússia ele já era um belíssimo rapaz e hoje com seus mais de trinta anos ela temia sequer conhecê-lo, Estevan havia sido criado por muitos anos pelo pai de Olívia, todos queriam que ela o visse como um irmão e mesmo ela não conseguindo nutrir por ele esse sentimento fraterno sentiu falta quando sem qualquer motivo ele se afastou, a verdade era que o rapaz estava envolvido diretamente com os negócios da família, a máfia para ser mais específico, por mais que Zayan e os irmãos tivessem tentado manter todos os jovens ligados aos leblanc afastados do mundo do crime haviam falhado com Estevan, ele não queria, ser um homem de bem nunca esteve em seus planos e tanto seus tios quanto seu pai, descobririam aos poucos que também não estava nos planos de Átila e Nicolay, Olívia tinha um bom relacionamento com a família, era a princesinha da prole, o único contato que não mantinha era com Estevan, diferente dos demais ele nunca havia á visitado, não havia assistido nenhuma de suas apresentações e sempre que tocava em seu nome com um dos familiares que a visitava eles mudavam de assunto como se o rapaz fosse algo proibido, na manhã seguinte a apresentação Olívia pegou um vôo rumo a Itália, a vida que a muito havia deixado para trás a esperava de braços abertos, ao chegar ao Aeroporto encontrou a sua espera Emma e Zayan, pais orgulhosos que aguardavam impacientes por sua chegada, Olivia não esperava pela recepção calorosa mais a encontrou, todos ansiosos por tê-la em casa e não demoraria para ela descobrir que ali, em Roma o mundo havia parado, pausado no tempo esperando sua volta, um homem apaixonado aguardava por seu retorno como quem anseava por ar e mudaria sua vida por ela sem nem mesmo hesitar.
Estevan Leblanc 32 anos
Estevan não se lembrava da última vez em que esteve em casa, não gostava de se sentir preso e achava que cercado pela família sufocaria, as noites passadas no Harém, boate que pertencia a família se tornaram rotina na vida do jovem rapaz, provido de um gênio extremamente forte e de uma frieza que beirava ao sadismo o rapaz estava triplicando a fortuna que um dia foi conquistada pelo patriarcado leblanc, régia os negócios a punhos de ferro e era temido como o próprio demonio pelos caminhos que andava.
— Onde ele está?
Atíla o irmão mais novo do homem perguntou ainda da porta, não costumava ir a casa noturna pois desde que havia sido assumida pelo irmão o lugar se tornou o submundo crime, onde antes aconteciam shows e programas eróticos agora tinha quase que frequentemente mortes e espancamentos, O Harém já havia sido um território neutro, um lugar onde mafiosos do mundo inteiro se reuniam com o intuito de se divertir, as coisas mudaram, mudaram quando em uma noite de inverno Estevan matou a sangue frio um dos líderes do conselho da facção rival de Nhangreta, nunca algo do tipo havia sido feito, a muito tempo Zayan havia assassinado um dos magnatas que frequentavam o lugar por desrespeitar o irmão mais nada como o que havia sido feito por Estevan, Leon Tolstoi era o líder de Calábria, ele e o Jovem Leblanc Átila haviam se desentendido em uma festa dias antes do ocorrido e o homem que a pouco havia assumido o comando achou que seria uma boa ideia mandar surrar o caçula do clã Nhangreta, Leon descobriu cedo demais que não havia sido uma boa ideia, quando chegou ao Harém naquela noite como já era de costume, o lugar estava vazio, sentado em uma cadeira sem camisa e com um taco de baseball nas mãos o esperava Estevan, o primeiro golpe dado em Leon foi tão forte que abriu o seu crânio ao meio e mesmo que metade de sua massa cefálica estivesse espalhada pelo salão Estevan não parou, ele ganhou naquela noite o vulgo de Canibal, quando terminou com o rival diante dele mal podia ser reconhecido, o coração havia sido devorado por ele e o que restou do corpo dissolvido em ácido ali mesmo em pleno salão, homens temiam Estevan, temiam o fato dele não ter fraquezas ou medos era como se apenas um vazio macabro houvesse dentro dele, uma expressão sombria sempre enfeitava seu rosto e causava pânico por seu desejo desacerbado de matar, A família Leblanc havia tentado uma intervenção, o jovem havia passado dois anos em um manicómio depois de seu primeiro assassinato, quer dizer pelo menos o primeiro que eles sabiam, Estevan estava sem controle, não ouvia ou respeitava ninguém que não fosse a madrasta Camilla, a mulher era como um anestésico para o furacão que era o rapaz, quando Estevan saiu da mansão do tio Zayan para morar de vez com o pai Alexandre já era um quase um homem e Camilla o tomou como filho, não fazia distinção entre ele e Átila e foi a primeira a notar que o rapaz tinha algum distúrbio, o transtorno explosivo intermitente (TEI) foi diagnosticado três anos depois, a condição psicológica que consiste em constantes explosões de raiva e comportamentos agressivos não permitiam que ele conseguisse controlar os seus impulsos violentos, no início as artes marciais e as aulas de tiro ajudaram mais depois do primeiro homicídio cometido por ele apenas a internação e intervenções medicamentosas eram capazes de parar o mal em efeito dominó que se espalhou dentro dele, Estevan não perdoou a família pela traição, se recusou a viver sedado como um animal e encontrou em si mesmo o equilíbrio que precisava, equilíbrio que era uma linha tênue entre a loucura e lucidez e que parecia estar sempre a um fio de se tornar um completo desastre.
— Está no escritório, eu não entraria lá patrão, seu irmão não está bem.
Atíla ignorou completamente o conselho do segurança, quando abriu a porta olhou assustado os corpos de dois homens estirados no chão, os abdômens abertos e o sangue espalhado por todo o chão dispensava qualquer tipo de explicação.
— O que faz aqui?
Estevan limpava as mãos em uma toalha branca, sequer o olhou antes de fazer sinal para o soldado a porta que entrou, Sander arrastou com dificuldade primeiro um depois o outro corpo deixando os irmãos a sós.
— Onde está a po*rra da droga?
Estevan se jogou a poltrona, o olhar vazio e expressão psicótica em seu rosto eram assustadoras
— Qual é Estevan, vai me meter em problemas, a mercadoria não é minha.
— Eu disse que não o queria metido nessa mer*da.
— Ca*cete, dá para parar de agir como o papai? Eu preciso da mercadoria cara, eles vão me matar.
Átila estava assustado, ainda era um menino e não tinha consciência do tamanho dos problemas em que podia entrar.
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