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Sobre Nós Dois

Conhecendo Aurora Russo

Naquela manhã, como todos os dias, estava em minha cadeira de rodas sentada na porta olhando para o mar, fechei os olhos por um instante e me recordei de todos nossos momentos e da nossa história de amor, de como nós dois éramos perfeitos juntos, quando uma voz me desperta.

— Vovó?

— Diga querido?

— No que está pensando? É sobre o vovô de novo?

— Sim, por mais que eu tente, nunca deixei de trazê-lo em meus pensamentos, rsrsrs.

— Será que um dia, eu encontrarei um amor assim também?

--Sim, querido, com certeza ela esta por aí fora em algum lugar Joseph ou a caminho, mas ainda é cedo para isso.

Então como sempre... meu neto pega o álbum de fotos de família, começo a folear, vejo fotos de nós dois e as lágrimas começam a cair sem que me dê conta…

Então me recordo de como tudo começou... Como se fosse um filme passando por minha cabeça...

Há 64 anos...

Aurora

Meu nome é Aurora Russo, tenho 25 anos, eu fui criada num orfanato em Servilha - Espanha e quando cheguei nos meus 16 anos tive que sai para trabalhar, comecei numa cafeteria, onde conheci o senhor Ernesto, um senhor muito bondoso que me recebeu como um verdadeiro pai.

Foi graças a ele que consegui realizar meu sonho de me formar e me tornar professora, ele tinha um filho, Pedro, nós namoramos por um bom tempo, mas infelizmente chegou uma hora que percebemos que tínhamos sonhos diferentes, Pedro não queria que eu fosse lecionar e quando comentei sobre adoção ele quase infartou, mas o relacionamento terminou super bem.

Difícil mesmo foi me despedir do senhor Ernesto, ele já era um homem idoso, meu coração ficou partido, mas prometi a ele que voltaria um dia para lhe apresentar sua neta do coração, o que Pedro na hora achou um absurdo.

Depois de algum tempo resolvi me mudar para Hamburgo – Alemanha, pois além de ser uma cidade muito rica as oportunidades de emprego eram muito grandes.

Decidi que queria uma vida nova, longe de tudo que tinha passado naquela cidade onde fui tão infeliz, onde não tinha a menor ideia do meu passado, de quem eu era, ou de onde eu vim.

A única coisa boa que levei daquele lugar foi minha pequena Laura e os poucos amigos que fiz, eu havia feito uma promessa a mim mesma que um dia iria adotar uma criança para que não tivesse a mesma infância que eu, quando vi Laura pela primeira fez eu me apaixonei por ela.

Leonora me ajudou com a guarda de Laura, eu sabia que o que ela estava fazendo era ilegal e tinha seus riscos.

Leonora: Aurora, você precisa conseguir logo esse emprego e uma casa fixa, ou perderá a guarda de Laura, eu não vou poder te ajudar mais que isso.

Aurora: Eu sei disso, Leonora, te agradeço muito e garanto que vou conseguir.

Depois de muita luta consegui sua guarda e decidi começar uma nova vida em outro país, até que conseguisse um emprego pedi a uma amiga que cuidasse dela, foi a coisa mais difícil que fiz e não sossegaria um só segundo até conseguir.

Essa é Laura

Uma menina de 3 anos meiga, carinhosa, alegre abandonada ainda bebê pelos pais, a única coisa que sei é que pela madrugada alguém bateu na porta e simplesmente a largou ali, como eu tinha amizade com a coordenadora a implorei que me ajudasse e por isso consegui, mas para isso precisava ter um emprego fixo e moradia, portanto não poderia demorar muito para conseguir ou perderia minha pequena e isso eu não suportaria.

Era manhã havia caminhado o dia todo, meus pés estavam doendo de tanto andar, já havia entregue meu currículo várias escolas, não é possível que não consiga um emprego descente depois de tanto esforço.

Então estava passando por uma escola enorme, logo na faixada havia uma placa onde dizia que precisavam de professora para ensino infantil, era tudo que precisava, além disso eu poderia aproveitar a oportunidade e quem

sabe matricular minha filha.

Assim que entrei fui muito bem recebida, a recepcionista olhou meu currículo e elogiou muito minhas referências, depois me levou para conhecer e escola a ala das crianças era realmente encantador, fiquei imaginando minha pequena ali seria um sonho.

Depois de conhecer tudo a pergunto se caso sendo contratada minha filha poderia frequentar a escola e a mesma confirma que sim, isso seria um dos benefícios de ser contratada, fora plano de saúde e auxílio moradia, o que me ajudaria e muito.

Ela me entrega alguns papeis para que eu lesse sobre os termos, caso concordasse poderia começar em dez dias.

Prazo suficiente para alugar uma casa e buscar minha pequena que ficou com minha amiga de faculdade, Isadora.

Saí daquela escola cheia de esperança, apesar de estar num país onde o preconceito ainda era muito visível, mas eu precisava tentar, eu devia isso a minha filha.

Então foi o que fiz, sai dali e fui a uma imobiliária procurar uma casa, o que não foi muito difícil, dentro do valor que eu teria direito consegui uma boa casa onde teríamos conforto, liguei para minha amiga avisando que iria buscar minha pequena, estava ansiosa para revê-la apesar de só estar a uma semana longe dela.

Quando cheguei na Espanha, estava louca para ver minha pequena, peguei um táxi, pois a casa de minha amiga não era assim tão longe, quando toquei a campainha ela veio correndo para meus braços e meu mundo inteiro se encheu de luz.

Laura: Mamãe.

Aurora: Oi meu amor, estava com saudades.

Laura: Cê vai embola?

Aurora: Não, amor, agora nós vamos juntas, está bem?

Naquele dia mal tive tempo de colocar a conversa em dia com minha amiga ou agradecer por tudo que havia feito por mim, pois precisa retornar para Hamburgo, fazer a matrícula de Laura na escola e enviar toda documentação para Leonora, não poderia arriscar perder minha filha ou morreria.

Então naquele mesmo dia partimos para nossa nova vida, estava cheia de esperança e também muito medo, pois estava sozinha numa cidade com uma criança onde não conhecia ninguém, começando uma nova vida, apostando tudo num futuro que prometi a mim mesma que daria a ela.

Conhecendo Caleb Wilson Hoffmann

Meu nome é Caleb Wilson Hoffmann

Tenho 32 anos, sou de uma filho de uma família tradicional alemã, vivo em Hamburgo - Alemanha com minha irmã mais nova Heidi, ela está noiva e em breve deve se casar.

Quando meus pais faleceram nos deixaram um pequeno hotel que hoje se tornou com muito esforço numa grande rede com mais de 10 hotéis espelhados pelas principais cidades da Alemanha: Hamburgo, Berlim e Monique, minha sede fica em Hamburgo de onde administramos nossos negócios, com o aumento do turismo resolvemos investir na construção de resorts de luxo o que tem me tomado muito tempo.

Há alguns anos me casei com uma namorada Astride, ela estava grávida de quase 9 meses, quando estávamos voltando de um jantar super importante, eu havia bebido demais naquele dia, eu e Astride tínhamos discutido, o nosso casamento não foi nada planejado, fui praticamente obrigado a me casar porque ela engravidou e meu pai com seu jeito rígido, ainda mais pela preocupação com a reputação pelo nome da família.

Eu perdi a direção do carro e ela acabou falecendo, mas os médicos conseguiram salvar meu pequeno Pyetro, que precisou ficar alguns dias na UTI, de alguma forma aquele acidente e o nascimento dele me transformou e passei a ser um homem totalmente diferente.

Se tem uma coisa que hoje levo muito a sério é o nosso sobrenome, não importa o que a aconteça, não vou permitir que nada manche os nosso sobrenome, eu devo isso a meu pai. Por esse motivo, nunca mais me envolvi com nenhuma mulher, pelo menos publicamente, todos os casos que tive sempre foram os mais sigilosos possíveis.

Foi por causa dele que resolvi investir num colégio para que ele pudesse ter a melhor educação possível, assim eu poderia controlar e impedir que algo de ruim pudesse acontecer com ele, eu tinha um planejamento para o futuro do meu filho, ele seria meu sucessor.

E era isso que minha irmã não entendia, achava que eu não deixava o menino ser como uma criança comum, mas o que ela não entendia é que Pyetro nunca seria como as outras, ele tinha uma responsabilidade assim como eu tive um dia, ele era o Hoffmann e precisava desde cedo ser preparado para tocar o meu império.

Em toda sua infância não ouve uma só reportagem ou notícia que citasse o nome de meu filho, não permitiria que nada pudesse manchar seu nome, pois seria aquilo que eu não pude ser, meu pai gastou milhões para apagar aquele acidente da minha ficha, nem sei quantas pessoas teve que se humilhar para que não saísse no jornal. Ele morreu sem ao menos me perdoar e isso até hoje me dói na alma.

Pyetro

Esse é Pyetro ele tem 3 anos, passa o dia todo na escola e já criei um planejamento para sua vida até seus 20 anos.

Próxima semana será seu aniversário e descobri que Heidi está organizando uma festinha com os colegas da escola, o que foi motivo de muita discussão porque odeio bagunça de crianças correndo pelo meu jardim e já tinha avisado para Heidi diversas vezes.

Heidi

Eu sou Heidi, tenho 28 anos, sou arquiteta e trabalho com meu irmão, ajudo ele com a decoração dos hotéis, estou noiva do Brenno que é advogado e um velho amigo de meu irmão, desde que Astride morreu naquele acidente meu irmão se tornou um homem frio, pelo é um pai presente, pena não deixar o pequeno Pyetro ser como todas as crianças, como brincar, correr essas coisas sabe, fora isso é um excelente pai.

Caleb: Heidi, que conversa é esse de aniversário no jardim?

Heidi, deixa de ser chato Caleb toda criança faz festa de aniversário, todos os anos Pyetro pede o mesmo você nunca faz, só estou esperando eles contratarem a nova professora para enviarmos os convites, se quiser é só não vir, vai passear, trabalhar, tenho certeza que vai achar vários motivos para não estar em casa.

Caleb: Só espero encontrar meu jardim limpo quando isso acabar.

Heidi: Não se preocupe senhor perfeitinho, está do jeito que pediu, além disso não esqueça que seu filho é uma criança.

Caleb: Tome todas as precauções para que nenhum paparazes tire fotos e publique isso nas revistas ou terá problemas comigo Heidi, estou avisando.

Heidi: Nossa, deixa de ser paranoico Caleb, vai trabalhar e deixa isso comigo.

Caleb: Cadê meu filho?

Heidi: Está no quarto, onde mais aquele menino não saí de lá, parece um robô.

Ao entrar no quarto de seu filho, como sempre estava assistindo documentários sobre arquitetura pois era a única coisa que era liberada para ele assistir, às vezes ele dormia, mas acreditava que aos poucos ele pegaria gosto, seria uma forma de incentivá-lo a seguir a mesma profissão que ele ou sua tia.

Caleb: Filho, eu vou ao shopping, você não quer vir comigo? Podemos jantar lá se quiser.

Pyetro: Quero sim, pai só vou tomar um banho, minha tia disse que vai fazer minha festa, é verdade?

Caleb: É verdade.

Pyetro: Posso chamar quem eu quiser?

Caleb: Isso a gente vê depois.

Pyetro: Depois quando?

Caleb: Para de fazer tanta pergunta, Pyetro, que merd@.

Pyetro: Desculpa, papai.

Caleb: Vamos fazer o seguinte, deixamos para ir ao shopping amanhã quando chegar da escola, vamos aproveitar hoje assistir um filme, pedimos uma pizza, o que você acha?

Pyetro: Pode ser um desenho?

Caleb: Pode, mas só hoje. Mas veja se não escolhe aqueles desenhos esquisitos heim.

Pyetro: Então escolhe você, perdi a vontade.

Então o pequeno Pyetro como sempre se levanta indo para sua cama se cobre virando para o lado como se fosse dormir, Caleb percebe que sua ideia não agradou o filho, apenas vai até ele dá um beijo no filho e depois disso se retira.

Porém Caleb, não esperava que uma certa professora atravessaria seu caminho mudando todos seus planos, tudo que planejou por anos falhou no dia que Aurora Russo atravessou seu caminho e lhe faria mudar sua forma de pensar, não seria assim tão fácil, mas com muitas brigas, uma hora um dos dois teriam que ceder e claro que essa pessoa seria ele rsrsrs

Uma mãe em fúria

Aurora e Laura chegaram a Hamburgo, após conhecerem a casa ela foi levar os documentos da filha na escola, assim que entrou na secretária e entregou o contrato e os documentos com a matrícula da filha logo percebeu que teria problemas, mas preferiu ignorar a forma que a recepcionista se referiu a filha.

— Sua filha é negra?

Aurora: Sim, porque, algum problema com isso?

— Não é que a senhorita é...

Aurora: Eu sei, eu sou branca, minha filha é adotada, não precisa escolher palavras moça ela sabe, não esconderia isso dela. Espero que não tenham problemas com crianças de outras raças aqui na sua escola.

— De forma alguma, não tenho esse tipo de preconceito.

Aurora: Eu acho ótimo.

Após preencherem a matrícula e pegarem a lista de material elas resolveram ir ao shopping, estavam animadas para comprar o novo uniforme, mochila nova, além de conhecer a cidade e tomar sorvete.

Então saíram de lá e foram passear, Laura era uma criança muito imperativa, passaram numa papelaria compraram o material como eram muitas sacolas deixaram em casa, algumas quadras dali tinha uma praça enorme, que Laura ficou inquieta querendo ir de qualquer jeito.

Aurora: Filha vai acabar sujando toda roupa.

Laura: Ah, mamãe deixa?

Aurora: Está bem, vamos deixar essas coisas em casa primeiro, depois a gente vai.

Enquanto isso, no outro lado da cidade, Caleb chega do escritório, pede que deem um banho em Pyetro que impecavelmente vestido como um mini empresário com sua gravata borboleta, então os dois saem para irem ao shopping, ele entram e se sentam pedem um dos pratos mais caros, Pyetro era um das poucas crianças que comia uma refeição inteira sem se sujar.

Na praça, após passar a tarde inteira brincando no escorregador, Laura estava toda suja e suada, mas ainda queria ir ao shopping tomar o sorvete que a mãe tanto prometeu.

Então elas foram, assim que entrou Laura correu pediu um balão que Aurora comprou e a menina pulou feliz como nunca. Logo Aurora passou por uma livraria, parou na vitrine e ficou olhando uns livros enquanto a filha se divertia com o balão, quando Caleb passava com seu filho o balão escapou das mãos da pequena Laura e Pyetro o pegou para entregar a menina.

Quando Caleb advertiu o filho, o puxando pela mãos e logo ordenou ao segurança algo que certamente irritaria Aurora.

Caleb: Filho, já disse para não se aproximar dessas crianças de periferia. Eu Gusmão dê uma moeda para ela deve estar com fome coitada.

Ele sai na frente com o menino e o segurança retira uma nota e entrega para a pequena Laura que inocentemente pega e feliz entrega para a mãe.

Laura: Olha mamãe, o homem deu?

Aurora: Quem?

Laura: Aquele dali, disse que era para comprar comida.

Aurora: Como é? Vem comigo.

Aurora de longe começa a chamar o homem de termo que seguia o outro que estava de mãos dadas com um garotinho.

Aurora: Hei moço?

Gusmão olha para trás e para por alguns segundos apontando para si.

Gusmão: Eu?

Aurora: Sim, o senhor que deu isso para minha filha?

Gusmão: Sim, meu patrão, me pediu.

Ela olhou a frente, como estava escuro não deu para ver direito, então apenas falou alto e em bom tom.

Aurora: Fala para seu patrão pegar isso daqui em enfiar sabe ele aonde, porque minha filha não precisa de esmolas, ouviu bem, seu imbecil.

Laura: Mamãe, você falou palavrão.

Aurora: Me desculpa filha, mas dessa vez a mamãe precisou, vamos para casa, porque amanhã a senhorita tem aula.

Enquanto isso no carro, no carro, Gusmão devolvia o dinheiro para Caleb que colocava na carteira e bufava feito um touro bravo, mas na verdade a preocupação era de alguém ter visto aquele escândalo.

Caleb: Ainda bem que estava escuro, senão teria que desembolsar uma boa grana para abafar o escândalo daquela louca, por isso odeio frequentar ambientes públicos.

Ao chegar em casa, Aurora dá um banho na filha que brinca na banheira e nem ao menos se deu conta do que havia acontecido, em seu olhos lágrimas caem por saber que sua filha havia sofrido preconceito pelo simples fato de sua cor ou por estar suja por ter se divertido o dia todo.

Depois do banho a vestiu com um pijama, a colocou na cama e leu um história para dormir, a pequena Laura não tinha ideia do mundo que ainda iria enfrentar, mas tinha ao seu lado uma mãe disposta a tudo

Na mansão Caleb chega com o pequeno Pyetro dormindo em seu colo e o leva para o quarto, na sala estava Heidi, assistindo TV, quando ele retorna furioso pega um uísque e conta o que havia acontecido.

Heidi: Não acredito que você mandou dar dinheiro para uma garotinha só porque estava suja e brincando Caleb, você está maluco?

Caleb: Como eu ia saber Heidi, a menina era escura, estava suja de sorvete, outra você deveria estar preocupada, é se alguém viu e colocou isso nos jornais, isso sim.

Heidi: Pediu desculpas para a mãe dela pelo menos?

Caleb: Eu pedir desculpas, está doida? Eu não peço desculpas para esse tipo de gente Heidi, até parece, era só que me faltava, a mulher fica gritando como uma louca e eu um empresário com um nome a zelar vou lá me rebaixar para ela.

Heidi: Sua arrogância ainda vai destruir você meu irmão, eu só torço para estar aqui e assistir de camarote isso sim.

Caleb: Não esqueça que é minha arrogância que mantêm sua conta bancária, minha irmã, talvez por isso deveria ser mais grata e não ficar me criticando isso sim, falando nisso amanhã será que pode levar Pyetro para a escola por favor? É o primeiro dia de aula dela com a nova professora, prefiro de uma opinião sua.

Heidi: Claro, aproveito e já falo com ela sobre a festa de aniversário, vou aproveitar que você vai viajar para resolver assuntos com o resort e faremos a festa nessa data, assim evitaremos aborrecimentos o que acha?

Caleb: Acho ótimo.

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