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O ALFA E A DELEGADA

O Castigo

PONTO DE VISTA DE MAIA WILLIAN

Para os amantes de fantasia, do místico... saiba que numa realidade alternativa, há um mundo sobrenatural que coexiste com o mundo humano...

— MUAHAHAHA! — A risada maquiavélica da velha bruxa acordou-me do meu sono mais uma vez.

Sentei na cama ofegante, mesmo sabendo que já deveria ter acostumado com as lembranças que se tornaram pesadelos constantes, aquela risada continuava me assombrando.

O meu nome humano é Maia Willian, 22 anos, uma delegada de polícia de uma cidadezinha do interior chamada Mystical Land. A mais nova em idade de todo o país, talvez do mundo.

Quanto a dizer a palavra "humano", é porque sou uma quase humana e esta condição foi imposta a mim, ou seja, fui forçada a me tornar assim quando tinha 7 anos de idade, e é esse o pesadelo que me persegue.

Eu nasci com genes dos licantropos ou seja, dos Lobisomens, os meus pais eram da categoria Beta,  Luke Hathaway  e Anasha Hathaway da alcateia Guerreiros da Lua, porém tudo isso mudou...

Lembro como se fosse ontem…

Eu tinha sete anos e jogava futebol com um grupo de filhotes machos no pátio. Eu era a única menina ali. 

Desde pequena sempre fui a mais forte e a mais rápida entre outros filhotes, por isso, tinha uma certa facilidade com esportes e brincadeiras, mesmo as mais estúpidas.

Naquele dia, eu fiz uns dez gols, o filhote do alfa apelou e durante o ato de revolta chutou a bola com muita força. E ela quebrou a vidraça da sala do Conselho na casa principal da alcateia. Naquela hora, acontecia uma reunião importante.

O pior não foi quebrar a janela e sim acertar a cabeça do Grande Alfa. Seria cômico se ele não fosse tão medonho.

Fugimos do pátio quando escutamos o seu uivo de raiva. Cada um de nós voltou para sua própria casa.

Uma hora depois, o Primeiro Beta, o lobisomem de confiança do Alfa, ou seja, o segundo no comando da alcateia foi até a minha casa e eu fui literalmente arrastada até a casa principal.

Chegando, lá descobri que o Alfa havia interrogado o seu filho e o garoto covarde, colocou a culpa em mim. 

Por causa de uma bola, recebi como castigo, 10 chibatadas nas costas. 

Sempre fui de muita opinião desde pequena e por isso, antes de começar a tortura, peguei um pequeno pedaço de madeira que estava no chão, coloquei-o na boca e travei os dentes nele. 

Eu não queria dar o gosto da vitória ao meu algoz. E claro, não era a primeira vez que eu recebia castigos infligidos pelo Alfa.

Nunca entendi, mas ele não gostava de mim, aliás poucos daqueles lobisomens demonstravam algum tipo de afeto à minha pessoa.

Como fui criada naquele ambiente, eu acreditava ser normal e não me importava com os castigos. Aceitava-os, encarava o Alfa e quase dizia para fazer logo e me deixar em paz.

Uma criança dando uma durona? Sim. Acho que essa sempre foi a minha natureza, porém algo mudou em mim naquele dia...

Antes, os castigos eram físicos, apenas dolorosos. Eram usados como instrumento de correção um chicote normal, uma vara qualquer ou uma palmatória. Desta vez, machucaram-lhe de verdade.

As feridas causadas pelo material cortante do novo chicote ficaram em carne viva.

Assim que terminaram de me bater, fui jogada na porta da minha casa.

Os meus pais não foram sequer ver como eu estava.

Fiquei no chão por um tempo, depois, fui arrastando o meu pequeno corpo, passei pela pequena escada até a porta da sala e consegui entrar em casa. 

— Sua inútil, não vou cuidar de você. Como pode uma fêmea ser tão indisciplinada desse jeito? Não quero ouvir um único choro seu. Suma da minha frente e não suje o assoalho. Tenho que cuidar da sua irmã. Ela merece porque é um anjo de menina. Já você, só traz desgostos. — A minha mãe disse.

A minha irmã era um ano mais nova que eu, mas era tratada como um bebê.

— Você já é grande, vá cuidar dessas costas horrendas. Vê se desta vez, aprende a lição. — O meu pai enfatizou.

Subi as escadas, segurando o choro até o meu quarto. 

Desde que me lembro, nunca tive a atenção deles. Sempre me virei sozinha. 

Por não prestarem atenção em mim, eles não sabiam que mesmo tão jovem, eu tinha um poder de auto cura acelerado. 

Todos os lobisomens, independente da sua categoria ou força tinham esse poder. No entanto, o meu, era diferente. Por exemplo, uma fratura em humanos, levavam meses para se curar, em lobisomens algumas semanas, já em mim alguns dias.

Sendo assim, as minhas costas feridas curaram-se em duas horas, ao invés de três dias que seria o normal entre o nosso povo.

À noite, o filhote mentiroso jogou pedras na minha janela para chamar a minha atenção e fez sinal para eu descer. 

Enfaixei o meu corpo e fingi sentir muita dor quando passava pela sala, onde, os meus pais e a filha perfeita  estavam. O nome dela era Irina Hathaway.

"Até parece que iriam prestar atenção em mim..." — Pensei olhando a cena da família feliz.

Assim que desci as escadas em frente à casa, Cauã Blackwood, o filhote covarde, veio correndo até mim. Abaixou a cabeça e disse:

— Sakari, desculpe-me. — Esse era o meu nome na alcateia.

Sakari Silver Hathaway devido aos meus cabelos prateados.

Quando ouvi o som do meu nome sendo falado por ele, uma voz interna de poder e liderança ordenou com muita raiva: 

— Ajoelhe-se e só levante, se eu mandar. — A voz falou por mim.

Até eu fiquei surpresa. Já havia aprendido na escola que essa outra voz era do nosso ser místico, o nosso lobo ou loba interior. Porém, isso só deveria acontecer na minha adolescência…

Quando o nosso lobo despertava em nós, era como a nossa segunda consciência. Como se fôssemos duas almas dentro de um só corpo.

O garoto foi ajoelhando devagar. Ele lutava para ficar em pé, mas as suas pernas não lhe obedeciam e começaram a abaixar contra a sua vontade, até ficar de joelhos no chão.

— Sakari, o que você está fazendo? Solte-me. — Ele disse apavorado.

— Você é um idiota. E eu nunca mais vou brincar com você. Não vou te perdoar de novo. — Desta vez fui eu quem falei.

— Eu sei que errei. Fiquei com muito medo do meu pai, não pensei que ele fosse te machucar. Desculpe-me. Não vou fazer isso novamente, liberte-me...

Eu percebi que Cauã estava falando a verdade, mas fiquei ressentida por ter sido ferida e disse:

— Mentira. Sempre diz isso. Não vou falar com você a partir de hoje. Não é a primeira vez que faz isso comigo. Eu peço a Deusa da Lua que te faça a pessoa mais infeliz do mundo. Eu odeio você. 

Não sabia o motivo, mas uma dor inexplicável surgiu no meu peito ao proferir aquelas palavras.

Saí correndo de volta para casa, chorando.

Antes de passar pela porta, limpei as lágrimas, desacelerei, lembrei de fingir sentir dor ao passar pela sala e subi lentamente as escadas até o meu quarto.

Estava tão cansada emocionalmente e fisicamente que adormeci assim que encostei na minha cama. 

No dia seguinte, acordei assustada e quase afogando quando o meu pai jogou um balde de água gelada em mim.

— COF-COF-COF!!! — Eu tossia enquanto o meu pai gritava comigo.

— Imprestável, você aprontou de novo. Se for expulsa da alcateia… Se isso acontecer… Esqueça que teve uma família. Você é uma vergonha!

—  O que eu fiz? — Perguntei confusa.

Ser acordada por banho de água fria não foi nada agradável, mas escutar aquelas palavras do meu pai, foi pior ainda.

— Não sabe? Desça agora. O Grande Alfa está aqui.

Fotos aleatórias retiradas da internet para fins ilustrativos.

O Teste

PONTO DE VISTA DE MAIA WILLIAN

O meu pai segurou firme os meus cabelos longos e prateados e saiu arrastando-me até o lado de fora da casa.

Foi aí que percebi que Cauã ainda estava de joelhos no chão.

A voz grave e potente do Grande Alfa ressoou com tom de ódio: 

— Libere-o. AGORA. 

Pela primeira vez, eu percebi que ele era muito mais temível do que pensava. Havia subestimado o poderoso chefe.

Os seus olhos eram de um vermelho sangue e as suas garras estavam amostra.

Além dos meus pais, havia alguns integrantes do Conselho da alcatéia na porta de casa. Todos olhavam em minha direção, curiosos.

— Levante-se. — Eu disse com voz firme, porém algo me dizia que a minha vida pioraria a partir dali.

A nossa Luna, a companheira do Grande Alfa, chegou perto do filho e o ajudou a levantar.  Olhou para mim com muita tristeza, parecia estar com pena, seus olhos lacrimejaram e as lágrimas começaram a rolar pelo seu lindo rosto. Era visível que estava se controlando e por medo não interveio por mim. Ela era uma das poucas pessoas que sempre me dava carinho e atenção na alcateia, porém só fazia isso quando estava longe do Alfa.

O Alfa, cujo nome era Kall Blackwood, se aproximou e rasgou a minha blusa de pijama com as suas garras, assim como as faixas que eu havia deixado à noite na minha encenação.

Fez um sinal para um ancião, o avô de Cauã. Eles pareciam conversar pelo elo mental, algo que nós crianças ainda não tínhamos acesso.

Quando pensei que tudo estava resolvido, o guerreiro mais forte do alto escalão da Guarda Principal carregou-me nos seus ombros até uma caminhonete que estava parada à frente da casa. 

O Alfa deu tapinha no ombro do meu pai. O mesmo puxou a minha mãe para dentro da casa. Nenhum deles olhou para mim.

— Grandão, para onde está me levando? — Eu perguntei.

Ele sabia o quanto eu admirava a sua força e como lutava. Ele era o meu ídolo. Sempre que o Alfa voltava de uma batalha, não era ele que eu reverenciava e sim o grande Guerreiro Jake, por isso o apelidei de Grandão. Ele era imenso e forte. O lobo dele, após a transformação, também era assim, e era de uma pelagem Marrom com partes pretas, porte imponente. 

— Pequena, saiba que nunca pretendi te fazer mal. Você sabe que sou obrigado a cumprir ordens. Só espero que fique bem. 

Fiquei apavorada quando ouvi a última frase.

"Será que eles vão me bater de novo?" — Pensei antes de dizer:

— Deixe-me ir. Você diz que eu fugi. Por favor, não me leva. — Juntei as duas mãos para fazer o pedido.

O meu apelo não teve efeito nenhum. Fui levada para a parte mais funda e escura da floresta que rodeava a alcateia. Chegou num ponto que não tinha mais uma estrada. Ele parou a caminhonete. Deu a volta até o lado que eu estava. Jogou-me no seu ombro novamente e seguiu por uma trilha cheia de obstáculos.

— Grandão, qual é o castigo dessa vez? Por que todas as vezes o Cauã faz traquinagens, sou eu que recebo uma punição? Eu odeio aquele moleque covarde.

Ele ficou calado e continuou a caminhada.

— Por que não me responde?

— Você me disse que um dia seria uma guerreira, então, agora é o seu primeiro teste. — Ele disse.

"Não serei castigada? Serei testada para ser guerreira?" — Pensei inocentemente.

— Que teste? — Perguntei sentindo-me importante. 

— Sobreviver. Não me decepcione, Pequena. — Ele disse com emoção na voz.

O meu coração palpitava e uma sensação ruim tomou conta de mim.

Depois de muito tempo de caminhada do Grandão me carregando, chegamos a uma velha cabana. Parecia inabitável, porém saía fumaça pela chaminé.

De repente, uma velha que apresentava ter mais de 100 anos por tantas rugas no rosto, muito feia, nariguda e descabelada, abriu a porta. 

Em seguida o Grande Alfa e alguns membros do Conselho chegaram em forma de lobo. Voltaram à forma humana sem se importarem com a nudez. Isso era muito normal para o nosso povo.

Conversaram por um tempo com a mulher, porém, eu não consegui ouvir o que diziam. Em seguida, o guerreiro levou-me para o interior da cabana. Fui amarrada num pilar de madeira. 

Olhei em volta, só então, percebi ser a casa de uma bruxa, tinha um enorme caldeirão perto da lareira.

— Pequena, não esqueça do que falei. Sobreviva. Espero que não me culpe. — Ele sussurrou e saiu da cabana. 

Fiquei olhando as suas costas enquanto ele se afastava. 

"Por que os olhos do meu ídolo estavam lacrimejando?"

"Pelo jeito a coisa vai ficar feia para o meu lado. Grandão, eu vou passar neste teste, você vai ver." — Pensei orgulhosa e ingenuamente.

A mulher entrou sozinha, olhou para mim, deu uma volta atrás do pilar onde estava amarrada.

— Criança, você tinha tudo para ser a Alfa fêmea mais forte do mundo, uma Suprema. Isso é a coisa mais rara do nosso mundo. Você assustou o Grande Alfa. Ele acredita que você pode tirar a liderança do seu filho. Que pena! Você nunca se transformará em loba, todo o seu poder vai para o próximo Alfa. Por isso, nós duas deixaremos de ser quem somos.

Ela falou alto, suspirou, se aproximou e sussurrou no meu ouvido:

— Por odiar o seu Alfa, deixarei alguns resquícios de poder e te darei um grande presente. Um dia você descobrirá.

Ela falou mais algumas coisas e eu fiquei sem entender, era apenas uma criança.

— Essas últimas palavras você se lembrará na hora certa. MUAHAHAHA! — Terminou com uma risada estranha.

Eu fiquei assustada com o que falou, mas o meu lado infantil quis perguntar sobre o presente, porém os meus lábios pareciam estar selados.

No mesmo instante, o Grandão entrou e ficou num canto observando.

A bruxa pegou um enorme livro, um frasco com uma espécie de fumaça de diversas cores dentro dele de um baú. Começou a proferir palavras muito estranhas, retirou a tampa do vidro e o conteúdo dele envolveu o meu corpo.

Enquanto isso, senti a minha pele rasgando, todas as feridas das minhas costas se abrindo. Os meus ossos pareciam se quebrar aos poucos, as lágrimas rolavam sem parar e gritos de dor saíram pela minha garganta. Desta vez, não consegui manter a pose de durona.

"Sobreviva." — A voz do Grandão soava insistentemente na minha cabeça.

Já não suportando mais, uma enorme tatuagem estranha e preta começou a se formar desde o meu pescoço até a minha mão direita. Extremamente dolorida no meu membro quebrado.

— MUAHAHAHA! — A risada da bruxa permaneceu nos meus ouvidos.

Desmaiei devido à dor intensa.

Quando acordei estava jogada no meio de uma estrada, paralisada e sem forças sequer para manter os meus olhos abertos. 

Vi luzes vindo na minha direção, ouvi o barulho de um carro em movimento… Fiquei deitada esperando pelo meu fim.

De repente, tudo ficou escuro de novo… 

"Grandão, não serei uma guerreira, não passarei no teste…" — Pensei antes de perder os sentidos.

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*Fotos aleatórias retiradas da internet apenas para fins ilustrativos.

Alfa Kall ▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎Jake - O Grandão*

A Busca

PONTO DE VISTA DE CAUÃ BLACKWOOD

Sou Cauã Blackwood, tenho 25 anos, sou Alfa da alcateia Guerreiros da Lua. 

Assumi a liderança há 4 anos, sou respeitado por todos, não só pelo meu povo, mas por todas as alcateias, até pelos meus inimigos, pois fiquei conhecido pelo meu grande poder nas batalhas.

Quando disse todas as alcateias foi devido ter ido à maioria delas, seja como visitante ou para ajudar em alguma disputa de poder ou terras, ou para apoiar na luta contra outros seres inimigos, mas principalmente, para tentar encontrar a minha companheira.

Quando completamos os nossos dezoito anos, a Deusa da Lua nos presenteia com a nossa alma gêmea. Se ela for menor de idade, devemos aguardar até que ela complete no mínimo dezessete anos para revelar sobre o vínculo. 

Como sabemos quem é a pessoa predestinada? Pelo seu cheiro. Dizem que é algo enlouquecedor e o seu lobo interno entra num tipo de frenesi, como uma droga viciante, porém o efeito é instantâneo e duradouro.

Estou louco para sentir essa sensação. Pena que ainda não a encontrei.

Desde que completei a idade, sempre tirei férias de 2 meses e saí em busca da minha futura Luna, a escolhida do Alfa.

O meu pai já pediu várias vezes que eu esquecesse a possibilidade de ter uma companheira pelo vínculo e que era melhor acasalar com outra fêmea da nossa alcateia. 

Até porque, nós somos proibidos de nos relacionar com outros espécies. Nem mesmo um relacionamento casual é permitido, são contra às regras da natureza e da nossa crença. Se cometer esse crime, a pena é ser banido.

Talvez o meu pai tivesse razão quando deixou escapar uma vez muito pensativo que ela poderia estar morta. Nos últimos anos tivemos muitas batalhas com ladinos e algumas alcateias rivais, além dos nossos eternos inimigos, os vampiros.

Eu odiava essa suposição.

"Será? Então, por que o meu coração diz que ela estava muito longe e que precisava encontrá-la?" — Eu pensei ao ouvi-lo.

Todas as vezes que voltava das minhas excursões de busca, as palavras da garotinha de cabelos prateados, a Sakari, ressoavam na minha mente:

"...Eu peço a Deusa da Lua que te faça a pessoa mais infeliz do mundo. Eu odeio você!"

"Sakari, a sua maldição está se cumprindo." — Pensei.

Ao relembrar as suas palavras, senti uma dor no meu coração, pois nunca mais a vi após ter passado uma noite inteira de joelhos. 

"Pelo menos tive muito tempo para refletir." — Ri ao pensar sobre aquela noite.

Na minha reflexão, eu percebi que eu sempre lhe culpava dos meus erros porque tinha inveja dela. Mesmo sendo mais nova que eu, era muito esperta, uma líder nata, carismática, feliz, forte, boa em tudo que fazia... E eu era o contrário de todas as suas qualidades.

Não sei se foi devido reconhecer e aceitar os meus fracassos ao comparar com as qualidades de Sakari, mas desde então, eu me tornei tão bom quanto ela. Mas, me senti mal por nunca ter conseguido o seu perdão e sempre me culpei por sua expulsão.

Por anos, implorei para o meu para que a trouxesse de volta e a sua resposta nunca mudou:

— É tarde demais. Ela nunca voltará.

— Quando eu for o alfa a trarei de volta. — Eu garanti todas as vezes. 

— Saiba que é impossível. — Ele garantiu.

Se ela foi expulsa, como o meu pai dizia, por que nunca a encontrei em todos esses anos que saí mundo afora? 

Eu sabia que era um covarde naquela época. Como eu pude colocar a culpa numa criança mais nova que eu? O pior foi o ato extremista do meu pai em expulsá-la. Nunca me conformei e não me conformarei com algo tão bárbaro. 

Quando me tornei Alfa, uma das minhas primeiras ordens foi solicitar que a encontrasse. 

Ninguém nunca viu ou ouviu no passado sobre uma criança abandonada de cabelos prateados e de olhos azuis na vizinhança. 

Procuramos em muitos lugares. Até nos bandos de Ladinos, lobisomens que vivem como bandidos, coloquei infiltrados para tentar achá-la. Nenhuma pista foi encontrada.

Após tantas tentativas em vão, cheguei à triste conclusão que o mais provável era que tenha se tornado uma Renegada. Esse tipo de lobsomem não faz coisas ilícitas, contudo, como foi banido de alguma alcateia, passa a viver longe de sua espécie. Muitas vezes reside e até se relaciona afetivamente ou sexualmente com os humanos ou outros seres, contrariando as regras e proibições do mundo sobrenatural. 

Sakari era muito astuta e uma boa filhote, ela não se tornaria uma criminosa…Ou se tornaria para se vingar de mim no futuro por sua expulsão? Independente desse receio, eu queria saber sobre o seu paradeiro.

Um dos guerreiros líderes dessa investigação era o mesmo que acompanhava o meu pai naquela manhã, Jake Lee. Naquele mesmo dia, depois de voltar após ter levado Sakari embora, ele  ajoelhou aos pés do meu pai e pediu para ser um treinador, não quis continuar na Guarda Principal.

Eu acreditava que nem mesmo ele concordou com a ordem do Alfa de colocar porta a fora uma criança indefesa. E outra coisa, ele sabia, assim como toda a alcateia que Sakari o tinha como um ídolo.

Um dia, ele me disse algo intrigante e parte da conversa não foi esquecida por mim:

— Alfa, eu já fui em todos lugares e nunca a encontrei, seja pelos cabelos prateados ou pela horrível tatuagem que colocaram nela. Em algum momento você parou para pensar que talvez nunca tenha localizado a sua companheira porque Sakari fosse a sua predestinada?

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