Alex havia chegado na casa dos seus pais. Todo ano eles se encontravam naquela data para poder comemorar o aniversário da sua mãe. E, todo ano ele ouvia as mesmas cobranças.
– Filho, quando você vai arrumar uma namorada? Você já não é mais novinho. precisa de uma companheira para se casar.– Dona Ângela, sua mãe, o cobrava.
– Mãe, casamento é só a cereja do bolo nas primazias da vida. Eu ainda quero conquistar muita coisa. – ele tentava fazer com que sua mãe visse seu ponto de vista.
– Sua mãe está certa, meu filho. A gente só não quer ver você sozinho. – Seu pai interveio
– Agradeço por se preocupar, pai e mãe. Mas na hora certa vai acontecer. Não precisa pressionar.
– Ângela, vamos deixar de aperreio e aproveitar a companhia do nosso filho.
– Tudo bem. Vou fazer um chocolate quente para a gente.
– Vai lá tenho que conversar com o Alex.
Angela saiu em direção a cozinha. O pai do Alex se aproximou mais dele e em voz baixa começou a falar.
– Filho, vamos passar por um momento bem difícil, sua mãe foi diagnosticada com câncer de mama. – Ele estava com um olhar caído
– Como? Quando souberam disso?
– Recentemente, então a gente precisa que você se cuide mais e que fique saudável.
– Não se preocupe pai, também vou aumentar o valor da ajuda para vocês e virei mais vezes para te ajudar.
Seu coração estava apertado, seus pais eram tudo em seu mundo. Saber da doença da sua mãe e do sofrimento que ela ia passar, fazia com que seu peito não parasse de doer. Ele queria chorar, mas não poderia fazer naquele momento.
– Pai eu preciso dar uma volta. Diga a mãe que fui na farmácia comprar um antiácido.
– Pode ir filho, sei que é uma notícia dura. Leve seu tempo.
Alex entrou no carro e começou a dirigir, suas lágrimas começaram a rolar, ele foi até o parque da cidade. Estava escuro e vazio, ali ele poderia chorar a vontade. Chorava alto e sentia como se a dor lhe rasgasse o peito. Sentiu-se melhor. Respirou fundo e pensou.
– Não adianta chorar. Agora é cuidar da mamãe. Preciso ser forte pelos meus pais.
Voltou para o carro e foi dirigindo, tranquilamente, de volta para casa. Quando de repente um gato pulou em frente ao carro. Alex freiou rapidamente. Saiu do carro e foi verificar o animal.
Um gato preto, ferido, miava e gemia de dor. Estava todo ensanguentado.
– Você também está sofrendo, gatinho?
Ele pegou uma camisa dentro do carro e enrolou o gatinho nela. Saiu dali e foi em busca de uma clínica veterinária 24hs. Não demorou muito para encontrar uma. Entrou correndo e foi direto na recepção.
– Boa noite, senhor. Em que posso te ajudar? – a recepcionista perguntou
– Encontrei esse gatinho neste estado na rua. Preciso que cuide dos ferimentos dele.
– Vou preencher a ficha e daí o veterinário vai atender.
– Mas ele está perdendo muito sangue. Leva ele primeiro e volta que preenchemos a ficha.
– Calma, senhor. O veterinário já vem aqui.
Não demorou e o veterinário chegou, fez a primeira inspeção e levou para a sala de cirurgia. O Alex foi preencher a papelada.
– Vi que tem um nome na coleira dele, é Vicent. Vou procurar se tem registro dele aqui.
– Tudo bem. Vou ficar esperando.
Alex foi até a entrada do hospital veterinário para poder ligar para os pais e dar notícias. Ele não queria deixar o gatinho machucado ali e nem seus pais preocupados com sua demora. Não sabia se era porque estava sensível com a notícia da doença da mãe, mas ele não queria abandonar o pequeno felino.
– Senhor, Alex. Compareça a recepção. – Uma voz chamou no auto falante
– Pois não, estou aqui.
– Então, não temos registro dele e puxamos também nos registros das clínicas da cidade e também não consta. Acho que ele não é daqui.
– Vou ficar como tutor dele e esperarei alguém vim buscá-lo.
O médico veterinário saiu da sala para dar notícias.
– Esse amiguinho é forte. Ele perdeu um pouco de sangue por causa de um machucado na pata. Fiz a sutura e cuidei dos outros ferimentos. Você já pode levar ele para casa. Qualquer coisa pode trazer aqui a qualquer hora.
– Obrigado, doutor. Vou pegar ele.
Alex entrou na sala e pegou o felino em seus braços. Saiu dali e voltou para casa dos seus pais.
– Mãe, pai... estou de volta.
– Oh, então esse é o animal do qual você falou no telefone? – indagou o pai
– Sim, ele mesmo. Vamos ter que ficar com ele.
– Receio que sua mãe e eu não podemos. Estaremos bastante ocupados.
– Não tem problema, levarei ele para minha casa. Se vocês virem alguém procurando pelo Vicent é só me ligar que trago de volta.
– Certo filho, agora vai se ajeitar para dormir. Antes toma o chocolate que sua mãe fez.
Ele foi até a cozinha, bebeu o chocolate, o gatinho miou.
– Está com fome também? Vou pegar um leite para você. Toma beba tudinho
O Vicent não quis abandonar o braço do Alex. Este por sua vez fez malabarismo para alimentar o felino. Após alimentar o gatinho, subiu para o quarto. Alex colocou o Vicent no chão. Ele miava olhando-o.
– Você quer dormir na minha cama, amiguinho? Bem, a cama é grande, não custa nada te colocar aqui.
O gatinho se aconchegou na cama e ficou quietinho. Alex deitou-se e preparou para dormir.
– Que gatinho manhoso você é. Boa noite, bichinho.
Ele fechou os olhos e dormiu.
Era de manhã. Ele sentiu um braço pressionando seu peito. Abriu os olhos e viu uma figura linda do seu lado. Era uma criatura humanóide com orelhas de gato.
– Esse sonho parece bem real.
Ele estendeu a mão, segurou-o a orelha e começou a alisar.
– Oi, Alex. Eu sou o Vicent.
– Estou até sonhando com o Vicent falando.
– Isso, não é um sonho, cara.
Neste momento dona Ângela bate na porta do quarto.
– Filho, venha tomar café.
Ele pula da cama, dá dois tapa no rosto e belisca o braço.
– Isso não é um sonho! Socorro, meu Deus! E agora o que vou fazer?
– Acalme -se, Alex. Essa é minha forma humana mas eu posso reverter. Só preciso de um pouco de energia.
– Rápido, se transforme logo!
Dona Ângela voltou a bater na porta do quarto.
– Filho, desça. Abra a porta para que eu possa pegar a roupa de cama para lavar.
– Espera, mãe. Eu estou me vestindo.
Ele estava ficando muito desesperado.
– Anda, Vicent. Se transforma em gatinho novamente.
– Vou precisar pegar um pouco da sua energia. Com licença, Alex.
Vicent levantou -se, ele estava nú, foi em direção ao Alex e beijou-lhe a boca.
– O que você está fazendo? – Alex falou empurrando, mas não teve sucesso.
Vicent segurou-o com força enquanto beijava-lhe.
– É assim que consigo energia mais rápido. Então, se quer que me transforme no felino, apenas colabore.
– E se minha boca ficar cheio de pêlos?
– Ah, Alex. É isso que está te incomodando? Minha boca é limpinha.
Ele deixou-se beijar e o Vicent voltou a forma de gato.
– Tantas coisas malucas aconteceram que eu nem pude observar direito. O gato virou humano, ele estava nú, precisava de energia para voltar a forma felina e me beijou para conseguir energia. Devo ter batido a cabeça e ficado louco. – Ele foi pontuando a situação, estarrecido.
– Alex, agora podemos conversar mesmo que eu esteja nessa forma. Como peguei energia com você, criamos um vínculo.
– Não converse comigo nessa forma, é bizarro. – Ele falou com um olhar estarrecedor.
– Sabe, sua energia é boa. Com o beijo que você me deu, posso me transformar umas três vezes.
– Eu não te beijei. Não confunda as coisas.
– Tanto faz. Você me beijou, eu te beijei e você tem que assumir a responsabilidade.
– Que responsabilidade? Eu não devo nada a você!
– Miaaauuuu. Alex, minha patinha ainda está dodoí. Meu corpo ainda está machucado, eu preciso de cuidados.
– Agora está se fazendo de indefeso? Cadê aquela força que você usou para me segurar e beijar?
– Não seja malvado, meu dono. Eu prometo que serei um gato bonzinho se você me aceitar.
– E, se eu não aceitar?
– Daí eu vou cagar na sua cama, vou derrubar os vasos da casa e até rasgar o sofá. – Vicent falava marotamente
– Maldita hora em que eu fui ajudar um gato ferido.
– Não fale assim. Deixa eu te contar um segredo. Quem tem um gato preto espiritual, tem sorte em abundância.
– No momento eu só tenho o gato preto, cadê a sorte?
– Você tem que fazer um contrato comigo para que eu me torne seu. Você tem que assumir a responsabilidade. E, ai. Como vai ser?
– Vamos descer logo. A mamãe precisa entrar aqui no quarto. Me diz, vou precisar carregar uma muda de roupa para você?
– Sim, por favor.
Eles desceram para se alimentar. A mesa estava posta. O pai e a mãe do Alex estavam sentados esperando por ele.
– Bom dia, filho. Dormiu bem?
– Bom dia, pai. Dormir bem e vocês?
– Tivemos uma noite muito boa. Fazia tempo que não dormíamos bem. Há anos que venho tendo insônia. Mas esta noite dormir que nem um bebê. Não sei o que aconteceu.
– É porque eu estou aquiiiii – Vicent abocanhou o bacon que estava na mão do Alex
– O que você está dizendo?
Os pais do Alex olharam para ele, confusos.
– Filho, você está bem? Porque está falando com o gato como se ele fosse uma pessoa? – Dona Ângela perguntou.
– Ah, é que esse gatinho olha para mim como se me entendesse. Daí não percebi e falei com ele.
– Seu mentirosoooo. – Vicent o provocou
Os pais dele só ouvia o gatinho miar e o Alex segurou para não rebater o Vicent. Ele pegou o gato e foi para o quintal.
– Se transforme em humano, agora! – ele ordenou
O Vicent obedeceu. O Alex jogou uma muda de roupa para ele.
– Arrodeia a casa e vá para entrada. Esconda essas orelhas de gato com o capuz. Toque a campainha e diga que você é o dono do Vicent. Vou convidar para você ficar aqui em casa, até amanhã. Mas você tem que me obedecer.
– Só posso te obedecer depois de firmamos o contrato de senhor e servo.
– Então vamos fazer logo essa bagaça.
– Vou proferi o encantamento e você repete. "Em nome dos Espíritos Sábios que governam os céus e a terra, eu, Vicent, me uno através do contrato de alma, como servo do Alex" Agora você profere o encantamento usando sua posição e seu nome.
– Em nome dos Espíritos Sábios que governam os céus e a terra, eu, Alex, me uno através do contrato de alma, como senhor do Vicent.
– Isso agora vamos selar o nosso acordo.
– Tudo bem, como é que selamos? – Alex perguntou
– Com um beijo.– Vicent explicou e foi logo beijando ele.
O Alex nunca tinha sido beijado por um homem antes, era a segunda vez que o Vicent fazia isso sem ele esperar. Mas o intrigante é que ele não desgostou do beijo.
– Da próxima vez não faça isso no impulso. – Ele reclamou
– Tudo bem, meu senhor. Como você quiser. Agora vou fazer como você me ordenou. Ah, e só um aviso. Você não pode me abandonar, senão terá consequências.
– E você só fala agora? Sinto que fui engando. Depois vamos conversar sobre isso. – Alex deu as costas e voltou para o interior na casa.
Ele se sentou junto com os seus pais.
– Cadê o gatinho? – Seu pai indagou
–Deixei ele tomando um pouco de sol.
De repente a campainha tocou.
Ding Dong
– Vou lá ver quem é – Dona Ângela se levantou e foi atender
– Bom dia. Aqui é a casa do Alex, né? – O moço bonito de sorriso largo perguntou
– Sim. O que o senhor deseja?
– Eu sou o dono do gato que ele resgatou. Posso ter uma palavra com ele?
– Pode sim, por favor entre.
O Vincent entrou e sentou no sofá. Dona Ângela não tirava os olhos dele.
– Como você perdeu seu gato? - ela perguntou com curiosidade
– Eu esqueci a porta aberta e ele escapuliu. A senhora sabe né, animais são todos curiosos. – Ele falava olhando a casa ao redor.
Dona Ângela puxou a sacola de tricô e começou a tricotar.
– Eu nunca tive um animal de estimação. O Alex era doente, tinha problema respiratório.
– Eu entendo. Mas ele já está bem?
– Ah, com o passar do tempo ele foi ficando saudável. – Ela falou desenrolando o novelo.
O novelo escorregou da mão dela e saiu rolando pela sala. Vicent no pulo saiu correndo atrás e começou a jogar de um lado para o outro.
– O que você está fazendo, rapaz? – O pai do Alex perguntou entrando na sala
– Ah, eu vim pegar o novelo. E tentei tirar a poeira. – Ele tentou se explicar
– Essa é uma forma muito estranha de tirar poeira. – Ele falou com olhar desconfiado
O Alex, que vinha logo atrás, entendeu a situação e interveio.
– Ah, ele deve ser daqueles riquinhos que não sabe fazer as coisas. Quando tenta, faz de forma estranha. he he he
– Ah, deve ser isso. – Seu pai falou pensativo
– Bem, vou levar ele para ver o gato.
– Antes deixa ele se apresentar. – ordenou o pai
– Desculpa meus maus modos. Olá, eu sou Vicent.
– Prazer, Vicent. Eu sou Jordan, o pai do Alex.– ele estendeu a mão em cumprimento
– E eu sou a Ângela, a mãe dele.
– Eu sou o Alex, e vamos lá ver seu gatinho. – Alex falou puxando ele pelo braço.
– Esposa, você não acha que o Alex está muito estranho?
– Ele sempre foi estranho, você só notou agora? – ela respondeu rindo
– É que ele está mais estranho que o normal. Será que ele não vai querer devolver o gatinho para o dono?
Alex entrou no quarto com o Vicent. Trancou a porta atrás de si.
– Você está doido? porque foi brincar com o novelo?
– Foi mais forte que eu. Eu tenho fraco por novelos de linha.
– Você tem que resistir a tentação. Se descobrirem que você é um gato espiritual?
– Não se preocupe, se isso acontecer eu apago a memória deles.
– Nem invente de apagar as memórias dos meus pais. Agora vamos tratar de algo sério. Amanhã estarei voltando para casa, você vai passar o dia de hoje aqui. Tu vais dizer que precisa sair amanhã cedo e que vai para um lugar e não vai poder levar o gato machucado com você e vai deixar ele aos meus cuidados.
– Estou anotando aqui para não esquecer.
– E precisa anotar isso? Continuando. Eu vou sugerir que você passe o restante do dia aqui e durma no quarto de hóspede, que é para você não sentir tanta saudades do gato. Amanhã de manhã, você se despede dos meus pais, arrodeia a casa e virar gato novamente.
– Pode deixar, senhor. Seu servo vai fazer tudo igualzinho como você falou.
– A propósito, onde está seu machucado? – Alex pergunta curioso e preocupado
– O corte está no meu pé e os arranhões na costa.
– Não está doendo? – ele se aproxima do Vicent e alisa sua costa
– Dói, mas dá um beijinho aqui que passa. – Ele esticou os braços, segurou o rosto do Alex e beijou-lhe a boca
– Não me beije! deixa de ser descarado. Vamos descer.
Eles voltaram para sala, sentaram um ao lado do outro. Do nada o Vicent encostou a cabeça no ombro do Alex e começou a se esfregar.
– Você está bem, Vicent? – Dona Ângela perguntou.
– Ah, acho que estou com piolho. minha cabeça coça demais. – ele respondeu rindo
– E você vem se coçar em mim? – Alex reclamou afastando ele.
– Desculpe, senhor. Vou tratar da minha coceira. – ele colocou a mão na cabeça e continuou coçando
– Vicent, você vai levar seu gato hoje? – Seu Jordan perguntou
– Eu preciso ir amanhã para um lugar e não dá para levar o gato machucado. Então vou deixar com o meu senhor.
– Seu senhor? Quem é o seu senhor?
– Ah, me atrapalhei. Eu vou deixar meu gato com o Alex e quando eu voltar para minha cidade eu pego com ele.
– Ah, entendi – Seu Jordan falou olhando desconfiado para ele.
– Então, pai e mãe, por que não deixa ele dormir essa noite aqui, já que ele vai ficar longe do gato por alguns dias.
– Por mim tudo bem. – Dona Ângela falou consentindo
– Venha, Vicent vou te mostrar o quarto que vais ficar. – ele segurou-o pela mão e saiu em direção ao quarto.
– Ângela, minha querida, com certeza seu filho está muito estranho.
– Por que está implicando com ele, homem?
– Desde quando você ver ele pegando na mão de um homem desconhecido e saindo arrastando? – ele argumentou
– Amor, você não sabe como os jovens se comportam nos dias de hoje. Deixa de ser careta.
– Sei não, viu? – ele falou sentando ao lado da esposa e ligando a tv
Ao chegar no quarto o Alex respirou fundo.
– Cuidado para não me chamar de "meu senhor" na frente dos outros .
– Com você eu tenho que viver com muitos cuidados, né? Que chato! - Vicente reclamou
– Se não te agrada pode ir embora.
– Temos um contrato, esqueceu? Você selou ele dando um beijo em mim. – ele falou apontando para os lábios
– Eu não te beijei.
– Meu senhor, eu quero te beijar agora!– ele pulou no Alex e fez beicinho
– Ei, não faz isso.
Vicent começou a se esfregar nele. As orelhas e o rabo se tornaram aparentes. Ele chegou bem perto do rosto do seu senhor e deu uma lambida.
– Você tem um gosto bom, Alex. Quero te lamber um pouco mais.
Alex tentou afastá-lo, e no empurra e agarra tropeçou no pé da cama caindo deitado nela. Fez um barulho alto. Seus pais correram para ver o que tinha acontecido. E viram a cena do Alex deitado na cama e o Vicent por cima dele.
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