Olá, eu sou Evangeline Carrão, autora dessa obra.
Nos comentários podem me chamar de Eva.
Gostaria que vocês me seguissem no instagram @evangeline.carrao, lá podem interagir melhor comigo e achar o grupo do telegram nos destaques, que é onde posto capiturlos extras e novidades.
O Domínio do Alfa é uma história de fantasia de um mundo criado por mim, para não ficar confuso e cheio de explicações desnecessárias durante a trama, gostaria que pensassem na terra dos licantropos como a Europa no século 19, e o Burgo (terra dos humanos) de uma forma mais no estilo steampunk.
Abaixo, vou deixar o cast sugerido para os principais personagens com o estilo específico:
Hamish Gallacher (licantropo)
Bentley Mordaque (licantropo)
Moira Clark (humana)
Cassan Semyonova (Humano)
Dominic Ioannou (humano)
Vivien Stonemoss (humana)
Capitã (vampira)
O Sol iluminava o quarto todo quando acordei com o som metálico batendo em um tilintar irritante, me virei na cama tentando não fazer barulho algum, me movendo lentamente até que estivesse em pé no chão. A cama era minha, é claro.
Eu já estava desperta quando cheguei até o tubo na parede oposta, a tubulação de mensagens entre o Estado e seus funcionários de dentro e fora do Burgo. Eu estava dentro, na parte mais alta onde viviam as pessoas de maior posse então sabia que não era o comunicado de evacuação ou de suprimentos negados. Essa mensagem só poderia vir de um lugar, o Departamento de Investigação Criminal.
Tentei controlar a emoção como aprendi no treinamento, mas era quase impossível, abri o vidro no final do tubo e tirei a lata estreita e comprida carimbada com três laços interligados que representavam o Burgo, a Área das Ilhas, lar dos licantropos e a Cidade do Minério dos vampiros. Abri e deixei que o pergaminho enrolado escorregasse para fora, não havia nenhuma palavra, apenas um horário. Onze horas.
Olhei no relógio em cima da mesa de cabeceira, ainda era cedo, respirei fundo e ignorei totalmente o homem que resmungava em seu sonho.
Me formar na Academia tinha sido meu mais impressionante feito, a maioria dos que se arriscaram no treinamento acabavam mortos, inválidos para o trabalho ou desistiram no caminho, mas eu não. Fui a primeira, da minha turma, a concluir todas as etapas.
Mesmo assim, aquela era a primeira vez que me chamavam no Departamento, desde que me tornei Sentinela.
Me sentei em frente a penteadeira e escovei meu cabelo curto, prendendo as mechas escuras, que caiam na testa, com grampos na parte de trás. A maquiagem não levou muito tempo, era a mesma de sempre, batom vinho e olho preto esfumado. No closet, peguei o conjunto azul marinho de terninho e saia feitos sobre medida, meia-calça preta e sapato de salto fino.
As duas malas Hermés, feitas por encomenda, estavam prontas no canto, mas não quis parecer tão desesperada quanto estava. Se precisasse, voltaria para pegá-las.
Apanhei minha pistola de três canos no cofre, em cobre e empunhadura de madeira escura, incrustada de madrepérolas de um lado e fios de ouro no outro. Mas o que essa arma tinha de mais impressionante era seu carregamento automático a partir de um carretel preso na parte de cima, me dando trinta tiros sem precisar trocar.
-Bom dia - a voz masculina e sonolenta me assustou. Ele ainda estava aqui?
-Bom dia, Brad.
-Brian.
-Brian - repeti sem sentir nenhum tipo de remorso pela confusão, estava implícito que seria apenas casual - se importa de sair pela porta dos fundos? - ele balançou a cabeça sutilmente - E em silêncio, por favor.
Desci as escadas com passos decididos, as batidas do meu coração superavam o som do salto batendo no piso, virei a esquerda passando pela grande galeria até chegar no cômodo mais afastado.
-Pai? Posso entrar? - perguntei abrindo uma pequena fresta na porta, ele estava ao telégrafo, batendo o indicador no pequeno botão, o olhar variando entre o objeto e um pequeno caderno. Esperei um minuto inteiro até que ele fizesse sinal para que eu entrasse.
Seus olhos me queimaram, senti seu julgamento no fundo da minha alma, enchi o peito de coragem para falar mesmo tendo as mãos ainda trêmulas.
-Fui chamada no DIC, acredito que para a primeira missão.
-Tenha sucesso.
-Sim, senhor.
-E não se anime muito, no começo eles dão algo pequeno como saqueadores de loja ou acidentes domésticos. Eu mesmo passei quase um ano apanhando batedores de carteira na rua principal.
-Sim, senhor. Só vim avisar que não tenho hora para chegar em casa, hoje.
Ele abaixou os olhos de volta ao caderno e seu dedo bateu algumas vezes mais no telégrafo. A conversa tinha acabado, mas o que eu esperava que acontecesse?
Tomei o caminho da porta da frente e saí para a rua, o lado de fora era bem menos glamouroso, as ruas vazias exceto por um ou outro transeunte que corria apressado em sair da rua.
Os vampiros estavam atacando a parte alta do Burgo de maneira esporádica, de modo que não dava para saber se o bonde que eu tomei explodiria antes de chegar no meu destino. Mas eu era uma Sentinela e como tal, não podia deixar que os malfeitores me intimidassem.
Saltei do bonde no meio da rua principal, do outro lado da rua o prédio de quase 160 andares se erguia entre os trilhos e dirigíveis de transporte, o lado de dentro da Sede de Estado estava lotado, diversos funcionários chegavam pelas entradas laterais, rumo aos seus postos.
Eu era um deles, prendi meu distintivo no bolso do blazer, três argolas que se entrelaçavam e o nome do meu cargo logo abaixo, antes das letras DPI.
Avancei os últimos metros até o elevador que chegara ao saguão e entrei menos de um segundo antes das portas fecharem.
- Departamento de Investigação Criminal\, por favor.
- Nova sentinela? - perguntou a ascensorista.
- Sim - respondi com um breve sorriso - imagino que tenha ouvido falar.
- Ah não - ela riu acompanhada de duas ou três pessoas dentro do elevador e apontou para meu peito - o broche é bem visível.
- É um distintivo - balancei meu cabelo e mantive o olhar a frente enquanto o elevador subia.
Estar ali era importante, as únicas pessoas acima dos sentinelas na pirâmide da lei eram os chefes de departamento e os Estatais, um conjunto de velhos que comandavam tudo em Domínio, um deles era meu pai.
- DPI - ela anunciou assim que paramos.
- Acho que quis dizer\, Departamento de Investigação - corrigi de forma autoritária.
Saí do elevador tirando o distintivo do peito e o prendendo no cós da saia, cobrindo a maior parte dele com o blazer.
Parei de frente para a porta de número 965 e bati, ela se abriu silenciosamente.
O escritório era muito amplo e possuía um mezanino acima da porta, tudo decorado em tons de marrom, dourado e vermelho, mas estava uma bagunça. Haviam livros antigos espalhados pelo chão, que não combinavam com o luxo do local e algumas das diversas relíquias que Cassan Semyonova colecionava desde a juventude, também pareciam fora de lugar.
Semyonova era um amigo muito antigo da minha família, se tornou meu padrinho quando sua família foi assassinada por saqueadores e atuou como meu mentor depois que ingressei na Academia. De certa forma, isso o deixava orgulhoso e o fazia reviver alguns momentos de sua adolescência.
Apesar de ter exatamente o dobro da minha idade, Cassan era um homem de aparência jovem e muito charmoso, e seu cargo como chefe de departamento o fazia ainda mais interessante.
Mas eu estava aqui por outro motivo, pelo menos eu achava. Durante os três anos que participei do treinamento dos sentinelas, depois da Academia, Cassan sempre deixou bem claro que me colocaria à frente de missões importantes, apesar disso eu me esforçava ao máximo, queria merecer. Não só o cargo e as missões, mas sua aprovação era muito importante para mim.
Mas eu não reclamava em ter vantagens por apadrinhamento no Estado.
Eu esperei por alguns minutos até que Semyonova aparecesse, visão periférica alerta, mãos cruzadas nas costas segurando a arma com firmeza.
- Vejo que aprendeu rápido - Cassan surgiu do andar de cima\, descendo a escada ao lado dramaticamente.
Ele vestia um colete vinho sobre a camisa de linho fino, uma corrente de ouro partia da sua cintura para dentro do bolso segurando o relógio na ponta, seu cabelo escuro bem cortado contrastava com a barba por fazer que contornava sua mandíbula larga, os olhos castanhos e gentis se apertaram com o sorriso.
- Não deixei escapar nada\, Padrinho.
Ele veio até mim e me cumprimentou com um abraço frouxo e um beijo em minha bochecha.
- Sinto muito não ter ido à formatura - ele cruzou a sala ignorando a bagunça e se sentou no sofá antes de fazer sinal para que também sentasse - estava no exterior\, resolvendo assuntos urgentes.
- Tudo bem\, meu pai estava lá - eu dei de ombros mesmo que isso me doesse um pouco - Bem\, é claro que ele estava e foi bem rápido.
- Teve honrarias?
- Em todas as matérias\, mas principalmente rastreamento e vigilância.
- Não estou nem um pouco surpreso - ele piscou para mim\, me deixando ligeiramente ruborizada.
- Mas espero que tenha me chamado aqui para mais do que fazer elogios.
- Certamente.
Cassan apanhou um envelope que eu já havia notado em cima da mesa de centro e me entregou, o abri rapidamente rodando o barbante no botão e retirei seu interior.
- Sua primeira missão.
- Isso é um dragão?- minha surpresa era nítida.
- Sim\, precisamos relatar o ocorrido\, tivemos um caso mais cedo essa semana na mesma região e...
– Eu esperava lutar contra os vampiros no burgo.
- Ainda não\, mas quando voltar conversamos sobre isso.
- Está bem. Alguma ligação?
- Não\, apenas coincidência.
- Achei que isso era função do Departamento de Criptozoologia.
- Está certa mas eles se sobrecarregaram com aquela confusão com o Kraken e nos pediram auxílio.
- Imagino\, eu li no jornal\, foram tantas perdas mas relatar uma morte de dragão? - eu abaixei a voz\, desanimada. Eu contava com aquela missão mais que tudo.
- Hei\, Moira - Cassan se sentou ao meu lado e passou o braço por meus ombros de forma acolhedora - sei que não é o que você esperava\, mas muitos sentinelas esperam meses pela primeira missão. Eu estou lhe dando porque confio em você.
- Eu entendo. Farei com perfeição\, padrinho - respondi com um sorriso triste.
- Sei disso\, não estou preocupado.
- Onde aconteceu?
- Na Região das Ilhas\, basta dar uma olhada no corpo e preencher a papelada\, não se esqueça de mencionar que a morte não tem relação com a outra e encerre o caso.
Uma batida na porta e ela se abriu vagarosamente, dando passagem a um garoto bem vestido e de sorriso simpático.
- Com licença\, Sr. Semyonova.
- Ah\, entre por favor.
Eu me coloquei em pé e cumprimentei o rapaz que foi me apresentado como Dominic Ioannou, recém formado na Academia e admitido para o próximo treinamento de sentinelas. Eu o avaliei, pele escura e bronzeada, olhos arregalados como se vivesse assustado, traços do Mediterrâneo.
- Terei um parceiro?
- Um estagiário\, Dominic fará anotações e vai ajudá-la com o que precisar no tempo que estiver em missão.
- Se pedir um café - disse o garoto em tom jovial - eu vou garantir que ele chegue até você quente e doce.
- Obrigada\, mas acho que vou utilizar sua boa vontade com mais inteligência - e me virando para Cassan - mais alguma coisa que eu deva saber?
- Nada importante mas receberá ajuda de um especialista.
- Que tipo de especialista?
- Um criptozoologista. Mas não deve se preocupar.
- Quer dizer\, um licantropo.
Me despedi dos dois homens naquela sala com um sorriso e uma missão em mãos, mas me preocupar era exatamente o que eu devia fazer.
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