Maria Luísa
Maria Luísa,18 anos ( Malu)
— Acorda princesa!
Daqui a pouco seus amigos chegam e você ainda está debaixo das cobertas.— Meu pai, tentando me acordar antes do dia clarear, para mais uma viagem com os meus amigos.
É a primeira viagem de férias que eu e meus amigos fazemos sem, pelo menos um dos, nossos pais presentes, vamos para a casa de praia da família deles. Meu pai relutou um pouco, mas minha mãe disse que eu não era mais um bebê e que com a minha idade, ela já estava casando.
Às vezes, até esqueço que minha mãe já foi casada antes de conhecer o meu pai, ela era tão nova quando ficou viúva que chega a ser difícil de imaginar tudo que passou. Mas ela e o meu pai construíram uma relação tão forte e tão bonita que acabei ficando exigente para me relacionar com alguém, diante do exemplo que tenho em casa.
Terminei um namoro faz um mês, foi curto, durou apenas 6 meses, e acho até que isso ajudou o meu pai a concordar com a viagem. Ele deve achar que estou sofrendo com o término e preciso me distrair, mas já disse que estou bem.
Tenho um grupo de amigos inseparáveis desde quando éramos crianças. Eu já era amiga da Helena e do Thiago, nossos pais são melhores amigos e a nossa convivência foi inevitável. E quando entramos para a escola, eu e a Helena conhecemos os gêmeos, Miguel e Samuel, éramos da mesma turma. E o Thiago, que é um ano mais velho, era da turma do Luís Davi e da Ana Melissa, também gêmeos, e primos do Miguel e do Samuel, o que acabou nos juntando na hora do lanche, nas festinhas de aniversário, no Espaço cultural da família deles, onde fomos matriculados e aprendi a tocar piano, violão, fiz ballet, jazz... Não que eu fosse boa em tudo, mas eu queria fazer tudo ao mesmo tempo, e assim, passei muito tempo com os meus amigos da escola e conheci a Bella, que como é três anos mais velha que eu, não tive tanto contato na escola, por nosso horário de lanche não ser o mesmo, mas como também é prima dos meus amigos e filha dos donos do Espaço Cultural, faz parte do nosso grupo.
A Bella é a mais velha, mas nem parece, é a mais doida e destemida de todos nós. Ela tem um irmão mais novo, o João Vítor, ele até faz parte de algumas das nossas bagunças, mas prefere andar com a prima que tem a mesma idade dele, a Heloísa.
Bella,21 anos.
A Anamel, é a pessoa mais doce, sensível, inteligente e romântica que eu conheço. Fizemos Ballet e jazz juntas, e claro que ela sempre foi mais dedicada que eu.
Ana Melissa, 19 anos. (Anamel)
O Samuel é como a Anamel, só que umas dez vezes mais tímido, o que o deixa fofo. Só de olhar para ele, já fica com as bochechas coradas, e isso é constante, porque ele e o irmão são lindos, e é quase impossível não receber olhares das meninas por onde passam.
Samuel, 18 anos.
O Miguel, é o oposto do Samuel e sempre nos demos muito bem. Temos o mesmo tipo de humor, adoramos contato físico, estamos sempre abraçados e nos divertimos muito juntos. E diferente do Samuel, quanto mais olhares ele atrair, mais convencido fica.
Miguel, 18 anos
O Thiago, é tipo um irmão mais velho. Está sempre atento e tentando proteger eu e a Helena, já brigamos muitas vezes por isso, mas no fim, como acontece com irmãos, tudo fica bem novamente.
Thiago, 19 anos ( Thi)
A Helena é a minha irmã do coração, às vezes acho que ocorreu algum erro, pois deveríamos ter nascido da mesma mãe. Somos uma pela outra desde sempre e compro qualquer briga para defendê-la e ela faz o mesmo por mim.
Helena, 18 anos. ( Nena)
O Luís Davi, bem, ele é perfeito. É o sonho de qualquer garota, só não pode ser o meu. Ele é inteligente, gentil, pratica esportes, toca quase todos os tipos de instrumentos, ama fotografia, é lindo e tem um sorriso que... Melhor eu parar por aqui, não posso pensar nele desse jeito. Embora ele não demonstre interesse, a Helena é apaixonada por ele desde que tínhamos uns quinze anos, pelo menos foi quando descobri.
Ele é o melhor amigo do Thiago e quase sempre está na casa deles, assim como eu. Meu primeiro beijo foi com ele, mas a Helena não sabe, acho que é o único segredo que guardo dela.
Foi meio sem esperar, eu estava com dificuldade em acertar umas notas no piano e ele sentou ao meu lado para me ajudar, e quando percebi, nossos rostos já estavam perto demais um do outro. Meu coração disparou e eu só tive tempo de fechar meus olhos e deixar acontecer. Foi rápido, pois logo ouvimos passos se aproximando e nos afastamos, mas posso dizer que foi inesquecível.
Talvez por ter sido o primeiro ou por ter sido com ele, eu não sei, mas o fato é que foi o primeiro e único, pois quando fui animada para a casa da Helena contar o que tinha acontecido, ela me bombardeou com a informação de que estava apaixonada por ele. E como tínhamos um pacto de não deixar nenhum garoto no meio da nossa amizade, me afastei dele, afinal, não tínhamos nada e foi só um beijo, pelo menos foi o que eu disse a ele quando me procurou querendo combinar um encontro, e depois disso, não tocamos mais no assunto.
Ele nunca deu abertura para a Helena, acho que nem imagina que ela sente algo por ele, e pouco antes de terminar o ensino médio e sair da escola, começou a namorar a Elisa, que é um amor de pessoa.
Vi minha amiga sofrer quando soube, e acho até que senti por nós duas.
Continua...
Luís Davi
Luís Davi, 19 anos. ( Davizinho)
Estávamos a uns cinco minutos esperando no carro, quando a Malu finalmente apareceu, com aquele sorriso que melhora o humor de qualquer pessoa.
No meu carro estão a minha irmã, a Bella e o Samuel. O Miguel fez questão de ir com a Malu e a Helena no carro do Thiago., e quando passei pelo carro deles para iniciarmos a viagem, vi o Miguel e a Malu grudados compartilhando o mesmo fone, sei que eu não deveria me incomodar com isso, mas tenho uma certa inveja dessa intimidade dos dois.
A Malu foi a primeira garota que beijei, e acho que isso a tornou especial para mim. Eu tinha dezesseis anos e ela quinze, mas eu descobri que gostava dela por volta dos treze anos.
Eu e o Thiago somos amigos, mas confesso que eu sempre ia até a casa dele, porque sabia que quase sempre ela estava lá.
Ela é uma garota incrível! Ela é leve, está sempre bem humorada, trata a todos com carinho e respeito, mas é bem brava quando acha necessário. Um dia eu a vi partir para cima de um garoto na escola por ele ter julgado mal o comportamento tímido e educado do Samuel.
Além de várias qualidades, eu a acho extremamente linda e nenhuma paisagem que já fotografei, se compara a sua beleza.
Até hoje eu não entendi o que aconteceu entre a gente, eu queria namorá-la, e sei que ela gostou do beijo, senti isso quando nos olhamos ao separar nossos lábios. Mas no dia seguinte, ela partiu o meu coração em mil pedaços ao dizer com os mesmos lábios doces que beijei no dia anterior, que foi só um beijo e nada mais.
Fiquei tão despedaçado, que desisti dela, ou pelo menos, pensei que tinha desistido. Ficamos um tempo só trocando cumprimentos educados e depois a relação foi melhorando, já conseguíamos trocar mais que um “oi”, mas nada profundo.
Mesmo decepcionado com ela, não conseguia prestar a atenção em outras garotas, foquei nos estudos e nas minhas atividades extras. Até que, no meu último ano na escola, a Elisa se declarou para mim e achei que namorar alguém que gostasse de mim, me ajudaria a esquecer de vez a Malu.
A Elisa era da mesma turma da Malu, e o pai dela foi apaixonado pela minha mãe quando tinha a idade dela. Achei até que talvez fosse coisa do destino e que poderia me apaixonar por ela com o tempo, aliais, ela é uma garota linda e cheia de predicados.
Elisa, 18 anos.
Ficamos juntos por um ano, e a paixão que eu tanto desejava, não aconteceu. Eu gosto dela e a respeito, mas não é ela que me faz suspirar e me tira o sono. Então, após uma conversa com a minha mãe, decidi que terminaria o nosso namoro.
Minha mãe disse que não queria se meter na minha vida amorosa, mas que percebia a minha falta de empolgação no meu relacionamento e que nem de longe, isso era amar alguém.
E que ninguém merece e precisa estar em uma relação por comodismo, ainda mais na nossa idade. E também, que não era justo a Elisa continuar com uma pessoa, que é apaixonada por outra.
Eu nunca nem falei a respeito dos meus sentimentos pela Malu, mas a minha mãe sempre percebe tudo. E ela estava certa, é a Maria Luísa que faz meu coração bater mais forte todas às vezes que nos vemos, ou até mesmo quando está só em meus pensamentos, não a minha, agora, ex-namorada.
Eu já estava seis meses com a Elisa quando a Malu começou a namorar o Diogo. Depois disso, ela passou a participar menos dos programas da turma, e nos víamos pouco porque eu já não estava mais na escola e ela estava no último ano. Mas toda vez que ela aparecia acompanhada dele, sentia uma pontada no peito.
Eu não entendia o que ela tinha visto nele, além da aparência, ele nem fazia questão de ser simpático. Não combinava com toda aquela luz que a Malu acendia quando chegava.
Foi horrível da minha parte, mas fiquei feliz quando soube do término deles, senti vontade de bater na porta dela para saber se estava bem, ou se estava sofrendo por ele, queria oferecer o meu abraço e tudo mais que ela quisesse e eu tivesse a oferecer. Mas eu ainda estava namorando e me culpei por esse sentimento, por isso acho que a conversa com a minha mãe veio em boa hora, agora estamos os dois, sem nenhum impedimento e eu quero essa garota na minha vida.
— Já estava com saudade desse lugar! — Disse a minha prima Bella, assim que estacionei o carro na casa de praia da nossa família.
Temos muitas recordações boas daqui, nossos avós sempre nos traziam, mas crescemos e passamos a vir menos. Essa casa já está na família a quatro gerações, claro que passou por obras e foi modernizada, mas continua com o mesmo charme de sempre.
— A casa é linda, mas da próxima vez, vamos para a casa de praia dos meus avós, lá fica mais perto do centro e da agitação noturna.— Thiago, achando tudo muito calmo e silencioso. Ele é um cara legal e nos damos muito bem, mas somos bem diferentes, eu aprecio essa calmaria.
— Essa casa me faz suspirar! Toda vez que venho, penso em todo o amor que ela já presenciou. — Anamel diz ao passar pela porta da sala. E eu entendo seus sentimentos, sempre nos contam histórias dos nossos bisavós, avós, pais... E isso me dá uma certa esperança, quem sabe ela também não vira cenário para a minha história de amor.
Continua...
Malu
Achei estranho quando cumprimentei o pessoal do outro carro e não vi a Elisa, perguntei discretamente ao Miguel o motivo, achei que ela nos encontraria depois, mas ele me disse que já fazia umas duas semanas que os dois tinham terminado o namoro, e me senti péssima quando percebi que tinha gostado da notícia.
A Nena, como chamo a Helena desde pequena, nunca mais tocou no assunto, mas acho que ainda sente algo por ele. E talvez esses dias que vão passar juntos, seja a chance dela de conquistá-lo, ou não, ele pode estar sofrendo com o término, já que faz tão pouco tempo, e nem conseguir prestar a atenção nela.
Chegando na casa, levamos nossas coisas para os quartos e nos trocamos para aproveitar o sol antes do almoço. Eu fiquei no mesmo quarto que a Nena, Anamel e Bella ficaram no quarto ao lado, em frente ao nosso, ficaram Thiago e Luis Davi e ao lado do deles, Miguel e Samuel.
— Uau! Que gatas!— Miguel, ao sair do quarto e nos encontrar no corredor de short e a parte de cima do biquíni.
— Você também não é de se jogar fora! — Digo e ele sorri, passando o braço em volta dos nossos ombros.
— Eu sei disso!— Responde convencido, fazendo eu e a Helena revirar os olhos.
— Desgruda um pouco das meninas, Miguel!
Parece um carrapato!— Thiago diz ao sair do quarto com o Davi, que usa apenas um short, deixando seus músculos e sua barriga trincada a mostra, e eu faço o possível para desviar o olhar.
— Quando elas reclamarem, eu desgrudo!— Ele responde e descemos as escadas.
— Cadê o Samuel? — Helena pergunta.
— Ele já vem.
Está interessada no meu irmão?— Miguel, deixando Helena sem jeito.
— Não, perguntei por perguntar.— Ela responde e eu sinto algo no ar que talvez eu tenha deixado passar despercebido.
Passamos quase o dia inteiro na praia, só entramos em casa para comer. E no fim do dia, caiu uma daquelas chuvas fortes de verão, estragando nossos planos de nos reunimos a noite na praia. Mas isso não foi um problema, a Bella e o Miguel sempre sabem como nos manter ocupados e inventaram de jogar verdade ou consequência.
Eu aceitei achando que seria tranquilo, eles sabem tudo da minha vida, ou, quase tudo.
A primeira pergunta foi do Miguel para a Helena. Perguntou se ela tinha interesse em alguém da nossa turma. Ela escolheu a verdade e respondeu que sim, deixando uma certa curiosidade no ar.
Depois foi a vez dela fazer uma pergunta ao Thiago, e perguntou se ele já tinha se apaixonado por alguém que estava presente na sala, e ele respondeu que sim. E todos achavam que ele estava falando de mim, mas, na verdade, era da Bella. Ele era louco por ela quando tinha uns treze ou quatorze anos, mas ela nunca soube, já tinha uns dezesseis ou dezessete anos, nunca olhou para ele de outra forma.
E após várias perguntas, chegou a minha vez. A Bella me perguntou quem da nossa turma eu já tinha beijado. E ela perguntou com tanta certeza, que não neguei, apenas escolhi sofrer uma consequência. A Helena não sabia do meu beijo com o Davi e não era a melhor forma de saber.
O problema foi a consequência que ela escolheu. Disse que eu tinha que dar um beijo no Luís Davi, e eu, quase que instantaneamente, perguntei porque tinha que ser nele, mas me arrependi quando o vi abaixar o olhar e encarar o chão.
Ela disse que tinha quase certeza que o meu beijo tinha sido no Miguel, então agora eu deveria experimentar o outro primo. Belisquei o braço do Miguel quando ele ia dizer que nunca tinha me beijado, e começou um coro pedindo pelo beijo.
E eu pensei: — Calma, Maria Luísa, está tudo sob controle, é só um jogo, é só um beijo, um beijo rápido.
Me levantei, caminhei até o Luís Davi e esperei ele se levantar.
— Não precisa fazer isso se não quiser, é só uma brincadeira. — Ele disse ao se levantar e me encarar.
— Está tudo bem. — Fiquei na ponta dos pés para alcançar seus lábios e quando os toquei com os meus, senti novamente toda aquela explosão de sentimentos que tomaram conta do meu corpo no nosso primeiro beijo. Foi como voltar para a frente daquele piano e reviver o nosso momento.
— Não era para ser só um beijo rápido? — Miguel questiona e desgrudamos nossos lábios, voltando para os nossos lugares meio sem jeito. Ainda com o coração disparado, lembrei da presença da Helena e não quis encará-la com medo da expressão que encontraria em seu rosto.
Aconteceram mais algumas rodadas, e todos tiveram que responder a perguntas constrangedoras ou sofreram algum tipo de consequência.
Depois de toda aquela diversão, decidimos assistir a um filme e pegamos cobertores, fizemos pipoca e acabamos adormecendo na sala mesmo. E acho que fiquei tão mexida em beijar o Davi novamente, que acabei sonhando com ele e perdendo o sono antes do dia clarear.
Até tentei voltar a dormir, virei de um lado para o outro, mas não consegui. Me levantei enrolada em um cobertor e me sentei na varanda, sentindo a brisa do mar e aguardando o amanhecer.
Continua...
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